A Copa do Mundo é uma época tradicional de compra de novas TVs para acompanhar os jogos. Com a concorrência mais acirrada das multinacionais LG e TCL e um mercado com vendas abaixo do patamar pré-covid, a Samsung aposta neste ano no convencimento do consumidor ainda na etapa de pesquisa por um novo produto.
“Queremos que o consumidor chegue à loja sabendo qual TV comprar”, diz Gustavo Assunção, vice-presidente da divisão de eletrônicos de consumo da Samsung no Brasil. Para isso, a companhia terá um site que mostrará ao consumidor brasileiro qual é o modelo mais adequado às suas necessidades.
Para a Copa do Mundo do Catar, a aposta da empresa sul-coreana, que lidera as vendas do setor no País com 43% de parcela de mercado segundo a consultoria Statista, é no aumento de vendas de TVs com telas de 65 polegadas ou mais e também de modelos top de linha. Aumento de vendas esperado é de 46% em telas grandes (telas igual ou acima de 65 polegadas) e 93% em TVs premium (mais sofisticadas) em receita no segundo semestre de 2022.
Os televisores da companhia são montados no Brasil em Manaus (AM), mas a empresa também fabrica outros eletrônicos em sua unidade em Campinas (SP). Para acompanhar tendências de consumo, a empresa também mantém dois centros de pesquisa e desenvolvimento nas mesmas cidades.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista com Gustavo Assunção.
O consumidor brasileiro ainda usa a Copa do Mundo como um marco temporal para trocar de TV?
Sem dúvida. Em 2014, apostamos em telas grandes, que tinham 60 polegadas. O mercado era concentrado em telas de até 50 polegadas. Já em 2018, tivemos a consolidação da resolução 4K. Para a Copa de 2022, temos o objetivo de consolidar a venda de telas de 65 a 85 polegadas, e vender produtos mais sofisticados, como os televisores Qled e Neo Qled, tanto 4k quanto 8k.
Como a empresa trabalha com as varejistas para aumentar as vendas de televisores para a Copa do Mundo?
Em eventos como esse, os varejistas são nossos sócios. Há um planejamento de demanda e entrega para evitar gargalos de distribuição. Isso acontece não só com os grandes, mas também com os varejistas regionais. Queremos convencer o consumidor no momento da pesquisa para que ele chegue à loja sabendo qual TV comprar para o mundial. Como fazemos em todos os anos, apoiaremos nossos parceiros comerciais, com treinamento, bons conteúdos, e, naturalmente, boas ofertas e campanhas dedicadas para a data.
Quais produtos devem se destacar nas vendas neste ano?
O grande volume de vendas será na linha Crystal UHD, que tem preços mais acessíveis e condizentes com a renda média do brasileiro. Teremos ofertas para todo tipo de bolso para que todos tenham acesso a uma TV Samsung. Queremos dar condições especiais para TVs de telas grandes e fomentar novas tecnologias. Para o ano que vem, teremos a chegada das TVs com tecnologia Oled no País.
Quando chegará a hora da TV com resolução 8K ter um boom de vendas?
Até o ano passado, a resolução era restrita a TVs de 65 polegadas ou mais. Neste ano, os modelos de 55 também terão imagem 8K. Isso deve trazer um ganho de vendas. A categoria oferece o que há de melhor em uma TV, em imagem e som. Por isso, o crescimento é mais lento, mas já é de três dígitos no Brasil.
Por que a Samsung mantém tanto uma loja virtual própria quanto parcerias com varejistas no País?
Nem sempre conseguimos oferecer todos os nossos produtos por meio dos parceiros comerciais. Nossa loja é complementar. Ela oferece todo o portfólio de produtos e serviços e acessórios, como a geladeira premium da linha Bespoke. O objetivo não é ser o principal canal de vendas, mas um local para eliminar dúvidas no momento da compra. Na nossa loja online, por exemplo, estamos lançando uma plataforma que sugere a TV ideal para cada consumidor a partir de um questionário de cinco perguntas.
Como a empresa encara a chegada de concorrentes brasileiros, como Multilaser, e multinacionais, como TCL?
