Porto do Açu, antigo projeto de Eike Batista, aposta em indústria ‘verde’ para crescer


Prumo Logística, dona do empreendimento, trabalha para transformar local em complexo porto-indústria e preencher os 62% de sua área que hoje estão desocupados

Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

Antigo projeto do empresário Eike Batista, o Porto do Açu conseguiu se consolidar em meio à derrocada do empresário como um importante porto do País para os setores de minério e petróleo, mas não chegou a se transformar em um complexo porto-indústria como era previsto no plano original. Agora, com a necessidade de o mundo reduzir as emissões de carbono, a Prumo Logística, dona do empreendimento, tenta retomar a ideia de desenvolver um polo industrial no local para preencher o gigantesco espaço que detém ali, no litoral norte do Rio de Janeiro. Hoje, dos 90 quilômetros quadrados de área útil do porto, apenas 38% estão ocupados.

Controlada pelo fundo americano EIG e tendo o Mubadala (fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos) como sócio, a Prumo começou a desenvolver há dois anos e meio o projeto que agora quer colocar de pé. “Pensamos em como industrializar ou ocupar essa área desocupada do porto. Pensamos em quais investimentos podem trazer muitos novos fornecedores e com quais deles temos vantagens competitivas”, diz o diretor de novos negócios da Prumo, Mauro Andrade. A área total do porto, considerando uma reserva natural, é de 130 quilômetros quadrados, o equivalente a 1,5 ilha de Manhattan, em Nova York.

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Com o desenvolvimento desse projeto, espera-se que, daqui a dez anos, 30% das movimentações em Açu sejam de navios carregados com combustíveis limpos, segundo o CEO da Prumo, Rogério Zampronha. Hoje, do total embarcado, quase 70% é petróleo. “As empresas de petróleo estão investindo em combustíveis de nova geração. No futuro, vão carregar outros combustíveis nos tanqueiros, como metanol, por exemplo.”

O porto entrou em operação em 2014 e cresceu sobretudo no ano passado, quando ampliou em 26,6% o total de carga movimentada, alcançando 84,6 milhões de toneladas. Essa expansão se deu principalmente devido ao setor de óleo e gás, que avançou 33,4%. A empresa também vem trabalhando para diversificar suas fontes de receitas e atrair cargas de grãos.

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O plano ‘verde’ do Açu prevê um cluster de hidrogênio, usinas de combustível limpo (como combustível sustentável de aviação, o chamado SAF, na sigla em inglês) e fábrica de produtos siderúrgicos de baixo carbono. Também há projetos para desenvolver empreendimentos de energia eólica em alto mar (offshore) e solar.

No cluster de hidrogênio verde, a ideia, segundo Andrade, é usar o combustível para a produção de amônia – matéria-prima de fertilizantes. O produto final seria destinado para o consumo doméstico, diferentemente do que deve ser feito em usinas de hidrogênio verde previstas para serem instaladas no Nordeste do País. Essas devem atender, em parte, o mercado externo.

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De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com R$ 16,5 bilhões em aportes esperados, Açu está na quarta posição entre os portos do País que anunciaram que deverão receber os maiores volumes de investimentos em hidrogênio verde. Nas primeiras posições, aparecem os portos de Pecém (CE), com R$ 110,6 bilhões, Parnaíba (PI), com R$ 20,4 bilhões, e Suape (PE), com R$ 19,6 bilhões. A grande maioria desses projetos, no entanto, não está garantida, pois estudos de viabilidade ainda estão sendo feitos.

Porto do Açu, onde hoje o petróleo é o principal produto embarcado Foto: Marcos de Paula/Estadão

Em Açu, o projeto mais perto de ser concretizado é o da norueguesa Fuella, que assinou, em agosto, um contrato de reserva de área. A companhia reservou 100 mil metros quadrados, com a possibilidade de aumentar esse número para 200 mil. A empresa também firmou um memorando de entendimento para implementar uma planta de amônia verde com potencial para produzir 400 mil toneladas por ano.

