Público de shoppings está 20% abaixo do pré-pandemia: será que o cliente vai voltar?


Apesar disso, segundo a Abrasce, o volume nominal de vendas de 2022, de R$ 202 bilhões, já superou a marca de 2019, que havia sido de R$ 193 bilhões

Por Lucas Agrela e Circe Bonatelli

Mesmo com o arrefecimento da pandemia de covid-19, o hábito de ir ao shopping center não voltou ao normal. Os estabelecimentos deixaram de receber mais 100 milhões de visitas, uma queda de 21% do patamar de 505 milhões, em 2019, para 397 milhões, em 2022, de acordo com dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce).

Apesar de o retorno ao trabalho presencial em muitas empresas e da liberdade para passear em segurança, mesmo em meio a multidões, os shoppings não estão lotados como antes. Uma pesquisa qualitativa feita pela Abrasce captou uma queda na frequência dos visitantes que costumavam ser os mais assíduos. Pessoas que tinham por hábito ir até seis vezes por mês aos centros de compra atualmente recuaram para a faixa de quatro a cinco vezes.

Para Glauco Humai, presidente da Abrasce, há duas hipóteses para explicar esse novo comportamento. A primeira delas é que boa parte dos shoppings estão localizados em regiões de escritórios. Ou seja, muitos visitantes eram os trabalhadores que entravam nos shoppings na hora do almoço ou depois do expediente. Hoje, esse público trabalha de casa alguns dias por semana. “Eles trabalham em home office e não estão frequentando tanto o shopping quanto antes”, observa Humai.

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Shopping center ainda não teve retomada do público pré-pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O segundo fator é o aumento de vendas no comércio eletrônico. As pessoas buscam na internet desde livros e eletrônicos até roupas, calçados e alimentos, “roubando” uma parcela das compras que antes eram feitas presencialmente nos shoppings. Na visão de Lorain Pazzetto, executivo da empresa de tecnologia de varejo Grupo FCamara, a circulação de consumidores em shoppings e em lojas físicas não retornou ao normal devido à experiência que tiveram com o comércio eletrônico nos últimos anos.

“O mundo físico cobra preços mais altos porque tem menos concorrentes ao lado. Na internet, os preços são mais baixos e a comparação é mais simples. É diferente de ter de se deslocar para outro shopping ou ir até diferentes lojas para ver o preço da mesma camiseta. A pandemia também intensificou a experimentação das possibilidades das compras via internet, como cashback e outros benefícios. Além disso, as pessoas se tornaram mais bancarizadas e podem comprar online”, afirma.

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“Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá”

Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls

Retorno gradual

Segundo Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls, a retomada da circulação nos shoppings deve acontecer, mas com experiências que vão além de lojas e restaurantes. “Os shoppings já estão se ajustando à nova realidade em que o centro de compras terá recorrência devido a consultas médicas, cinema, almoços ou eventos. Por isso, vemos eventos como a exposição Mundo Pixar, no Eldorado, ou a exposição do Van Gogh, no Morumbi Shopping”, diz.

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Para o especialista, os shoppings que se adequarem tendem a ter uma retomada mais veloz. “Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá. Por isso, os shopping buscam formas de criar novas razões para as pessoas irem até eles”, afirma.

Outro fator que deve ajudar é a esperada melhora nas safras de filmes. A indústria do cinema foi uma das mais afetadas pela pandemia, com muitas produções paralisadas, canceladas ou postergadas. E os lançamentos de blockbusters são um grande chamariz.

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Vendas já superam 2019

As vendas dos shoppings do País caminham para crescer 27,4% em 2022, na comparação com 2021, em termos nominais (sem levar em conta a inflação do período), atingindo a marca de R$ 202 bilhões, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Em termos reais (descontando a inflação), a alta prevista é de 18% no período.

Se confirmado, o resultado representará o maior patamar de vendas da história do setor em termos nominais e uma recuperação importante perante 2019 (R$ 193 bilhões), o último antes da chegada da pandemia que provocou o fechamento do comércio. As vendas nos shoppings voltaram sete anos no tempo devido à crise sanitária. Em 2020, o faturamento desabou 33%, batendo em R$ 129 bilhões, o mesmo volume de 2013.

