Safra compra o Banco Alfa, dos antigos donos do Real, por mais de R$ 1 bilhão


Família Faria, que também é dona da C&C (de materiais de construção) e da Agropalma (de óleo de palma), deve vender mais ativos nos próximos meses

Por Fernanda Guimarães e Fernando Scheller
Atualização:

Um negócio foi fechado entre duas das mais poderosas famílias de negócios brasileiras: os Safra e os Faria (que era dona do Banco Real, que posteriormente foi incorporado pelo ABN e, mais tarde, pelo Santander). Na noite de quarta-feira, o Banco Safra anunciou a compra do Banco Alfa, pelo valor de R$ 1,03 bilhão. O anúncio da aquisição foi feito em conjunto pelas duas instituições. Segundo apurou o Estadão, a aquisição dará mais musculatura ao grupo Safra no atendimento a empresas, em banco de investimento e também no varejo, visto que o Alfa atua com uma área de crédito consignado.

A família Faria tem quase cem anos de história no setor bancário brasileiro. Seu primeiro negócio no ramo foi o Banco da Lavoura, de Minas Gerais, criado em 1925, renomeado Banco Real na década de 1970. Após a venda do Banco Real ao ABN Amro, em 1998, o banqueiro Aloysio de Andrade Faria, falecido em 2020, criou o Conglomerado Financeiro Alfa, para fornecer serviços financeiros e de seguros.

Sede do banco Safra na Avenida Paulista, em São Paulo; banco comprou o conglomerado Alfa Foto: Paulo Whitaker/Reuters
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Desde a morte do pai, já em meio à pandemia de covid-19, suas cinco herdeiras colocaram à venda todos os negócios do conglomerado. O Banco Alfa foi o primeiro acordo a ser fechado. A instituição atraiu uma série de interessados, incluindo o BTG Pactual. Novas vendas por parte da família Faria são esperadas nos próximos anos.

No mercado financeiro, o comentário foi de que o banco foi vendido a um preço de “ativo estressado”, já que o valor do desembolso, de cerca de R$ 1 bilhão, é muito abaixo do seu patrimônio liquido. Ou seja: teria sido um bom negócio para o Safra, que ganhou clientes em áreas em que não era muito forte por um preço relativamente baixo.

Do ponto de vista da família Faria, que quer sair do dia a dia dos negócios, deixar uma posição de controle de uma instituição financeira tem a finalidade de reduzir riscos sobre o patrimônio, segundo uma fonte. Isso porque os controladores assumem qualquer tipo de problema de solvência que uma instituição possa vir a enfrentar por problemas na gestão do negócio ou questões conjunturais, como o aumento da inadimplência, por exemplo.

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A família é dona de outras empresas, incluindo a rede de materiais de construção C&C, a sorveteria La Basque e a empresa de óleo de palma Agropalma, que também estão à venda. Recentemente, a família Faria também vendeu um terreno para a construção de um novo clube que terá piscinas com ondas, projeto que tem envolvimento do BTG Pactual. O clube será construído no local onde funcionam o Hotel Transamérica e o Teatro Alfa. Outros bens, como fazendas, imóveis e obras de arte, também estão na lista de ativos a serem vendidos.

O Alfa é uma instituição de poucos ativos, R$ 23 bilhões, segundo os últimos números disponíveis em junho. O banco reportou lucro líquido de R$ 78 milhões em junho de 2022, uma alta de 11% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

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Safra ganha força

O Safra é o oitavo maior banco do Brasil, com R$ 242,7 bilhões em ativos, de acordo com o Banco Central. No ranking, o Safra está à frente do Citi (R$ 152,6 bilhões) e do Sicredi (R$ 122,5 bilhões). Entretanto, fica uma posição atrás do BTG Pactual, com R$ 444,5 bilhões em ativos. Sob essa métrica, o Safra era o oitavo conglomerado do País, atrás de BTG, BNDES, Santander, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Banco do Brasil.

No comunicado sobre a operação, David Safra disse que “a transação é um marco na história do banco no Brasil. Serão beneficiados clientes, funcionários e acionistas do Conglomerado Financeiro Alfa e do Banco Safra. Compartilhamos valores, visão de longo prazo e paixão por trabalhar, isso nos dá enorme confiança na sintonia e sucesso dessa operação”.

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Também na nota, o presidente do Banco Safra, Silvio de Carvalho, disse em nota que a aquisição marca “um novo capítulo da nossa história, combinando nossa tradição secular de segurança com empreendedorismo e foco na busca de resultados”.

O CEO do Conglomerado Financeiro Alfa, Fábio Amorosino, classificou a compra como “uma transação histórica no mercado financeiro brasileiro”. “Temos a convicção de que a operação entre os dois bancos seculares, fruto de trajetórias empreendedoras de sucesso e baseados em valores comuns, potencializará a qualidade, perenidade e excelência que sempre oferecemos aos nossos clientes e colaboradores”, disse.

