Onda de fusões na saúde movimenta R$ 20 bi em um ano e aquece o setor


Do início de 2021 até agora, o segmento já teve 150 transações; companhias buscam ganhar eficiência com o atendimento em rede própria

Por Fernanda Guimarães

Com muito dinheiro no caixa após uma série de captações, o setor de saúde no Brasil passa por uma transformação, algo que já ocorre há mais tempo em outros mercados onde a atuação de empresas privadas é robusta, como nos EUA. 

Nos últimos dois anos, o setor de saúde lidera o ranking de fusões e aquisições e reúne as maiores operações de compra de empresas no Brasil. Apenas do início de 2021 até agora, foram cerca de 150 transações, que movimentaram mais de R$ 20 bilhões – mesmo com a perspectiva de desempenho fraco da economia para este ano.

Duas das maiores transações ocorreram nesse período: a fusão, por meio de troca de ações, entre as operadoras de planos de saúde Hapvida e a NotreDame Intermédica – um negócio que cria uma empresa com valor de mercado de mais de R$ 80 bilhões –, e a compra da seguradora SulAmérica pela operadora de hospitais Rede D’or, um acordo de mais de R$ 10 bilhões. 

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Negócio com a SulAmérica abre nova frente para aRede D'Or Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Disputa 

O surgimento de grupos gigantes, que leva a uma maior concentração de mercado, é acompanhado de perto pelos participantes do setor, que avaliam os efeitos desse avanço das empresas em seus próprios negócios. Mesmo antes de se juntarem, Hapvida e NotreDame Intermédica já vinham protagonizando aquisições em série, com o objetivo de se tornarem empresas verticalizadas, o que significa que o cliente de seus planos de saúde é atendido pela rede de hospitais e clínicas da própria empresa. 

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Na Hapvida, a estimativa é de que quase a totalidade das cirurgias eletivas (as não emergenciais) será feita na rede de hospitais própria, algo que dá à empresa um maior controle de seus custos. Donas da maior fatia do mercado, com mais de 20% entre os planos individuais, a Hapvida e a NotreDame Intermédica atendem ao segmento mais básico e conseguem ter preços competitivos. Com isso crescem até em momentos de crise.

O receio de concorrentes é que com o tempo o grupo, agora com mais musculatura, avance em outros segmentos, como os de clientes de renda mais alta.

Por trás das fusões está o caixa recheado dessas empresas, que abriram capital na Bolsa em 2018 (Hapvida e Notre Dame Intermédica) e 2020 (Rede D’Or). No mesmo sentido, no ano passado os grupos hospitalares Mater Dei e Kora Saúde também foram ao mercado buscar recursos, embora ainda não tenham aberto o capital. 

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O assunto está tão efervescente que recentemente um acionista em comum da Mater Dei e da Kora, a gestora de investimentos Polo Capital, defendeu a união das empresas, tanto para participar da consolidação do setor quanto para se proteger da onda concentradora. Por enquanto sozinha, a Mater Dei deu um passo e comprou o controle de um hospital em Minas, aumentando a presença no Estado. Nenhum grupo com caixa está ficando parado. 

Só o começo 

Do lado dos planos de saúde, a fusão de grandes grupos começa a incomodar, porque já existe a leitura de que as companhias que estão cada vez mais encorpadas irão avançar em mais segmentos no setor de saúde – e com potencial de atrair clientes de concorrentes. Analistas de bancos de investimento afirmam que há mais negócios para sair. 

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O sócio da consultoria PwC Brasil, Leonardo Dell’Oso, destaca que a consolidação está apenas no início, mesmo após um ano de recorde de transações para o setor no ano passado. “O que explica essas aquisições de hospitais não é apenas que os grandes grupos estão com robustez de caixa, mas também que as empresas estão querendo ganhar massa e racionalizar custos”, afirma ele, que lidera a área de fusões e aquisições na consultoria.

Dell’Oso lembra que hospitais sofreram no início da pandemia, com a suspensão de cirurgias eletivas (as não emergenciais), e as empresas que entraram na crise menos preparadas se tornaram alvo de aquisição de grupos maiores. “Muitos hospitais tiveram de buscar uma alternativa estratégica”, diz. 

