Costela, cebola empanada e fritas com cheddar e bacon. Podia ser o menu do Outback, mas esse é o cardápio da rede Outbêco, fundada pelo empresário Daniel Felix, em 2020, no Rio de Janeiro. Em apenas três anos, a rede brasileira já está posicionada para ultrapassar em número de lojas no Brasil o próprio Outback, que abriu sua 150° loja no começo deste ano.
“Hoje temos 127 unidades e um total de 250 vendidas. Temos acordos fechados também fora do País, como em Portugal, Bélgica, Holanda, França e Espanha”, afirma Felix ao Estadão.
A maioria das unidades fica no Rio de Janeiro. Criado com o foco de abertura em favelas, hoje a bandeira do Outbêco está presente em lojas nos bairros da Glória e Copacabana, na zona sul, e no Méier e em Madureira, na zona norte. Mas 70% das unidades estão localizadas mesmo em comunidades do Rio.
Em São Paulo, maior cidade do País, a franquia já tem cinco lojas, sendo a do Campo Limpo considerada a unidade de referência na capital. A partir de agosto estão previstas mais 14 novas lojas, explorando outras regiões como a Zona Leste e Zona Sul da capital. “A periferia tem dinheiro e tem pessoas que querem coisas boas”, diz Daniel Felix.
A marca que surgiu com um apelo social, de levar desenvolvimento para a economia local de regiões mais carentes, tem planos ambiciosos tanto para estrear na Região Nordeste como levar o Outbêco para o Velho Continente. A empresa já tem quatro unidades em Portugal e acordo para abertura na Espanha, Bélgica e Holanda.
No exterior, a empresa busca os brasileiros que estão à procura de oportunidades de negócio, ou até de forma de se manterem no país. “Meu sonho é ter um Outbêco em Paris, uma marca que veio da favela na cidade luz”, diz Felix.
A expansão acelerada da rede se dá pelo baixo custo para a abertura de um restaurante com a marca Outbêco: entre R$ 10 mil e 15 mil. O lucro médio mensal de cada unidade é entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por mês. No Outback, o valor para abertura de uma unidade é superior a R$ 5 milhões.
No Outbêco, não é preciso pagar royalties para uso da marca ou um porcentual sobre as vendas. Os requisitos são comprar os insumos do cardápio da matriz e pagar uma taxa administrativa de cerca de R$ 200 mensais.
Por outro lado, a baixa barreira de entrada também não prevê um atendimento ou caracterização das lojas de forma padronizada, como faz a rede do grupo americano Bloomin’ Brands. Para Felix, isso não importa. Sua visão para o Outbêco é de um negócio de impacto social.
“Incentivamos o franqueado a fazer a loja do seu jeito, do seu aspecto. Temos unidades nas favelas onde o funk é muito representativo, e incentivamos isso lá. No interior do Rio, o legal é o sertanejo universitário. Cada franqueado caracteriza as lojas da sua forma e tem dado certo”, diz.
Felix entrou para o ramo de alimentos depois de ter ido à falência com franquias da escola de idiomas Wizard. Em 2020, ele passou de fornecedor para franqueador.
A primeira “unidade” foi em um trailer na Pavuna, parte do complexo de favelas da Pedreira, no Rio de Janeiro. “Naquela noite, vendi todas as costelas, vendi a primeira ‘lojinha’ e ainda mais duas franquias”, diz o empresário.
Inicialmente, o Outback foi contra a existência do Outbêco. Por isso, o iFood não aceitava a rede de Felix como restaurante na sua plataforma de delivery. Felix conta que isso mudou ainda no primeiro ano de existência da marca, por ser um negócio voltado a um público diferente e por ser um negócio de cunho social.
Diferentemente do que faz o Outback, o Outbêco não tem lojas em grandes shoppings. A maioria dos pontos é em lojas de rua ou em pequenas galerias. Procurado, o Outback não comentou o caso até a publicação da reportagem.