‘Ninguém quer um KitKat feito com trabalho infantil’, diz vice-presidente da Nestlé


Magdi Batato afirma que as metas ambientais e sociais são essenciais para que o negócio da empresa seja sustentável; leia entrevista

Por Lucas Agrela
Atualização:
Foto: Divulgação/Nestlé/Flickr
Entrevista comMadgi Batatovice-presidente da Nestlé

O vice-presidente executivo da Nestlé, Magdi Batato, diz que as metas da empresa andam lado a lado com a agenda de redução de problemas ligados às mudanças climáticas e aos problemas sociais, como o trabalho infantil. Em um esforço da marca para demonstrar ao consumidor as boas práticas no processo produtivo de alimentos, Batato conta que uma versão do chocolate KitKat com um selo que diz ter sido produzido de forma ética e responsável deve chegar ao mercado europeu no segundo semestre deste ano. “Ninguém quer um KitKat feito com trabalho infantil”, diz.

Em 2020, a Nestlé criou um programa chamado Income Accelerator Program (Programa de Aceleração de Renda, em português) voltado a famílias produtoras de cacau. O objetivo é evitar o trabalho infantil e recompensar os produtores não só pela quantidade e qualidade do cacau, mas também pelas boas práticas. O programa tem uma evolução progressiva, segundo ele. Em 2022, o teste chegou a 10 mil famílias produtoras na Costa do Marfim. Para 2024, o plano é expandir o programa para Gana. Até 2030, a Nestlé almeja abranger todas as 160 mil famílias produtoras de cacau no mundo.

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Há outras apostas em relação à questão ambiental. Atualmente, no Brasil, a empresa tem investido em uma linha chamada Nescafé Origens, que tem embalagens recicláveis e reflorestamento da Mata Atlântica. De acordo com a companhia, é o primeiro café com processo produtivo de carbono neutro.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual é a importância do Brasil para a Nestlé atingir suas metas ambientais?

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O Brasil é muito importante por causa das boas práticas que adotamos nas nossas operações no País e por causa do tamanho do mercado, que nos permite tomar medidas em escala. As metas ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa, na sigla em inglês) são importantes para a empresa, a começar pela questão das mudanças climáticas. Queremos liderar os esforços para lidar com elas. As mudanças climáticas estão ligadas à segurança alimentar. As plantações que usamos para alimentar o mundo serão impactadas pelo clima. Se não tivermos cuidado, não teremos mais um negócio sustentável. A agenda do nosso negócio e a agenda ambiental andam juntas. Queremos fazer verdadeiras reduções das nossas emissões de carbono e usar o mínimo possível de compensação com compra de créditos de carbono.

Como lidar com a questão social envolvida com as mudanças climáticas?

Outro componente importante para o nosso negócio é o fazendeiro. Negociamos com 600 mil fazendeiros diretamente no mundo. Eles são essenciais para a segurança alimentar, mas também são empresários que precisam ter receita. Por isso, no ano passado, lançamos o programa chamado Income Accelerator Program, para aumentar a renda das famílias produtoras não só pela quantidade ou qualidade da colheita, mas também pelas boas práticas ambientais e sociais. Trabalhamos com ONGs nesse projeto. Começamos com 10 mil fazendeiros. Em alguns anos, o plano é expandir o programa para todos.

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Madgi Batato, vice-presidente da Nestlé Foto: Divulgação/Nestlé/Flickr

Na sua visão, qual é o papel das iniciativas ESG na estratégia de expansão de empresas hoje em dia?

Na Nestlé, não vemos ESG como um custo. Vemos como uma oportunidade e algo obrigatório para o crescimento do negócio. Os consumidores têm uma relação emocional com as marcas. Por isso, as marcas têm um papel muito importante nessa agenda.

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Há alguma forma de o consumidor perceber esses esforços de ESG?

