Santander volta a colocar o pé no freio em trimestre de boas notícias para a rentabilidade


Carteira do banco desacelerou, e indicação é de que redução do ritmo deve continuar; instituição enxerga um cenário menos otimista com a alta dos juros

Por Matheus Piovesana
Atualização:

Menos de um ano depois de retomar um crescimento mais representativo no crédito, o Santander Brasil voltou a pisar no freio. A desaceleração da carteira do banco foi o ponto negativo de um terceiro trimestre de boas notícias — o lucro líquido gerencial no terceiro trimestre foi de R$ 3,664 bilhões, uma alta de 34,3% em relação ao mesmo período do ano passado —, e a instituição sinalizou que a redução de ritmo deve continuar.

O discurso do Santander contrasta com os números da economia brasileira, que cresce na casa dos 3%, com o menor desemprego em uma década. No entanto, assim como no começo de 2022, o banco olha adiante, e enxerga um cenário menos otimista com a alta dos juros, que deve pressionar o caixa das empresas, em especial as médias, e manter o risco alto nas carteiras de pessoa física de baixa renda.

O crescimento anual da carteira ampliada do Santander caiu dos 7,8% vistos no segundo trimestre deste ano para 6,1% no terceiro, diante das incertezas. Foi uma desaceleração maior que a esperada pelo mercado. Segundo o presidente do banco, Mario Leão, foi um movimento consciente.

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“Deve continuar a partir do quarto trimestre”, afirmou ele em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 29. O padrão tende a se repetir no atacado, cuja carteira caiu 4,3% em um ano diante do câmbio e da concorrência com o mercado de capitais. E também se estenderá ao crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, em que os cortes no teto de juros feitos pelo governo desde o ano passado comprimiram a margem.

Balanço foi recebido de forma positiva por analistas financeiros Foto: Nilton Fukuda / Estadão

Apesar da reação inicial na Bolsa negativa — os ativos do Santander (SANB11) cederam 5,13% e lideraram as perdas do Ibovespa nesta terça-feira, 29 —, analistas de mercado receberam o balanço de forma positiva. O Santander teve lucro líquido de R$ 3,664 bilhões, alta de 34,3% em um ano, e o maior resultado desde o segundo trimestre de 2022. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco atingiu 17%, contra os cerca de 16% esperados pelo mercado. Os números foram fruto do crescimento das receitas e do controle da inadimplência.

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“Continuamos a ver o Santander com uma tendência de melhora, com as metas do presidente Mario Leão de melhorar a fidelidade dos clientes, as receitas com serviços e a captação de varejo contribuindo positivamente e reduzindo o caráter cíclico do banco”, escreveu em relatório Eduardo Rosman, do BTG Pactual.

Qualidade, não quantidade

Leão afirmou que o objetivo do Santander é alocar capital nas linhas que tragam maior rentabilidade ao banco de forma ampla. Além de avaliar o retorno da linha isoladamente, o banco orienta decisões a partir do potencial de venda de mais produtos e serviços àquele cliente.

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“Queremos sim crescer, mas queremos antes ser mais rentáveis”, disse ele a analistas de mercado. De acordo com o executivo, o crédito deixa de ser a finalidade máxima da operação e passa a ser um meio para atingir a nova prioridade: estabelecer relações mais duradouras (e rentáveis) com os clientes.

Em números, isso significa obter o máximo de receita a partir do crédito concedido. A margem com clientes do Santander, que mede o ganho do banco com os juros dos empréstimos, cresceu 8% em um ano, chegando a R$ 14,902 bilhões no terceiro trimestre. Foi uma alta mais acelerada que a da carteira de crédito, o que indica que os empréstimos estão de fato mais rentáveis.

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“A margem com clientes se expandiu 2,8% em um trimestre e 8% em um ano, representando, em nossa opinião, o principal destaque positivo, e evidenciando a capacidade do banco de trabalhar margens mais favoráveis apesar do crescimento nada estelar da carteira”, afirmou Rafael Reis, analista do BB Investimentos.

Menos cíclico

O ambiente mais difícil do próximo ano deve colocar à prova os esforços de Leão para tornar o banco menos sensível aos ciclos de economia. Ele assumiu o Santander no início de 2022, quando os efeitos do “combo” entre inflação e juros altos começavam a se materializar na economia. Dois anos depois, acredita que o banco tem condições de chegar a 20% de rentabilidade ou mais, mesmo em um ambiente mais difícil.

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Reduzir a dependência do crédito foi o primeiro passo. Nos últimos dois anos, a participação dos serviços na receita total do varejo pessoa física do banco aumentou 7%. Outros dois passos foram ampliar o relacionamento com clientes de alta renda, que geram mais receita e menos inadimplência; e aumentar a participação do varejo na captação de depósitos, para reduzir os custos.

Mudar o perfil da captação diz respeito a outra transição que o banco quer fazer. Por depender mais de depósitos de atacado, o Santander perdia margem em ciclos de alta dos juros, diante do confronto entre uma carteira de crédito prefixada e uma captação pós-fixada. Entre 2022 e 2023, a tesouraria amargou perdas devido a esse fator.

