Outlets viram febre em meio a momento de crise e perda de poder de compra no País


Com promessas de descontos de 70% a 85%, negócios atraem consumidores que buscam manter o consumo das principais marcas e grifes

Por Wesley Gonsalves
Atualização:

Seja por estar com menos dinheiro no bolso ou por causa da inflação que corrói o poder de compra, a maioria dos brasileiros tem buscado novas formas de economizar. Uma maneira encontrada para driblar a grana curta e manter o guarda roupa atualizado tem sido fazer compras em outlets, uma espécie de shopping dedicado a produtos em liquidação independentemente do período do ano, com a promessa de descontos de 70% a 80%.

Uma pesquisa do e-commerce Privalia, em parceria com a MindMiners, mostrou que pelo menos 42% dos consumidores brasileiros pretendem aumentar o tíquete médio das suas compras em outlets físicos ou virtuais. Para o levantamento, a companhia entrevistou 1,4 mil pessoas em todo o País.

Segundo o levantamento, o tíquete médio dos entrevistados gira em torno de R$ 610 a R$ 680 por ida aos centros de compra. Entre pessoas de 45 a 54 anos, o valor pode chegar a R$ 1,2 mil por compra.

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Fernando Boscolo, presidente da Privalia no Brasil, explica que a pesquisa foi pensada para trazer dados mais precisos sobre o modelo de negócio que, até então, não eram compilados no País.

Segundo o executivo, a expectativa é manter a periodicidade do levantamento e utilizar as informações de projeções de consumo no setor dentro das negociações com as marcas que comercializam seus produtos no outlet virtual da companhia francesa. “Esse é um segmento que vem crescendo, mas ainda tem muito espaço para crescer por aqui, porque o brasileiro adora um bom desconto e uma boa marca”, diz Boscolo.

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Na avaliação de Renato Boranga, da FTI Consulting, o aumento na procura dos brasileiros por modelos de compras com descontos, como no caso dos outlets, está relacionado, entre outros fatores, às questões macroeconômicas do País, como aumento na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, e a perda do poder de compra, que obriga os brasileiros a trocar de canais de compra em busca de opções mais vantajosas.

Shopping Catarina, em São Roque, que está em processo de ampliação Foto: Taba Benedicto/Estadão

Boranga compara o movimento de busca pelos outlets no País com a mudança de feita pelos consumidores que, nos últimos anos, introduziram no seu dia a dia as compras nos atacarejos, como uma opção mais vantajosa em comparação aos tradicionais supermercados. “O público está sempre buscando um canal mais atrativo”, afirma.

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Como surgiu?

O especialista em varejo da Strong Business School (SBS), Ulyesses Reis, conta que o modelo de negócio de outlets nasceu nos Estados Unidos, na década de 1970, na tentativa de solucionar o problema do excesso de produção de roupas que não foram absorvidas pelo varejo tradicional de moda.

Ele lembra que uma das primeiras marcas a apostar neste modelo, ainda sem pretensões de transformá-lo em algo recorrente, foi a Levi’s, que utilizou o espaço de uma fábrica para vender, com descontos, parte da produção de coleções antigas.

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Reis explica que, tradicionalmente, o termo outlet, em inglês, significa “desova”, justamente o que as grandes marcas estavam tentando fazer com o excedente dos seus produtos, desová-los para os consumidores utilizando os descontos como forma de atração.

“O que aconteceu foi que a própria Levi’s passou a colocar outros produtos que não eram da marca dela no outlet e esse mercado explodiu nos EUA e depois se expandiu para outros países”, afirma.

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No Brasil, o modelo de varejo com descontos ainda demoraria quase duas décadas para ser importado. Ao longo dos anos de 1990, os primeiros empreendimentos começaram a desembarcar no País trazendo a proposta de vender os itens de grandes marcas com descontos expressivos. O especialista da SBS também conta que, por aqui, diferentemente do que se propunham os negócios nos EUA, os outlets passaram a olhar para o público de classes B e C.

Se, no começo, o plano era “desovar” itens que sobravam no estoque, com o crescimento do negócio no País, grandes marcas já dedicam parte das suas produções para manter o abastecimento dos outlets com peças novas o ano todo, sem depender das sobras de produtos comercializados nas unidades tradicionais.

Na avaliação de Reis, um dos fatores que impulsionaram o modelo de negócio no País foi a desvalorização do real ante o dólar. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2015, a moeda americana era negociada no Brasil a R$ 2,60, na cotação atual, não sai por menos de R$ 4,95, ou seja, mais que o dobro.

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Com o dinheiro brasileiro valendo menos no mundo, uma solução encontrada por parte dos “endinheirados” foi voltar o seu consumo nos centros de compra com descontos que tinham a disposição grandes marcas internacionais. “Depois de 2014, só o brasileiro rico passou a comprar nas lojas de outlets dos EUA, porque o dólar estava muito caro. Aí quem deixou de consumir lá, passou a ver opções no Brasil”, diz Reis.

Segundo Boranga, do FTI Consulting, diferentemente dos EUA, o modelo de negócio no País ainda tem bastante potencial de crescimento, seja impulsionado pela questão macroeconômica, ou por uma reestruturação dos negócios, que passaram ver mais vantagens em “desovar” os produtos com descontos nesse modelo de lojas. “Nós estamos vendo que os outlets estão ganhando cada vez mais espaço no planejamento das marcas”, afirma.

Mas, afinal, vale a pena?

É difícil responder categoricamente que sim, porque muitos fatores podem influenciar a resposta, como tipo de produto, marca, quantidade adquirida de outros itens e até a época do ano em que o cliente vai aos outlets. Contudo, é possível fazer algumas comparações que mostram as diferenças de preços no varejo tradicional e no modelo com descontos.

Uma camiseta esportiva da Nike pode custar no site tradicional da companhia, em preço sem desconto, aproximadamente R$ 129. Já na loja de outlet, o mesmo produto chega a sair por R$ 89, o que representaria um desconto de cerca de 30%. Contudo, é importante lembrar que as lojas oferecem outros tipos de descontos progressivos que podem reduzir ainda mais o valor final de cada item.

Em alguns casos, até itens de luxo podem sair bem mais baratos do que nas lojas tradicionais. Um exemplo dessa diferença de preços pode ser visto nos produtos da grife italiana Gucci, que são comercializados no País nas lojas em shoppings como o JK Iguatemi, ou no Cidade Jardim - ambos voltados para o público de alta renda - e também no outlet.

Na loja tradicional, um modelo de bolsa feminina custa R$ 12,5 mil - conforme a tabela de preço exibido no e-commerce de luxo Farfetch. Já no outlet, o item é comercializado com quase 30% de desconto e sai por R$ 8,9 mil.

Na loja da Gucci do Catarina Fashion Outlet, uma bolsa da grife italiana pode sair por até 30% mais barato do que na loja tradicional.  Foto: Sarah Meyssonnier/Reuter

É importante ressaltar que, tanto no caso de itens esportivos, quanto para os produtos de luxo, a disponibilidade nos outlets depende dos estoques, e nem sempre um mesmo modelo de roupa ou acessório é vendido nos dois modelos de loja ao mesmo tempo. Segundo os especialistas ouvidos pelo Estadão, isso se dá devido ao perigo de “canibalizar” os clientes das lojas tradicionais e, no caso das marcas de luxo, até afetar o posicionamento premium de alguns negócios.