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Ainda de acordo com o especialista em fusões, uma próxima onda de aquisições envolverá as healthtechs (as empresas de tecnologia do setor de saúde), um crescente alvo das empresas tradicionais do setor.

A perspectiva de que novas transações no setor devem acontecer é compartilhada pelo sócio da Ondina Investimentos, Ítalo Miranda. “Os níveis de transações tendem a continuar bastante elevados, os compradores estão com pressão por verticalização”, diz. 

Segundo ele, um movimento que pode começar a ser observado é o de aquisições por fornecedores de serviços, caso de redes de laboratórios, que estão mais pressionadas pelos grandes grupos concorrentes e podem começar a olhar também por exemplo, as operadoras de planos de saúde.

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Para dentro 

A Rede D’Or, conhecida por ser agressiva em aquisições, tem feito anúncios de compras de hospitais periodicamente, se fortalecendo na primeira posição dos grupos de hospitais. Mas, ao incorporar a SulAmérica, colocando para dentro uma operadora de planos de saúde, a ideia não é fazer uma verticalização dos negócios, apostando no atendimento em uma rede própria. Isso não seria possível no segmento que ela atende, afirma um executivo próximo da empresa, que não quis ser identificado. 

Segundo ele, no segmento mais acima da pirâmide, onde a Rede D’Or atua, não dá para verticalizar, mas dá para aumentar o mercado de atuação. A razão disso é que, no mercado de saúde de renda mais alta, o cliente não quer ser tratado apenas nos hospitais São Luiz, da Rede D’Or, mas em hospitais considerados topo de linha como o Albert Einstein ou o Oswaldo Cruz, ambos na capital paulista. 

Por isso, a mensagem tem sido que a compra da SulAmérica não é um sinal de que a empresa se verticalizará, apesar do negócio trazer uma nova frente de crescimento.

Há ainda outras razões por trás do negócio que analistas de mercado ainda não computaram. A ideia da Rede D’Or com a transação é aumentar a sua oferta de serviços, ganhar mais eficiência (especialmente na estrutura corporativa) e acompanhar de forma ativa a saúde do cliente. E mais: quando a empresa abrir um novo hospital, esse sim o negócio que é o carro-chefe da Rede D’Or, o empreendimento já terá um plano de saúde em que estará credenciado, trazendo rentabilidade logo na largada.

O efeito em cadeia deverá mexer com os demais concorrentes. A operadora de saúde Amil, que repassou seus planos individuais para outra empresa – outro imbróglio do setor – ainda é grande em planos corporativos e possui alguns hospitais próprios, para os quais busca comprador. É por isso que tanto a Rede D’Or como a Bradesco Saúde, conforme fontes, estão de olho nesses ativos. 

Com muito dinheiro no caixa após uma série de captações, o setor de saúde no Brasil passa por uma transformação, algo que já ocorre há mais tempo em outros mercados onde a atuação de empresas privadas é robusta, como nos EUA. 

Nos últimos dois anos, o setor de saúde lidera o ranking de fusões e aquisições e reúne as maiores operações de compra de empresas no Brasil. Apenas do início de 2021 até agora, foram cerca de 150 transações, que movimentaram mais de R$ 20 bilhões – mesmo com a perspectiva de desempenho fraco da economia para este ano.

Duas das maiores transações ocorreram nesse período: a fusão, por meio de troca de ações, entre as operadoras de planos de saúde Hapvida e a NotreDame Intermédica – um negócio que cria uma empresa com valor de mercado de mais de R$ 80 bilhões –, e a compra da seguradora SulAmérica pela operadora de hospitais Rede D’or, um acordo de mais de R$ 10 bilhões. 

