Olga Rabinovich, a herdeira que investe para melhorar a qualidade do cinema nacional


Criadora da fundação que leva seu nome tem projeto dedicado a preparar profissionais para trabalhar na indústria cinematográfica brasileira

Por Fernando Scheller

Herdeira de uma família que esteve envolvida em negócios bilionário, como o grupo Vicunha e a siderúrgica CSN, Olga Rabinovich decidiu iniciar uma tradição familiar: usar parte de seu dinheiro em ações filantrópicas ou sociais. Ao criar o instituto que leva seu próprio nome, ela definiu as artes como uma de suas prioridades – mais especificamente, o fomento ao cinema nacional. É por isso que, dentro do instituto, foi criado o Projeto Paradiso, que mantém uma equipe dedicada a preparar os profissionais de cinema nacional, em especial os voltados ao roteiro – apontado como uma das principais falhas dos filmes brasileiros.

Olga Rabinovich, na sede do instituto que leva seu nome, em São Paulo: bolsas para talentos do cinema nacional Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Cinéfila de carteirinha, Olga não era especialmente fã do cinema nacional. Nas décadas de 1970 e 1980, considerava a produção dos filmes ruins, em especial o som. Com a paralisação da produção cinematográfica no início dos anos 1990, com o fechamento da Embrafilme pelo governo Collor, o setor audiovisual passou por uma paralisia que foi seguida de uma retomada a partir de meados daquela década, com filmes como Carlota Joaquina (1995), de Carla Camuratti. Posteriormente, vieram outras produções de repercussão internacional, como Central do Brasil (1998) e Cidade de Deus (2002).

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Aos poucos, Olga foi se familiarizando com a produção de cinema no Brasil, que hoje considera diversa e cheia de abordagens interessantes. “Aos poucos, fui descobrindo e gostando cada vez mais”, lembra a herdeira, que destaca produções recentes como Que Horas Ela Volta?, A Vida Invisível e Marte Um (escolhido para representar o Brasil no Oscar 2023) como destaques da recente safra de realizadores brasileiros. Ao eleger o cinema como prioridade de seu investimento a fundo perdido, viu-se diante de um desafio: qual das necessidades da produção cinematográfica local deveria ser priorizada?

Antes de tomar essa decisão, sua equipe foi a campo e fez uma série de entrevistas com 80 profissionais do audiovisual nacional para descobrir que o gargalo mais citado pelos produtores talvez fosse o mais básico: o roteiro. “O que a gente mais ouvia em 2018, na época em que fizemos as entrevistas, era que, graças às leis de audiovisual, não faltava dinheiro para produção. Mas isso foi antes de entrar um governo que, para dizer o mínimo, não ajudou em nada o setor”, frisa Olga.

Mudança de foco

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Com as mudanças na lei de incentivo trazidas pelo governo Jair Bolsonaro (PL), que incluíram o represamento de recursos que já tinham sido aprovados, o jogo mudou. Logo, o Projeto Paradiso teve de mudar de escopo, atuando também com repasses para a finalização de filmes – como pagamento de direitos autorais para canções usadas em trilhas sonoras – e verbas para garantir que equipes responsáveis por produções selecionadas para festivais importantes, como Berlim e Cannes, pudessem viajar até esses locais para divulgar os trabalhos.

Olga Rabinovich: união de filantropos para 'salvar' a Cinemateca Brasileira Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Outra frente importante de atuação são as bolsas para cursos de curta e longa duração voltadas às mais diferentes áreas do cinema, como roteiro, edição e direção. As bolsas, em sua maioria, são para formações mais rápidas, com custo total entre US$ 1,5 mil e US$ 2 mil, mas há opções também como a Escola de Cinema de Cuba, cujo custo se aproxima de US$ 10 mil – em 2022, 30 pessoas receberam dinheiro para estudos na área.

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A inscrição no Projeto Paradiso, porém, depende de um aceite prévio em uma instituição de ensino internacional voltada ao setor. A ideia, diz Olga, é que a falta de recursos não seja impeditivo para que um brasileiro receba a formação. Cada vez mais, a seleção também deverá incluir critérios de diversidade, de olho no desequilíbrio racial e de gênero. Hoje, 42% dos selecionados para bolsas são negros, número que deverá aumentar nos próximos anos.

Para garantir a reverberação do investimento no cinema nacional ao longo do tempo, todos os estudantes e profissionais apoiados pelo Projeto Paradiso se tornem mentores de pessoas interessadas em um dia trabalhar com a sétima arte.

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Para garantir a evolução do cinema nacional, Olga se permite até mesmo sair do escopo original de sua proposta. Em agosto de 2020, diante do abandono da Cinemateca Brasileira, ela reuniu um grupo de filantropos para garantir a preservação da memória da produção nacional – garantindo, assim, referências históricas para as gerações futuras. “Era uma emergência e conseguimos trazer mais gente para nos ajudar com isso. Foi muito bom”, define ela.

