Jorge Moll, aos 76, não alterou rotina de trabalho presencial na Rede D’Or durante a pandemia


Aos 76 anos, executivo preside o conselho de administração da ‘máquina de aquisições’

Por Fernanda Guimarães

Com 76 anos completados há dois meses, Jorge Moll Filho, fundador da gigante brasileira do setor de saúde Rede D’Or – a maior rede de hospitais privados do Brasil – com um valor de mercado de mais de R$ 100 bilhões –, não alterou sua rotina de trabalho presencial quando eclodiu a pandemia de covid-19, mesmo que sua idade o colocasse entre os grupos considerados de risco. Há 30 anos construindo o conglomerado hospitalar, conhecido pela rede São Luiz, Jorge Moll é considerado um médico-empreendedor. Há quase uma década ele já não está mais na presidência executiva do grupo, hoje ocupada por seu filho caçula, Paulo. Mas, mesmo no comando do conselho de administração, com reuniões obrigatórias para quem se senta nessa cadeira, o médico mantém o hábito de fazer visitas aos hospitais. Vacinado, até aqui Moll passou ileso pela doença, apesar do convívio quase diário com um ambiente de risco. 

Nos hospitais da rede, ele fala com os médicos e gosta de “sentir o negócio pelo pulso”, comentam pessoas próximas. “Ele tem a cabeça de médico”, diz um desses conhecidos. Além da interação com os colegas, Jorge tem outra paixão, que acompanha de perto: as novas tecnologias médicas. Ele viaja e participa de eventos do setor com frequência.

Jorge Moll Filho não alterou rotina de trabalho presencial durante pandemia de covid-19 Foto: Edilson Dantas/Agencia O Globo
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FAZENDO A HORA

Na pandemia, um episódio ainda é relembrado pelos mais próximos. No momento mais duro da crise sanitária, muitas empresas anunciaram doações, no intuito de ajudar no combate ao coronavírus. Uma dessas empresas foi a Rede D’Or, que chegou a doar metade de seu lucro líquido em 2020 para esse objetivo.

Naquele ano, quando o grupo estava inaugurando um dos hospitais de campanha para o combate à covid-19, Jorge pediu para que um segundo centro fosse construído com urgência. Sua equipe ponderou que poderiam faltar insumos e pessoas para o empreendimento. A resposta do médico foi: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, citando a canção de Geraldo Vandré. A decisão foi acatada, e o segundo hospital de campanha foi construído. O interesse por inovação remonta a própria história da Rede D’Or. Jorge Moll Filho começou a construir o conglomerado há cerca de 30 anos, mas sua trajetória como empreendedor começou antes, em 1977, quando inaugurou o Grupo Labs. A primeira unidade, Cardiolab, atuava na área de diagnósticos médicos.  Moll Filho vendeu a empresa em 2010 para o Grupo Fleury, em um negócio de R$ 1,19 bilhão. Capitalizado, utilizou esse dinheiro para avançar em outra linha de negócio e passou a comprar hospitais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, São José dos Campos, Brasília e Recife, começando a dar tração ao império hospitalar conhecido hoje.

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PONTE AÉREA

O negócio de hospitais surgiu quase que por acaso. Em 1994, quando ainda controlava a Cardiolab, Moll percebeu que os cariocas com alto poder aquisitivo eram mal atendidos na cidade – sempre que preciso, recorriam à ponte aérea rumo ao hospital Albert Einstein, na capital paulista, até hoje referência no setor. Foi quando se deparou com o hotel de quatro estrelas em Copacabana, o Copa D’Or, do imigrante português Gaspar D’Orey, de quem Moll já havia emprestado dinheiro para a expansão de seu negócio de clínicas. Ele queria se desfazer de seu patrimônio para voltar à terra natal. Mas uma dívida com seu sócio, Jacob Barata, tinha antes que ser saldada D’Orey entregou o hotel a Barata e Moll assumiu sua dívida. Com o tempo, o médico acabou convencendo Barata a transformar o hotel em hospital, dando início ao que viria a ser a Rede D’Or. Isso foi em 1995.

INVESTIDORES

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No decorrer dos anos, o negócio começou a ganhar escala e a conhecida agressividade em aquisições tomou ainda mais corpo quando entraram na empresa investidores financeiros.

O primeiro a chegar foi o BTG Pactual. Depois, vieram um fundo soberano de Cingapura e o private equity (gestora que compra participação em empresas) Carlyle, cujos aportes ajudaram a consolidar o grupo como uma “máquina de aquisições”.