Na segunda metade deste ano, queremos lançar uma edição do KitKat com um selo que diz que o produto foi feito por meio de um processo totalmente rastreável e fomentado pelo nosso programa de aceleração de renda para produtores de cacau. Ninguém quer um KitKat que tenha sido feito com trabalho infantil. Ninguém vai querer consumir um produto que não esteja alinhado com os seus propósitos. As práticas ambientais e sociais podem ajudar a criar uma ligação emocional entre a marca e o consumidor. No Brasil, a empresa lançou recentemente a linha Nescafé Origens, com embalagens recicláveis, reflorestamento da Mata Atlântica e compra de 100% de grãos cultivados em fazendas com práticas de agricultura regenerativa. É o nosso primeiro café carbono neutro.

Chocolate KitKat terá uma versão com dizendo que o produto foi produzido de forma ética e responsável  Foto: Reuters / Denis Balibouse
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Mais produtos têm selos como esse planejado para o KitKat para demonstrar a preocupação social da empresa na cadeia de fornecedores?

O que tendemos a fazer nas nossas operações é ter muita informação. Desde o ano passado, usamos sistemas baseados em blockchain, como o da IBM, para rastrear a cadeia de fornecimento do café Nespresso. É um pequeno começo, mas é algo que ficou muito famoso atualmente. Comunicamos ao consumidor do Nespresso de onde o café vem, como ele é colhido e temos depoimentos dos fazendeiros nas redes sociais. Mas nem todo mundo vai acessar um QR Code. Então, ainda precisamos comunicar de forma simples na embalagem do produto, com mensagens de impacto. Temos poucos produtos nos quais já conseguimos fazer isso, é uma jornada e eu estou confiante de que essa comunicação com o consumidor ainda pode melhorar no futuro.

O vice-presidente executivo da Nestlé, Magdi Batato, diz que as metas da empresa andam lado a lado com a agenda de redução de problemas ligados às mudanças climáticas e aos problemas sociais, como o trabalho infantil. Em um esforço da marca para demonstrar ao consumidor as boas práticas no processo produtivo de alimentos, Batato conta que uma versão do chocolate KitKat com um selo que diz ter sido produzido de forma ética e responsável deve chegar ao mercado europeu no segundo semestre deste ano. “Ninguém quer um KitKat feito com trabalho infantil”, diz.

Em 2020, a Nestlé criou um programa chamado Income Accelerator Program (Programa de Aceleração de Renda, em português) voltado a famílias produtoras de cacau. O objetivo é evitar o trabalho infantil e recompensar os produtores não só pela quantidade e qualidade do cacau, mas também pelas boas práticas. O programa tem uma evolução progressiva, segundo ele. Em 2022, o teste chegou a 10 mil famílias produtoras na Costa do Marfim. Para 2024, o plano é expandir o programa para Gana. Até 2030, a Nestlé almeja abranger todas as 160 mil famílias produtoras de cacau no mundo.

Há outras apostas em relação à questão ambiental. Atualmente, no Brasil, a empresa tem investido em uma linha chamada Nescafé Origens, que tem embalagens recicláveis e reflorestamento da Mata Atlântica. De acordo com a companhia, é o primeiro café com processo produtivo de carbono neutro.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual é a importância do Brasil para a Nestlé atingir suas metas ambientais?

O Brasil é muito importante por causa das boas práticas que adotamos nas nossas operações no País e por causa do tamanho do mercado, que nos permite tomar medidas em escala. As metas ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa, na sigla em inglês) são importantes para a empresa, a começar pela questão das mudanças climáticas. Queremos liderar os esforços para lidar com elas. As mudanças climáticas estão ligadas à segurança alimentar. As plantações que usamos para alimentar o mundo serão impactadas pelo clima. Se não tivermos cuidado, não teremos mais um negócio sustentável. A agenda do nosso negócio e a agenda ambiental andam juntas. Queremos fazer verdadeiras reduções das nossas emissões de carbono e usar o mínimo possível de compensação com compra de créditos de carbono.

Como lidar com a questão social envolvida com as mudanças climáticas?