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O cronograma do projeto da Fuella, no entanto, prevê que a decisão final de investimento seja tomada nos próximos quatro anos. “Eles estão amadurecendo o projeto. Um dos elementos é analisar todo o custo”, afirma Andrade. Apesar do contrato falar de quatro anos para a decisão do investimento, o executivo acredita que ela deve sair em 18 meses. Depois disso, seriam mais 24 meses para construção da planta. “É um projeto para começar a operar em 2028″, acrescenta.

Outro projeto que deverá ser um dos primeiros a sair do papel é o de uma planta de metanol verde (combustível que poderá ser usado pela indústria marítima). Andrade diz não poder revelar o nome da empresa que pretende fazer o investimento, mas afirma que o cronograma é semelhante ao da Fuella.

A Vale é mais uma das empresas que está para tomar uma decisão de investimento em Açu. A mineradora e a Prumo anunciaram, no ano passado, que estudam o desenvolvimento de um hub no porto para fabricação de matéria-prima que permitirá à indústria siderúrgica reduzir suas emissões.

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“Vamos fazer um ‘road show’ para atrair o resto de investimento que falta. Achamos que a decisão de investimento sairá em 12 meses. Depois são mais três anos de construção. Quase todos os projetos estão entrando nesse intervalo de começar as operações entre 2028 e 2029″, diz Andrade.

O executivo reconhece, no entanto, que a Prumo precisa superar desafios para que os projetos de hoje virem realidade. Um desses obstáculos é ter uma definição clara de quem serão os compradores do que será produzido ali. Daí a intenção de começar com as plantas de combustíveis sustentáveis. É provável, por exemplo, que o SAF tenha demanda garantida a partir de 2027, quando as companhias aéreas passarão a ser obrigadas a reduzir suas emissões.

Antigo projeto do empresário Eike Batista, o Porto do Açu conseguiu se consolidar em meio à derrocada do empresário como um importante porto do País para os setores de minério e petróleo, mas não chegou a se transformar em um complexo porto-indústria como era previsto no plano original. Agora, com a necessidade de o mundo reduzir as emissões de carbono, a Prumo Logística, dona do empreendimento, tenta retomar a ideia de desenvolver um polo industrial no local para preencher o gigantesco espaço que detém ali, no litoral norte do Rio de Janeiro. Hoje, dos 90 quilômetros quadrados de área útil do porto, apenas 38% estão ocupados.

Controlada pelo fundo americano EIG e tendo o Mubadala (fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos) como sócio, a Prumo começou a desenvolver há dois anos e meio o projeto que agora quer colocar de pé. “Pensamos em como industrializar ou ocupar essa área desocupada do porto. Pensamos em quais investimentos podem trazer muitos novos fornecedores e com quais deles temos vantagens competitivas”, diz o diretor de novos negócios da Prumo, Mauro Andrade. A área total do porto, considerando uma reserva natural, é de 130 quilômetros quadrados, o equivalente a 1,5 ilha de Manhattan, em Nova York.

Com o desenvolvimento desse projeto, espera-se que, daqui a dez anos, 30% das movimentações em Açu sejam de navios carregados com combustíveis limpos, segundo o CEO da Prumo, Rogério Zampronha. Hoje, do total embarcado, quase 70% é petróleo. “As empresas de petróleo estão investindo em combustíveis de nova geração. No futuro, vão carregar outros combustíveis nos tanqueiros, como metanol, por exemplo.”

O porto entrou em operação em 2014 e cresceu sobretudo no ano passado, quando ampliou em 26,6% o total de carga movimentada, alcançando 84,6 milhões de toneladas. Essa expansão se deu principalmente devido ao setor de óleo e gás, que avançou 33,4%. A empresa também vem trabalhando para diversificar suas fontes de receitas e atrair cargas de grãos.

O plano ‘verde’ do Açu prevê um cluster de hidrogênio, usinas de combustível limpo (como combustível sustentável de aviação, o chamado SAF, na sigla em inglês) e fábrica de produtos siderúrgicos de baixo carbono. Também há projetos para desenvolver empreendimentos de energia eólica em alto mar (offshore) e solar.

No cluster de hidrogênio verde, a ideia, segundo Andrade, é usar o combustível para a produção de amônia – matéria-prima de fertilizantes. O produto final seria destinado para o consumo doméstico, diferentemente do que deve ser feito em usinas de hidrogênio verde previstas para serem instaladas no Nordeste do País. Essas devem atender, em parte, o mercado externo.

