Raízen fecha acordo com Shell e investirá R$ 6 bilhões em novas fábricas


Com o movimento, a empresa de energia amplia a transição para energias mais limpas, uma promessa desde seu IPO

Por Fernanda Guimarães

Pouco mais de um ano depois de engordar seu caixa com uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de quase R$ 7 bilhões, a Raízen acaba de anunciar um acordo de mais de R$ 15 bilhões (3,3 bilhões de euros) que garantirá sua entrada mais firme em sua estratégia de transição energética, uma de suas promessas aos investidores no seu processo de abertura de capital.

O contrato envolve o fornecimento de 3,3 bilhões de litros de etanol de segunda geração, batizado de E2G, para a Shell, companhia americana que controla a empresa ao lado do grupo Cosan, de Ruben Ometto. Por trás do movimento está a estratégia da empresa se tornar a maior produtora e comercializadora de etanol feito a partir de resíduos do mundo.

Para se ter uma ideia do tamanho do acordo, a Raízen terá que construir nada menos do que cinco novas fábricas de etanol celulósico para atender apenas a essa demanda. No total, o investimento no parque fabril será de R$ 6 bilhões, sendo que o início da produção está previsto entre os anos de 2025 e 2027.

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Pelo acordo informado pela Raízen, a Shell receberá a produção das cinco plantas pelos primeiros 10 anos, com garantia de suprimento, assim, até 2037. O contrato prevê um preço mínimo ao etanol e também um ajuste do preço no momento da entrega do produto. Se o preço estiver acima do mínimo, Raízen e Shell irão compartilhar a diferença.

Com a demanda e preço mínimo garantido se tira muito o risco do projeto

Presidente da Raízen, Ricardo Mussa

Presidente da Raízen, Ricardo Mussa diz que o desenho do acordo foi pensado pela própria companhia, já que hoje ela navega praticamente sozinha nesse mercado. “Com a demanda e preço mínimo garantido se tira muito o risco do projeto”, afirma o executivo, em entrevista ao Estadão.

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Além disso, diz ele, o custo de produção é baixo, visto que a principal matéria-prima é o próprio resíduo já gerado na companhia. Para a produção do etanol de segunda geração, lembra, também são necessárias enzimas que são importadas da China e Estados Unidos. “Com a escala que teremos, esses fabricantes vão pensar em colocar uma fábrica no Brasil”, explica.

Segundo ele, a produção do etanol de segunda geração também traz eficiência para a operação da Raízen, já que dará destino a uma parcela relevante da biomassa que era gerada pela empresa. “Dois terços da nossa biomassa não era utilizada. Pegaremos uma planta ineficiente e a transformaremos ]em algo muito útil”.

Ricardo Mussa, presidente da Raizen: contato de longo prazo reduz risco de projeto de produção de etanol de segunda geração  Foto: Raízen
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E a companhia tem caixa para suportar o alto investimento, exatamente por conta do IPO, quando levantou em agosto do ano passado R$ 6,9 bilhões, em uma das últimas aberturas de capital na Bolsa brasileira, que tem sofrido um hiato de operações por conta da maior volatilidade do mercado.

Segundo o presidente da Raízen, não há necessidade de se ampliar o endividamento para custear o investimento. Além do dinheiro do IPO, as plantas são geradoras de caixa. E se houver a necessidade de acelerar o projeto, a empresa tem ainda a opção de fazer uma securitização do contrato, o que significa receber antes pela venda a ser realizada no futuro.

O executivo comenta que também está muito feliz em entregar, antes do prazo, uma promessa feita ao longo do processo de abertura de capital. No prospecto do IPO, a Raízen informou aos potenciais investidores que 80% dos recursos que entrarem no caixa irão para a construção de novas plantas para a expansão da produção de produtos renováveis e capacidade de comercialização.

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A empresa vale hoje na B3 cerca de R$ 48 bilhões, cerca de 30% a menos do que na sua estreia com empresa de capital aberto. A queda do preço das ações, segundo o executivo, pode ser explicada em parte pelo ceticismo do mercado em relação ao projeto do etanol de segunda geração, já que se trata de algo novo e havia dúvidas sobre sua viabilidade. Parte dos questionamentos, segundo ele, poderão ser respondidos com esse contrato com a Shell.