Mais investimentos no setor

Diante da maior procura dos brasileiros pelos outlets, algumas companhias já começaram a se mexer, ou melhor, a investir para tirar novos projetos do papel, seja na expansão ou na criação de novas unidades.

Dona de um dos maiores nomes do setor, a gigante JHSF é quem opera o Catarina Fashion Outlet, em São Roque, que se prepara para inaugurar, em julho deste ano, a nova expansão do negócio que deve mais que dobrar o número de marcas, passando dos atuais 140 para 290 lojas presentes no centro de compras, chegando a 51 mil metros quadrados de obra. O valor de investimento na expansão, no entanto, não foi divulgado.

Walter Borghi, diretor executivo da JHSF, conta que o foco da companhia na nova fase é ampliar opções de compras e serviços ofertados para os consumidores que passam diariamente pelo centro de compras. A partir de julho, o negócio passa a oferecer serviços como espaço de entretenimento para crianças e adolescentes, cinema e lava rápido, além de ampliar o número de restaurantes e da praça de alimentação do local. “Ninguém quer ficar esperando uma hora de pé para almoçar quando vai às compras”, diz Borghi.

Um dos diferenciais do Catarina em comparação com concorrentes é o número de lojas “grifadas” dentro do catálogo do outlet. Atualmente, o negócio conta com unidades de marcas como Gucci, Burberry, Ferragamo, Dolce & Gabbana e outros logos de luxo. Segundo Borghi, apesar de não se o foco direto dessa expansão, a companhia segue em diálogo nomes voltados à alta renda que já estão presentes no shopping Cidade Jardim - que também pertence à JHSF - e poderiam ter uma operação no centro de compras.

“A maior dificuldade de trazer uma dessas marcas que estão nas semanas de moda é ela querer operar no modelo de outlets. Mas estão em diálogo com as principais marcas”, adianta o executivo.

Até o momento, a JHSF já confirmou a chegada de nomes como Carters, Loungerie, Kipling, Vivara, Columbia, Carol Bassi e Pat Bo, entre outros na nova fase do Catarina Fashion Outlet.

Negócios no interior

Além dos preços de produtos abaixo do comercializado nas lojas tradicionais, outra característica dos Outlets é a presença em áreas de rodovias, onde o acesso a diferentes cidades é mais fácil. No caso do Catarina Fashion Outlet, que está ao lado da Rodovia Castello Branco, que liga o interior à capital paulista, o posicionamento ajuda a atrair os dois públicos, tanto de São Paulo quanto das cidades vizinhas à São Roque. Borghi, da JHSF, conta que atualmente 50% dos consumidores vem da capital e a outra metade de cidades de até 100 km de distância.

Quem também está de olho no público do interior paulista é o grupo Pereira Alvin, uma construtora de Ribeirão Preto (a 315 km de São Paulo), que recentemente anunciou um investimento de R$ 300 milhões para a construção do primeiro negócio do modelo de outlet na região: o Santa Maria Outlet.

Santa Maria Outlet, do Grupo Pereira Alvin, quer ser o primeiro negócio a atender região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Foto: Pereira Alvin/Divulgação

José Roberto Pereira Alvim, presidente do grupo Pereira Alvin, conta que o projeto de lançar o empreendimento na região começou há pelo menos 10 anos, quando a companhia adquiriu o terreno que será construído o Santa Maria Outlet. O executivo explica que a ideia é atender a uma demanda reprimida na região que, até então, não tem nenhum outro outlet. “Aqui nós temos quase 4 milhões de habitantes nas cidades que estão a um raio de até 200 km de distância. Na Avenida Anhanguera são cerca de 90 mil carros passando por dia. Estamos em uma área estratégica”, afirma.

Para se ter uma ideia, o outlet mais próximo da região fica em Itupeva, a cerca de 250 km de distância, já a unidade instalada em São Roque, está ainda mais distante, a mais de 300 km de Ribeirão Preto.

A expectativa é de que o empreendimento seja inaugurado ainda em 2024, com aproximadamente 100 marcas nacionais e internacionais, como Nike, Adidas, Reebok, Calvin Klein, Diesel, Coach, Original Penguin e The North Face.

Seja por estar com menos dinheiro no bolso ou por causa da inflação que corrói o poder de compra, a maioria dos brasileiros tem buscado novas formas de economizar. Uma maneira encontrada para driblar a grana curta e manter o guarda roupa atualizado tem sido fazer compras em outlets, uma espécie de shopping dedicado a produtos em liquidação independentemente do período do ano, com a promessa de descontos de 70% a 80%.

Uma pesquisa do e-commerce Privalia, em parceria com a MindMiners, mostrou que pelo menos 42% dos consumidores brasileiros pretendem aumentar o tíquete médio das suas compras em outlets físicos ou virtuais. Para o levantamento, a companhia entrevistou 1,4 mil pessoas em todo o País.

Segundo o levantamento, o tíquete médio dos entrevistados gira em torno de R$ 610 a R$ 680 por ida aos centros de compra. Entre pessoas de 45 a 54 anos, o valor pode chegar a R$ 1,2 mil por compra.

Fernando Boscolo, presidente da Privalia no Brasil, explica que a pesquisa foi pensada para trazer dados mais precisos sobre o modelo de negócio que, até então, não eram compilados no País.

Segundo o executivo, a expectativa é manter a periodicidade do levantamento e utilizar as informações de projeções de consumo no setor dentro das negociações com as marcas que comercializam seus produtos no outlet virtual da companhia francesa. “Esse é um segmento que vem crescendo, mas ainda tem muito espaço para crescer por aqui, porque o brasileiro adora um bom desconto e uma boa marca”, diz Boscolo.

Na avaliação de Renato Boranga, da FTI Consulting, o aumento na procura dos brasileiros por modelos de compras com descontos, como no caso dos outlets, está relacionado, entre outros fatores, às questões macroeconômicas do País, como aumento na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, e a perda do poder de compra, que obriga os brasileiros a trocar de canais de compra em busca de opções mais vantajosas.

Shopping Catarina, em São Roque, que está em processo de ampliação Foto: Taba Benedicto/Estadão

Boranga compara o movimento de busca pelos outlets no País com a mudança de feita pelos consumidores que, nos últimos anos, introduziram no seu dia a dia as compras nos atacarejos, como uma opção mais vantajosa em comparação aos tradicionais supermercados. “O público está sempre buscando um canal mais atrativo”, afirma.

Como surgiu?

O especialista em varejo da Strong Business School (SBS), Ulyesses Reis, conta que o modelo de negócio de outlets nasceu nos Estados Unidos, na década de 1970, na tentativa de solucionar o problema do excesso de produção de roupas que não foram absorvidas pelo varejo tradicional de moda.