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“Alguns analistas tinham falado que o setor ia levar cinco a seis anos para recuperar as vendas. Estamos vendo que isso vai acontecer em apenas dois anos”, destaca o presidente da Abrasce.

Mesmo com o arrefecimento da pandemia de covid-19, o hábito de ir ao shopping center não voltou ao normal. Os estabelecimentos deixaram de receber mais 100 milhões de visitas, uma queda de 21% do patamar de 505 milhões, em 2019, para 397 milhões, em 2022, de acordo com dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce).

Apesar de o retorno ao trabalho presencial em muitas empresas e da liberdade para passear em segurança, mesmo em meio a multidões, os shoppings não estão lotados como antes. Uma pesquisa qualitativa feita pela Abrasce captou uma queda na frequência dos visitantes que costumavam ser os mais assíduos. Pessoas que tinham por hábito ir até seis vezes por mês aos centros de compra atualmente recuaram para a faixa de quatro a cinco vezes.

Para Glauco Humai, presidente da Abrasce, há duas hipóteses para explicar esse novo comportamento. A primeira delas é que boa parte dos shoppings estão localizados em regiões de escritórios. Ou seja, muitos visitantes eram os trabalhadores que entravam nos shoppings na hora do almoço ou depois do expediente. Hoje, esse público trabalha de casa alguns dias por semana. “Eles trabalham em home office e não estão frequentando tanto o shopping quanto antes”, observa Humai.

Shopping center ainda não teve retomada do público pré-pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O segundo fator é o aumento de vendas no comércio eletrônico. As pessoas buscam na internet desde livros e eletrônicos até roupas, calçados e alimentos, “roubando” uma parcela das compras que antes eram feitas presencialmente nos shoppings. Na visão de Lorain Pazzetto, executivo da empresa de tecnologia de varejo Grupo FCamara, a circulação de consumidores em shoppings e em lojas físicas não retornou ao normal devido à experiência que tiveram com o comércio eletrônico nos últimos anos.

“O mundo físico cobra preços mais altos porque tem menos concorrentes ao lado. Na internet, os preços são mais baixos e a comparação é mais simples. É diferente de ter de se deslocar para outro shopping ou ir até diferentes lojas para ver o preço da mesma camiseta. A pandemia também intensificou a experimentação das possibilidades das compras via internet, como cashback e outros benefícios. Além disso, as pessoas se tornaram mais bancarizadas e podem comprar online”, afirma.

“Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá”

Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls

Retorno gradual

Segundo Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls, a retomada da circulação nos shoppings deve acontecer, mas com experiências que vão além de lojas e restaurantes. “Os shoppings já estão se ajustando à nova realidade em que o centro de compras terá recorrência devido a consultas médicas, cinema, almoços ou eventos. Por isso, vemos eventos como a exposição Mundo Pixar, no Eldorado, ou a exposição do Van Gogh, no Morumbi Shopping”, diz.

Para o especialista, os shoppings que se adequarem tendem a ter uma retomada mais veloz. “Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá. Por isso, os shopping buscam formas de criar novas razões para as pessoas irem até eles”, afirma.

Outro fator que deve ajudar é a esperada melhora nas safras de filmes. A indústria do cinema foi uma das mais afetadas pela pandemia, com muitas produções paralisadas, canceladas ou postergadas. E os lançamentos de blockbusters são um grande chamariz.

Vendas já superam 2019

As vendas dos shoppings do País caminham para crescer 27,4% em 2022, na comparação com 2021, em termos nominais (sem levar em conta a inflação do período), atingindo a marca de R$ 202 bilhões, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Em termos reais (descontando a inflação), a alta prevista é de 18% no período.

Se confirmado, o resultado representará o maior patamar de vendas da história do setor em termos nominais e uma recuperação importante perante 2019 (R$ 193 bilhões), o último antes da chegada da pandemia que provocou o fechamento do comércio. As vendas nos shoppings voltaram sete anos no tempo devido à crise sanitária. Em 2020, o faturamento desabou 33%, batendo em R$ 129 bilhões, o mesmo volume de 2013.