O analista da Ativa Investimentos, Ilan Albertman, confirma que a dúvida do mercado tem sido sobre as variáveis que recaem sobre o projeto, sendo o principal deles o bom preço do produto que justifica o alto nível de investimento. “Temos uma boa percepção, mas o projeto está num estágio incipiente do processo e teremos que monitorar a construção de obras, capacidade de alavancagem financeira, preços e demanda”, diz.

E2G: O que é

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O etanol de segunda geração se trata de um combustível feito a partir de resíduos, no caso a bagaça da cana, a principal sobra da produção de açúcar e de etanol de primeira geração da companhia. Por isso sua atratividade pela baixa pegada de carbono e por não competir com a produção de alimentos. Segundo a Raízen, o E2G reduz em 80% as emissões de gases de efeito estufa na comparação com a gasolina.

Para demonstrar que esse negócio será uma prioridade para a companhia, a empresa destaca que seu plano de 20 plantas de E2G até 2031 segue intacto. Lembrou, ainda, que a companhia já tem uma planta em operação e três plantas em construção, essa com o início das operações já em 2023. Com o investimento, a empresa ganha argumento com os investidores de que sua estratégia de etanol de segunda geração é de longo prazo.

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A meta da Raízen é clara: se tornar a maior produtora e comercializadora de etanol celulósico no mundo, diante da aposta que o mundo terá que passar por uma transição energética por fontes renováveis de energia, algo que fará a demanda pelo produto dar um salto. Essa percepção ficou evidente com pandemia e Guerra na Ucrânia, que jogou luz à necessidade de que seria necessário que o mundo pensasse em alternativas de energia renovável, a preços competitivos.

A Raízen destaca que, com o contrato que acaba de ser assinado com a Shell, sua carteira de demanda contratada de E2G chega a, no mínimo, 4,3 bilhões de euros, o que já está comercializado no longo prazo. “A demanda global por combustíveis sustentáveis está crescendo”, afirma Andrew Smith, vice-presidente executivo da Shell Trading and Supply. “Combinar a inovadora tecnologia de resíduos de cana de açúcar da Raízen com a rede de distribuição global e o relacionamento com os clientes da Shell ajudará a atender a essa demanda.

O presidente da Raízen diz que hoje a demanda pelo produto é tamanha que logo a empresa deverá anunciar outros contratos para a venda do produto que virão das 20 plantas que estão planejadas, o que consumirá exatamente o volume de biomassa produzido pela empresa. O problema depois disso, afirma o executivo, é que não haverá mais resíduo da cana para novas unidades e que, por isso, serão necessários acordos para se ampliar a produção. Como a empresa tem a tecnologia licenciada, logística e capacidade de comercialização, a Raízen buscará parceiros que tenham interesse em produzir o etanol de segunda geração.

Para os analistas da Terra Investimentos, Régis Chinchila e Luis Novaes, o acordo é positivo para a empresa, mesmo com os altos investimentos envolvidos. “No anúncio, a companhia demonstrou confiança sobre o mercado E2G, afirmando haver novas regulamentações em vista que devem beneficiar esse mercado”, dizem.

Em relatório, o Itaú BBA aponta que dentre os desafios no projeto está a construção de diversas plantas de forma simultânea, “mesmo para uma empresa eficiente como a Raízen”. “Poderá haver atrasos nos lançamentos das novas plantas, o que pode afetar materialmente os volumes entregues para a Shell”, aponta o documento. A instituição financeira diz o custo poderá ser maior do que o esperado, o que poderá afetar sua rentabilidade.

Pouco mais de um ano depois de engordar seu caixa com uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de quase R$ 7 bilhões, a Raízen acaba de anunciar um acordo de mais de R$ 15 bilhões (3,3 bilhões de euros) que garantirá sua entrada mais firme em sua estratégia de transição energética, uma de suas promessas aos investidores no seu processo de abertura de capital.

O contrato envolve o fornecimento de 3,3 bilhões de litros de etanol de segunda geração, batizado de E2G, para a Shell, companhia americana que controla a empresa ao lado do grupo Cosan, de Ruben Ometto. Por trás do movimento está a estratégia da empresa se tornar a maior produtora e comercializadora de etanol feito a partir de resíduos do mundo.

Para se ter uma ideia do tamanho do acordo, a Raízen terá que construir nada menos do que cinco novas fábricas de etanol celulósico para atender apenas a essa demanda. No total, o investimento no parque fabril será de R$ 6 bilhões, sendo que o início da produção está previsto entre os anos de 2025 e 2027.