A estratégia de crescimento continua a ter o “dedo” de Jorge Moll Filho. Além da presença no conselho de administração, mantém sua visão sobre essas operações como membro do comitê de M&A (fusões e aquisições, pela sigla em inglês) do grupo.

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Filhos no comando

Jorge Moll Filho tem cinco filhos: Jorge, Renata, André, Pedro e Paulo. E formou os três mais velhos em medicina. Mas foram os dois mais novos que passaram a cuidar da administração da empresa: Pedro, formado em administração e hoje no conselho de administração da Rede D’Or, e Paulo, economista pelo Ibmec do Rio, que desde o início do ano preside a empresa.  Os filhos médicos também trabalham na empresa. O mais velho conduz o Instituto  D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), entidade que ajudou a fundar. O caçula Paulo, hoje com 41 anos, foi o escolhido para substituir Heráclito Brito, que ocupava o cargo de Jorge desde quando o médico deixou a presidência executiva e assumiu o comando do conselho, em 2013. 

ESTÁGIO

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Desde os 20 anos na empresa, Paulo queria trabalhar no mercado financeiro – apesar da insistência do pai para que se formasse médico. Depois de uma temporada de estudos nos Estados Unidos, ao voltar ao Brasil ele aceitou a proposta de trabalhar na empresa da família enquanto não achasse um estágio. Isso foi em 2001. Até 2010, antes da entrada do BTG no negócio, todo o dinheiro era reinvestido. Até ali, segundo fontes, Jorge possuía apenas um apartamento. Depois da chegada dos sócios estrangeiros – que foi possível com a mudança na legislação que permitiu investimento externo no setor –, a fortuna de Jorge cresceu e hoje ele está no topo na lista Forbes dos mais ricos do Brasil. A ação da Rede D’Or caiu 8% desde o IPO, especialmente pelas preocupações com o coronavírus.

Com 76 anos completados há dois meses, Jorge Moll Filho, fundador da gigante brasileira do setor de saúde Rede D’Or – a maior rede de hospitais privados do Brasil – com um valor de mercado de mais de R$ 100 bilhões –, não alterou sua rotina de trabalho presencial quando eclodiu a pandemia de covid-19, mesmo que sua idade o colocasse entre os grupos considerados de risco. Há 30 anos construindo o conglomerado hospitalar, conhecido pela rede São Luiz, Jorge Moll é considerado um médico-empreendedor. Há quase uma década ele já não está mais na presidência executiva do grupo, hoje ocupada por seu filho caçula, Paulo. Mas, mesmo no comando do conselho de administração, com reuniões obrigatórias para quem se senta nessa cadeira, o médico mantém o hábito de fazer visitas aos hospitais. Vacinado, até aqui Moll passou ileso pela doença, apesar do convívio quase diário com um ambiente de risco. 

Nos hospitais da rede, ele fala com os médicos e gosta de “sentir o negócio pelo pulso”, comentam pessoas próximas. “Ele tem a cabeça de médico”, diz um desses conhecidos. Além da interação com os colegas, Jorge tem outra paixão, que acompanha de perto: as novas tecnologias médicas. Ele viaja e participa de eventos do setor com frequência.

Jorge Moll Filho não alterou rotina de trabalho presencial durante pandemia de covid-19 Foto: Edilson Dantas/Agencia O Globo

FAZENDO A HORA

Na pandemia, um episódio ainda é relembrado pelos mais próximos. No momento mais duro da crise sanitária, muitas empresas anunciaram doações, no intuito de ajudar no combate ao coronavírus. Uma dessas empresas foi a Rede D’Or, que chegou a doar metade de seu lucro líquido em 2020 para esse objetivo.

Naquele ano, quando o grupo estava inaugurando um dos hospitais de campanha para o combate à covid-19, Jorge pediu para que um segundo centro fosse construído com urgência. Sua equipe ponderou que poderiam faltar insumos e pessoas para o empreendimento. A resposta do médico foi: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, citando a canção de Geraldo Vandré. A decisão foi acatada, e o segundo hospital de campanha foi construído. O interesse por inovação remonta a própria história da Rede D’Or. Jorge Moll Filho começou a construir o conglomerado há cerca de 30 anos, mas sua trajetória como empreendedor começou antes, em 1977, quando inaugurou o Grupo Labs. A primeira unidade, Cardiolab, atuava na área de diagnósticos médicos.  Moll Filho vendeu a empresa em 2010 para o Grupo Fleury, em um negócio de R$ 1,19 bilhão. Capitalizado, utilizou esse dinheiro para avançar em outra linha de negócio e passou a comprar hospitais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, São José dos Campos, Brasília e Recife, começando a dar tração ao império hospitalar conhecido hoje.