Ele lembra que uma das primeiras marcas a apostar neste modelo, ainda sem pretensões de transformá-lo em algo recorrente, foi a Levi’s, que utilizou o espaço de uma fábrica para vender, com descontos, parte da produção de coleções antigas.

Reis explica que, tradicionalmente, o termo outlet, em inglês, significa “desova”, justamente o que as grandes marcas estavam tentando fazer com o excedente dos seus produtos, desová-los para os consumidores utilizando os descontos como forma de atração.

“O que aconteceu foi que a própria Levi’s passou a colocar outros produtos que não eram da marca dela no outlet e esse mercado explodiu nos EUA e depois se expandiu para outros países”, afirma.

No Brasil, o modelo de varejo com descontos ainda demoraria quase duas décadas para ser importado. Ao longo dos anos de 1990, os primeiros empreendimentos começaram a desembarcar no País trazendo a proposta de vender os itens de grandes marcas com descontos expressivos. O especialista da SBS também conta que, por aqui, diferentemente do que se propunham os negócios nos EUA, os outlets passaram a olhar para o público de classes B e C.

Se, no começo, o plano era “desovar” itens que sobravam no estoque, com o crescimento do negócio no País, grandes marcas já dedicam parte das suas produções para manter o abastecimento dos outlets com peças novas o ano todo, sem depender das sobras de produtos comercializados nas unidades tradicionais.

Na avaliação de Reis, um dos fatores que impulsionaram o modelo de negócio no País foi a desvalorização do real ante o dólar. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2015, a moeda americana era negociada no Brasil a R$ 2,60, na cotação atual, não sai por menos de R$ 4,95, ou seja, mais que o dobro.

Com o dinheiro brasileiro valendo menos no mundo, uma solução encontrada por parte dos “endinheirados” foi voltar o seu consumo nos centros de compra com descontos que tinham a disposição grandes marcas internacionais. “Depois de 2014, só o brasileiro rico passou a comprar nas lojas de outlets dos EUA, porque o dólar estava muito caro. Aí quem deixou de consumir lá, passou a ver opções no Brasil”, diz Reis.

Segundo Boranga, do FTI Consulting, diferentemente dos EUA, o modelo de negócio no País ainda tem bastante potencial de crescimento, seja impulsionado pela questão macroeconômica, ou por uma reestruturação dos negócios, que passaram ver mais vantagens em “desovar” os produtos com descontos nesse modelo de lojas. “Nós estamos vendo que os outlets estão ganhando cada vez mais espaço no planejamento das marcas”, afirma.

Mas, afinal, vale a pena?

É difícil responder categoricamente que sim, porque muitos fatores podem influenciar a resposta, como tipo de produto, marca, quantidade adquirida de outros itens e até a época do ano em que o cliente vai aos outlets. Contudo, é possível fazer algumas comparações que mostram as diferenças de preços no varejo tradicional e no modelo com descontos.

Uma camiseta esportiva da Nike pode custar no site tradicional da companhia, em preço sem desconto, aproximadamente R$ 129. Já na loja de outlet, o mesmo produto chega a sair por R$ 89, o que representaria um desconto de cerca de 30%. Contudo, é importante lembrar que as lojas oferecem outros tipos de descontos progressivos que podem reduzir ainda mais o valor final de cada item.

Em alguns casos, até itens de luxo podem sair bem mais baratos do que nas lojas tradicionais. Um exemplo dessa diferença de preços pode ser visto nos produtos da grife italiana Gucci, que são comercializados no País nas lojas em shoppings como o JK Iguatemi, ou no Cidade Jardim - ambos voltados para o público de alta renda - e também no outlet.

Na loja tradicional, um modelo de bolsa feminina custa R$ 12,5 mil - conforme a tabela de preço exibido no e-commerce de luxo Farfetch. Já no outlet, o item é comercializado com quase 30% de desconto e sai por R$ 8,9 mil.

Na loja da Gucci do Catarina Fashion Outlet, uma bolsa da grife italiana pode sair por até 30% mais barato do que na loja tradicional.  Foto: Sarah Meyssonnier/Reuter

É importante ressaltar que, tanto no caso de itens esportivos, quanto para os produtos de luxo, a disponibilidade nos outlets depende dos estoques, e nem sempre um mesmo modelo de roupa ou acessório é vendido nos dois modelos de loja ao mesmo tempo. Segundo os especialistas ouvidos pelo Estadão, isso se dá devido ao perigo de “canibalizar” os clientes das lojas tradicionais e, no caso das marcas de luxo, até afetar o posicionamento premium de alguns negócios.

Mais investimentos no setor

Diante da maior procura dos brasileiros pelos outlets, algumas companhias já começaram a se mexer, ou melhor, a investir para tirar novos projetos do papel, seja na expansão ou na criação de novas unidades.

Dona de um dos maiores nomes do setor, a gigante JHSF é quem opera o Catarina Fashion Outlet, em São Roque, que se prepara para inaugurar, em julho deste ano, a nova expansão do negócio que deve mais que dobrar o número de marcas, passando dos atuais 140 para 290 lojas presentes no centro de compras, chegando a 51 mil metros quadrados de obra. O valor de investimento na expansão, no entanto, não foi divulgado.

Walter Borghi, diretor executivo da JHSF, conta que o foco da companhia na nova fase é ampliar opções de compras e serviços ofertados para os consumidores que passam diariamente pelo centro de compras. A partir de julho, o negócio passa a oferecer serviços como espaço de entretenimento para crianças e adolescentes, cinema e lava rápido, além de ampliar o número de restaurantes e da praça de alimentação do local. “Ninguém quer ficar esperando uma hora de pé para almoçar quando vai às compras”, diz Borghi.

Um dos diferenciais do Catarina em comparação com concorrentes é o número de lojas “grifadas” dentro do catálogo do outlet. Atualmente, o negócio conta com unidades de marcas como Gucci, Burberry, Ferragamo, Dolce & Gabbana e outros logos de luxo. Segundo Borghi, apesar de não se o foco direto dessa expansão, a companhia segue em diálogo nomes voltados à alta renda que já estão presentes no shopping Cidade Jardim - que também pertence à JHSF - e poderiam ter uma operação no centro de compras.

“A maior dificuldade de trazer uma dessas marcas que estão nas semanas de moda é ela querer operar no modelo de outlets. Mas estão em diálogo com as principais marcas”, adianta o executivo.

Até o momento, a JHSF já confirmou a chegada de nomes como Carters, Loungerie, Kipling, Vivara, Columbia, Carol Bassi e Pat Bo, entre outros na nova fase do Catarina Fashion Outlet.

Negócios no interior

Além dos preços de produtos abaixo do comercializado nas lojas tradicionais, outra característica dos Outlets é a presença em áreas de rodovias, onde o acesso a diferentes cidades é mais fácil. No caso do Catarina Fashion Outlet, que está ao lado da Rodovia Castello Branco, que liga o interior à capital paulista, o posicionamento ajuda a atrair os dois públicos, tanto de São Paulo quanto das cidades vizinhas à São Roque. Borghi, da JHSF, conta que atualmente 50% dos consumidores vem da capital e a outra metade de cidades de até 100 km de distância.

