‘Temos de repensar o setor petroquímico’, diz Ivan Monteiro


Executivo, que assumiu estatal em junho, ainda vê dívida elevada e quer reformular estratégia no setor petroquímico

Por Fernanda Nunes, Monica Ciarelli e Marcio Rodrigues

A Petrobrás avalia uma possível mudança de rota no setor petroquímico. Em entrevista ao Broadcast/Estadão, o presidente da estatal, Ivan Monteiro, afirmou que a ideia é aproveitar o atual debate sobre o futuro da Braskem, da qual é sócia, para repensar o papel da petroleira no segmento como um todo.

No fim de 2016, a Petrobrás anunciou plano estratégico que previa abandonar “integralmente” investimentos em quatro áreas, entre elas a petroquímica. Desde então, suspendeu a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), vendeu a Petroquímica Suape, em Pernambuco, e começou a se movimentar para se desfazer de sua fatia na Braskem, em que divide o controle com a Odebrecht.

Sob nova gestão desde junho, quando Pedro Parente saiu da empresa na esteira da greve dos caminhoneiros, a Petrobrás decidiu aprofundar estudos no tema. O setor petroquímico “é importante na composição das grandes petroleiras”, disse Monteiro.

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O executivo afirmou ainda que a greve dos caminhoneiros deixou duas lições: a de que a estatal “é feita para os clientes” e que suas ações “influenciam a sociedade”. Além disso, reforçou que o nível de endividamento da empresa ainda não é saudável. “A gente ainda tem de melhorar muito.”

A seguir os principais trechos da entrevista:

A Petrobrás anunciou lucro de R$ 10 bilhões no 2º semestre. O grau de investimento pode voltar?

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Já houve recuperação nos ratings das três agências. Mas as métricas de endividamento da Petrobrás ainda são muito elevadas, muito acima da média da indústria. A gente ainda tem de melhorar muito.

A alta do preço do barril do petróleo tira a Petrobrás da crise?

O preço do petróleo brent sozinho não vai tirar a Petrobrás da crise, se ela não se preparar para colher os benefícios desse nível de petróleo mais elevado. De 2011 a 2014, o preço do petróleo era o dobro do que é hoje. Tem sido possível capturar esse benefício porque a empresa se preparou para isso.

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Como está o projeto de venda da participação na Braskem?

A gente está aguardando o resultado das negociações entre o Grupo Odebrecht e o LyondellBasell (empresa holandesa que negocia compra da participação da Odebrecht na Braskem). A gente fez um seminário interno, liderado pelo comitê de assessoramento ao conselho de administração. Estamos aumentando o nível de conhecimento para saber qual vai ser o nosso posicionamento. Não em relação à Braskem, mas em relação ao setor petroquímico.

A Petrobrás voltará a ter mais interesse no setor petroquímico?

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Esse setor é importante na composição das grandes petroleiras. Como a Petrobrás vai ter de se posicionar em relação à Braskem, é bom que se posicione em relação ao segmento como um todo. (A discussão) foi acelerada. É como se a gente pegasse um pedacinho do plano (a ser divulgado no fim do ano) e discutisse agora.

A greve dos caminhoneiros foi um divisor de águas para a direção da empresa?

Ninguém esperava que a greve tivesse a dimensão que teve. Ficou uma lição grande. A atuação da Petrobrás, em especial no segmento de refino, influencia a sociedade. Ela é feita para consumidores e clientes. Esse impacto a Petrobrás tem de levar em consideração. Seria o grande aprendizado dessa greve. Essa noção de que a Petrobrás existe para atender um consumidor e um cliente é algo importante.

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Por que a empresa cortou US$ 2 bilhões do investimento previsto para este ano?

Como já estamos em agosto, percebemos que a execução do investimento está acelerando, mas não conseguiremos atingir os US$ 17 bilhões (projetados no plano de negócios 2018-2022). Por isso anunciamos US$ 15 bilhões. A diferença vai ser transferida ao ano seguinte. A boa notícia é que os desembolsos estão acelerando. A dinâmica está bem melhor do que no primeiro semestre.