Vemos com naturalidade. O Brasil é um dos grandes mercados de TV do mundo, por isso, há muitas oportunidades. A chegada de novos concorrentes não nos surpreende. Mas não vamos abrir mão do protagonismo. Seguiremos com o objetivo de oferecer produtos inovadores, mas que também são sustentáveis. As caixas dos televisores são ecológicas e nosso controle remoto dispensa o uso de pilhas.
O segundo semestre é marcado pela Black Friday e pelo Natal. Qual é a expectativa para este ano?
No primeiro semestre, o mercado de TVs teve um leve crescimento em relação ao ano passado, de acordo com a consultoria GfK. Para o segundo semestre, esperamos um crescimento de dois dígitos. Vemos uma mudança importante no mix de vendas, onde telas maiores e mais avançadas ganharam um grande protagonismo, mudando o gasto médio do mercado. Vamos trabalhar para promover as vendas da categoria de TVs e soundbars, através de um portfólio com recursos exclusivos e fortes investimentos de comunicação. A locomotiva de crescimento para o segundo semestre será composta pelas telas grandes e pelas TVs premium, que esperamos um aumento de vendas de 46% e 93% em receita, respectivamente. Nestas categorias, já temos uma participação de mercado relevante no País.
Em 2022, as vendas no varejo tiveram retração. Como isso afetou o comércio de televisores?
As vendas ainda estão em um patamar inferior ao período pré-covid, mas já observamos uma melhora neste semestre. Nosso papel é estimular o consumo, seja com recursos inovadores ou com ofertas competitivas. O consumidor está menos confiante, mas entende quando há uma boa oferta. Por isso, buscamos eliminar barreiras de compra.
Segundo o balanço global da Samsung, o cenário macroeconômico impõe incertezas para as vendas de TVs apesar da sazonalidade da categoria e de eventos esportivos, como a Copa do Mundo. Como o cenário macroeconômico, considerando câmbio, alta de juros e inflação afeta a demanda por TVs no Brasil e o que a empresa tem feito para ajustar a estratégia para o momento atual?
Esse momento desafiador é global e afeta outros segmentos. Nosso compromisso com o Brasil é de longo prazo. Como no passado, nenhuma condição macroeconômica desfavorável pontual mudará a nossa estratégia. Estudamos os segmentos afetados e trabalhamos junto aos varejistas para resolver isso. Confiamos muito no nosso portfólio. Vamos trabalhar fortemente em comunicação e com o varejo. Acredito que o Brasil vencerá nos campos e também nas vendas de TVs.
A médio e longo prazo, qual é o plano para não perder a liderança de vendas de TVs no País?
Somos líderes globais há 16 anos consecutivos no mercado de TVs. Nenhuma fabricante chega a essa marca sem oferecer os melhores produtos e serviços. Temos TVs para público jovem e de estilo de vida, além de produtos tecnológicos. Buscamos ter sempre a melhor oferta no momento e lugar certo para o consumidor.
O mercado corporativo tem participação relevante na venda de televisores no Brasil? É uma frente importante para ser imune às oscilações do consumo?
As vendas do varejo são em maior volume, mas temos uma quantia relevante de vendas para grandes e pequenas empresas. No mercado de telas, não abrimos mão de nenhum segmento. Cada vez mais, as telas servirão como principal equipamento para exibir informações em todos os tipos de ambiente, desde salas de aula até grandes pavilhões de eventos.
Segundo a CNI, a indústria teve retração de 3,7% no primeiro semestre. A Samsung vai continuar a produzir televisores localmente? Por quê?
Estamos no País há 35 anos. O Brasil é um mercado prioritário e relevante na operação global. Em grande parte, isso veio de ter uma fábrica local, o que mostra o compromisso com o mercado e nos dá chances de aprender com os gostos dos brasileiros. Não só temos intenção de manter a fábrica, como trabalhamos todos os anos para modernizá-la. Todos os produtos avançados são fabricados no Brasil, como a Neo Qled 8K. Ter a fábrica é uma condição estratégica para a operação. Acreditamos no mercado brasileiro.