PONTE AÉREA

O negócio de hospitais surgiu quase que por acaso. Em 1994, quando ainda controlava a Cardiolab, Moll percebeu que os cariocas com alto poder aquisitivo eram mal atendidos na cidade – sempre que preciso, recorriam à ponte aérea rumo ao hospital Albert Einstein, na capital paulista, até hoje referência no setor. Foi quando se deparou com o hotel de quatro estrelas em Copacabana, o Copa D’Or, do imigrante português Gaspar D’Orey, de quem Moll já havia emprestado dinheiro para a expansão de seu negócio de clínicas. Ele queria se desfazer de seu patrimônio para voltar à terra natal. Mas uma dívida com seu sócio, Jacob Barata, tinha antes que ser saldada D’Orey entregou o hotel a Barata e Moll assumiu sua dívida. Com o tempo, o médico acabou convencendo Barata a transformar o hotel em hospital, dando início ao que viria a ser a Rede D’Or. Isso foi em 1995.

INVESTIDORES

No decorrer dos anos, o negócio começou a ganhar escala e a conhecida agressividade em aquisições tomou ainda mais corpo quando entraram na empresa investidores financeiros.

O primeiro a chegar foi o BTG Pactual. Depois, vieram um fundo soberano de Cingapura e o private equity (gestora que compra participação em empresas) Carlyle, cujos aportes ajudaram a consolidar o grupo como uma “máquina de aquisições”.

A estratégia de crescimento continua a ter o “dedo” de Jorge Moll Filho. Além da presença no conselho de administração, mantém sua visão sobre essas operações como membro do comitê de M&A (fusões e aquisições, pela sigla em inglês) do grupo.

Filhos no comando

Jorge Moll Filho tem cinco filhos: Jorge, Renata, André, Pedro e Paulo. E formou os três mais velhos em medicina. Mas foram os dois mais novos que passaram a cuidar da administração da empresa: Pedro, formado em administração e hoje no conselho de administração da Rede D’Or, e Paulo, economista pelo Ibmec do Rio, que desde o início do ano preside a empresa.  Os filhos médicos também trabalham na empresa. O mais velho conduz o Instituto  D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), entidade que ajudou a fundar. O caçula Paulo, hoje com 41 anos, foi o escolhido para substituir Heráclito Brito, que ocupava o cargo de Jorge desde quando o médico deixou a presidência executiva e assumiu o comando do conselho, em 2013. 

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Desde os 20 anos na empresa, Paulo queria trabalhar no mercado financeiro – apesar da insistência do pai para que se formasse médico. Depois de uma temporada de estudos nos Estados Unidos, ao voltar ao Brasil ele aceitou a proposta de trabalhar na empresa da família enquanto não achasse um estágio. Isso foi em 2001. Até 2010, antes da entrada do BTG no negócio, todo o dinheiro era reinvestido. Até ali, segundo fontes, Jorge possuía apenas um apartamento. Depois da chegada dos sócios estrangeiros – que foi possível com a mudança na legislação que permitiu investimento externo no setor –, a fortuna de Jorge cresceu e hoje ele está no topo na lista Forbes dos mais ricos do Brasil. A ação da Rede D’Or caiu 8% desde o IPO, especialmente pelas preocupações com o coronavírus.

Com 76 anos completados há dois meses, Jorge Moll Filho, fundador da gigante brasileira do setor de saúde Rede D’Or – a maior rede de hospitais privados do Brasil – com um valor de mercado de mais de R$ 100 bilhões –, não alterou sua rotina de trabalho presencial quando eclodiu a pandemia de covid-19, mesmo que sua idade o colocasse entre os grupos considerados de risco. Há 30 anos construindo o conglomerado hospitalar, conhecido pela rede São Luiz, Jorge Moll é considerado um médico-empreendedor. Há quase uma década ele já não está mais na presidência executiva do grupo, hoje ocupada por seu filho caçula, Paulo. Mas, mesmo no comando do conselho de administração, com reuniões obrigatórias para quem se senta nessa cadeira, o médico mantém o hábito de fazer visitas aos hospitais. Vacinado, até aqui Moll passou ileso pela doença, apesar do convívio quase diário com um ambiente de risco. 