Pelo acordo informado pela Raízen, a Shell receberá a produção das cinco plantas pelos primeiros 10 anos, com garantia de suprimento, assim, até 2037. O contrato prevê um preço mínimo ao etanol e também um ajuste do preço no momento da entrega do produto. Se o preço estiver acima do mínimo, Raízen e Shell irão compartilhar a diferença.

Com a demanda e preço mínimo garantido se tira muito o risco do projeto

Presidente da Raízen, Ricardo Mussa

Presidente da Raízen, Ricardo Mussa diz que o desenho do acordo foi pensado pela própria companhia, já que hoje ela navega praticamente sozinha nesse mercado. “Com a demanda e preço mínimo garantido se tira muito o risco do projeto”, afirma o executivo, em entrevista ao Estadão.

Além disso, diz ele, o custo de produção é baixo, visto que a principal matéria-prima é o próprio resíduo já gerado na companhia. Para a produção do etanol de segunda geração, lembra, também são necessárias enzimas que são importadas da China e Estados Unidos. “Com a escala que teremos, esses fabricantes vão pensar em colocar uma fábrica no Brasil”, explica.

Segundo ele, a produção do etanol de segunda geração também traz eficiência para a operação da Raízen, já que dará destino a uma parcela relevante da biomassa que era gerada pela empresa. “Dois terços da nossa biomassa não era utilizada. Pegaremos uma planta ineficiente e a transformaremos ]em algo muito útil”.

Ricardo Mussa, presidente da Raizen: contato de longo prazo reduz risco de projeto de produção de etanol de segunda geração  Foto: Raízen

E a companhia tem caixa para suportar o alto investimento, exatamente por conta do IPO, quando levantou em agosto do ano passado R$ 6,9 bilhões, em uma das últimas aberturas de capital na Bolsa brasileira, que tem sofrido um hiato de operações por conta da maior volatilidade do mercado.

Segundo o presidente da Raízen, não há necessidade de se ampliar o endividamento para custear o investimento. Além do dinheiro do IPO, as plantas são geradoras de caixa. E se houver a necessidade de acelerar o projeto, a empresa tem ainda a opção de fazer uma securitização do contrato, o que significa receber antes pela venda a ser realizada no futuro.

O executivo comenta que também está muito feliz em entregar, antes do prazo, uma promessa feita ao longo do processo de abertura de capital. No prospecto do IPO, a Raízen informou aos potenciais investidores que 80% dos recursos que entrarem no caixa irão para a construção de novas plantas para a expansão da produção de produtos renováveis e capacidade de comercialização.

A empresa vale hoje na B3 cerca de R$ 48 bilhões, cerca de 30% a menos do que na sua estreia com empresa de capital aberto. A queda do preço das ações, segundo o executivo, pode ser explicada em parte pelo ceticismo do mercado em relação ao projeto do etanol de segunda geração, já que se trata de algo novo e havia dúvidas sobre sua viabilidade. Parte dos questionamentos, segundo ele, poderão ser respondidos com esse contrato com a Shell.

O analista da Ativa Investimentos, Ilan Albertman, confirma que a dúvida do mercado tem sido sobre as variáveis que recaem sobre o projeto, sendo o principal deles o bom preço do produto que justifica o alto nível de investimento. “Temos uma boa percepção, mas o projeto está num estágio incipiente do processo e teremos que monitorar a construção de obras, capacidade de alavancagem financeira, preços e demanda”, diz.

E2G: O que é

O etanol de segunda geração se trata de um combustível feito a partir de resíduos, no caso a bagaça da cana, a principal sobra da produção de açúcar e de etanol de primeira geração da companhia. Por isso sua atratividade pela baixa pegada de carbono e por não competir com a produção de alimentos. Segundo a Raízen, o E2G reduz em 80% as emissões de gases de efeito estufa na comparação com a gasolina.

Para demonstrar que esse negócio será uma prioridade para a companhia, a empresa destaca que seu plano de 20 plantas de E2G até 2031 segue intacto. Lembrou, ainda, que a companhia já tem uma planta em operação e três plantas em construção, essa com o início das operações já em 2023. Com o investimento, a empresa ganha argumento com os investidores de que sua estratégia de etanol de segunda geração é de longo prazo.


