BARCELONA - A Telefônica Brasil (dona da Vivo) está buscando acelerar a diversificação das receitas provenientes de serviços digitais, como parte de uma iniciativa para transformar a companhia em um ecossistema completo de tecnologia, indo muito além da telefonia e internet.
A estratégia vem sendo colocada em prática nos últimos anos, mas tem pela frente novas fronteiras a serem exploradas. Uma delas é o desenvolvimento de ferramentas para desenvolvedores de aplicativos de qualquer área: bancos, montadoras, varejistas ou produtoras de games, por exemplo.
“Estamos buscando o crescimento em serviços digitais que vão além do universo de telecom”, ressaltou o presidente da Telefônica Brasil, Christian Gebara, em entrevista exclusiva para o Estadão/Broadcast durante a Mobile World Congress (MWC), principal feira global do setor, realizada em Barcelona.
A MWC serviu para a Telefônica conhecer as tendências de negócios, mas também para apresentar ao mundo o que tem feito. Na cerimônia de abertura do evento, com empresas de vários países, foi mostrada a parceria entre Telefônica e o Itaú Unibanco. O banco anunciou ser o primeiro do setor a criar sistemas antifraude baseados em novas ferramentas padronizadas de acesso à rede de internet.
Um dos serviços que surgiu foi a verificação do número do usuário sem envio de SMS, o que aumenta consideravelmente a segurança do acesso a contas bancárias e da recuperação de senhas. Outro serviço é a verificação automática de troca de chip, o que ajuda a evitar tentativas de apropriação de contas. São passos valiosos para o ecossistema digital e que vão diminuir as chances de golpes.
“Imaginamos um futuro em que esses protocolos vão habilitar transações bancárias mais rápidas e seguras e melhorar a experiência dos consumidores. E acreditamos que a iniciativa vai além do cenário antifraude”, afirmou o diretor de tecnologia do Itaú, Fábio Napoli, na abertura da MWC.
Do lado da Telefônica, esse é um forte sinal de que o mercado topa pagar por ferramentas que abram caminho para o desenvolvimento de outras aplicações. “É uma iniciativa que acreditamos e defendemos. Existem várias inteligências de rede que serão relevantes para desenvolvimento de novos aplicativos no futuro”, afirmou Gebara. “Somos muito otimistas com isso. O acordo com o Itaú já está sendo monetizado.”
Receita crescente com TI
A receita da Telefônica com tecnologia da informação para empresas está ganhando peso no seu balanço. A receita desse segmento cresceu 16% em 2023, totalizando R$ 4,3 bilhões, o que representa uma fatia de 8% do faturamento total.
“Acreditamos que vai continuar crescendo porque o nível de digitalização em geral é muito baixo, e nós temos relacionamento com empresas pequenas até as grandes”, afirmou o executivo, citando perspectiva de ganhar mais com serviços de nuvem, cibersegurança e internet das coisas.
Outro flanco da Telefônica é a oferta de serviços digitais aos consumidores. Nesse caso, a tele aproveita a sua base de 99 milhões de clientes como vitrine para oferecer serviços de outros setores. O carro-chefe aí é o Vivo Money, de seguros e empréstimos pessoais. A receita financeira originada aí disparou 36% em 2023, totalizando R$ 403 milhões.
A empresa já vendeu mais de 300 mil seguros para smartphones e, em breve, quer oferecer também seguros de outras áreas, como residenciais. “Com conhecimento do cliente e recorrência na interação com ele, poderemos vender mais seguros de outras naturezas e para outras bases”, comentou Gebara.
A Telefônica também tem parcerias com as plataformas de serviços de música e vídeo, como Globoplay, Netflix e Spotify. A empresa chegou a 2,7 milhões de assinantes, evolução de 19% no ano, enquanto a receita bateu em R$ 563 milhões, um avanço de 32%.