Nos hospitais da rede, ele fala com os médicos e gosta de “sentir o negócio pelo pulso”, comentam pessoas próximas. “Ele tem a cabeça de médico”, diz um desses conhecidos. Além da interação com os colegas, Jorge tem outra paixão, que acompanha de perto: as novas tecnologias médicas. Ele viaja e participa de eventos do setor com frequência.

Jorge Moll Filho não alterou rotina de trabalho presencial durante pandemia de covid-19 Foto: Edilson Dantas/Agencia O Globo

FAZENDO A HORA

Na pandemia, um episódio ainda é relembrado pelos mais próximos. No momento mais duro da crise sanitária, muitas empresas anunciaram doações, no intuito de ajudar no combate ao coronavírus. Uma dessas empresas foi a Rede D’Or, que chegou a doar metade de seu lucro líquido em 2020 para esse objetivo.

Naquele ano, quando o grupo estava inaugurando um dos hospitais de campanha para o combate à covid-19, Jorge pediu para que um segundo centro fosse construído com urgência. Sua equipe ponderou que poderiam faltar insumos e pessoas para o empreendimento. A resposta do médico foi: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, citando a canção de Geraldo Vandré. A decisão foi acatada, e o segundo hospital de campanha foi construído. O interesse por inovação remonta a própria história da Rede D’Or. Jorge Moll Filho começou a construir o conglomerado há cerca de 30 anos, mas sua trajetória como empreendedor começou antes, em 1977, quando inaugurou o Grupo Labs. A primeira unidade, Cardiolab, atuava na área de diagnósticos médicos.  Moll Filho vendeu a empresa em 2010 para o Grupo Fleury, em um negócio de R$ 1,19 bilhão. Capitalizado, utilizou esse dinheiro para avançar em outra linha de negócio e passou a comprar hospitais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, São José dos Campos, Brasília e Recife, começando a dar tração ao império hospitalar conhecido hoje.

PONTE AÉREA

O negócio de hospitais surgiu quase que por acaso. Em 1994, quando ainda controlava a Cardiolab, Moll percebeu que os cariocas com alto poder aquisitivo eram mal atendidos na cidade – sempre que preciso, recorriam à ponte aérea rumo ao hospital Albert Einstein, na capital paulista, até hoje referência no setor. Foi quando se deparou com o hotel de quatro estrelas em Copacabana, o Copa D’Or, do imigrante português Gaspar D’Orey, de quem Moll já havia emprestado dinheiro para a expansão de seu negócio de clínicas. Ele queria se desfazer de seu patrimônio para voltar à terra natal. Mas uma dívida com seu sócio, Jacob Barata, tinha antes que ser saldada D’Orey entregou o hotel a Barata e Moll assumiu sua dívida. Com o tempo, o médico acabou convencendo Barata a transformar o hotel em hospital, dando início ao que viria a ser a Rede D’Or. Isso foi em 1995.

INVESTIDORES

No decorrer dos anos, o negócio começou a ganhar escala e a conhecida agressividade em aquisições tomou ainda mais corpo quando entraram na empresa investidores financeiros.

O primeiro a chegar foi o BTG Pactual. Depois, vieram um fundo soberano de Cingapura e o private equity (gestora que compra participação em empresas) Carlyle, cujos aportes ajudaram a consolidar o grupo como uma “máquina de aquisições”.

A estratégia de crescimento continua a ter o “dedo” de Jorge Moll Filho. Além da presença no conselho de administração, mantém sua visão sobre essas operações como membro do comitê de M&A (fusões e aquisições, pela sigla em inglês) do grupo.

Filhos no comando

Jorge Moll Filho tem cinco filhos: Jorge, Renata, André, Pedro e Paulo. E formou os três mais velhos em medicina. Mas foram os dois mais novos que passaram a cuidar da administração da empresa: Pedro, formado em administração e hoje no conselho de administração da Rede D’Or, e Paulo, economista pelo Ibmec do Rio, que desde o início do ano preside a empresa.  Os filhos médicos também trabalham na empresa. O mais velho conduz o Instituto  D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), entidade que ajudou a fundar. O caçula Paulo, hoje com 41 anos, foi o escolhido para substituir Heráclito Brito, que ocupava o cargo de Jorge desde quando o médico deixou a presidência executiva e assumiu o comando do conselho, em 2013. 