A meta da Raízen é clara: se tornar a maior produtora e comercializadora de etanol celulósico no mundo, diante da aposta que o mundo terá que passar por uma transição energética por fontes renováveis de energia, algo que fará a demanda pelo produto dar um salto. Essa percepção ficou evidente com pandemia e Guerra na Ucrânia, que jogou luz à necessidade de que seria necessário que o mundo pensasse em alternativas de energia renovável, a preços competitivos.

A Raízen destaca que, com o contrato que acaba de ser assinado com a Shell, sua carteira de demanda contratada de E2G chega a, no mínimo, 4,3 bilhões de euros, o que já está comercializado no longo prazo. “A demanda global por combustíveis sustentáveis está crescendo”, afirma Andrew Smith, vice-presidente executivo da Shell Trading and Supply. “Combinar a inovadora tecnologia de resíduos de cana de açúcar da Raízen com a rede de distribuição global e o relacionamento com os clientes da Shell ajudará a atender a essa demanda.

O presidente da Raízen diz que hoje a demanda pelo produto é tamanha que logo a empresa deverá anunciar outros contratos para a venda do produto que virão das 20 plantas que estão planejadas, o que consumirá exatamente o volume de biomassa produzido pela empresa. O problema depois disso, afirma o executivo, é que não haverá mais resíduo da cana para novas unidades e que, por isso, serão necessários acordos para se ampliar a produção. Como a empresa tem a tecnologia licenciada, logística e capacidade de comercialização, a Raízen buscará parceiros que tenham interesse em produzir o etanol de segunda geração.

Para os analistas da Terra Investimentos, Régis Chinchila e Luis Novaes, o acordo é positivo para a empresa, mesmo com os altos investimentos envolvidos. “No anúncio, a companhia demonstrou confiança sobre o mercado E2G, afirmando haver novas regulamentações em vista que devem beneficiar esse mercado”, dizem.

Em relatório, o Itaú BBA aponta que dentre os desafios no projeto está a construção de diversas plantas de forma simultânea, “mesmo para uma empresa eficiente como a Raízen”. “Poderá haver atrasos nos lançamentos das novas plantas, o que pode afetar materialmente os volumes entregues para a Shell”, aponta o documento. A instituição financeira diz o custo poderá ser maior do que o esperado, o que poderá afetar sua rentabilidade.

Pouco mais de um ano depois de engordar seu caixa com uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de quase R$ 7 bilhões, a Raízen acaba de anunciar um acordo de mais de R$ 15 bilhões (3,3 bilhões de euros) que garantirá sua entrada mais firme em sua estratégia de transição energética, uma de suas promessas aos investidores no seu processo de abertura de capital.

O contrato envolve o fornecimento de 3,3 bilhões de litros de etanol de segunda geração, batizado de E2G, para a Shell, companhia americana que controla a empresa ao lado do grupo Cosan, de Ruben Ometto. Por trás do movimento está a estratégia da empresa se tornar a maior produtora e comercializadora de etanol feito a partir de resíduos do mundo.

Para se ter uma ideia do tamanho do acordo, a Raízen terá que construir nada menos do que cinco novas fábricas de etanol celulósico para atender apenas a essa demanda. No total, o investimento no parque fabril será de R$ 6 bilhões, sendo que o início da produção está previsto entre os anos de 2025 e 2027.

Pelo acordo informado pela Raízen, a Shell receberá a produção das cinco plantas pelos primeiros 10 anos, com garantia de suprimento, assim, até 2037. O contrato prevê um preço mínimo ao etanol e também um ajuste do preço no momento da entrega do produto. Se o preço estiver acima do mínimo, Raízen e Shell irão compartilhar a diferença.

Com a demanda e preço mínimo garantido se tira muito o risco do projeto

Presidente da Raízen, Ricardo Mussa

Presidente da Raízen, Ricardo Mussa diz que o desenho do acordo foi pensado pela própria companhia, já que hoje ela navega praticamente sozinha nesse mercado. “Com a demanda e preço mínimo garantido se tira muito o risco do projeto”, afirma o executivo, em entrevista ao Estadão.

Além disso, diz ele, o custo de produção é baixo, visto que a principal matéria-prima é o próprio resíduo já gerado na companhia. Para a produção do etanol de segunda geração, lembra, também são necessárias enzimas que são importadas da China e Estados Unidos. “Com a escala que teremos, esses fabricantes vão pensar em colocar uma fábrica no Brasil”, explica.