O objetivo é reduzir esta sensibilidade, uma agenda que vai além do atual aperto monetário. “Vamos continuar buscando neutralizar mais e mais esse movimento”, disse Leão.

Menos de um ano depois de retomar um crescimento mais representativo no crédito, o Santander Brasil voltou a pisar no freio. A desaceleração da carteira do banco foi o ponto negativo de um terceiro trimestre de boas notícias — o lucro líquido gerencial no terceiro trimestre foi de R$ 3,664 bilhões, uma alta de 34,3% em relação ao mesmo período do ano passado —, e a instituição sinalizou que a redução de ritmo deve continuar.

O discurso do Santander contrasta com os números da economia brasileira, que cresce na casa dos 3%, com o menor desemprego em uma década. No entanto, assim como no começo de 2022, o banco olha adiante, e enxerga um cenário menos otimista com a alta dos juros, que deve pressionar o caixa das empresas, em especial as médias, e manter o risco alto nas carteiras de pessoa física de baixa renda.

O crescimento anual da carteira ampliada do Santander caiu dos 7,8% vistos no segundo trimestre deste ano para 6,1% no terceiro, diante das incertezas. Foi uma desaceleração maior que a esperada pelo mercado. Segundo o presidente do banco, Mario Leão, foi um movimento consciente.

“Deve continuar a partir do quarto trimestre”, afirmou ele em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 29. O padrão tende a se repetir no atacado, cuja carteira caiu 4,3% em um ano diante do câmbio e da concorrência com o mercado de capitais. E também se estenderá ao crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, em que os cortes no teto de juros feitos pelo governo desde o ano passado comprimiram a margem.

Balanço foi recebido de forma positiva por analistas financeiros Foto: Nilton Fukuda / Estadão

Apesar da reação inicial na Bolsa negativa — os ativos do Santander (SANB11) cederam 5,13% e lideraram as perdas do Ibovespa nesta terça-feira, 29 —, analistas de mercado receberam o balanço de forma positiva. O Santander teve lucro líquido de R$ 3,664 bilhões, alta de 34,3% em um ano, e o maior resultado desde o segundo trimestre de 2022. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco atingiu 17%, contra os cerca de 16% esperados pelo mercado. Os números foram fruto do crescimento das receitas e do controle da inadimplência.

“Continuamos a ver o Santander com uma tendência de melhora, com as metas do presidente Mario Leão de melhorar a fidelidade dos clientes, as receitas com serviços e a captação de varejo contribuindo positivamente e reduzindo o caráter cíclico do banco”, escreveu em relatório Eduardo Rosman, do BTG Pactual.

Qualidade, não quantidade

Leão afirmou que o objetivo do Santander é alocar capital nas linhas que tragam maior rentabilidade ao banco de forma ampla. Além de avaliar o retorno da linha isoladamente, o banco orienta decisões a partir do potencial de venda de mais produtos e serviços àquele cliente.

“Queremos sim crescer, mas queremos antes ser mais rentáveis”, disse ele a analistas de mercado. De acordo com o executivo, o crédito deixa de ser a finalidade máxima da operação e passa a ser um meio para atingir a nova prioridade: estabelecer relações mais duradouras (e rentáveis) com os clientes.

Em números, isso significa obter o máximo de receita a partir do crédito concedido. A margem com clientes do Santander, que mede o ganho do banco com os juros dos empréstimos, cresceu 8% em um ano, chegando a R$ 14,902 bilhões no terceiro trimestre. Foi uma alta mais acelerada que a da carteira de crédito, o que indica que os empréstimos estão de fato mais rentáveis.

“A margem com clientes se expandiu 2,8% em um trimestre e 8% em um ano, representando, em nossa opinião, o principal destaque positivo, e evidenciando a capacidade do banco de trabalhar margens mais favoráveis apesar do crescimento nada estelar da carteira”, afirmou Rafael Reis, analista do BB Investimentos.

Menos cíclico

O ambiente mais difícil do próximo ano deve colocar à prova os esforços de Leão para tornar o banco menos sensível aos ciclos de economia. Ele assumiu o Santander no início de 2022, quando os efeitos do “combo” entre inflação e juros altos começavam a se materializar na economia. Dois anos depois, acredita que o banco tem condições de chegar a 20% de rentabilidade ou mais, mesmo em um ambiente mais difícil.

Reduzir a dependência do crédito foi o primeiro passo. Nos últimos dois anos, a participação dos serviços na receita total do varejo pessoa física do banco aumentou 7%. Outros dois passos foram ampliar o relacionamento com clientes de alta renda, que geram mais receita e menos inadimplência; e aumentar a participação do varejo na captação de depósitos, para reduzir os custos.

Mudar o perfil da captação diz respeito a outra transição que o banco quer fazer. Por depender mais de depósitos de atacado, o Santander perdia margem em ciclos de alta dos juros, diante do confronto entre uma carteira de crédito prefixada e uma captação pós-fixada. Entre 2022 e 2023, a tesouraria amargou perdas devido a esse fator.