Quem também está de olho no público do interior paulista é o grupo Pereira Alvin, uma construtora de Ribeirão Preto (a 315 km de São Paulo), que recentemente anunciou um investimento de R$ 300 milhões para a construção do primeiro negócio do modelo de outlet na região: o Santa Maria Outlet.

Santa Maria Outlet, do Grupo Pereira Alvin, quer ser o primeiro negócio a atender região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Foto: Pereira Alvin/Divulgação

José Roberto Pereira Alvim, presidente do grupo Pereira Alvin, conta que o projeto de lançar o empreendimento na região começou há pelo menos 10 anos, quando a companhia adquiriu o terreno que será construído o Santa Maria Outlet. O executivo explica que a ideia é atender a uma demanda reprimida na região que, até então, não tem nenhum outro outlet. “Aqui nós temos quase 4 milhões de habitantes nas cidades que estão a um raio de até 200 km de distância. Na Avenida Anhanguera são cerca de 90 mil carros passando por dia. Estamos em uma área estratégica”, afirma.

Para se ter uma ideia, o outlet mais próximo da região fica em Itupeva, a cerca de 250 km de distância, já a unidade instalada em São Roque, está ainda mais distante, a mais de 300 km de Ribeirão Preto.

A expectativa é de que o empreendimento seja inaugurado ainda em 2024, com aproximadamente 100 marcas nacionais e internacionais, como Nike, Adidas, Reebok, Calvin Klein, Diesel, Coach, Original Penguin e The North Face.

Seja por estar com menos dinheiro no bolso ou por causa da inflação que corrói o poder de compra, a maioria dos brasileiros tem buscado novas formas de economizar. Uma maneira encontrada para driblar a grana curta e manter o guarda roupa atualizado tem sido fazer compras em outlets, uma espécie de shopping dedicado a produtos em liquidação independentemente do período do ano, com a promessa de descontos de 70% a 80%.

Uma pesquisa do e-commerce Privalia, em parceria com a MindMiners, mostrou que pelo menos 42% dos consumidores brasileiros pretendem aumentar o tíquete médio das suas compras em outlets físicos ou virtuais. Para o levantamento, a companhia entrevistou 1,4 mil pessoas em todo o País.

Segundo o levantamento, o tíquete médio dos entrevistados gira em torno de R$ 610 a R$ 680 por ida aos centros de compra. Entre pessoas de 45 a 54 anos, o valor pode chegar a R$ 1,2 mil por compra.

Fernando Boscolo, presidente da Privalia no Brasil, explica que a pesquisa foi pensada para trazer dados mais precisos sobre o modelo de negócio que, até então, não eram compilados no País.

Segundo o executivo, a expectativa é manter a periodicidade do levantamento e utilizar as informações de projeções de consumo no setor dentro das negociações com as marcas que comercializam seus produtos no outlet virtual da companhia francesa. “Esse é um segmento que vem crescendo, mas ainda tem muito espaço para crescer por aqui, porque o brasileiro adora um bom desconto e uma boa marca”, diz Boscolo.

Na avaliação de Renato Boranga, da FTI Consulting, o aumento na procura dos brasileiros por modelos de compras com descontos, como no caso dos outlets, está relacionado, entre outros fatores, às questões macroeconômicas do País, como aumento na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, e a perda do poder de compra, que obriga os brasileiros a trocar de canais de compra em busca de opções mais vantajosas.

Shopping Catarina, em São Roque, que está em processo de ampliação Foto: Taba Benedicto/Estadão

Boranga compara o movimento de busca pelos outlets no País com a mudança de feita pelos consumidores que, nos últimos anos, introduziram no seu dia a dia as compras nos atacarejos, como uma opção mais vantajosa em comparação aos tradicionais supermercados. “O público está sempre buscando um canal mais atrativo”, afirma.

Como surgiu?

O especialista em varejo da Strong Business School (SBS), Ulyesses Reis, conta que o modelo de negócio de outlets nasceu nos Estados Unidos, na década de 1970, na tentativa de solucionar o problema do excesso de produção de roupas que não foram absorvidas pelo varejo tradicional de moda.

Ele lembra que uma das primeiras marcas a apostar neste modelo, ainda sem pretensões de transformá-lo em algo recorrente, foi a Levi’s, que utilizou o espaço de uma fábrica para vender, com descontos, parte da produção de coleções antigas.

Reis explica que, tradicionalmente, o termo outlet, em inglês, significa “desova”, justamente o que as grandes marcas estavam tentando fazer com o excedente dos seus produtos, desová-los para os consumidores utilizando os descontos como forma de atração.

“O que aconteceu foi que a própria Levi’s passou a colocar outros produtos que não eram da marca dela no outlet e esse mercado explodiu nos EUA e depois se expandiu para outros países”, afirma.

No Brasil, o modelo de varejo com descontos ainda demoraria quase duas décadas para ser importado. Ao longo dos anos de 1990, os primeiros empreendimentos começaram a desembarcar no País trazendo a proposta de vender os itens de grandes marcas com descontos expressivos. O especialista da SBS também conta que, por aqui, diferentemente do que se propunham os negócios nos EUA, os outlets passaram a olhar para o público de classes B e C.

Se, no começo, o plano era “desovar” itens que sobravam no estoque, com o crescimento do negócio no País, grandes marcas já dedicam parte das suas produções para manter o abastecimento dos outlets com peças novas o ano todo, sem depender das sobras de produtos comercializados nas unidades tradicionais.

Na avaliação de Reis, um dos fatores que impulsionaram o modelo de negócio no País foi a desvalorização do real ante o dólar. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2015, a moeda americana era negociada no Brasil a R$ 2,60, na cotação atual, não sai por menos de R$ 4,95, ou seja, mais que o dobro.

Com o dinheiro brasileiro valendo menos no mundo, uma solução encontrada por parte dos “endinheirados” foi voltar o seu consumo nos centros de compra com descontos que tinham a disposição grandes marcas internacionais. “Depois de 2014, só o brasileiro rico passou a comprar nas lojas de outlets dos EUA, porque o dólar estava muito caro. Aí quem deixou de consumir lá, passou a ver opções no Brasil”, diz Reis.

Segundo Boranga, do FTI Consulting, diferentemente dos EUA, o modelo de negócio no País ainda tem bastante potencial de crescimento, seja impulsionado pela questão macroeconômica, ou por uma reestruturação dos negócios, que passaram ver mais vantagens em “desovar” os produtos com descontos nesse modelo de lojas. “Nós estamos vendo que os outlets estão ganhando cada vez mais espaço no planejamento das marcas”, afirma.

Mas, afinal, vale a pena?

É difícil responder categoricamente que sim, porque muitos fatores podem influenciar a resposta, como tipo de produto, marca, quantidade adquirida de outros itens e até a época do ano em que o cliente vai aos outlets. Contudo, é possível fazer algumas comparações que mostram as diferenças de preços no varejo tradicional e no modelo com descontos.