Negócio com a SulAmérica abre nova frente para aRede D'Or Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Disputa 

O surgimento de grupos gigantes, que leva a uma maior concentração de mercado, é acompanhado de perto pelos participantes do setor, que avaliam os efeitos desse avanço das empresas em seus próprios negócios. Mesmo antes de se juntarem, Hapvida e NotreDame Intermédica já vinham protagonizando aquisições em série, com o objetivo de se tornarem empresas verticalizadas, o que significa que o cliente de seus planos de saúde é atendido pela rede de hospitais e clínicas da própria empresa. 

Na Hapvida, a estimativa é de que quase a totalidade das cirurgias eletivas (as não emergenciais) será feita na rede de hospitais própria, algo que dá à empresa um maior controle de seus custos. Donas da maior fatia do mercado, com mais de 20% entre os planos individuais, a Hapvida e a NotreDame Intermédica atendem ao segmento mais básico e conseguem ter preços competitivos. Com isso crescem até em momentos de crise.

O receio de concorrentes é que com o tempo o grupo, agora com mais musculatura, avance em outros segmentos, como os de clientes de renda mais alta.

Por trás das fusões está o caixa recheado dessas empresas, que abriram capital na Bolsa em 2018 (Hapvida e Notre Dame Intermédica) e 2020 (Rede D’Or). No mesmo sentido, no ano passado os grupos hospitalares Mater Dei e Kora Saúde também foram ao mercado buscar recursos, embora ainda não tenham aberto o capital. 

O assunto está tão efervescente que recentemente um acionista em comum da Mater Dei e da Kora, a gestora de investimentos Polo Capital, defendeu a união das empresas, tanto para participar da consolidação do setor quanto para se proteger da onda concentradora. Por enquanto sozinha, a Mater Dei deu um passo e comprou o controle de um hospital em Minas, aumentando a presença no Estado. Nenhum grupo com caixa está ficando parado. 

Só o começo 

Do lado dos planos de saúde, a fusão de grandes grupos começa a incomodar, porque já existe a leitura de que as companhias que estão cada vez mais encorpadas irão avançar em mais segmentos no setor de saúde – e com potencial de atrair clientes de concorrentes. Analistas de bancos de investimento afirmam que há mais negócios para sair. 

O sócio da consultoria PwC Brasil, Leonardo Dell’Oso, destaca que a consolidação está apenas no início, mesmo após um ano de recorde de transações para o setor no ano passado. “O que explica essas aquisições de hospitais não é apenas que os grandes grupos estão com robustez de caixa, mas também que as empresas estão querendo ganhar massa e racionalizar custos”, afirma ele, que lidera a área de fusões e aquisições na consultoria.

Dell’Oso lembra que hospitais sofreram no início da pandemia, com a suspensão de cirurgias eletivas (as não emergenciais), e as empresas que entraram na crise menos preparadas se tornaram alvo de aquisição de grupos maiores. “Muitos hospitais tiveram de buscar uma alternativa estratégica”, diz. 

Ainda de acordo com o especialista em fusões, uma próxima onda de aquisições envolverá as healthtechs (as empresas de tecnologia do setor de saúde), um crescente alvo das empresas tradicionais do setor.

A perspectiva de que novas transações no setor devem acontecer é compartilhada pelo sócio da Ondina Investimentos, Ítalo Miranda. “Os níveis de transações tendem a continuar bastante elevados, os compradores estão com pressão por verticalização”, diz. 

Segundo ele, um movimento que pode começar a ser observado é o de aquisições por fornecedores de serviços, caso de redes de laboratórios, que estão mais pressionadas pelos grandes grupos concorrentes e podem começar a olhar também por exemplo, as operadoras de planos de saúde.

Para dentro 

A Rede D’Or, conhecida por ser agressiva em aquisições, tem feito anúncios de compras de hospitais periodicamente, se fortalecendo na primeira posição dos grupos de hospitais. Mas, ao incorporar a SulAmérica, colocando para dentro uma operadora de planos de saúde, a ideia não é fazer uma verticalização dos negócios, apostando no atendimento em uma rede própria. Isso não seria possível no segmento que ela atende, afirma um executivo próximo da empresa, que não quis ser identificado. 