“Alguns analistas tinham falado que o setor ia levar cinco a seis anos para recuperar as vendas. Estamos vendo que isso vai acontecer em apenas dois anos”, destaca o presidente da Abrasce.

Mesmo com o arrefecimento da pandemia de covid-19, o hábito de ir ao shopping center não voltou ao normal. Os estabelecimentos deixaram de receber mais 100 milhões de visitas, uma queda de 21% do patamar de 505 milhões, em 2019, para 397 milhões, em 2022, de acordo com dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce).

Apesar de o retorno ao trabalho presencial em muitas empresas e da liberdade para passear em segurança, mesmo em meio a multidões, os shoppings não estão lotados como antes. Uma pesquisa qualitativa feita pela Abrasce captou uma queda na frequência dos visitantes que costumavam ser os mais assíduos. Pessoas que tinham por hábito ir até seis vezes por mês aos centros de compra atualmente recuaram para a faixa de quatro a cinco vezes.

Para Glauco Humai, presidente da Abrasce, há duas hipóteses para explicar esse novo comportamento. A primeira delas é que boa parte dos shoppings estão localizados em regiões de escritórios. Ou seja, muitos visitantes eram os trabalhadores que entravam nos shoppings na hora do almoço ou depois do expediente. Hoje, esse público trabalha de casa alguns dias por semana. “Eles trabalham em home office e não estão frequentando tanto o shopping quanto antes”, observa Humai.

Shopping center ainda não teve retomada do público pré-pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O segundo fator é o aumento de vendas no comércio eletrônico. As pessoas buscam na internet desde livros e eletrônicos até roupas, calçados e alimentos, “roubando” uma parcela das compras que antes eram feitas presencialmente nos shoppings. Na visão de Lorain Pazzetto, executivo da empresa de tecnologia de varejo Grupo FCamara, a circulação de consumidores em shoppings e em lojas físicas não retornou ao normal devido à experiência que tiveram com o comércio eletrônico nos últimos anos.

“O mundo físico cobra preços mais altos porque tem menos concorrentes ao lado. Na internet, os preços são mais baixos e a comparação é mais simples. É diferente de ter de se deslocar para outro shopping ou ir até diferentes lojas para ver o preço da mesma camiseta. A pandemia também intensificou a experimentação das possibilidades das compras via internet, como cashback e outros benefícios. Além disso, as pessoas se tornaram mais bancarizadas e podem comprar online”, afirma.

“Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá”

Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls

Retorno gradual

Segundo Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls, a retomada da circulação nos shoppings deve acontecer, mas com experiências que vão além de lojas e restaurantes. “Os shoppings já estão se ajustando à nova realidade em que o centro de compras terá recorrência devido a consultas médicas, cinema, almoços ou eventos. Por isso, vemos eventos como a exposição Mundo Pixar, no Eldorado, ou a exposição do Van Gogh, no Morumbi Shopping”, diz.

Para o especialista, os shoppings que se adequarem tendem a ter uma retomada mais veloz. “Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá. Por isso, os shopping buscam formas de criar novas razões para as pessoas irem até eles”, afirma.

Outro fator que deve ajudar é a esperada melhora nas safras de filmes. A indústria do cinema foi uma das mais afetadas pela pandemia, com muitas produções paralisadas, canceladas ou postergadas. E os lançamentos de blockbusters são um grande chamariz.

Vendas já superam 2019

As vendas dos shoppings do País caminham para crescer 27,4% em 2022, na comparação com 2021, em termos nominais (sem levar em conta a inflação do período), atingindo a marca de R$ 202 bilhões, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Em termos reais (descontando a inflação), a alta prevista é de 18% no período.

Se confirmado, o resultado representará o maior patamar de vendas da história do setor em termos nominais e uma recuperação importante perante 2019 (R$ 193 bilhões), o último antes da chegada da pandemia que provocou o fechamento do comércio. As vendas nos shoppings voltaram sete anos no tempo devido à crise sanitária. Em 2020, o faturamento desabou 33%, batendo em R$ 129 bilhões, o mesmo volume de 2013.

“Alguns analistas tinham falado que o setor ia levar cinco a seis anos para recuperar as vendas. Estamos vendo que isso vai acontecer em apenas dois anos”, destaca o presidente da Abrasce.