Uma camiseta esportiva da Nike pode custar no site tradicional da companhia, em preço sem desconto, aproximadamente R$ 129. Já na loja de outlet, o mesmo produto chega a sair por R$ 89, o que representaria um desconto de cerca de 30%. Contudo, é importante lembrar que as lojas oferecem outros tipos de descontos progressivos que podem reduzir ainda mais o valor final de cada item.

Em alguns casos, até itens de luxo podem sair bem mais baratos do que nas lojas tradicionais. Um exemplo dessa diferença de preços pode ser visto nos produtos da grife italiana Gucci, que são comercializados no País nas lojas em shoppings como o JK Iguatemi, ou no Cidade Jardim - ambos voltados para o público de alta renda - e também no outlet.

Na loja tradicional, um modelo de bolsa feminina custa R$ 12,5 mil - conforme a tabela de preço exibido no e-commerce de luxo Farfetch. Já no outlet, o item é comercializado com quase 30% de desconto e sai por R$ 8,9 mil.

Na loja da Gucci do Catarina Fashion Outlet, uma bolsa da grife italiana pode sair por até 30% mais barato do que na loja tradicional.  Foto: Sarah Meyssonnier/Reuter

É importante ressaltar que, tanto no caso de itens esportivos, quanto para os produtos de luxo, a disponibilidade nos outlets depende dos estoques, e nem sempre um mesmo modelo de roupa ou acessório é vendido nos dois modelos de loja ao mesmo tempo. Segundo os especialistas ouvidos pelo Estadão, isso se dá devido ao perigo de “canibalizar” os clientes das lojas tradicionais e, no caso das marcas de luxo, até afetar o posicionamento premium de alguns negócios.

Mais investimentos no setor

Diante da maior procura dos brasileiros pelos outlets, algumas companhias já começaram a se mexer, ou melhor, a investir para tirar novos projetos do papel, seja na expansão ou na criação de novas unidades.

Dona de um dos maiores nomes do setor, a gigante JHSF é quem opera o Catarina Fashion Outlet, em São Roque, que se prepara para inaugurar, em julho deste ano, a nova expansão do negócio que deve mais que dobrar o número de marcas, passando dos atuais 140 para 290 lojas presentes no centro de compras, chegando a 51 mil metros quadrados de obra. O valor de investimento na expansão, no entanto, não foi divulgado.

Walter Borghi, diretor executivo da JHSF, conta que o foco da companhia na nova fase é ampliar opções de compras e serviços ofertados para os consumidores que passam diariamente pelo centro de compras. A partir de julho, o negócio passa a oferecer serviços como espaço de entretenimento para crianças e adolescentes, cinema e lava rápido, além de ampliar o número de restaurantes e da praça de alimentação do local. “Ninguém quer ficar esperando uma hora de pé para almoçar quando vai às compras”, diz Borghi.

Um dos diferenciais do Catarina em comparação com concorrentes é o número de lojas “grifadas” dentro do catálogo do outlet. Atualmente, o negócio conta com unidades de marcas como Gucci, Burberry, Ferragamo, Dolce & Gabbana e outros logos de luxo. Segundo Borghi, apesar de não se o foco direto dessa expansão, a companhia segue em diálogo nomes voltados à alta renda que já estão presentes no shopping Cidade Jardim - que também pertence à JHSF - e poderiam ter uma operação no centro de compras.

“A maior dificuldade de trazer uma dessas marcas que estão nas semanas de moda é ela querer operar no modelo de outlets. Mas estão em diálogo com as principais marcas”, adianta o executivo.

Até o momento, a JHSF já confirmou a chegada de nomes como Carters, Loungerie, Kipling, Vivara, Columbia, Carol Bassi e Pat Bo, entre outros na nova fase do Catarina Fashion Outlet.

Negócios no interior

Além dos preços de produtos abaixo do comercializado nas lojas tradicionais, outra característica dos Outlets é a presença em áreas de rodovias, onde o acesso a diferentes cidades é mais fácil. No caso do Catarina Fashion Outlet, que está ao lado da Rodovia Castello Branco, que liga o interior à capital paulista, o posicionamento ajuda a atrair os dois públicos, tanto de São Paulo quanto das cidades vizinhas à São Roque. Borghi, da JHSF, conta que atualmente 50% dos consumidores vem da capital e a outra metade de cidades de até 100 km de distância.

Quem também está de olho no público do interior paulista é o grupo Pereira Alvin, uma construtora de Ribeirão Preto (a 315 km de São Paulo), que recentemente anunciou um investimento de R$ 300 milhões para a construção do primeiro negócio do modelo de outlet na região: o Santa Maria Outlet.

Santa Maria Outlet, do Grupo Pereira Alvin, quer ser o primeiro negócio a atender região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Foto: Pereira Alvin/Divulgação

José Roberto Pereira Alvim, presidente do grupo Pereira Alvin, conta que o projeto de lançar o empreendimento na região começou há pelo menos 10 anos, quando a companhia adquiriu o terreno que será construído o Santa Maria Outlet. O executivo explica que a ideia é atender a uma demanda reprimida na região que, até então, não tem nenhum outro outlet. “Aqui nós temos quase 4 milhões de habitantes nas cidades que estão a um raio de até 200 km de distância. Na Avenida Anhanguera são cerca de 90 mil carros passando por dia. Estamos em uma área estratégica”, afirma.

Para se ter uma ideia, o outlet mais próximo da região fica em Itupeva, a cerca de 250 km de distância, já a unidade instalada em São Roque, está ainda mais distante, a mais de 300 km de Ribeirão Preto.

A expectativa é de que o empreendimento seja inaugurado ainda em 2024, com aproximadamente 100 marcas nacionais e internacionais, como Nike, Adidas, Reebok, Calvin Klein, Diesel, Coach, Original Penguin e The North Face.

Seja por estar com menos dinheiro no bolso ou por causa da inflação que corrói o poder de compra, a maioria dos brasileiros tem buscado novas formas de economizar. Uma maneira encontrada para driblar a grana curta e manter o guarda roupa atualizado tem sido fazer compras em outlets, uma espécie de shopping dedicado a produtos em liquidação independentemente do período do ano, com a promessa de descontos de 70% a 80%.

Uma pesquisa do e-commerce Privalia, em parceria com a MindMiners, mostrou que pelo menos 42% dos consumidores brasileiros pretendem aumentar o tíquete médio das suas compras em outlets físicos ou virtuais. Para o levantamento, a companhia entrevistou 1,4 mil pessoas em todo o País.

Segundo o levantamento, o tíquete médio dos entrevistados gira em torno de R$ 610 a R$ 680 por ida aos centros de compra. Entre pessoas de 45 a 54 anos, o valor pode chegar a R$ 1,2 mil por compra.

Fernando Boscolo, presidente da Privalia no Brasil, explica que a pesquisa foi pensada para trazer dados mais precisos sobre o modelo de negócio que, até então, não eram compilados no País.