Segundo ele, a produção do etanol de segunda geração também traz eficiência para a operação da Raízen, já que dará destino a uma parcela relevante da biomassa que era gerada pela empresa. “Dois terços da nossa biomassa não era utilizada. Pegaremos uma planta ineficiente e a transformaremos ]em algo muito útil”.

Ricardo Mussa, presidente da Raizen: contato de longo prazo reduz risco de projeto de produção de etanol de segunda geração  Foto: Raízen

E a companhia tem caixa para suportar o alto investimento, exatamente por conta do IPO, quando levantou em agosto do ano passado R$ 6,9 bilhões, em uma das últimas aberturas de capital na Bolsa brasileira, que tem sofrido um hiato de operações por conta da maior volatilidade do mercado.

Segundo o presidente da Raízen, não há necessidade de se ampliar o endividamento para custear o investimento. Além do dinheiro do IPO, as plantas são geradoras de caixa. E se houver a necessidade de acelerar o projeto, a empresa tem ainda a opção de fazer uma securitização do contrato, o que significa receber antes pela venda a ser realizada no futuro.

O executivo comenta que também está muito feliz em entregar, antes do prazo, uma promessa feita ao longo do processo de abertura de capital. No prospecto do IPO, a Raízen informou aos potenciais investidores que 80% dos recursos que entrarem no caixa irão para a construção de novas plantas para a expansão da produção de produtos renováveis e capacidade de comercialização.

A empresa vale hoje na B3 cerca de R$ 48 bilhões, cerca de 30% a menos do que na sua estreia com empresa de capital aberto. A queda do preço das ações, segundo o executivo, pode ser explicada em parte pelo ceticismo do mercado em relação ao projeto do etanol de segunda geração, já que se trata de algo novo e havia dúvidas sobre sua viabilidade. Parte dos questionamentos, segundo ele, poderão ser respondidos com esse contrato com a Shell.

O analista da Ativa Investimentos, Ilan Albertman, confirma que a dúvida do mercado tem sido sobre as variáveis que recaem sobre o projeto, sendo o principal deles o bom preço do produto que justifica o alto nível de investimento. “Temos uma boa percepção, mas o projeto está num estágio incipiente do processo e teremos que monitorar a construção de obras, capacidade de alavancagem financeira, preços e demanda”, diz.

E2G: O que é

O etanol de segunda geração se trata de um combustível feito a partir de resíduos, no caso a bagaça da cana, a principal sobra da produção de açúcar e de etanol de primeira geração da companhia. Por isso sua atratividade pela baixa pegada de carbono e por não competir com a produção de alimentos. Segundo a Raízen, o E2G reduz em 80% as emissões de gases de efeito estufa na comparação com a gasolina.

Para demonstrar que esse negócio será uma prioridade para a companhia, a empresa destaca que seu plano de 20 plantas de E2G até 2031 segue intacto. Lembrou, ainda, que a companhia já tem uma planta em operação e três plantas em construção, essa com o início das operações já em 2023. Com o investimento, a empresa ganha argumento com os investidores de que sua estratégia de etanol de segunda geração é de longo prazo.


A meta da Raízen é clara: se tornar a maior produtora e comercializadora de etanol celulósico no mundo, diante da aposta que o mundo terá que passar por uma transição energética por fontes renováveis de energia, algo que fará a demanda pelo produto dar um salto. Essa percepção ficou evidente com pandemia e Guerra na Ucrânia, que jogou luz à necessidade de que seria necessário que o mundo pensasse em alternativas de energia renovável, a preços competitivos.

A Raízen destaca que, com o contrato que acaba de ser assinado com a Shell, sua carteira de demanda contratada de E2G chega a, no mínimo, 4,3 bilhões de euros, o que já está comercializado no longo prazo. “A demanda global por combustíveis sustentáveis está crescendo”, afirma Andrew Smith, vice-presidente executivo da Shell Trading and Supply. “Combinar a inovadora tecnologia de resíduos de cana de açúcar da Raízen com a rede de distribuição global e o relacionamento com os clientes da Shell ajudará a atender a essa demanda.