Mesmo com o arrefecimento da pandemia de covid-19, o hábito de ir ao shopping center não voltou ao normal. Os estabelecimentos deixaram de receber mais 100 milhões de visitas, uma queda de 21% do patamar de 505 milhões, em 2019, para 397 milhões, em 2022, de acordo com dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce).

Apesar de o retorno ao trabalho presencial em muitas empresas e da liberdade para passear em segurança, mesmo em meio a multidões, os shoppings não estão lotados como antes. Uma pesquisa qualitativa feita pela Abrasce captou uma queda na frequência dos visitantes que costumavam ser os mais assíduos. Pessoas que tinham por hábito ir até seis vezes por mês aos centros de compra atualmente recuaram para a faixa de quatro a cinco vezes.

Para Glauco Humai, presidente da Abrasce, há duas hipóteses para explicar esse novo comportamento. A primeira delas é que boa parte dos shoppings estão localizados em regiões de escritórios. Ou seja, muitos visitantes eram os trabalhadores que entravam nos shoppings na hora do almoço ou depois do expediente. Hoje, esse público trabalha de casa alguns dias por semana. “Eles trabalham em home office e não estão frequentando tanto o shopping quanto antes”, observa Humai.

Shopping center ainda não teve retomada do público pré-pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O segundo fator é o aumento de vendas no comércio eletrônico. As pessoas buscam na internet desde livros e eletrônicos até roupas, calçados e alimentos, “roubando” uma parcela das compras que antes eram feitas presencialmente nos shoppings. Na visão de Lorain Pazzetto, executivo da empresa de tecnologia de varejo Grupo FCamara, a circulação de consumidores em shoppings e em lojas físicas não retornou ao normal devido à experiência que tiveram com o comércio eletrônico nos últimos anos.

“O mundo físico cobra preços mais altos porque tem menos concorrentes ao lado. Na internet, os preços são mais baixos e a comparação é mais simples. É diferente de ter de se deslocar para outro shopping ou ir até diferentes lojas para ver o preço da mesma camiseta. A pandemia também intensificou a experimentação das possibilidades das compras via internet, como cashback e outros benefícios. Além disso, as pessoas se tornaram mais bancarizadas e podem comprar online”, afirma.

“Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá”

Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls

Retorno gradual

Segundo Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls, a retomada da circulação nos shoppings deve acontecer, mas com experiências que vão além de lojas e restaurantes. “Os shoppings já estão se ajustando à nova realidade em que o centro de compras terá recorrência devido a consultas médicas, cinema, almoços ou eventos. Por isso, vemos eventos como a exposição Mundo Pixar, no Eldorado, ou a exposição do Van Gogh, no Morumbi Shopping”, diz.

Para o especialista, os shoppings que se adequarem tendem a ter uma retomada mais veloz. “Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá. Por isso, os shopping buscam formas de criar novas razões para as pessoas irem até eles”, afirma.

Outro fator que deve ajudar é a esperada melhora nas safras de filmes. A indústria do cinema foi uma das mais afetadas pela pandemia, com muitas produções paralisadas, canceladas ou postergadas. E os lançamentos de blockbusters são um grande chamariz.

Vendas já superam 2019

As vendas dos shoppings do País caminham para crescer 27,4% em 2022, na comparação com 2021, em termos nominais (sem levar em conta a inflação do período), atingindo a marca de R$ 202 bilhões, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Em termos reais (descontando a inflação), a alta prevista é de 18% no período.

Se confirmado, o resultado representará o maior patamar de vendas da história do setor em termos nominais e uma recuperação importante perante 2019 (R$ 193 bilhões), o último antes da chegada da pandemia que provocou o fechamento do comércio. As vendas nos shoppings voltaram sete anos no tempo devido à crise sanitária. Em 2020, o faturamento desabou 33%, batendo em R$ 129 bilhões, o mesmo volume de 2013.

“Alguns analistas tinham falado que o setor ia levar cinco a seis anos para recuperar as vendas. Estamos vendo que isso vai acontecer em apenas dois anos”, destaca o presidente da Abrasce.