Segundo o executivo, a expectativa é manter a periodicidade do levantamento e utilizar as informações de projeções de consumo no setor dentro das negociações com as marcas que comercializam seus produtos no outlet virtual da companhia francesa. “Esse é um segmento que vem crescendo, mas ainda tem muito espaço para crescer por aqui, porque o brasileiro adora um bom desconto e uma boa marca”, diz Boscolo.

Na avaliação de Renato Boranga, da FTI Consulting, o aumento na procura dos brasileiros por modelos de compras com descontos, como no caso dos outlets, está relacionado, entre outros fatores, às questões macroeconômicas do País, como aumento na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, e a perda do poder de compra, que obriga os brasileiros a trocar de canais de compra em busca de opções mais vantajosas.

Shopping Catarina, em São Roque, que está em processo de ampliação Foto: Taba Benedicto/Estadão

Boranga compara o movimento de busca pelos outlets no País com a mudança de feita pelos consumidores que, nos últimos anos, introduziram no seu dia a dia as compras nos atacarejos, como uma opção mais vantajosa em comparação aos tradicionais supermercados. “O público está sempre buscando um canal mais atrativo”, afirma.

Como surgiu?

O especialista em varejo da Strong Business School (SBS), Ulyesses Reis, conta que o modelo de negócio de outlets nasceu nos Estados Unidos, na década de 1970, na tentativa de solucionar o problema do excesso de produção de roupas que não foram absorvidas pelo varejo tradicional de moda.

Ele lembra que uma das primeiras marcas a apostar neste modelo, ainda sem pretensões de transformá-lo em algo recorrente, foi a Levi’s, que utilizou o espaço de uma fábrica para vender, com descontos, parte da produção de coleções antigas.

Reis explica que, tradicionalmente, o termo outlet, em inglês, significa “desova”, justamente o que as grandes marcas estavam tentando fazer com o excedente dos seus produtos, desová-los para os consumidores utilizando os descontos como forma de atração.

“O que aconteceu foi que a própria Levi’s passou a colocar outros produtos que não eram da marca dela no outlet e esse mercado explodiu nos EUA e depois se expandiu para outros países”, afirma.

No Brasil, o modelo de varejo com descontos ainda demoraria quase duas décadas para ser importado. Ao longo dos anos de 1990, os primeiros empreendimentos começaram a desembarcar no País trazendo a proposta de vender os itens de grandes marcas com descontos expressivos. O especialista da SBS também conta que, por aqui, diferentemente do que se propunham os negócios nos EUA, os outlets passaram a olhar para o público de classes B e C.

Se, no começo, o plano era “desovar” itens que sobravam no estoque, com o crescimento do negócio no País, grandes marcas já dedicam parte das suas produções para manter o abastecimento dos outlets com peças novas o ano todo, sem depender das sobras de produtos comercializados nas unidades tradicionais.

Na avaliação de Reis, um dos fatores que impulsionaram o modelo de negócio no País foi a desvalorização do real ante o dólar. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2015, a moeda americana era negociada no Brasil a R$ 2,60, na cotação atual, não sai por menos de R$ 4,95, ou seja, mais que o dobro.

Com o dinheiro brasileiro valendo menos no mundo, uma solução encontrada por parte dos “endinheirados” foi voltar o seu consumo nos centros de compra com descontos que tinham a disposição grandes marcas internacionais. “Depois de 2014, só o brasileiro rico passou a comprar nas lojas de outlets dos EUA, porque o dólar estava muito caro. Aí quem deixou de consumir lá, passou a ver opções no Brasil”, diz Reis.

Segundo Boranga, do FTI Consulting, diferentemente dos EUA, o modelo de negócio no País ainda tem bastante potencial de crescimento, seja impulsionado pela questão macroeconômica, ou por uma reestruturação dos negócios, que passaram ver mais vantagens em “desovar” os produtos com descontos nesse modelo de lojas. “Nós estamos vendo que os outlets estão ganhando cada vez mais espaço no planejamento das marcas”, afirma.

Mas, afinal, vale a pena?

É difícil responder categoricamente que sim, porque muitos fatores podem influenciar a resposta, como tipo de produto, marca, quantidade adquirida de outros itens e até a época do ano em que o cliente vai aos outlets. Contudo, é possível fazer algumas comparações que mostram as diferenças de preços no varejo tradicional e no modelo com descontos.

Uma camiseta esportiva da Nike pode custar no site tradicional da companhia, em preço sem desconto, aproximadamente R$ 129. Já na loja de outlet, o mesmo produto chega a sair por R$ 89, o que representaria um desconto de cerca de 30%. Contudo, é importante lembrar que as lojas oferecem outros tipos de descontos progressivos que podem reduzir ainda mais o valor final de cada item.

Em alguns casos, até itens de luxo podem sair bem mais baratos do que nas lojas tradicionais. Um exemplo dessa diferença de preços pode ser visto nos produtos da grife italiana Gucci, que são comercializados no País nas lojas em shoppings como o JK Iguatemi, ou no Cidade Jardim - ambos voltados para o público de alta renda - e também no outlet.

Na loja tradicional, um modelo de bolsa feminina custa R$ 12,5 mil - conforme a tabela de preço exibido no e-commerce de luxo Farfetch. Já no outlet, o item é comercializado com quase 30% de desconto e sai por R$ 8,9 mil.

Na loja da Gucci do Catarina Fashion Outlet, uma bolsa da grife italiana pode sair por até 30% mais barato do que na loja tradicional.  Foto: Sarah Meyssonnier/Reuter

É importante ressaltar que, tanto no caso de itens esportivos, quanto para os produtos de luxo, a disponibilidade nos outlets depende dos estoques, e nem sempre um mesmo modelo de roupa ou acessório é vendido nos dois modelos de loja ao mesmo tempo. Segundo os especialistas ouvidos pelo Estadão, isso se dá devido ao perigo de “canibalizar” os clientes das lojas tradicionais e, no caso das marcas de luxo, até afetar o posicionamento premium de alguns negócios.

Mais investimentos no setor

Diante da maior procura dos brasileiros pelos outlets, algumas companhias já começaram a se mexer, ou melhor, a investir para tirar novos projetos do papel, seja na expansão ou na criação de novas unidades.

Dona de um dos maiores nomes do setor, a gigante JHSF é quem opera o Catarina Fashion Outlet, em São Roque, que se prepara para inaugurar, em julho deste ano, a nova expansão do negócio que deve mais que dobrar o número de marcas, passando dos atuais 140 para 290 lojas presentes no centro de compras, chegando a 51 mil metros quadrados de obra. O valor de investimento na expansão, no entanto, não foi divulgado.

Walter Borghi, diretor executivo da JHSF, conta que o foco da companhia na nova fase é ampliar opções de compras e serviços ofertados para os consumidores que passam diariamente pelo centro de compras. A partir de julho, o negócio passa a oferecer serviços como espaço de entretenimento para crianças e adolescentes, cinema e lava rápido, além de ampliar o número de restaurantes e da praça de alimentação do local. “Ninguém quer ficar esperando uma hora de pé para almoçar quando vai às compras”, diz Borghi.