O sr. já havia dito que a alta do petróleo ajudou a elevar o valor dos ativos à venda, o que contribui para a meta de desinvestimento de US$ 21 bilhões para o ano. Mas isso é suficiente?

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Como o petróleo está mais alto, os valores que recebemos nas ofertas vinculantes estão num nível maior do que a gente imaginava. Mas é bem desafiador atingir US$ 21 bilhões. A gente está aguardando o retorno do tribunal (STF) do recesso para ver para onde vai caminhar essa decisão. É muito difícil compensar uma TAG (o valor que conseguiria com a venda da empresa de logística).

‘Bem desafiador' quer dizer que a meta pode não ser atingida?

A meta está mantida. Ficou bem desafiadora, mas vamos perseguir.

Qual o apetite da Petrobrás para o leilão de pré-sal?

Seria importante que o leilão acontecesse neste ano, porque o mercado de petróleo está em uma faixa de preços que há 90 dias ninguém imaginaria. As empresas precisam aumentar seus portfólios de exploração. Seria oportunidade única. Achamos possível realizar o leilão até o fim do ano.

Mas há capacidade de investimento?

Respeitado o nível seguro de alavancagem financeira, sim. A participação no leilão é uma prioridade, mas na época certa. Temos toda uma governança antes da participação em qualquer tipo de leilão.

A Petrobrás avalia uma possível mudança de rota no setor petroquímico. Em entrevista ao Broadcast/Estadão, o presidente da estatal, Ivan Monteiro, afirmou que a ideia é aproveitar o atual debate sobre o futuro da Braskem, da qual é sócia, para repensar o papel da petroleira no segmento como um todo.

No fim de 2016, a Petrobrás anunciou plano estratégico que previa abandonar “integralmente” investimentos em quatro áreas, entre elas a petroquímica. Desde então, suspendeu a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), vendeu a Petroquímica Suape, em Pernambuco, e começou a se movimentar para se desfazer de sua fatia na Braskem, em que divide o controle com a Odebrecht.

Sob nova gestão desde junho, quando Pedro Parente saiu da empresa na esteira da greve dos caminhoneiros, a Petrobrás decidiu aprofundar estudos no tema. O setor petroquímico “é importante na composição das grandes petroleiras”, disse Monteiro.

O executivo afirmou ainda que a greve dos caminhoneiros deixou duas lições: a de que a estatal “é feita para os clientes” e que suas ações “influenciam a sociedade”. Além disso, reforçou que o nível de endividamento da empresa ainda não é saudável. “A gente ainda tem de melhorar muito.”

A seguir os principais trechos da entrevista:

A Petrobrás anunciou lucro de R$ 10 bilhões no 2º semestre. O grau de investimento pode voltar?

Já houve recuperação nos ratings das três agências. Mas as métricas de endividamento da Petrobrás ainda são muito elevadas, muito acima da média da indústria. A gente ainda tem de melhorar muito.

A alta do preço do barril do petróleo tira a Petrobrás da crise?

O preço do petróleo brent sozinho não vai tirar a Petrobrás da crise, se ela não se preparar para colher os benefícios desse nível de petróleo mais elevado. De 2011 a 2014, o preço do petróleo era o dobro do que é hoje. Tem sido possível capturar esse benefício porque a empresa se preparou para isso.

Como está o projeto de venda da participação na Braskem?

A gente está aguardando o resultado das negociações entre o Grupo Odebrecht e o LyondellBasell (empresa holandesa que negocia compra da participação da Odebrecht na Braskem). A gente fez um seminário interno, liderado pelo comitê de assessoramento ao conselho de administração. Estamos aumentando o nível de conhecimento para saber qual vai ser o nosso posicionamento. Não em relação à Braskem, mas em relação ao setor petroquímico.

