A Omega Energia anunciou nesta terça-feira, 4, um aumento de capital de, no mínimo, R$ 850 milhões, podendo alcançar até R$ 1,2 bilhão, informou a companhia. O movimento faz parte de um acordo que a geradora de energia renovável fechou em junho passado com a empresa de private equity (capital privado) Actis e propiciará recursos para investimentos planejados pela companhia no Brasil e nos Estados Unidos.
A operação será feita por meio de uma subscrição privada de até 75.605.777 ações ordinárias, ao preço de R$ 16 por ação. Considerando o valor de fechamento de R$ 10,89 por ação, o prêmio envolvido é de cerca de 50%.
No fim de junho, a Omega anunciou um acordo com a Actis por meio do qual a empresa de investimentos em infraestrutura sustentável se comprometia a realizar um aporte primário de até R$ 850 milhões na geradora brasileira. Posteriormente a Actis adquiriu 19,99% de participação da Omega no mercado secundário. Agora, complementará seu investimento com a subscrição, o que resultará em uma participação adicional de cerca de 7%, considerando o valor mínimo da emissão.
Atualmente, a maior acionista da Omega é a Tarpon Gestora de Recursos, que detém 33,98% das ações. Já o Fundo de Investimentos em Participações Lambda3 detém 15,90%.
Expansão
Em comunicado, a Omega destacou que os recursos serão destinados a novos investimentos em curso, incluindo projetos solares no Brasil e a implantação do complexo eólico Goodnight, no Texas (EUA).
O complexo eólico norte-americano de até 531 megawatts (MW) de potência teve sua construção iniciada em 13 de setembro e tem previsão de entrar em operação ao final de 2023. Trata-se do primeiro investimento da Omega nos EUA.
“O aumento de capital hoje anunciado consolida a Actis como um acionista chave da empresa e nos traz um amplo leque de possibilidades – bem exemplificado por Goodnight – para seguir empreendendo rumo a garantir energia sustentável para todos”, declarou o fundador da Omega Energia, Antonio Bastos, em nota.
O que dizem os analistas
Os analistas do Credit Suisse Carolina Carneiro e Rafael Nagano consideraram a operação positiva para a Omega, tendo em vista que os novos recursos serão aportados a valores acima das cotações atuais, aumentando a participação de um “acionista de referência” e permitindo à empresa desenvolver mais projetos. Na visão dos profissionais, os benefícios são superiores à diluição implícita - com acréscimo de até 13,3% na base de ações) para os atuais acionistas.
“O financiamento nos atuais altos níveis de taxas de juros altos era uma preocupação, considerando as condições macro desafiadoras e os custos para as energias renováveis mais elevados”, escreveram os analistas, citando a influência da alta demanda por parte de empresas europeias nos custos para novos projetos, bem como o valor mais elevado dos componentes.
“A governança também deve ser vista de forma mais positiva pelo mercado com a conclusão da etapa mencionada no acordo com a Actis”, acrescentaram. Eles lembram que, pelo acordo assinado em junho, a Actis pode escolher até dois dos nove membros para o Conselho de Administração da Omega e que, com o novo acordo, também será necessário o voto afirmativo de todos os acionistas do bloco de controle para alguns assuntos.