ESTÁGIO

Desde os 20 anos na empresa, Paulo queria trabalhar no mercado financeiro – apesar da insistência do pai para que se formasse médico. Depois de uma temporada de estudos nos Estados Unidos, ao voltar ao Brasil ele aceitou a proposta de trabalhar na empresa da família enquanto não achasse um estágio. Isso foi em 2001. Até 2010, antes da entrada do BTG no negócio, todo o dinheiro era reinvestido. Até ali, segundo fontes, Jorge possuía apenas um apartamento. Depois da chegada dos sócios estrangeiros – que foi possível com a mudança na legislação que permitiu investimento externo no setor –, a fortuna de Jorge cresceu e hoje ele está no topo na lista Forbes dos mais ricos do Brasil. A ação da Rede D’Or caiu 8% desde o IPO, especialmente pelas preocupações com o coronavírus.

Com 76 anos completados há dois meses, Jorge Moll Filho, fundador da gigante brasileira do setor de saúde Rede D’Or – a maior rede de hospitais privados do Brasil – com um valor de mercado de mais de R$ 100 bilhões –, não alterou sua rotina de trabalho presencial quando eclodiu a pandemia de covid-19, mesmo que sua idade o colocasse entre os grupos considerados de risco. Há 30 anos construindo o conglomerado hospitalar, conhecido pela rede São Luiz, Jorge Moll é considerado um médico-empreendedor. Há quase uma década ele já não está mais na presidência executiva do grupo, hoje ocupada por seu filho caçula, Paulo. Mas, mesmo no comando do conselho de administração, com reuniões obrigatórias para quem se senta nessa cadeira, o médico mantém o hábito de fazer visitas aos hospitais. Vacinado, até aqui Moll passou ileso pela doença, apesar do convívio quase diário com um ambiente de risco. 

Nos hospitais da rede, ele fala com os médicos e gosta de “sentir o negócio pelo pulso”, comentam pessoas próximas. “Ele tem a cabeça de médico”, diz um desses conhecidos. Além da interação com os colegas, Jorge tem outra paixão, que acompanha de perto: as novas tecnologias médicas. Ele viaja e participa de eventos do setor com frequência.

Jorge Moll Filho não alterou rotina de trabalho presencial durante pandemia de covid-19 Foto: Edilson Dantas/Agencia O Globo

FAZENDO A HORA

Na pandemia, um episódio ainda é relembrado pelos mais próximos. No momento mais duro da crise sanitária, muitas empresas anunciaram doações, no intuito de ajudar no combate ao coronavírus. Uma dessas empresas foi a Rede D’Or, que chegou a doar metade de seu lucro líquido em 2020 para esse objetivo.

Naquele ano, quando o grupo estava inaugurando um dos hospitais de campanha para o combate à covid-19, Jorge pediu para que um segundo centro fosse construído com urgência. Sua equipe ponderou que poderiam faltar insumos e pessoas para o empreendimento. A resposta do médico foi: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, citando a canção de Geraldo Vandré. A decisão foi acatada, e o segundo hospital de campanha foi construído. O interesse por inovação remonta a própria história da Rede D’Or. Jorge Moll Filho começou a construir o conglomerado há cerca de 30 anos, mas sua trajetória como empreendedor começou antes, em 1977, quando inaugurou o Grupo Labs. A primeira unidade, Cardiolab, atuava na área de diagnósticos médicos.  Moll Filho vendeu a empresa em 2010 para o Grupo Fleury, em um negócio de R$ 1,19 bilhão. Capitalizado, utilizou esse dinheiro para avançar em outra linha de negócio e passou a comprar hospitais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, São José dos Campos, Brasília e Recife, começando a dar tração ao império hospitalar conhecido hoje.

PONTE AÉREA

O negócio de hospitais surgiu quase que por acaso. Em 1994, quando ainda controlava a Cardiolab, Moll percebeu que os cariocas com alto poder aquisitivo eram mal atendidos na cidade – sempre que preciso, recorriam à ponte aérea rumo ao hospital Albert Einstein, na capital paulista, até hoje referência no setor. Foi quando se deparou com o hotel de quatro estrelas em Copacabana, o Copa D’Or, do imigrante português Gaspar D’Orey, de quem Moll já havia emprestado dinheiro para a expansão de seu negócio de clínicas. Ele queria se desfazer de seu patrimônio para voltar à terra natal. Mas uma dívida com seu sócio, Jacob Barata, tinha antes que ser saldada D’Orey entregou o hotel a Barata e Moll assumiu sua dívida. Com o tempo, o médico acabou convencendo Barata a transformar o hotel em hospital, dando início ao que viria a ser a Rede D’Or. Isso foi em 1995.