Herdeira de uma família que esteve envolvida em negócios bilionário, como o grupo Vicunha e a siderúrgica CSN, Olga Rabinovich decidiu iniciar uma tradição familiar: usar parte de seu dinheiro em ações filantrópicas ou sociais. Ao criar o instituto que leva seu próprio nome, ela definiu as artes como uma de suas prioridades – mais especificamente, o fomento ao cinema nacional. É por isso que, dentro do instituto, foi criado o Projeto Paradiso, que mantém uma equipe dedicada a preparar os profissionais de cinema nacional, em especial os voltados ao roteiro – apontado como uma das principais falhas dos filmes brasileiros.

Olga Rabinovich, na sede do instituto que leva seu nome, em São Paulo: bolsas para talentos do cinema nacional Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Cinéfila de carteirinha, Olga não era especialmente fã do cinema nacional. Nas décadas de 1970 e 1980, considerava a produção dos filmes ruins, em especial o som. Com a paralisação da produção cinematográfica no início dos anos 1990, com o fechamento da Embrafilme pelo governo Collor, o setor audiovisual passou por uma paralisia que foi seguida de uma retomada a partir de meados daquela década, com filmes como Carlota Joaquina (1995), de Carla Camuratti. Posteriormente, vieram outras produções de repercussão internacional, como Central do Brasil (1998) e Cidade de Deus (2002).

Aos poucos, Olga foi se familiarizando com a produção de cinema no Brasil, que hoje considera diversa e cheia de abordagens interessantes. “Aos poucos, fui descobrindo e gostando cada vez mais”, lembra a herdeira, que destaca produções recentes como Que Horas Ela Volta?, A Vida Invisível e Marte Um (escolhido para representar o Brasil no Oscar 2023) como destaques da recente safra de realizadores brasileiros. Ao eleger o cinema como prioridade de seu investimento a fundo perdido, viu-se diante de um desafio: qual das necessidades da produção cinematográfica local deveria ser priorizada?

Antes de tomar essa decisão, sua equipe foi a campo e fez uma série de entrevistas com 80 profissionais do audiovisual nacional para descobrir que o gargalo mais citado pelos produtores talvez fosse o mais básico: o roteiro. “O que a gente mais ouvia em 2018, na época em que fizemos as entrevistas, era que, graças às leis de audiovisual, não faltava dinheiro para produção. Mas isso foi antes de entrar um governo que, para dizer o mínimo, não ajudou em nada o setor”, frisa Olga.

Mudança de foco

Com as mudanças na lei de incentivo trazidas pelo governo Jair Bolsonaro (PL), que incluíram o represamento de recursos que já tinham sido aprovados, o jogo mudou. Logo, o Projeto Paradiso teve de mudar de escopo, atuando também com repasses para a finalização de filmes – como pagamento de direitos autorais para canções usadas em trilhas sonoras – e verbas para garantir que equipes responsáveis por produções selecionadas para festivais importantes, como Berlim e Cannes, pudessem viajar até esses locais para divulgar os trabalhos.

Olga Rabinovich: união de filantropos para 'salvar' a Cinemateca Brasileira Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Outra frente importante de atuação são as bolsas para cursos de curta e longa duração voltadas às mais diferentes áreas do cinema, como roteiro, edição e direção. As bolsas, em sua maioria, são para formações mais rápidas, com custo total entre US$ 1,5 mil e US$ 2 mil, mas há opções também como a Escola de Cinema de Cuba, cujo custo se aproxima de US$ 10 mil – em 2022, 30 pessoas receberam dinheiro para estudos na área.

A inscrição no Projeto Paradiso, porém, depende de um aceite prévio em uma instituição de ensino internacional voltada ao setor. A ideia, diz Olga, é que a falta de recursos não seja impeditivo para que um brasileiro receba a formação. Cada vez mais, a seleção também deverá incluir critérios de diversidade, de olho no desequilíbrio racial e de gênero. Hoje, 42% dos selecionados para bolsas são negros, número que deverá aumentar nos próximos anos.

Para garantir a reverberação do investimento no cinema nacional ao longo do tempo, todos os estudantes e profissionais apoiados pelo Projeto Paradiso se tornem mentores de pessoas interessadas em um dia trabalhar com a sétima arte.

Para garantir a evolução do cinema nacional, Olga se permite até mesmo sair do escopo original de sua proposta. Em agosto de 2020, diante do abandono da Cinemateca Brasileira, ela reuniu um grupo de filantropos para garantir a preservação da memória da produção nacional – garantindo, assim, referências históricas para as gerações futuras. “Era uma emergência e conseguimos trazer mais gente para nos ajudar com isso. Foi muito bom”, define ela.