Rothschild e Mattos Filho atuaram, respectivamente, como assessores financeiro e legal da Administradora Fortaleza, detentora das ações do conglomerado Alfa. Pelo Banco Safra, a assessoria financeira foi do J.Safra Investment Banking e a assessoria legal foi do Pinheiro Neto Advogados. / COLABORARAM ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, MATHEUS PIOVESANA E CYNTHIA DECLOEDT

Um negócio foi fechado entre duas das mais poderosas famílias de negócios brasileiras: os Safra e os Faria (que era dona do Banco Real, que posteriormente foi incorporado pelo ABN e, mais tarde, pelo Santander). Na noite de quarta-feira, o Banco Safra anunciou a compra do Banco Alfa, pelo valor de R$ 1,03 bilhão. O anúncio da aquisição foi feito em conjunto pelas duas instituições. Segundo apurou o Estadão, a aquisição dará mais musculatura ao grupo Safra no atendimento a empresas, em banco de investimento e também no varejo, visto que o Alfa atua com uma área de crédito consignado.

A família Faria tem quase cem anos de história no setor bancário brasileiro. Seu primeiro negócio no ramo foi o Banco da Lavoura, de Minas Gerais, criado em 1925, renomeado Banco Real na década de 1970. Após a venda do Banco Real ao ABN Amro, em 1998, o banqueiro Aloysio de Andrade Faria, falecido em 2020, criou o Conglomerado Financeiro Alfa, para fornecer serviços financeiros e de seguros.

Sede do banco Safra na Avenida Paulista, em São Paulo; banco comprou o conglomerado Alfa Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Desde a morte do pai, já em meio à pandemia de covid-19, suas cinco herdeiras colocaram à venda todos os negócios do conglomerado. O Banco Alfa foi o primeiro acordo a ser fechado. A instituição atraiu uma série de interessados, incluindo o BTG Pactual. Novas vendas por parte da família Faria são esperadas nos próximos anos.

No mercado financeiro, o comentário foi de que o banco foi vendido a um preço de “ativo estressado”, já que o valor do desembolso, de cerca de R$ 1 bilhão, é muito abaixo do seu patrimônio liquido. Ou seja: teria sido um bom negócio para o Safra, que ganhou clientes em áreas em que não era muito forte por um preço relativamente baixo.

Do ponto de vista da família Faria, que quer sair do dia a dia dos negócios, deixar uma posição de controle de uma instituição financeira tem a finalidade de reduzir riscos sobre o patrimônio, segundo uma fonte. Isso porque os controladores assumem qualquer tipo de problema de solvência que uma instituição possa vir a enfrentar por problemas na gestão do negócio ou questões conjunturais, como o aumento da inadimplência, por exemplo.

A família é dona de outras empresas, incluindo a rede de materiais de construção C&C, a sorveteria La Basque e a empresa de óleo de palma Agropalma, que também estão à venda. Recentemente, a família Faria também vendeu um terreno para a construção de um novo clube que terá piscinas com ondas, projeto que tem envolvimento do BTG Pactual. O clube será construído no local onde funcionam o Hotel Transamérica e o Teatro Alfa. Outros bens, como fazendas, imóveis e obras de arte, também estão na lista de ativos a serem vendidos.

O Alfa é uma instituição de poucos ativos, R$ 23 bilhões, segundo os últimos números disponíveis em junho. O banco reportou lucro líquido de R$ 78 milhões em junho de 2022, uma alta de 11% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Safra ganha força

O Safra é o oitavo maior banco do Brasil, com R$ 242,7 bilhões em ativos, de acordo com o Banco Central. No ranking, o Safra está à frente do Citi (R$ 152,6 bilhões) e do Sicredi (R$ 122,5 bilhões). Entretanto, fica uma posição atrás do BTG Pactual, com R$ 444,5 bilhões em ativos. Sob essa métrica, o Safra era o oitavo conglomerado do País, atrás de BTG, BNDES, Santander, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Banco do Brasil.

No comunicado sobre a operação, David Safra disse que “a transação é um marco na história do banco no Brasil. Serão beneficiados clientes, funcionários e acionistas do Conglomerado Financeiro Alfa e do Banco Safra. Compartilhamos valores, visão de longo prazo e paixão por trabalhar, isso nos dá enorme confiança na sintonia e sucesso dessa operação”.

Também na nota, o presidente do Banco Safra, Silvio de Carvalho, disse em nota que a aquisição marca “um novo capítulo da nossa história, combinando nossa tradição secular de segurança com empreendedorismo e foco na busca de resultados”.

O CEO do Conglomerado Financeiro Alfa, Fábio Amorosino, classificou a compra como “uma transação histórica no mercado financeiro brasileiro”. “Temos a convicção de que a operação entre os dois bancos seculares, fruto de trajetórias empreendedoras de sucesso e baseados em valores comuns, potencializará a qualidade, perenidade e excelência que sempre oferecemos aos nossos clientes e colaboradores”, disse.