INVESTIDORES

No decorrer dos anos, o negócio começou a ganhar escala e a conhecida agressividade em aquisições tomou ainda mais corpo quando entraram na empresa investidores financeiros.

O primeiro a chegar foi o BTG Pactual. Depois, vieram um fundo soberano de Cingapura e o private equity (gestora que compra participação em empresas) Carlyle, cujos aportes ajudaram a consolidar o grupo como uma “máquina de aquisições”.

A estratégia de crescimento continua a ter o “dedo” de Jorge Moll Filho. Além da presença no conselho de administração, mantém sua visão sobre essas operações como membro do comitê de M&A (fusões e aquisições, pela sigla em inglês) do grupo.

Filhos no comando

Jorge Moll Filho tem cinco filhos: Jorge, Renata, André, Pedro e Paulo. E formou os três mais velhos em medicina. Mas foram os dois mais novos que passaram a cuidar da administração da empresa: Pedro, formado em administração e hoje no conselho de administração da Rede D’Or, e Paulo, economista pelo Ibmec do Rio, que desde o início do ano preside a empresa.  Os filhos médicos também trabalham na empresa. O mais velho conduz o Instituto  D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), entidade que ajudou a fundar. O caçula Paulo, hoje com 41 anos, foi o escolhido para substituir Heráclito Brito, que ocupava o cargo de Jorge desde quando o médico deixou a presidência executiva e assumiu o comando do conselho, em 2013. 

ESTÁGIO

Desde os 20 anos na empresa, Paulo queria trabalhar no mercado financeiro – apesar da insistência do pai para que se formasse médico. Depois de uma temporada de estudos nos Estados Unidos, ao voltar ao Brasil ele aceitou a proposta de trabalhar na empresa da família enquanto não achasse um estágio. Isso foi em 2001. Até 2010, antes da entrada do BTG no negócio, todo o dinheiro era reinvestido. Até ali, segundo fontes, Jorge possuía apenas um apartamento. Depois da chegada dos sócios estrangeiros – que foi possível com a mudança na legislação que permitiu investimento externo no setor –, a fortuna de Jorge cresceu e hoje ele está no topo na lista Forbes dos mais ricos do Brasil. A ação da Rede D’Or caiu 8% desde o IPO, especialmente pelas preocupações com o coronavírus.

Com 76 anos completados há dois meses, Jorge Moll Filho, fundador da gigante brasileira do setor de saúde Rede D’Or – a maior rede de hospitais privados do Brasil – com um valor de mercado de mais de R$ 100 bilhões –, não alterou sua rotina de trabalho presencial quando eclodiu a pandemia de covid-19, mesmo que sua idade o colocasse entre os grupos considerados de risco. Há 30 anos construindo o conglomerado hospitalar, conhecido pela rede São Luiz, Jorge Moll é considerado um médico-empreendedor. Há quase uma década ele já não está mais na presidência executiva do grupo, hoje ocupada por seu filho caçula, Paulo. Mas, mesmo no comando do conselho de administração, com reuniões obrigatórias para quem se senta nessa cadeira, o médico mantém o hábito de fazer visitas aos hospitais. Vacinado, até aqui Moll passou ileso pela doença, apesar do convívio quase diário com um ambiente de risco. 

Nos hospitais da rede, ele fala com os médicos e gosta de “sentir o negócio pelo pulso”, comentam pessoas próximas. “Ele tem a cabeça de médico”, diz um desses conhecidos. Além da interação com os colegas, Jorge tem outra paixão, que acompanha de perto: as novas tecnologias médicas. Ele viaja e participa de eventos do setor com frequência.

Jorge Moll Filho não alterou rotina de trabalho presencial durante pandemia de covid-19 Foto: Edilson Dantas/Agencia O Globo

FAZENDO A HORA

Na pandemia, um episódio ainda é relembrado pelos mais próximos. No momento mais duro da crise sanitária, muitas empresas anunciaram doações, no intuito de ajudar no combate ao coronavírus. Uma dessas empresas foi a Rede D’Or, que chegou a doar metade de seu lucro líquido em 2020 para esse objetivo.