Um dos diferenciais do Catarina em comparação com concorrentes é o número de lojas “grifadas” dentro do catálogo do outlet. Atualmente, o negócio conta com unidades de marcas como Gucci, Burberry, Ferragamo, Dolce & Gabbana e outros logos de luxo. Segundo Borghi, apesar de não se o foco direto dessa expansão, a companhia segue em diálogo nomes voltados à alta renda que já estão presentes no shopping Cidade Jardim - que também pertence à JHSF - e poderiam ter uma operação no centro de compras.

“A maior dificuldade de trazer uma dessas marcas que estão nas semanas de moda é ela querer operar no modelo de outlets. Mas estão em diálogo com as principais marcas”, adianta o executivo.

Até o momento, a JHSF já confirmou a chegada de nomes como Carters, Loungerie, Kipling, Vivara, Columbia, Carol Bassi e Pat Bo, entre outros na nova fase do Catarina Fashion Outlet.

Negócios no interior

Além dos preços de produtos abaixo do comercializado nas lojas tradicionais, outra característica dos Outlets é a presença em áreas de rodovias, onde o acesso a diferentes cidades é mais fácil. No caso do Catarina Fashion Outlet, que está ao lado da Rodovia Castello Branco, que liga o interior à capital paulista, o posicionamento ajuda a atrair os dois públicos, tanto de São Paulo quanto das cidades vizinhas à São Roque. Borghi, da JHSF, conta que atualmente 50% dos consumidores vem da capital e a outra metade de cidades de até 100 km de distância.

Quem também está de olho no público do interior paulista é o grupo Pereira Alvin, uma construtora de Ribeirão Preto (a 315 km de São Paulo), que recentemente anunciou um investimento de R$ 300 milhões para a construção do primeiro negócio do modelo de outlet na região: o Santa Maria Outlet.

Santa Maria Outlet, do Grupo Pereira Alvin, quer ser o primeiro negócio a atender região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Foto: Pereira Alvin/Divulgação

José Roberto Pereira Alvim, presidente do grupo Pereira Alvin, conta que o projeto de lançar o empreendimento na região começou há pelo menos 10 anos, quando a companhia adquiriu o terreno que será construído o Santa Maria Outlet. O executivo explica que a ideia é atender a uma demanda reprimida na região que, até então, não tem nenhum outro outlet. “Aqui nós temos quase 4 milhões de habitantes nas cidades que estão a um raio de até 200 km de distância. Na Avenida Anhanguera são cerca de 90 mil carros passando por dia. Estamos em uma área estratégica”, afirma.

Para se ter uma ideia, o outlet mais próximo da região fica em Itupeva, a cerca de 250 km de distância, já a unidade instalada em São Roque, está ainda mais distante, a mais de 300 km de Ribeirão Preto.

A expectativa é de que o empreendimento seja inaugurado ainda em 2024, com aproximadamente 100 marcas nacionais e internacionais, como Nike, Adidas, Reebok, Calvin Klein, Diesel, Coach, Original Penguin e The North Face.

Seja por estar com menos dinheiro no bolso ou por causa da inflação que corrói o poder de compra, a maioria dos brasileiros tem buscado novas formas de economizar. Uma maneira encontrada para driblar a grana curta e manter o guarda roupa atualizado tem sido fazer compras em outlets, uma espécie de shopping dedicado a produtos em liquidação independentemente do período do ano, com a promessa de descontos de 70% a 80%.

Uma pesquisa do e-commerce Privalia, em parceria com a MindMiners, mostrou que pelo menos 42% dos consumidores brasileiros pretendem aumentar o tíquete médio das suas compras em outlets físicos ou virtuais. Para o levantamento, a companhia entrevistou 1,4 mil pessoas em todo o País.

Segundo o levantamento, o tíquete médio dos entrevistados gira em torno de R$ 610 a R$ 680 por ida aos centros de compra. Entre pessoas de 45 a 54 anos, o valor pode chegar a R$ 1,2 mil por compra.

Fernando Boscolo, presidente da Privalia no Brasil, explica que a pesquisa foi pensada para trazer dados mais precisos sobre o modelo de negócio que, até então, não eram compilados no País.

Segundo o executivo, a expectativa é manter a periodicidade do levantamento e utilizar as informações de projeções de consumo no setor dentro das negociações com as marcas que comercializam seus produtos no outlet virtual da companhia francesa. “Esse é um segmento que vem crescendo, mas ainda tem muito espaço para crescer por aqui, porque o brasileiro adora um bom desconto e uma boa marca”, diz Boscolo.

Na avaliação de Renato Boranga, da FTI Consulting, o aumento na procura dos brasileiros por modelos de compras com descontos, como no caso dos outlets, está relacionado, entre outros fatores, às questões macroeconômicas do País, como aumento na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, e a perda do poder de compra, que obriga os brasileiros a trocar de canais de compra em busca de opções mais vantajosas.

Shopping Catarina, em São Roque, que está em processo de ampliação Foto: Taba Benedicto/Estadão

Boranga compara o movimento de busca pelos outlets no País com a mudança de feita pelos consumidores que, nos últimos anos, introduziram no seu dia a dia as compras nos atacarejos, como uma opção mais vantajosa em comparação aos tradicionais supermercados. “O público está sempre buscando um canal mais atrativo”, afirma.

Como surgiu?

O especialista em varejo da Strong Business School (SBS), Ulyesses Reis, conta que o modelo de negócio de outlets nasceu nos Estados Unidos, na década de 1970, na tentativa de solucionar o problema do excesso de produção de roupas que não foram absorvidas pelo varejo tradicional de moda.

Ele lembra que uma das primeiras marcas a apostar neste modelo, ainda sem pretensões de transformá-lo em algo recorrente, foi a Levi’s, que utilizou o espaço de uma fábrica para vender, com descontos, parte da produção de coleções antigas.

Reis explica que, tradicionalmente, o termo outlet, em inglês, significa “desova”, justamente o que as grandes marcas estavam tentando fazer com o excedente dos seus produtos, desová-los para os consumidores utilizando os descontos como forma de atração.

“O que aconteceu foi que a própria Levi’s passou a colocar outros produtos que não eram da marca dela no outlet e esse mercado explodiu nos EUA e depois se expandiu para outros países”, afirma.

No Brasil, o modelo de varejo com descontos ainda demoraria quase duas décadas para ser importado. Ao longo dos anos de 1990, os primeiros empreendimentos começaram a desembarcar no País trazendo a proposta de vender os itens de grandes marcas com descontos expressivos. O especialista da SBS também conta que, por aqui, diferentemente do que se propunham os negócios nos EUA, os outlets passaram a olhar para o público de classes B e C.

Se, no começo, o plano era “desovar” itens que sobravam no estoque, com o crescimento do negócio no País, grandes marcas já dedicam parte das suas produções para manter o abastecimento dos outlets com peças novas o ano todo, sem depender das sobras de produtos comercializados nas unidades tradicionais.

Na avaliação de Reis, um dos fatores que impulsionaram o modelo de negócio no País foi a desvalorização do real ante o dólar. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2015, a moeda americana era negociada no Brasil a R$ 2,60, na cotação atual, não sai por menos de R$ 4,95, ou seja, mais que o dobro.