O presidente da Raízen diz que hoje a demanda pelo produto é tamanha que logo a empresa deverá anunciar outros contratos para a venda do produto que virão das 20 plantas que estão planejadas, o que consumirá exatamente o volume de biomassa produzido pela empresa. O problema depois disso, afirma o executivo, é que não haverá mais resíduo da cana para novas unidades e que, por isso, serão necessários acordos para se ampliar a produção. Como a empresa tem a tecnologia licenciada, logística e capacidade de comercialização, a Raízen buscará parceiros que tenham interesse em produzir o etanol de segunda geração.

Para os analistas da Terra Investimentos, Régis Chinchila e Luis Novaes, o acordo é positivo para a empresa, mesmo com os altos investimentos envolvidos. “No anúncio, a companhia demonstrou confiança sobre o mercado E2G, afirmando haver novas regulamentações em vista que devem beneficiar esse mercado”, dizem.

Em relatório, o Itaú BBA aponta que dentre os desafios no projeto está a construção de diversas plantas de forma simultânea, “mesmo para uma empresa eficiente como a Raízen”. “Poderá haver atrasos nos lançamentos das novas plantas, o que pode afetar materialmente os volumes entregues para a Shell”, aponta o documento. A instituição financeira diz o custo poderá ser maior do que o esperado, o que poderá afetar sua rentabilidade.

Pouco mais de um ano depois de engordar seu caixa com uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de quase R$ 7 bilhões, a Raízen acaba de anunciar um acordo de mais de R$ 15 bilhões (3,3 bilhões de euros) que garantirá sua entrada mais firme em sua estratégia de transição energética, uma de suas promessas aos investidores no seu processo de abertura de capital.

O contrato envolve o fornecimento de 3,3 bilhões de litros de etanol de segunda geração, batizado de E2G, para a Shell, companhia americana que controla a empresa ao lado do grupo Cosan, de Ruben Ometto. Por trás do movimento está a estratégia da empresa se tornar a maior produtora e comercializadora de etanol feito a partir de resíduos do mundo.

Para se ter uma ideia do tamanho do acordo, a Raízen terá que construir nada menos do que cinco novas fábricas de etanol celulósico para atender apenas a essa demanda. No total, o investimento no parque fabril será de R$ 6 bilhões, sendo que o início da produção está previsto entre os anos de 2025 e 2027.

Pelo acordo informado pela Raízen, a Shell receberá a produção das cinco plantas pelos primeiros 10 anos, com garantia de suprimento, assim, até 2037. O contrato prevê um preço mínimo ao etanol e também um ajuste do preço no momento da entrega do produto. Se o preço estiver acima do mínimo, Raízen e Shell irão compartilhar a diferença.

Com a demanda e preço mínimo garantido se tira muito o risco do projeto

Presidente da Raízen, Ricardo Mussa

Presidente da Raízen, Ricardo Mussa diz que o desenho do acordo foi pensado pela própria companhia, já que hoje ela navega praticamente sozinha nesse mercado. “Com a demanda e preço mínimo garantido se tira muito o risco do projeto”, afirma o executivo, em entrevista ao Estadão.

Além disso, diz ele, o custo de produção é baixo, visto que a principal matéria-prima é o próprio resíduo já gerado na companhia. Para a produção do etanol de segunda geração, lembra, também são necessárias enzimas que são importadas da China e Estados Unidos. “Com a escala que teremos, esses fabricantes vão pensar em colocar uma fábrica no Brasil”, explica.

Segundo ele, a produção do etanol de segunda geração também traz eficiência para a operação da Raízen, já que dará destino a uma parcela relevante da biomassa que era gerada pela empresa. “Dois terços da nossa biomassa não era utilizada. Pegaremos uma planta ineficiente e a transformaremos ]em algo muito útil”.

Ricardo Mussa, presidente da Raizen: contato de longo prazo reduz risco de projeto de produção de etanol de segunda geração  Foto: Raízen

E a companhia tem caixa para suportar o alto investimento, exatamente por conta do IPO, quando levantou em agosto do ano passado R$ 6,9 bilhões, em uma das últimas aberturas de capital na Bolsa brasileira, que tem sofrido um hiato de operações por conta da maior volatilidade do mercado.

Segundo o presidente da Raízen, não há necessidade de se ampliar o endividamento para custear o investimento. Além do dinheiro do IPO, as plantas são geradoras de caixa. E se houver a necessidade de acelerar o projeto, a empresa tem ainda a opção de fazer uma securitização do contrato, o que significa receber antes pela venda a ser realizada no futuro.