Outro componente importante para o nosso negócio é o fazendeiro. Negociamos com 600 mil fazendeiros diretamente no mundo. Eles são essenciais para a segurança alimentar, mas também são empresários que precisam ter receita. Por isso, no ano passado, lançamos o programa chamado Income Accelerator Program, para aumentar a renda das famílias produtoras não só pela quantidade ou qualidade da colheita, mas também pelas boas práticas ambientais e sociais. Trabalhamos com ONGs nesse projeto. Começamos com 10 mil fazendeiros. Em alguns anos, o plano é expandir o programa para todos.

Madgi Batato, vice-presidente da Nestlé Foto: Divulgação/Nestlé/Flickr

Na sua visão, qual é o papel das iniciativas ESG na estratégia de expansão de empresas hoje em dia?

Na Nestlé, não vemos ESG como um custo. Vemos como uma oportunidade e algo obrigatório para o crescimento do negócio. Os consumidores têm uma relação emocional com as marcas. Por isso, as marcas têm um papel muito importante nessa agenda.

Há alguma forma de o consumidor perceber esses esforços de ESG?

Na segunda metade deste ano, queremos lançar uma edição do KitKat com um selo que diz que o produto foi feito por meio de um processo totalmente rastreável e fomentado pelo nosso programa de aceleração de renda para produtores de cacau. Ninguém quer um KitKat que tenha sido feito com trabalho infantil. Ninguém vai querer consumir um produto que não esteja alinhado com os seus propósitos. As práticas ambientais e sociais podem ajudar a criar uma ligação emocional entre a marca e o consumidor. No Brasil, a empresa lançou recentemente a linha Nescafé Origens, com embalagens recicláveis, reflorestamento da Mata Atlântica e compra de 100% de grãos cultivados em fazendas com práticas de agricultura regenerativa. É o nosso primeiro café carbono neutro.

Chocolate KitKat terá uma versão com dizendo que o produto foi produzido de forma ética e responsável  Foto: Reuters / Denis Balibouse

Mais produtos têm selos como esse planejado para o KitKat para demonstrar a preocupação social da empresa na cadeia de fornecedores?

O que tendemos a fazer nas nossas operações é ter muita informação. Desde o ano passado, usamos sistemas baseados em blockchain, como o da IBM, para rastrear a cadeia de fornecimento do café Nespresso. É um pequeno começo, mas é algo que ficou muito famoso atualmente. Comunicamos ao consumidor do Nespresso de onde o café vem, como ele é colhido e temos depoimentos dos fazendeiros nas redes sociais. Mas nem todo mundo vai acessar um QR Code. Então, ainda precisamos comunicar de forma simples na embalagem do produto, com mensagens de impacto. Temos poucos produtos nos quais já conseguimos fazer isso, é uma jornada e eu estou confiante de que essa comunicação com o consumidor ainda pode melhorar no futuro.

O vice-presidente executivo da Nestlé, Magdi Batato, diz que as metas da empresa andam lado a lado com a agenda de redução de problemas ligados às mudanças climáticas e aos problemas sociais, como o trabalho infantil. Em um esforço da marca para demonstrar ao consumidor as boas práticas no processo produtivo de alimentos, Batato conta que uma versão do chocolate KitKat com um selo que diz ter sido produzido de forma ética e responsável deve chegar ao mercado europeu no segundo semestre deste ano. “Ninguém quer um KitKat feito com trabalho infantil”, diz.

Em 2020, a Nestlé criou um programa chamado Income Accelerator Program (Programa de Aceleração de Renda, em português) voltado a famílias produtoras de cacau. O objetivo é evitar o trabalho infantil e recompensar os produtores não só pela quantidade e qualidade do cacau, mas também pelas boas práticas. O programa tem uma evolução progressiva, segundo ele. Em 2022, o teste chegou a 10 mil famílias produtoras na Costa do Marfim. Para 2024, o plano é expandir o programa para Gana. Até 2030, a Nestlé almeja abranger todas as 160 mil famílias produtoras de cacau no mundo.