De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com R$ 16,5 bilhões em aportes esperados, Açu está na quarta posição entre os portos do País que anunciaram que deverão receber os maiores volumes de investimentos em hidrogênio verde. Nas primeiras posições, aparecem os portos de Pecém (CE), com R$ 110,6 bilhões, Parnaíba (PI), com R$ 20,4 bilhões, e Suape (PE), com R$ 19,6 bilhões. A grande maioria desses projetos, no entanto, não está garantida, pois estudos de viabilidade ainda estão sendo feitos.

Porto do Açu, onde hoje o petróleo é o principal produto embarcado Foto: Marcos de Paula/Estadão

Em Açu, o projeto mais perto de ser concretizado é o da norueguesa Fuella, que assinou, em agosto, um contrato de reserva de área. A companhia reservou 100 mil metros quadrados, com a possibilidade de aumentar esse número para 200 mil. A empresa também firmou um memorando de entendimento para implementar uma planta de amônia verde com potencial para produzir 400 mil toneladas por ano.

O cronograma do projeto da Fuella, no entanto, prevê que a decisão final de investimento seja tomada nos próximos quatro anos. “Eles estão amadurecendo o projeto. Um dos elementos é analisar todo o custo”, afirma Andrade. Apesar do contrato falar de quatro anos para a decisão do investimento, o executivo acredita que ela deve sair em 18 meses. Depois disso, seriam mais 24 meses para construção da planta. “É um projeto para começar a operar em 2028″, acrescenta.

Outro projeto que deverá ser um dos primeiros a sair do papel é o de uma planta de metanol verde (combustível que poderá ser usado pela indústria marítima). Andrade diz não poder revelar o nome da empresa que pretende fazer o investimento, mas afirma que o cronograma é semelhante ao da Fuella.

A Vale é mais uma das empresas que está para tomar uma decisão de investimento em Açu. A mineradora e a Prumo anunciaram, no ano passado, que estudam o desenvolvimento de um hub no porto para fabricação de matéria-prima que permitirá à indústria siderúrgica reduzir suas emissões.

“Vamos fazer um ‘road show’ para atrair o resto de investimento que falta. Achamos que a decisão de investimento sairá em 12 meses. Depois são mais três anos de construção. Quase todos os projetos estão entrando nesse intervalo de começar as operações entre 2028 e 2029″, diz Andrade.

O executivo reconhece, no entanto, que a Prumo precisa superar desafios para que os projetos de hoje virem realidade. Um desses obstáculos é ter uma definição clara de quem serão os compradores do que será produzido ali. Daí a intenção de começar com as plantas de combustíveis sustentáveis. É provável, por exemplo, que o SAF tenha demanda garantida a partir de 2027, quando as companhias aéreas passarão a ser obrigadas a reduzir suas emissões.

Antigo projeto do empresário Eike Batista, o Porto do Açu conseguiu se consolidar em meio à derrocada do empresário como um importante porto do País para os setores de minério e petróleo, mas não chegou a se transformar em um complexo porto-indústria como era previsto no plano original. Agora, com a necessidade de o mundo reduzir as emissões de carbono, a Prumo Logística, dona do empreendimento, tenta retomar a ideia de desenvolver um polo industrial no local para preencher o gigantesco espaço que detém ali, no litoral norte do Rio de Janeiro. Hoje, dos 90 quilômetros quadrados de área útil do porto, apenas 38% estão ocupados.

Controlada pelo fundo americano EIG e tendo o Mubadala (fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos) como sócio, a Prumo começou a desenvolver há dois anos e meio o projeto que agora quer colocar de pé. “Pensamos em como industrializar ou ocupar essa área desocupada do porto. Pensamos em quais investimentos podem trazer muitos novos fornecedores e com quais deles temos vantagens competitivas”, diz o diretor de novos negócios da Prumo, Mauro Andrade. A área total do porto, considerando uma reserva natural, é de 130 quilômetros quadrados, o equivalente a 1,5 ilha de Manhattan, em Nova York.