A Petrobrás voltará a ter mais interesse no setor petroquímico?

Esse setor é importante na composição das grandes petroleiras. Como a Petrobrás vai ter de se posicionar em relação à Braskem, é bom que se posicione em relação ao segmento como um todo. (A discussão) foi acelerada. É como se a gente pegasse um pedacinho do plano (a ser divulgado no fim do ano) e discutisse agora.

A greve dos caminhoneiros foi um divisor de águas para a direção da empresa?

Ninguém esperava que a greve tivesse a dimensão que teve. Ficou uma lição grande. A atuação da Petrobrás, em especial no segmento de refino, influencia a sociedade. Ela é feita para consumidores e clientes. Esse impacto a Petrobrás tem de levar em consideração. Seria o grande aprendizado dessa greve. Essa noção de que a Petrobrás existe para atender um consumidor e um cliente é algo importante.

Por que a empresa cortou US$ 2 bilhões do investimento previsto para este ano?

Como já estamos em agosto, percebemos que a execução do investimento está acelerando, mas não conseguiremos atingir os US$ 17 bilhões (projetados no plano de negócios 2018-2022). Por isso anunciamos US$ 15 bilhões. A diferença vai ser transferida ao ano seguinte. A boa notícia é que os desembolsos estão acelerando. A dinâmica está bem melhor do que no primeiro semestre.

O sr. já havia dito que a alta do petróleo ajudou a elevar o valor dos ativos à venda, o que contribui para a meta de desinvestimento de US$ 21 bilhões para o ano. Mas isso é suficiente?

Como o petróleo está mais alto, os valores que recebemos nas ofertas vinculantes estão num nível maior do que a gente imaginava. Mas é bem desafiador atingir US$ 21 bilhões. A gente está aguardando o retorno do tribunal (STF) do recesso para ver para onde vai caminhar essa decisão. É muito difícil compensar uma TAG (o valor que conseguiria com a venda da empresa de logística).

‘Bem desafiador' quer dizer que a meta pode não ser atingida?

A meta está mantida. Ficou bem desafiadora, mas vamos perseguir.

Qual o apetite da Petrobrás para o leilão de pré-sal?

Seria importante que o leilão acontecesse neste ano, porque o mercado de petróleo está em uma faixa de preços que há 90 dias ninguém imaginaria. As empresas precisam aumentar seus portfólios de exploração. Seria oportunidade única. Achamos possível realizar o leilão até o fim do ano.

Mas há capacidade de investimento?

Respeitado o nível seguro de alavancagem financeira, sim. A participação no leilão é uma prioridade, mas na época certa. Temos toda uma governança antes da participação em qualquer tipo de leilão.

A Petrobrás avalia uma possível mudança de rota no setor petroquímico. Em entrevista ao Broadcast/Estadão, o presidente da estatal, Ivan Monteiro, afirmou que a ideia é aproveitar o atual debate sobre o futuro da Braskem, da qual é sócia, para repensar o papel da petroleira no segmento como um todo.

No fim de 2016, a Petrobrás anunciou plano estratégico que previa abandonar “integralmente” investimentos em quatro áreas, entre elas a petroquímica. Desde então, suspendeu a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), vendeu a Petroquímica Suape, em Pernambuco, e começou a se movimentar para se desfazer de sua fatia na Braskem, em que divide o controle com a Odebrecht.

Sob nova gestão desde junho, quando Pedro Parente saiu da empresa na esteira da greve dos caminhoneiros, a Petrobrás decidiu aprofundar estudos no tema. O setor petroquímico “é importante na composição das grandes petroleiras”, disse Monteiro.

O executivo afirmou ainda que a greve dos caminhoneiros deixou duas lições: a de que a estatal “é feita para os clientes” e que suas ações “influenciam a sociedade”. Além disso, reforçou que o nível de endividamento da empresa ainda não é saudável. “A gente ainda tem de melhorar muito.”