Herdeira de uma família que esteve envolvida em negócios bilionário, como o grupo Vicunha e a siderúrgica CSN, Olga Rabinovich decidiu iniciar uma tradição familiar: usar parte de seu dinheiro em ações filantrópicas ou sociais. Ao criar o instituto que leva seu próprio nome, ela definiu as artes como uma de suas prioridades – mais especificamente, o fomento ao cinema nacional. É por isso que, dentro do instituto, foi criado o Projeto Paradiso, que mantém uma equipe dedicada a preparar os profissionais de cinema nacional, em especial os voltados ao roteiro – apontado como uma das principais falhas dos filmes brasileiros.

Olga Rabinovich, na sede do instituto que leva seu nome, em São Paulo: bolsas para talentos do cinema nacional Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Cinéfila de carteirinha, Olga não era especialmente fã do cinema nacional. Nas décadas de 1970 e 1980, considerava a produção dos filmes ruins, em especial o som. Com a paralisação da produção cinematográfica no início dos anos 1990, com o fechamento da Embrafilme pelo governo Collor, o setor audiovisual passou por uma paralisia que foi seguida de uma retomada a partir de meados daquela década, com filmes como Carlota Joaquina (1995), de Carla Camuratti. Posteriormente, vieram outras produções de repercussão internacional, como Central do Brasil (1998) e Cidade de Deus (2002).

Aos poucos, Olga foi se familiarizando com a produção de cinema no Brasil, que hoje considera diversa e cheia de abordagens interessantes. “Aos poucos, fui descobrindo e gostando cada vez mais”, lembra a herdeira, que destaca produções recentes como Que Horas Ela Volta?, A Vida Invisível e Marte Um (escolhido para representar o Brasil no Oscar 2023) como destaques da recente safra de realizadores brasileiros. Ao eleger o cinema como prioridade de seu investimento a fundo perdido, viu-se diante de um desafio: qual das necessidades da produção cinematográfica local deveria ser priorizada?

Antes de tomar essa decisão, sua equipe foi a campo e fez uma série de entrevistas com 80 profissionais do audiovisual nacional para descobrir que o gargalo mais citado pelos produtores talvez fosse o mais básico: o roteiro. “O que a gente mais ouvia em 2018, na época em que fizemos as entrevistas, era que, graças às leis de audiovisual, não faltava dinheiro para produção. Mas isso foi antes de entrar um governo que, para dizer o mínimo, não ajudou em nada o setor”, frisa Olga.

Mudança de foco

Com as mudanças na lei de incentivo trazidas pelo governo Jair Bolsonaro (PL), que incluíram o represamento de recursos que já tinham sido aprovados, o jogo mudou. Logo, o Projeto Paradiso teve de mudar de escopo, atuando também com repasses para a finalização de filmes – como pagamento de direitos autorais para canções usadas em trilhas sonoras – e verbas para garantir que equipes responsáveis por produções selecionadas para festivais importantes, como Berlim e Cannes, pudessem viajar até esses locais para divulgar os trabalhos.

Olga Rabinovich: união de filantropos para 'salvar' a Cinemateca Brasileira Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Outra frente importante de atuação são as bolsas para cursos de curta e longa duração voltadas às mais diferentes áreas do cinema, como roteiro, edição e direção. As bolsas, em sua maioria, são para formações mais rápidas, com custo total entre US$ 1,5 mil e US$ 2 mil, mas há opções também como a Escola de Cinema de Cuba, cujo custo se aproxima de US$ 10 mil – em 2022, 30 pessoas receberam dinheiro para estudos na área.

A inscrição no Projeto Paradiso, porém, depende de um aceite prévio em uma instituição de ensino internacional voltada ao setor. A ideia, diz Olga, é que a falta de recursos não seja impeditivo para que um brasileiro receba a formação. Cada vez mais, a seleção também deverá incluir critérios de diversidade, de olho no desequilíbrio racial e de gênero. Hoje, 42% dos selecionados para bolsas são negros, número que deverá aumentar nos próximos anos.

Para garantir a reverberação do investimento no cinema nacional ao longo do tempo, todos os estudantes e profissionais apoiados pelo Projeto Paradiso se tornem mentores de pessoas interessadas em um dia trabalhar com a sétima arte.

Para garantir a evolução do cinema nacional, Olga se permite até mesmo sair do escopo original de sua proposta. Em agosto de 2020, diante do abandono da Cinemateca Brasileira, ela reuniu um grupo de filantropos para garantir a preservação da memória da produção nacional – garantindo, assim, referências históricas para as gerações futuras. “Era uma emergência e conseguimos trazer mais gente para nos ajudar com isso. Foi muito bom”, define ela.

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