Há outras apostas em relação à questão ambiental. Atualmente, no Brasil, a empresa tem investido em uma linha chamada Nescafé Origens, que tem embalagens recicláveis e reflorestamento da Mata Atlântica. De acordo com a companhia, é o primeiro café com processo produtivo de carbono neutro.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual é a importância do Brasil para a Nestlé atingir suas metas ambientais?

O Brasil é muito importante por causa das boas práticas que adotamos nas nossas operações no País e por causa do tamanho do mercado, que nos permite tomar medidas em escala. As metas ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa, na sigla em inglês) são importantes para a empresa, a começar pela questão das mudanças climáticas. Queremos liderar os esforços para lidar com elas. As mudanças climáticas estão ligadas à segurança alimentar. As plantações que usamos para alimentar o mundo serão impactadas pelo clima. Se não tivermos cuidado, não teremos mais um negócio sustentável. A agenda do nosso negócio e a agenda ambiental andam juntas. Queremos fazer verdadeiras reduções das nossas emissões de carbono e usar o mínimo possível de compensação com compra de créditos de carbono.

Como lidar com a questão social envolvida com as mudanças climáticas?

Outro componente importante para o nosso negócio é o fazendeiro. Negociamos com 600 mil fazendeiros diretamente no mundo. Eles são essenciais para a segurança alimentar, mas também são empresários que precisam ter receita. Por isso, no ano passado, lançamos o programa chamado Income Accelerator Program, para aumentar a renda das famílias produtoras não só pela quantidade ou qualidade da colheita, mas também pelas boas práticas ambientais e sociais. Trabalhamos com ONGs nesse projeto. Começamos com 10 mil fazendeiros. Em alguns anos, o plano é expandir o programa para todos.

Madgi Batato, vice-presidente da Nestlé Foto: Divulgação/Nestlé/Flickr

Na sua visão, qual é o papel das iniciativas ESG na estratégia de expansão de empresas hoje em dia?

Na Nestlé, não vemos ESG como um custo. Vemos como uma oportunidade e algo obrigatório para o crescimento do negócio. Os consumidores têm uma relação emocional com as marcas. Por isso, as marcas têm um papel muito importante nessa agenda.

Há alguma forma de o consumidor perceber esses esforços de ESG?

Na segunda metade deste ano, queremos lançar uma edição do KitKat com um selo que diz que o produto foi feito por meio de um processo totalmente rastreável e fomentado pelo nosso programa de aceleração de renda para produtores de cacau. Ninguém quer um KitKat que tenha sido feito com trabalho infantil. Ninguém vai querer consumir um produto que não esteja alinhado com os seus propósitos. As práticas ambientais e sociais podem ajudar a criar uma ligação emocional entre a marca e o consumidor. No Brasil, a empresa lançou recentemente a linha Nescafé Origens, com embalagens recicláveis, reflorestamento da Mata Atlântica e compra de 100% de grãos cultivados em fazendas com práticas de agricultura regenerativa. É o nosso primeiro café carbono neutro.

Chocolate KitKat terá uma versão com dizendo que o produto foi produzido de forma ética e responsável  Foto: Reuters / Denis Balibouse

Mais produtos têm selos como esse planejado para o KitKat para demonstrar a preocupação social da empresa na cadeia de fornecedores?

O que tendemos a fazer nas nossas operações é ter muita informação. Desde o ano passado, usamos sistemas baseados em blockchain, como o da IBM, para rastrear a cadeia de fornecimento do café Nespresso. É um pequeno começo, mas é algo que ficou muito famoso atualmente. Comunicamos ao consumidor do Nespresso de onde o café vem, como ele é colhido e temos depoimentos dos fazendeiros nas redes sociais. Mas nem todo mundo vai acessar um QR Code. Então, ainda precisamos comunicar de forma simples na embalagem do produto, com mensagens de impacto. Temos poucos produtos nos quais já conseguimos fazer isso, é uma jornada e eu estou confiante de que essa comunicação com o consumidor ainda pode melhorar no futuro.

Entrevista por Lucas Agrela

Repórter de economia & negócios, pós-graduado em administração e marketing e em mídias digitais.

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