Rothschild e Mattos Filho atuaram, respectivamente, como assessores financeiro e legal da Administradora Fortaleza, detentora das ações do conglomerado Alfa. Pelo Banco Safra, a assessoria financeira foi do J.Safra Investment Banking e a assessoria legal foi do Pinheiro Neto Advogados. / COLABORARAM ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, MATHEUS PIOVESANA E CYNTHIA DECLOEDT

Um negócio foi fechado entre duas das mais poderosas famílias de negócios brasileiras: os Safra e os Faria (que era dona do Banco Real, que posteriormente foi incorporado pelo ABN e, mais tarde, pelo Santander). Na noite de quarta-feira, o Banco Safra anunciou a compra do Banco Alfa, pelo valor de R$ 1,03 bilhão. O anúncio da aquisição foi feito em conjunto pelas duas instituições. Segundo apurou o Estadão, a aquisição dará mais musculatura ao grupo Safra no atendimento a empresas, em banco de investimento e também no varejo, visto que o Alfa atua com uma área de crédito consignado.

A família Faria tem quase cem anos de história no setor bancário brasileiro. Seu primeiro negócio no ramo foi o Banco da Lavoura, de Minas Gerais, criado em 1925, renomeado Banco Real na década de 1970. Após a venda do Banco Real ao ABN Amro, em 1998, o banqueiro Aloysio de Andrade Faria, falecido em 2020, criou o Conglomerado Financeiro Alfa, para fornecer serviços financeiros e de seguros.

Sede do banco Safra na Avenida Paulista, em São Paulo; banco comprou o conglomerado Alfa Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Desde a morte do pai, já em meio à pandemia de covid-19, suas cinco herdeiras colocaram à venda todos os negócios do conglomerado. O Banco Alfa foi o primeiro acordo a ser fechado. A instituição atraiu uma série de interessados, incluindo o BTG Pactual. Novas vendas por parte da família Faria são esperadas nos próximos anos.

No mercado financeiro, o comentário foi de que o banco foi vendido a um preço de “ativo estressado”, já que o valor do desembolso, de cerca de R$ 1 bilhão, é muito abaixo do seu patrimônio liquido. Ou seja: teria sido um bom negócio para o Safra, que ganhou clientes em áreas em que não era muito forte por um preço relativamente baixo.

Do ponto de vista da família Faria, que quer sair do dia a dia dos negócios, deixar uma posição de controle de uma instituição financeira tem a finalidade de reduzir riscos sobre o patrimônio, segundo uma fonte. Isso porque os controladores assumem qualquer tipo de problema de solvência que uma instituição possa vir a enfrentar por problemas na gestão do negócio ou questões conjunturais, como o aumento da inadimplência, por exemplo.

A família é dona de outras empresas, incluindo a rede de materiais de construção C&C, a sorveteria La Basque e a empresa de óleo de palma Agropalma, que também estão à venda. Recentemente, a família Faria também vendeu um terreno para a construção de um novo clube que terá piscinas com ondas, projeto que tem envolvimento do BTG Pactual. O clube será construído no local onde funcionam o Hotel Transamérica e o Teatro Alfa. Outros bens, como fazendas, imóveis e obras de arte, também estão na lista de ativos a serem vendidos.

O Alfa é uma instituição de poucos ativos, R$ 23 bilhões, segundo os últimos números disponíveis em junho. O banco reportou lucro líquido de R$ 78 milhões em junho de 2022, uma alta de 11% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Safra ganha força

O Safra é o oitavo maior banco do Brasil, com R$ 242,7 bilhões em ativos, de acordo com o Banco Central. No ranking, o Safra está à frente do Citi (R$ 152,6 bilhões) e do Sicredi (R$ 122,5 bilhões). Entretanto, fica uma posição atrás do BTG Pactual, com R$ 444,5 bilhões em ativos. Sob essa métrica, o Safra era o oitavo conglomerado do País, atrás de BTG, BNDES, Santander, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Banco do Brasil.

No comunicado sobre a operação, David Safra disse que “a transação é um marco na história do banco no Brasil. Serão beneficiados clientes, funcionários e acionistas do Conglomerado Financeiro Alfa e do Banco Safra. Compartilhamos valores, visão de longo prazo e paixão por trabalhar, isso nos dá enorme confiança na sintonia e sucesso dessa operação”.

Também na nota, o presidente do Banco Safra, Silvio de Carvalho, disse em nota que a aquisição marca “um novo capítulo da nossa história, combinando nossa tradição secular de segurança com empreendedorismo e foco na busca de resultados”.

O CEO do Conglomerado Financeiro Alfa, Fábio Amorosino, classificou a compra como “uma transação histórica no mercado financeiro brasileiro”. “Temos a convicção de que a operação entre os dois bancos seculares, fruto de trajetórias empreendedoras de sucesso e baseados em valores comuns, potencializará a qualidade, perenidade e excelência que sempre oferecemos aos nossos clientes e colaboradores”, disse.

Rothschild e Mattos Filho atuaram, respectivamente, como assessores financeiro e legal da Administradora Fortaleza, detentora das ações do conglomerado Alfa. Pelo Banco Safra, a assessoria financeira foi do J.Safra Investment Banking e a assessoria legal foi do Pinheiro Neto Advogados. / COLABORARAM ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, MATHEUS PIOVESANA E CYNTHIA DECLOEDT

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