Com o dinheiro brasileiro valendo menos no mundo, uma solução encontrada por parte dos “endinheirados” foi voltar o seu consumo nos centros de compra com descontos que tinham a disposição grandes marcas internacionais. “Depois de 2014, só o brasileiro rico passou a comprar nas lojas de outlets dos EUA, porque o dólar estava muito caro. Aí quem deixou de consumir lá, passou a ver opções no Brasil”, diz Reis.

Segundo Boranga, do FTI Consulting, diferentemente dos EUA, o modelo de negócio no País ainda tem bastante potencial de crescimento, seja impulsionado pela questão macroeconômica, ou por uma reestruturação dos negócios, que passaram ver mais vantagens em “desovar” os produtos com descontos nesse modelo de lojas. “Nós estamos vendo que os outlets estão ganhando cada vez mais espaço no planejamento das marcas”, afirma.

Mas, afinal, vale a pena?

É difícil responder categoricamente que sim, porque muitos fatores podem influenciar a resposta, como tipo de produto, marca, quantidade adquirida de outros itens e até a época do ano em que o cliente vai aos outlets. Contudo, é possível fazer algumas comparações que mostram as diferenças de preços no varejo tradicional e no modelo com descontos.

Uma camiseta esportiva da Nike pode custar no site tradicional da companhia, em preço sem desconto, aproximadamente R$ 129. Já na loja de outlet, o mesmo produto chega a sair por R$ 89, o que representaria um desconto de cerca de 30%. Contudo, é importante lembrar que as lojas oferecem outros tipos de descontos progressivos que podem reduzir ainda mais o valor final de cada item.

Em alguns casos, até itens de luxo podem sair bem mais baratos do que nas lojas tradicionais. Um exemplo dessa diferença de preços pode ser visto nos produtos da grife italiana Gucci, que são comercializados no País nas lojas em shoppings como o JK Iguatemi, ou no Cidade Jardim - ambos voltados para o público de alta renda - e também no outlet.

Na loja tradicional, um modelo de bolsa feminina custa R$ 12,5 mil - conforme a tabela de preço exibido no e-commerce de luxo Farfetch. Já no outlet, o item é comercializado com quase 30% de desconto e sai por R$ 8,9 mil.

Na loja da Gucci do Catarina Fashion Outlet, uma bolsa da grife italiana pode sair por até 30% mais barato do que na loja tradicional.  Foto: Sarah Meyssonnier/Reuter

É importante ressaltar que, tanto no caso de itens esportivos, quanto para os produtos de luxo, a disponibilidade nos outlets depende dos estoques, e nem sempre um mesmo modelo de roupa ou acessório é vendido nos dois modelos de loja ao mesmo tempo. Segundo os especialistas ouvidos pelo Estadão, isso se dá devido ao perigo de “canibalizar” os clientes das lojas tradicionais e, no caso das marcas de luxo, até afetar o posicionamento premium de alguns negócios.

Mais investimentos no setor

Diante da maior procura dos brasileiros pelos outlets, algumas companhias já começaram a se mexer, ou melhor, a investir para tirar novos projetos do papel, seja na expansão ou na criação de novas unidades.

Dona de um dos maiores nomes do setor, a gigante JHSF é quem opera o Catarina Fashion Outlet, em São Roque, que se prepara para inaugurar, em julho deste ano, a nova expansão do negócio que deve mais que dobrar o número de marcas, passando dos atuais 140 para 290 lojas presentes no centro de compras, chegando a 51 mil metros quadrados de obra. O valor de investimento na expansão, no entanto, não foi divulgado.

Walter Borghi, diretor executivo da JHSF, conta que o foco da companhia na nova fase é ampliar opções de compras e serviços ofertados para os consumidores que passam diariamente pelo centro de compras. A partir de julho, o negócio passa a oferecer serviços como espaço de entretenimento para crianças e adolescentes, cinema e lava rápido, além de ampliar o número de restaurantes e da praça de alimentação do local. “Ninguém quer ficar esperando uma hora de pé para almoçar quando vai às compras”, diz Borghi.

Um dos diferenciais do Catarina em comparação com concorrentes é o número de lojas “grifadas” dentro do catálogo do outlet. Atualmente, o negócio conta com unidades de marcas como Gucci, Burberry, Ferragamo, Dolce & Gabbana e outros logos de luxo. Segundo Borghi, apesar de não se o foco direto dessa expansão, a companhia segue em diálogo nomes voltados à alta renda que já estão presentes no shopping Cidade Jardim - que também pertence à JHSF - e poderiam ter uma operação no centro de compras.

“A maior dificuldade de trazer uma dessas marcas que estão nas semanas de moda é ela querer operar no modelo de outlets. Mas estão em diálogo com as principais marcas”, adianta o executivo.

Até o momento, a JHSF já confirmou a chegada de nomes como Carters, Loungerie, Kipling, Vivara, Columbia, Carol Bassi e Pat Bo, entre outros na nova fase do Catarina Fashion Outlet.

Negócios no interior

Além dos preços de produtos abaixo do comercializado nas lojas tradicionais, outra característica dos Outlets é a presença em áreas de rodovias, onde o acesso a diferentes cidades é mais fácil. No caso do Catarina Fashion Outlet, que está ao lado da Rodovia Castello Branco, que liga o interior à capital paulista, o posicionamento ajuda a atrair os dois públicos, tanto de São Paulo quanto das cidades vizinhas à São Roque. Borghi, da JHSF, conta que atualmente 50% dos consumidores vem da capital e a outra metade de cidades de até 100 km de distância.

Quem também está de olho no público do interior paulista é o grupo Pereira Alvin, uma construtora de Ribeirão Preto (a 315 km de São Paulo), que recentemente anunciou um investimento de R$ 300 milhões para a construção do primeiro negócio do modelo de outlet na região: o Santa Maria Outlet.

Santa Maria Outlet, do Grupo Pereira Alvin, quer ser o primeiro negócio a atender região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Foto: Pereira Alvin/Divulgação

José Roberto Pereira Alvim, presidente do grupo Pereira Alvin, conta que o projeto de lançar o empreendimento na região começou há pelo menos 10 anos, quando a companhia adquiriu o terreno que será construído o Santa Maria Outlet. O executivo explica que a ideia é atender a uma demanda reprimida na região que, até então, não tem nenhum outro outlet. “Aqui nós temos quase 4 milhões de habitantes nas cidades que estão a um raio de até 200 km de distância. Na Avenida Anhanguera são cerca de 90 mil carros passando por dia. Estamos em uma área estratégica”, afirma.

Para se ter uma ideia, o outlet mais próximo da região fica em Itupeva, a cerca de 250 km de distância, já a unidade instalada em São Roque, está ainda mais distante, a mais de 300 km de Ribeirão Preto.

A expectativa é de que o empreendimento seja inaugurado ainda em 2024, com aproximadamente 100 marcas nacionais e internacionais, como Nike, Adidas, Reebok, Calvin Klein, Diesel, Coach, Original Penguin e The North Face.

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