Há pouco mais de um ano com atuação no mercado internacional, a produtora de lítio Sigma Lithium, com operações no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, fez sua primeira transação comercial com uma trading de Abu Dhabi, dos Emirados Árabes Unidos, a International Resources Holding (IRH). O negócio envolveu 22 mil toneladas de concentrado de lítio, volume equivalente à capacidade de produção mensal da fabricante, com sede no Canadá e operação no Brasil. A empresa iniciou a produção no ano passado.
Em comunicado, a Sigma destaca a diversificação de mercado. A empresa fez sua primeira remessa de lítio ao exterior em julho do ano passado, 15 mil toneladas, para a China. Depois, foram efetuadas várias vendas com a trading de origem suíça Glencore. As duas últimas cargas de concentrado de lítio foram para a japonesa Mitsubishi Corporation.
A empresa conta com capacidade anual de 270 mil toneladas de concentrado de lítio, que é refinado por empresas especializadas - a maioria delas na China - e utilizado na fabricação de baterias para carros elétricos.
Ana Cabral, CEO e copresidente da Sigma, destacou a importância da aliança comercial com a IRH, abrindo caminho para construir uma cadeia de suprimentos de materiais de lítio que são “produzidos eticamente, de baixo carbono, ambientalmente e socialmente sustentáveis”. “Será uma alternativa ao fornecimento opaco predominante de produtos químicos de lítio, que determinam os preços do lítio na indústria, independentemente da rastreabilidade”, afirmou, em comunicado.
A Sigma informou ainda que o total de produção de lítio “quíntuplo zero” (sem emissão de carbono, sem barragens de rejeitos, sem uso de água potável, sem uso de produtos químicos tóxicos e com uso de energia renovável) no terceiro trimestre totalizou 60.237 toneladas, superando a meta 60 mil toneladas. O desempenho, diz a empresa, representa alta de 22% sobre os níveis do segundo trimestre do ano com produção sustentada na capacidade de 270 mil toneladas de concentrado de lítio por ano.
Segundo a Sigma, a IRH é uma companhia líder no comércio de metais, apoiada por forte balanço patrimonial de Abu Dhabi e que o relacionamento com a trading do Emirado mostra um foco crescente em metais de bateria por Abu Dhabi de forma mais ampla. Cabral afirma que está muito satisfeita com o desempenho deste trimestre, vai manter o ritmo no último trimestre do ano e que a empresa se mantém no caminho para entregar os investimentos de expansão.
No momento, a Sigma está em fase de construção da segunda linha de produção de concentrado de lítio, ao lado da atual, que fica em Araçuaí (MG). As reservas do mineral da empresa avançam também para o município de Itinga. O investimento conta com financiamento do BNDES, dentro da linha de suporte à produção de materiais da transição energética, no total de R$ 487 milhões. A expansão está orçada em R$ 492 milhões para uma linha apta a fazer 250 mil toneladas de concentrado por ano e deve ficar pronta em meados de 2025.
Com isso, as operações da Sigma vão totalizar 520 mil toneladas de concentrado por ano. A expansão, com suporte de recursos públicos, ocorre numa fase crítica do mercado global de lítio verificada a partir de maio de 2023. A demanda pela indústria de carros elétricos sofreu desaceleração, derrubando os preços a patamares bem abaixo dos níveis de 2022 - cerca de 80% de queda. A China é ainda onde se verifica maior fabricação de veículos elétricos, mas Europa e Estados Unidos vêm mostrando ritmo de crescimento.