O executivo comenta que também está muito feliz em entregar, antes do prazo, uma promessa feita ao longo do processo de abertura de capital. No prospecto do IPO, a Raízen informou aos potenciais investidores que 80% dos recursos que entrarem no caixa irão para a construção de novas plantas para a expansão da produção de produtos renováveis e capacidade de comercialização.

A empresa vale hoje na B3 cerca de R$ 48 bilhões, cerca de 30% a menos do que na sua estreia com empresa de capital aberto. A queda do preço das ações, segundo o executivo, pode ser explicada em parte pelo ceticismo do mercado em relação ao projeto do etanol de segunda geração, já que se trata de algo novo e havia dúvidas sobre sua viabilidade. Parte dos questionamentos, segundo ele, poderão ser respondidos com esse contrato com a Shell.

O analista da Ativa Investimentos, Ilan Albertman, confirma que a dúvida do mercado tem sido sobre as variáveis que recaem sobre o projeto, sendo o principal deles o bom preço do produto que justifica o alto nível de investimento. “Temos uma boa percepção, mas o projeto está num estágio incipiente do processo e teremos que monitorar a construção de obras, capacidade de alavancagem financeira, preços e demanda”, diz.

E2G: O que é

O etanol de segunda geração se trata de um combustível feito a partir de resíduos, no caso a bagaça da cana, a principal sobra da produção de açúcar e de etanol de primeira geração da companhia. Por isso sua atratividade pela baixa pegada de carbono e por não competir com a produção de alimentos. Segundo a Raízen, o E2G reduz em 80% as emissões de gases de efeito estufa na comparação com a gasolina.

Para demonstrar que esse negócio será uma prioridade para a companhia, a empresa destaca que seu plano de 20 plantas de E2G até 2031 segue intacto. Lembrou, ainda, que a companhia já tem uma planta em operação e três plantas em construção, essa com o início das operações já em 2023. Com o investimento, a empresa ganha argumento com os investidores de que sua estratégia de etanol de segunda geração é de longo prazo.


A meta da Raízen é clara: se tornar a maior produtora e comercializadora de etanol celulósico no mundo, diante da aposta que o mundo terá que passar por uma transição energética por fontes renováveis de energia, algo que fará a demanda pelo produto dar um salto. Essa percepção ficou evidente com pandemia e Guerra na Ucrânia, que jogou luz à necessidade de que seria necessário que o mundo pensasse em alternativas de energia renovável, a preços competitivos.

A Raízen destaca que, com o contrato que acaba de ser assinado com a Shell, sua carteira de demanda contratada de E2G chega a, no mínimo, 4,3 bilhões de euros, o que já está comercializado no longo prazo. “A demanda global por combustíveis sustentáveis está crescendo”, afirma Andrew Smith, vice-presidente executivo da Shell Trading and Supply. “Combinar a inovadora tecnologia de resíduos de cana de açúcar da Raízen com a rede de distribuição global e o relacionamento com os clientes da Shell ajudará a atender a essa demanda.

O presidente da Raízen diz que hoje a demanda pelo produto é tamanha que logo a empresa deverá anunciar outros contratos para a venda do produto que virão das 20 plantas que estão planejadas, o que consumirá exatamente o volume de biomassa produzido pela empresa. O problema depois disso, afirma o executivo, é que não haverá mais resíduo da cana para novas unidades e que, por isso, serão necessários acordos para se ampliar a produção. Como a empresa tem a tecnologia licenciada, logística e capacidade de comercialização, a Raízen buscará parceiros que tenham interesse em produzir o etanol de segunda geração.

Para os analistas da Terra Investimentos, Régis Chinchila e Luis Novaes, o acordo é positivo para a empresa, mesmo com os altos investimentos envolvidos. “No anúncio, a companhia demonstrou confiança sobre o mercado E2G, afirmando haver novas regulamentações em vista que devem beneficiar esse mercado”, dizem.

Em relatório, o Itaú BBA aponta que dentre os desafios no projeto está a construção de diversas plantas de forma simultânea, “mesmo para uma empresa eficiente como a Raízen”. “Poderá haver atrasos nos lançamentos das novas plantas, o que pode afetar materialmente os volumes entregues para a Shell”, aponta o documento. A instituição financeira diz o custo poderá ser maior do que o esperado, o que poderá afetar sua rentabilidade.

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