As varejistas de fast fashion Shein e Forever 21 anunciaram nesta quinta-feira, 24, um acordo de parceria, sob o qual a Shein irá adquirir cerca de um terço das participações no Sparc Group, dono da Forever 21. O Sparc também se tornará acionista minoritário da Shein.
A expectativa é de que o acordo expanda a distribuição da Forever 21 para a plataforma global de comércio eletrônico da Shein, que já atraiu 150 milhões de usuários na internet. Por sua vez, a parceria “também oferece a oportunidade de testar” as vendas e devoluções de produtos Shein em lojas físicas da Forever 21 nos EUA, disseram as empresas em um comunicado conjunto.
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A Forever 21 tem mais de 540 locais em todo o mundo e online. O anúncio não revelou detalhes financeiros do negócio. O Wall Street Journal relatou pela primeira vez o acordo entre a Shein e o Sparc nesta quinta-feira.
O Sparc Group é uma joint venture que inclui a empresa de desenvolvimento de marcas Authentic Brands Group e a operadora de shopping Simon Property Group. Além da Forever 21, com sede nos EUA – que saiu da falência há apenas três anos – o Sparc também fabrica e distribui roupas para marcas como Aéropostale, Eddie Bauer e Reebook.
Enquanto isso, a Shein, de origem chinesa, teve uma ascensão meteórica nos EUA ao oferecer roupas e itens de baixo custo. Seu público principal são mulheres mais jovens, com quem a empresa se relaciona por meio de postagens nas redes sociais, com parcerias com influenciadores e celebridades.
Neil Saunders, diretor-gerente da GlobalData Retail, diz que a nova parceria “faz sentido para ambas as partes” – observando que a Forever 21, que ainda enfrenta algumas dificuldades no mundo da fast fashion, pode ver um rápido crescimento na considerável plataforma online da Shein e que a Shein “também vai esperar que a adição de um nome americano bem conhecido irá ajudar a diminuir o foco em suas práticas de fabricação, que estão sob escrutínio”.
A Shein e a Forever 21 enfrentaram fortes críticas a respeito do impacto ambiental de sua produção de fast fashion e alegações de práticas trabalhistas antiéticas. No início deste ano, a Shein foi acusada de violação de direitos autorais. Também há preocupações constantes entre alguns legisladores e grupos de defesa sobre as suas cadeias de abastecimento.
Em maio, um grupo bipartidário de legisladores americanos pediu à Securities and Exchange Commission (SEC), que regula o mercado de capitais nos EUA, que travasse uma oferta pública inicial da Shein até verificar que a empresa não utiliza trabalho forçado da população uigur da China, predominantemente muçulmana. Um relatório de junho do Congresso americano também revelou uma crítica contundente à Shein e a outro varejista de moda chinês, o Temu – que processou a Shein no mês passado, acusando a sua rival de violar a lei antitruste dos EUA ao impedir que os fabricantes de vestuário trabalhassem com a empresa.
Os legisladores também têm tentado reprimir uma regra comercial centenária que beneficia tanto a Shein quanto o Temu. De acordo com a disposição, os pacotes importados com valor inferior a US$ 800 recebem isenções fiscais e menos supervisão da alfândega dos EUA.
Em junho, a Shein disse que a “política da empresa é cumprir as leis alfandegárias e de importação dos países em que operamos”. A empresa afirmou também que tem “tolerância zero” com o trabalho forçado e que implementou um sistema robusto para garantir o cumprimento da lei dos EUA. A Shein, que agora tem sede em Cingapura, também tentou distanciar-se da China nos últimos anos. De acordo com o Wall Street Journal, a Shein não vende produtos na China e nega adquirir algodão do país.
Embora se espere que a Shein e a Forever 21 se beneficiem da parceria recém-anunciada, a Shein ainda “tem uma vantagem, pois está operando em uma posição de força e já está tirando participação da Forever 21 e de outros”, disse Saunders. “Isso é uma espécie de admissão da Forever 21 de que não é capaz de construir o crescimento em seu próprio negócio da maneira que gostaria. Há um elemento de ‘se você não pode vencê-los, junte-se a eles’”. / AP