Com o desenvolvimento desse projeto, espera-se que, daqui a dez anos, 30% das movimentações em Açu sejam de navios carregados com combustíveis limpos, segundo o CEO da Prumo, Rogério Zampronha. Hoje, do total embarcado, quase 70% é petróleo. “As empresas de petróleo estão investindo em combustíveis de nova geração. No futuro, vão carregar outros combustíveis nos tanqueiros, como metanol, por exemplo.”

O porto entrou em operação em 2014 e cresceu sobretudo no ano passado, quando ampliou em 26,6% o total de carga movimentada, alcançando 84,6 milhões de toneladas. Essa expansão se deu principalmente devido ao setor de óleo e gás, que avançou 33,4%. A empresa também vem trabalhando para diversificar suas fontes de receitas e atrair cargas de grãos.

O plano ‘verde’ do Açu prevê um cluster de hidrogênio, usinas de combustível limpo (como combustível sustentável de aviação, o chamado SAF, na sigla em inglês) e fábrica de produtos siderúrgicos de baixo carbono. Também há projetos para desenvolver empreendimentos de energia eólica em alto mar (offshore) e solar.

No cluster de hidrogênio verde, a ideia, segundo Andrade, é usar o combustível para a produção de amônia – matéria-prima de fertilizantes. O produto final seria destinado para o consumo doméstico, diferentemente do que deve ser feito em usinas de hidrogênio verde previstas para serem instaladas no Nordeste do País. Essas devem atender, em parte, o mercado externo.

De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com R$ 16,5 bilhões em aportes esperados, Açu está na quarta posição entre os portos do País que anunciaram que deverão receber os maiores volumes de investimentos em hidrogênio verde. Nas primeiras posições, aparecem os portos de Pecém (CE), com R$ 110,6 bilhões, Parnaíba (PI), com R$ 20,4 bilhões, e Suape (PE), com R$ 19,6 bilhões. A grande maioria desses projetos, no entanto, não está garantida, pois estudos de viabilidade ainda estão sendo feitos.

Porto do Açu, onde hoje o petróleo é o principal produto embarcado Foto: Marcos de Paula/Estadão

Em Açu, o projeto mais perto de ser concretizado é o da norueguesa Fuella, que assinou, em agosto, um contrato de reserva de área. A companhia reservou 100 mil metros quadrados, com a possibilidade de aumentar esse número para 200 mil. A empresa também firmou um memorando de entendimento para implementar uma planta de amônia verde com potencial para produzir 400 mil toneladas por ano.

O cronograma do projeto da Fuella, no entanto, prevê que a decisão final de investimento seja tomada nos próximos quatro anos. “Eles estão amadurecendo o projeto. Um dos elementos é analisar todo o custo”, afirma Andrade. Apesar do contrato falar de quatro anos para a decisão do investimento, o executivo acredita que ela deve sair em 18 meses. Depois disso, seriam mais 24 meses para construção da planta. “É um projeto para começar a operar em 2028″, acrescenta.

Outro projeto que deverá ser um dos primeiros a sair do papel é o de uma planta de metanol verde (combustível que poderá ser usado pela indústria marítima). Andrade diz não poder revelar o nome da empresa que pretende fazer o investimento, mas afirma que o cronograma é semelhante ao da Fuella.

A Vale é mais uma das empresas que está para tomar uma decisão de investimento em Açu. A mineradora e a Prumo anunciaram, no ano passado, que estudam o desenvolvimento de um hub no porto para fabricação de matéria-prima que permitirá à indústria siderúrgica reduzir suas emissões.

“Vamos fazer um ‘road show’ para atrair o resto de investimento que falta. Achamos que a decisão de investimento sairá em 12 meses. Depois são mais três anos de construção. Quase todos os projetos estão entrando nesse intervalo de começar as operações entre 2028 e 2029″, diz Andrade.

O executivo reconhece, no entanto, que a Prumo precisa superar desafios para que os projetos de hoje virem realidade. Um desses obstáculos é ter uma definição clara de quem serão os compradores do que será produzido ali. Daí a intenção de começar com as plantas de combustíveis sustentáveis. É provável, por exemplo, que o SAF tenha demanda garantida a partir de 2027, quando as companhias aéreas passarão a ser obrigadas a reduzir suas emissões.

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