Naquele ano, quando o grupo estava inaugurando um dos hospitais de campanha para o combate à covid-19, Jorge pediu para que um segundo centro fosse construído com urgência. Sua equipe ponderou que poderiam faltar insumos e pessoas para o empreendimento. A resposta do médico foi: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, citando a canção de Geraldo Vandré. A decisão foi acatada, e o segundo hospital de campanha foi construído. O interesse por inovação remonta a própria história da Rede D’Or. Jorge Moll Filho começou a construir o conglomerado há cerca de 30 anos, mas sua trajetória como empreendedor começou antes, em 1977, quando inaugurou o Grupo Labs. A primeira unidade, Cardiolab, atuava na área de diagnósticos médicos.  Moll Filho vendeu a empresa em 2010 para o Grupo Fleury, em um negócio de R$ 1,19 bilhão. Capitalizado, utilizou esse dinheiro para avançar em outra linha de negócio e passou a comprar hospitais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, São José dos Campos, Brasília e Recife, começando a dar tração ao império hospitalar conhecido hoje.

PONTE AÉREA

O negócio de hospitais surgiu quase que por acaso. Em 1994, quando ainda controlava a Cardiolab, Moll percebeu que os cariocas com alto poder aquisitivo eram mal atendidos na cidade – sempre que preciso, recorriam à ponte aérea rumo ao hospital Albert Einstein, na capital paulista, até hoje referência no setor. Foi quando se deparou com o hotel de quatro estrelas em Copacabana, o Copa D’Or, do imigrante português Gaspar D’Orey, de quem Moll já havia emprestado dinheiro para a expansão de seu negócio de clínicas. Ele queria se desfazer de seu patrimônio para voltar à terra natal. Mas uma dívida com seu sócio, Jacob Barata, tinha antes que ser saldada D’Orey entregou o hotel a Barata e Moll assumiu sua dívida. Com o tempo, o médico acabou convencendo Barata a transformar o hotel em hospital, dando início ao que viria a ser a Rede D’Or. Isso foi em 1995.

INVESTIDORES

No decorrer dos anos, o negócio começou a ganhar escala e a conhecida agressividade em aquisições tomou ainda mais corpo quando entraram na empresa investidores financeiros.

O primeiro a chegar foi o BTG Pactual. Depois, vieram um fundo soberano de Cingapura e o private equity (gestora que compra participação em empresas) Carlyle, cujos aportes ajudaram a consolidar o grupo como uma “máquina de aquisições”.

A estratégia de crescimento continua a ter o “dedo” de Jorge Moll Filho. Além da presença no conselho de administração, mantém sua visão sobre essas operações como membro do comitê de M&A (fusões e aquisições, pela sigla em inglês) do grupo.

Filhos no comando

Jorge Moll Filho tem cinco filhos: Jorge, Renata, André, Pedro e Paulo. E formou os três mais velhos em medicina. Mas foram os dois mais novos que passaram a cuidar da administração da empresa: Pedro, formado em administração e hoje no conselho de administração da Rede D’Or, e Paulo, economista pelo Ibmec do Rio, que desde o início do ano preside a empresa.  Os filhos médicos também trabalham na empresa. O mais velho conduz o Instituto  D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), entidade que ajudou a fundar. O caçula Paulo, hoje com 41 anos, foi o escolhido para substituir Heráclito Brito, que ocupava o cargo de Jorge desde quando o médico deixou a presidência executiva e assumiu o comando do conselho, em 2013. 

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Desde os 20 anos na empresa, Paulo queria trabalhar no mercado financeiro – apesar da insistência do pai para que se formasse médico. Depois de uma temporada de estudos nos Estados Unidos, ao voltar ao Brasil ele aceitou a proposta de trabalhar na empresa da família enquanto não achasse um estágio. Isso foi em 2001. Até 2010, antes da entrada do BTG no negócio, todo o dinheiro era reinvestido. Até ali, segundo fontes, Jorge possuía apenas um apartamento. Depois da chegada dos sócios estrangeiros – que foi possível com a mudança na legislação que permitiu investimento externo no setor –, a fortuna de Jorge cresceu e hoje ele está no topo na lista Forbes dos mais ricos do Brasil. A ação da Rede D’Or caiu 8% desde o IPO, especialmente pelas preocupações com o coronavírus.

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