Foi em 2010 que o Grupo Dok iniciou suas operações na cidade de Birigui, no interior de São Paulo. De lá para cá, a empresa familiar embarcou em uma série de aquisições de empresas concorrentes menores, e conquistou nomes como Dijean e Azaleia, além da Ortopé -braço de calçados infantis -, uma das suas principais marcas do portfólio. Apesar das integrações de outros negócios, foi por causa dos casos de recuperações judiciais, falência e fraude que o grupo ganhou espaço nos noticiários.
A companhia do interior paulista é investigada pelo ministério público por supostos casos de fraude, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. O grupo é acusado de usar notas frias, com base em vendas simuladas a grandes varejistas, para levantar dinheiro junto a bancos e fundos de investimentos. As transações falsas teriam gerado uma dívida estimada em R$ 382 milhões, com 90 instituições financeiras.
História da Ortopé
Fundada em 1963 pelo empresário e político gaúcho Horst Ernest Volk, a Ortopé é uma marca de sapatos infantis de Gramado, no Rio Grande do Sul. Atualmente, segundo dados da companhia, a marca está presente em aproximadamente 25 países, com uma produção de cerca de 1 milhão de pares de sapatos por ano.
Anos mais tarde, a empresa passaria por várias mãos até terminar na gestão da Dok Calçados. Em 1973, a gestão da companhia deixou de ser centralizada na família Volk após a alemã Elefanten Schue adquirir uma fatia societária da companhia.
Em 2007, depois de entrar com um pedido de falência, a marca foi adquirida pelo grupo Paquetá The Shoe Company. Durante o período em que esteve à frente do negócio, a empresa gaúcha tentou alavancar novamente a marca de produtos infantis que tinha sido “febre” em território nacional em meados dos anos de 1980 e 1990.
A expectativa era reposicionar o negócio, mas dificuldades financeiras da detentora da marca acabaram impedindo esses planos, já que em 2019, a Paquetá entrou com pedido de recuperação judicial diante de uma dívida de R$ 638,5 milhões.
Em seguida, 12 anos mais tarde, o grupo Vulcabras Azaleia arrematou o ativo da marca após a concorrente entrar com pedido de recuperação judicial. Apesar da mudança de mãos, pouco mais de um ano depois, em 2020, assim como a concorrente, a dona da Azaleia vendeu os negócios da Ortopé e da Dijean para a Dok. Em todos os casos, as companhias que compraram a Ortopé acabaram entrando com pedidos de recuperação judicial.
Casos de polícia
Os casos policiais e de fraude envolvendo a Ortopé não são recentes. Em 1999, o fundador da marca foi preso por sonegação fiscal com fraude. Na ocasião, Volk já não chefiava mais a companhia, cuja presidência havia sido “herdada” por seu filho Paulo Volk. Contudo, a prisão do empresário estava ligado à sua gestão fiscal. À época, o mandado de prisão atendeu a um pedido do Ministério Público Federal que acusava Volk de utilizar notas fiscais falsas, evasão de tributos do Imposto de Renda e contribuições sociais de funcionários, além da sonegação de mais de R$ 1 milhão.