Segundo ele, no segmento mais acima da pirâmide, onde a Rede D’Or atua, não dá para verticalizar, mas dá para aumentar o mercado de atuação. A razão disso é que, no mercado de saúde de renda mais alta, o cliente não quer ser tratado apenas nos hospitais São Luiz, da Rede D’Or, mas em hospitais considerados topo de linha como o Albert Einstein ou o Oswaldo Cruz, ambos na capital paulista. 

Por isso, a mensagem tem sido que a compra da SulAmérica não é um sinal de que a empresa se verticalizará, apesar do negócio trazer uma nova frente de crescimento.

Há ainda outras razões por trás do negócio que analistas de mercado ainda não computaram. A ideia da Rede D’Or com a transação é aumentar a sua oferta de serviços, ganhar mais eficiência (especialmente na estrutura corporativa) e acompanhar de forma ativa a saúde do cliente. E mais: quando a empresa abrir um novo hospital, esse sim o negócio que é o carro-chefe da Rede D’Or, o empreendimento já terá um plano de saúde em que estará credenciado, trazendo rentabilidade logo na largada.

O efeito em cadeia deverá mexer com os demais concorrentes. A operadora de saúde Amil, que repassou seus planos individuais para outra empresa – outro imbróglio do setor – ainda é grande em planos corporativos e possui alguns hospitais próprios, para os quais busca comprador. É por isso que tanto a Rede D’Or como a Bradesco Saúde, conforme fontes, estão de olho nesses ativos. 

Com muito dinheiro no caixa após uma série de captações, o setor de saúde no Brasil passa por uma transformação, algo que já ocorre há mais tempo em outros mercados onde a atuação de empresas privadas é robusta, como nos EUA. 

Nos últimos dois anos, o setor de saúde lidera o ranking de fusões e aquisições e reúne as maiores operações de compra de empresas no Brasil. Apenas do início de 2021 até agora, foram cerca de 150 transações, que movimentaram mais de R$ 20 bilhões – mesmo com a perspectiva de desempenho fraco da economia para este ano.

Duas das maiores transações ocorreram nesse período: a fusão, por meio de troca de ações, entre as operadoras de planos de saúde Hapvida e a NotreDame Intermédica – um negócio que cria uma empresa com valor de mercado de mais de R$ 80 bilhões –, e a compra da seguradora SulAmérica pela operadora de hospitais Rede D’or, um acordo de mais de R$ 10 bilhões. 

Negócio com a SulAmérica abre nova frente para aRede D'Or Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Disputa 

O surgimento de grupos gigantes, que leva a uma maior concentração de mercado, é acompanhado de perto pelos participantes do setor, que avaliam os efeitos desse avanço das empresas em seus próprios negócios. Mesmo antes de se juntarem, Hapvida e NotreDame Intermédica já vinham protagonizando aquisições em série, com o objetivo de se tornarem empresas verticalizadas, o que significa que o cliente de seus planos de saúde é atendido pela rede de hospitais e clínicas da própria empresa. 

Na Hapvida, a estimativa é de que quase a totalidade das cirurgias eletivas (as não emergenciais) será feita na rede de hospitais própria, algo que dá à empresa um maior controle de seus custos. Donas da maior fatia do mercado, com mais de 20% entre os planos individuais, a Hapvida e a NotreDame Intermédica atendem ao segmento mais básico e conseguem ter preços competitivos. Com isso crescem até em momentos de crise.

O receio de concorrentes é que com o tempo o grupo, agora com mais musculatura, avance em outros segmentos, como os de clientes de renda mais alta.

Por trás das fusões está o caixa recheado dessas empresas, que abriram capital na Bolsa em 2018 (Hapvida e Notre Dame Intermédica) e 2020 (Rede D’Or). No mesmo sentido, no ano passado os grupos hospitalares Mater Dei e Kora Saúde também foram ao mercado buscar recursos, embora ainda não tenham aberto o capital. 