O objetivo é reduzir esta sensibilidade, uma agenda que vai além do atual aperto monetário. “Vamos continuar buscando neutralizar mais e mais esse movimento”, disse Leão.

Menos de um ano depois de retomar um crescimento mais representativo no crédito, o Santander Brasil voltou a pisar no freio. A desaceleração da carteira do banco foi o ponto negativo de um terceiro trimestre de boas notícias — o lucro líquido gerencial no terceiro trimestre foi de R$ 3,664 bilhões, uma alta de 34,3% em relação ao mesmo período do ano passado —, e a instituição sinalizou que a redução de ritmo deve continuar.

O discurso do Santander contrasta com os números da economia brasileira, que cresce na casa dos 3%, com o menor desemprego em uma década. No entanto, assim como no começo de 2022, o banco olha adiante, e enxerga um cenário menos otimista com a alta dos juros, que deve pressionar o caixa das empresas, em especial as médias, e manter o risco alto nas carteiras de pessoa física de baixa renda.

O crescimento anual da carteira ampliada do Santander caiu dos 7,8% vistos no segundo trimestre deste ano para 6,1% no terceiro, diante das incertezas. Foi uma desaceleração maior que a esperada pelo mercado. Segundo o presidente do banco, Mario Leão, foi um movimento consciente.

“Deve continuar a partir do quarto trimestre”, afirmou ele em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 29. O padrão tende a se repetir no atacado, cuja carteira caiu 4,3% em um ano diante do câmbio e da concorrência com o mercado de capitais. E também se estenderá ao crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, em que os cortes no teto de juros feitos pelo governo desde o ano passado comprimiram a margem.

Balanço foi recebido de forma positiva por analistas financeiros Foto: Nilton Fukuda / Estadão

Apesar da reação inicial na Bolsa negativa — os ativos do Santander (SANB11) cederam 5,13% e lideraram as perdas do Ibovespa nesta terça-feira, 29 —, analistas de mercado receberam o balanço de forma positiva. O Santander teve lucro líquido de R$ 3,664 bilhões, alta de 34,3% em um ano, e o maior resultado desde o segundo trimestre de 2022. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco atingiu 17%, contra os cerca de 16% esperados pelo mercado. Os números foram fruto do crescimento das receitas e do controle da inadimplência.

“Continuamos a ver o Santander com uma tendência de melhora, com as metas do presidente Mario Leão de melhorar a fidelidade dos clientes, as receitas com serviços e a captação de varejo contribuindo positivamente e reduzindo o caráter cíclico do banco”, escreveu em relatório Eduardo Rosman, do BTG Pactual.

Qualidade, não quantidade

Leão afirmou que o objetivo do Santander é alocar capital nas linhas que tragam maior rentabilidade ao banco de forma ampla. Além de avaliar o retorno da linha isoladamente, o banco orienta decisões a partir do potencial de venda de mais produtos e serviços àquele cliente.

“Queremos sim crescer, mas queremos antes ser mais rentáveis”, disse ele a analistas de mercado. De acordo com o executivo, o crédito deixa de ser a finalidade máxima da operação e passa a ser um meio para atingir a nova prioridade: estabelecer relações mais duradouras (e rentáveis) com os clientes.

Em números, isso significa obter o máximo de receita a partir do crédito concedido. A margem com clientes do Santander, que mede o ganho do banco com os juros dos empréstimos, cresceu 8% em um ano, chegando a R$ 14,902 bilhões no terceiro trimestre. Foi uma alta mais acelerada que a da carteira de crédito, o que indica que os empréstimos estão de fato mais rentáveis.

“A margem com clientes se expandiu 2,8% em um trimestre e 8% em um ano, representando, em nossa opinião, o principal destaque positivo, e evidenciando a capacidade do banco de trabalhar margens mais favoráveis apesar do crescimento nada estelar da carteira”, afirmou Rafael Reis, analista do BB Investimentos.

Menos cíclico

O ambiente mais difícil do próximo ano deve colocar à prova os esforços de Leão para tornar o banco menos sensível aos ciclos de economia. Ele assumiu o Santander no início de 2022, quando os efeitos do “combo” entre inflação e juros altos começavam a se materializar na economia. Dois anos depois, acredita que o banco tem condições de chegar a 20% de rentabilidade ou mais, mesmo em um ambiente mais difícil.

Reduzir a dependência do crédito foi o primeiro passo. Nos últimos dois anos, a participação dos serviços na receita total do varejo pessoa física do banco aumentou 7%. Outros dois passos foram ampliar o relacionamento com clientes de alta renda, que geram mais receita e menos inadimplência; e aumentar a participação do varejo na captação de depósitos, para reduzir os custos.

Mudar o perfil da captação diz respeito a outra transição que o banco quer fazer. Por depender mais de depósitos de atacado, o Santander perdia margem em ciclos de alta dos juros, diante do confronto entre uma carteira de crédito prefixada e uma captação pós-fixada. Entre 2022 e 2023, a tesouraria amargou perdas devido a esse fator.

O objetivo é reduzir esta sensibilidade, uma agenda que vai além do atual aperto monetário. “Vamos continuar buscando neutralizar mais e mais esse movimento”, disse Leão.

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