A seguir os principais trechos da entrevista:

A Petrobrás anunciou lucro de R$ 10 bilhões no 2º semestre. O grau de investimento pode voltar?

Já houve recuperação nos ratings das três agências. Mas as métricas de endividamento da Petrobrás ainda são muito elevadas, muito acima da média da indústria. A gente ainda tem de melhorar muito.

A alta do preço do barril do petróleo tira a Petrobrás da crise?

O preço do petróleo brent sozinho não vai tirar a Petrobrás da crise, se ela não se preparar para colher os benefícios desse nível de petróleo mais elevado. De 2011 a 2014, o preço do petróleo era o dobro do que é hoje. Tem sido possível capturar esse benefício porque a empresa se preparou para isso.

Como está o projeto de venda da participação na Braskem?

A gente está aguardando o resultado das negociações entre o Grupo Odebrecht e o LyondellBasell (empresa holandesa que negocia compra da participação da Odebrecht na Braskem). A gente fez um seminário interno, liderado pelo comitê de assessoramento ao conselho de administração. Estamos aumentando o nível de conhecimento para saber qual vai ser o nosso posicionamento. Não em relação à Braskem, mas em relação ao setor petroquímico.

A Petrobrás voltará a ter mais interesse no setor petroquímico?

Esse setor é importante na composição das grandes petroleiras. Como a Petrobrás vai ter de se posicionar em relação à Braskem, é bom que se posicione em relação ao segmento como um todo. (A discussão) foi acelerada. É como se a gente pegasse um pedacinho do plano (a ser divulgado no fim do ano) e discutisse agora.

A greve dos caminhoneiros foi um divisor de águas para a direção da empresa?

Ninguém esperava que a greve tivesse a dimensão que teve. Ficou uma lição grande. A atuação da Petrobrás, em especial no segmento de refino, influencia a sociedade. Ela é feita para consumidores e clientes. Esse impacto a Petrobrás tem de levar em consideração. Seria o grande aprendizado dessa greve. Essa noção de que a Petrobrás existe para atender um consumidor e um cliente é algo importante.

Por que a empresa cortou US$ 2 bilhões do investimento previsto para este ano?

Como já estamos em agosto, percebemos que a execução do investimento está acelerando, mas não conseguiremos atingir os US$ 17 bilhões (projetados no plano de negócios 2018-2022). Por isso anunciamos US$ 15 bilhões. A diferença vai ser transferida ao ano seguinte. A boa notícia é que os desembolsos estão acelerando. A dinâmica está bem melhor do que no primeiro semestre.

O sr. já havia dito que a alta do petróleo ajudou a elevar o valor dos ativos à venda, o que contribui para a meta de desinvestimento de US$ 21 bilhões para o ano. Mas isso é suficiente?

Como o petróleo está mais alto, os valores que recebemos nas ofertas vinculantes estão num nível maior do que a gente imaginava. Mas é bem desafiador atingir US$ 21 bilhões. A gente está aguardando o retorno do tribunal (STF) do recesso para ver para onde vai caminhar essa decisão. É muito difícil compensar uma TAG (o valor que conseguiria com a venda da empresa de logística).

‘Bem desafiador' quer dizer que a meta pode não ser atingida?

A meta está mantida. Ficou bem desafiadora, mas vamos perseguir.

Qual o apetite da Petrobrás para o leilão de pré-sal?

Seria importante que o leilão acontecesse neste ano, porque o mercado de petróleo está em uma faixa de preços que há 90 dias ninguém imaginaria. As empresas precisam aumentar seus portfólios de exploração. Seria oportunidade única. Achamos possível realizar o leilão até o fim do ano.

Mas há capacidade de investimento?

Respeitado o nível seguro de alavancagem financeira, sim. A participação no leilão é uma prioridade, mas na época certa. Temos toda uma governança antes da participação em qualquer tipo de leilão.

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