Mesmo com o arrefecimento da pandemia de covid-19, o hábito de ir ao shopping center não voltou ao normal. Os estabelecimentos deixaram de receber mais 100 milhões de visitas, uma queda de 21% do patamar de 505 milhões, em 2019, para 397 milhões, em 2022, de acordo com dados da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce).

Apesar de o retorno ao trabalho presencial em muitas empresas e da liberdade para passear em segurança, mesmo em meio a multidões, os shoppings não estão lotados como antes. Uma pesquisa qualitativa feita pela Abrasce captou uma queda na frequência dos visitantes que costumavam ser os mais assíduos. Pessoas que tinham por hábito ir até seis vezes por mês aos centros de compra atualmente recuaram para a faixa de quatro a cinco vezes.

Para Glauco Humai, presidente da Abrasce, há duas hipóteses para explicar esse novo comportamento. A primeira delas é que boa parte dos shoppings estão localizados em regiões de escritórios. Ou seja, muitos visitantes eram os trabalhadores que entravam nos shoppings na hora do almoço ou depois do expediente. Hoje, esse público trabalha de casa alguns dias por semana. “Eles trabalham em home office e não estão frequentando tanto o shopping quanto antes”, observa Humai.

Shopping center ainda não teve retomada do público pré-pandemia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O segundo fator é o aumento de vendas no comércio eletrônico. As pessoas buscam na internet desde livros e eletrônicos até roupas, calçados e alimentos, “roubando” uma parcela das compras que antes eram feitas presencialmente nos shoppings. Na visão de Lorain Pazzetto, executivo da empresa de tecnologia de varejo Grupo FCamara, a circulação de consumidores em shoppings e em lojas físicas não retornou ao normal devido à experiência que tiveram com o comércio eletrônico nos últimos anos.

“O mundo físico cobra preços mais altos porque tem menos concorrentes ao lado. Na internet, os preços são mais baixos e a comparação é mais simples. É diferente de ter de se deslocar para outro shopping ou ir até diferentes lojas para ver o preço da mesma camiseta. A pandemia também intensificou a experimentação das possibilidades das compras via internet, como cashback e outros benefícios. Além disso, as pessoas se tornaram mais bancarizadas e podem comprar online”, afirma.

“Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá”

Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls

Retorno gradual

Segundo Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls, a retomada da circulação nos shoppings deve acontecer, mas com experiências que vão além de lojas e restaurantes. “Os shoppings já estão se ajustando à nova realidade em que o centro de compras terá recorrência devido a consultas médicas, cinema, almoços ou eventos. Por isso, vemos eventos como a exposição Mundo Pixar, no Eldorado, ou a exposição do Van Gogh, no Morumbi Shopping”, diz.

Para o especialista, os shoppings que se adequarem tendem a ter uma retomada mais veloz. “Antes, era necessário ir a uma loja física para comprar alguma coisa. Agora, é preciso preferir ir até lá. Por isso, os shopping buscam formas de criar novas razões para as pessoas irem até eles”, afirma.

Outro fator que deve ajudar é a esperada melhora nas safras de filmes. A indústria do cinema foi uma das mais afetadas pela pandemia, com muitas produções paralisadas, canceladas ou postergadas. E os lançamentos de blockbusters são um grande chamariz.

Vendas já superam 2019

As vendas dos shoppings do País caminham para crescer 27,4% em 2022, na comparação com 2021, em termos nominais (sem levar em conta a inflação do período), atingindo a marca de R$ 202 bilhões, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Em termos reais (descontando a inflação), a alta prevista é de 18% no período.

Se confirmado, o resultado representará o maior patamar de vendas da história do setor em termos nominais e uma recuperação importante perante 2019 (R$ 193 bilhões), o último antes da chegada da pandemia que provocou o fechamento do comércio. As vendas nos shoppings voltaram sete anos no tempo devido à crise sanitária. Em 2020, o faturamento desabou 33%, batendo em R$ 129 bilhões, o mesmo volume de 2013.

“Alguns analistas tinham falado que o setor ia levar cinco a seis anos para recuperar as vendas. Estamos vendo que isso vai acontecer em apenas dois anos”, destaca o presidente da Abrasce.

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