O assunto está tão efervescente que recentemente um acionista em comum da Mater Dei e da Kora, a gestora de investimentos Polo Capital, defendeu a união das empresas, tanto para participar da consolidação do setor quanto para se proteger da onda concentradora. Por enquanto sozinha, a Mater Dei deu um passo e comprou o controle de um hospital em Minas, aumentando a presença no Estado. Nenhum grupo com caixa está ficando parado. 

Só o começo 

Do lado dos planos de saúde, a fusão de grandes grupos começa a incomodar, porque já existe a leitura de que as companhias que estão cada vez mais encorpadas irão avançar em mais segmentos no setor de saúde – e com potencial de atrair clientes de concorrentes. Analistas de bancos de investimento afirmam que há mais negócios para sair. 

O sócio da consultoria PwC Brasil, Leonardo Dell’Oso, destaca que a consolidação está apenas no início, mesmo após um ano de recorde de transações para o setor no ano passado. “O que explica essas aquisições de hospitais não é apenas que os grandes grupos estão com robustez de caixa, mas também que as empresas estão querendo ganhar massa e racionalizar custos”, afirma ele, que lidera a área de fusões e aquisições na consultoria.

Dell’Oso lembra que hospitais sofreram no início da pandemia, com a suspensão de cirurgias eletivas (as não emergenciais), e as empresas que entraram na crise menos preparadas se tornaram alvo de aquisição de grupos maiores. “Muitos hospitais tiveram de buscar uma alternativa estratégica”, diz. 

Ainda de acordo com o especialista em fusões, uma próxima onda de aquisições envolverá as healthtechs (as empresas de tecnologia do setor de saúde), um crescente alvo das empresas tradicionais do setor.

A perspectiva de que novas transações no setor devem acontecer é compartilhada pelo sócio da Ondina Investimentos, Ítalo Miranda. “Os níveis de transações tendem a continuar bastante elevados, os compradores estão com pressão por verticalização”, diz. 

Segundo ele, um movimento que pode começar a ser observado é o de aquisições por fornecedores de serviços, caso de redes de laboratórios, que estão mais pressionadas pelos grandes grupos concorrentes e podem começar a olhar também por exemplo, as operadoras de planos de saúde.

Para dentro 

A Rede D’Or, conhecida por ser agressiva em aquisições, tem feito anúncios de compras de hospitais periodicamente, se fortalecendo na primeira posição dos grupos de hospitais. Mas, ao incorporar a SulAmérica, colocando para dentro uma operadora de planos de saúde, a ideia não é fazer uma verticalização dos negócios, apostando no atendimento em uma rede própria. Isso não seria possível no segmento que ela atende, afirma um executivo próximo da empresa, que não quis ser identificado. 

Segundo ele, no segmento mais acima da pirâmide, onde a Rede D’Or atua, não dá para verticalizar, mas dá para aumentar o mercado de atuação. A razão disso é que, no mercado de saúde de renda mais alta, o cliente não quer ser tratado apenas nos hospitais São Luiz, da Rede D’Or, mas em hospitais considerados topo de linha como o Albert Einstein ou o Oswaldo Cruz, ambos na capital paulista. 

Por isso, a mensagem tem sido que a compra da SulAmérica não é um sinal de que a empresa se verticalizará, apesar do negócio trazer uma nova frente de crescimento.

Há ainda outras razões por trás do negócio que analistas de mercado ainda não computaram. A ideia da Rede D’Or com a transação é aumentar a sua oferta de serviços, ganhar mais eficiência (especialmente na estrutura corporativa) e acompanhar de forma ativa a saúde do cliente. E mais: quando a empresa abrir um novo hospital, esse sim o negócio que é o carro-chefe da Rede D’Or, o empreendimento já terá um plano de saúde em que estará credenciado, trazendo rentabilidade logo na largada.

O efeito em cadeia deverá mexer com os demais concorrentes. A operadora de saúde Amil, que repassou seus planos individuais para outra empresa – outro imbróglio do setor – ainda é grande em planos corporativos e possui alguns hospitais próprios, para os quais busca comprador. É por isso que tanto a Rede D’Or como a Bradesco Saúde, conforme fontes, estão de olho nesses ativos. 

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