Todos os lados perdem com estratégia da Petrobras para refinarias, diz presidente da Refina Brasil


Para Evaristo Pinheiro, que representa as refinarias independentes, estatal não deveria praticar preços abaixo do mercado internacional, porque a prática desincentiva a atuação e os investimentos dos concorrentes e colocará o País em risco de desabastecimento

Por Carlos Eduardo Valim
Foto: Divulgação Refina Brasil
Entrevista comEvaristo Pinheiropresidente da Refina Brasil

Segundo o presidente da associação de refinadores independentes de petróleo Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, o Brasil não será autossuficiente em combustíveis, mesmo se conseguir realizar os projetos para completar as obras da Refinaria do Nordeste (Rnest, antiga Abreu e Lima) e do polo Gaslub (antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj).

Esses projetos vão adicionar 250 mil barris de produção por dia aos atuais 650 mil barris. Mas a defasagem poderá ser de 1 milhão em 2035. Por isso, não faria sentido o governo promover que a Petrobras pratique preços abaixo do mercado internacional, estrangulando as refinarias independentes, uma vez que elas continuarão sendo necessárias no futuro para garantir o abastecimento.

Para ele, o setor continuará passando por “maus bocados” mesmo depois de a Petrobras aumentar os preços da gasolina no início de julho, a primeira vez em mais de oito meses. A defasagem para os preços internacionais caiu para uma faixa em torno dos 10%, frente aos cerca de 20% que eram praticados antes do reajuste, de acordo com as associações do setor. “Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, diz Pinheiro, ao Estadão, citando a possibilidade de negócios se a Petrobras não sufocar as refinarias independentes.

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Já é possível perceber alguma mudança na política de preços da Petrobras com a troca do seu comando?

A política de preços não mudou da transição da presidência de Jean Paul Prates para a de Magda Chambriard. A empresa continua descolada dos preços internacionais. Mesmo que a diferença para os preços internacionais tenha baixado de quase 20% para em torno de 10%, ainda existe uma defasagem brutal. Ainda é muito difícil para as refinarias independentes operarem nessas condições, porque a margem de lucro do refino é muito baixa. A Petrobras pratica preços anticoncorrenciais. Se ela fosse só uma refinaria, não conseguiria cobrar isso. Mas ela usa a margem de lucro do petróleo para estipular preços de refino, algo que é vedado pela Lei das Estatais.

De que forma essa lei não permite a prática?

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Uma empresa estatal não pode fazer política pública. Isso está na lei. É uma catástrofe. A gente pressiona para que isso não aconteça, mas não muda nada.

'Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado', diz o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro Foto: Divulgação Refina Brasil

Mas essa diminuição da defasagem para em torno de 10% não melhorou a situação?

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Com a diferença de 10%, estamos passando por maus bocados. Quando estava em 20%, era uma catástrofe. O pior que essa estratégia é sem racionalidade. O governo está buscando espaço fiscal, mas está subsidiando a gasolina. E isso não é para ajudar o pobre, como gosta de dizer o presidente Lula. As pessoas com mais poder aquisitivo estão ganhando subsídio no combustível. É uma forma de subsídio sem passar pelo orçamento. Isso congela qualquer plano de investimentos das empresas privadas no setor. Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado.

Como o governo perde com essa estratégia?

É um sistema em que todos os lados perdem. Além de não receber mais dividendos com a prática de preços de mercado, a empresa privada deixa de investir. Além disso, o Brasil está cada vez mais dependente de importações no setor. Hoje a produção nacional, por dia, é de 650 mil barris. Pelas minhas expectativas de que a transição energética não será alcançada plenamente até 2035, a defasagem será de 1 milhão de barris neste ano. O Brasil não será autossuficiente em refino de petróleo, mesmo com todo o investimento em completar refinarias como a Rnest e a Comperj. Esses projetos vão ampliar em 250 mil barris a produção do País. E, tornando o ambiente hostil para investimentos, o Brasil não vai conseguir atender à sua demanda. Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O que pedimos, para investirmos, é acesso a petróleo, preço competitivo, e que o formador de preço venda a preços de mercado.

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E, dado o tamanho desses projetos do PAC, existe o risco de que eles não sejam completados?

Isso aconteceu no passado, e não só por causa da corrupção. As refinarias grandes são complexas de se fazer. São obras difíceis. Por isso, defendemos pequenas e médias refinarias. E também elas trazem mais facilidade para serem convertidas em biorrefinarias no futuro.

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Como o setor está se virando no momento?

A gente vai se virando, tentando buscar petróleo em outros lugares, passamos a calibrar a produção, para fazer produtos que estejam mais rentáveis, e buscamos exportar mais. Quando a defasagem fica muito alta, a saída é reduzir a produção.

Segundo o presidente da associação de refinadores independentes de petróleo Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, o Brasil não será autossuficiente em combustíveis, mesmo se conseguir realizar os projetos para completar as obras da Refinaria do Nordeste (Rnest, antiga Abreu e Lima) e do polo Gaslub (antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj).

Esses projetos vão adicionar 250 mil barris de produção por dia aos atuais 650 mil barris. Mas a defasagem poderá ser de 1 milhão em 2035. Por isso, não faria sentido o governo promover que a Petrobras pratique preços abaixo do mercado internacional, estrangulando as refinarias independentes, uma vez que elas continuarão sendo necessárias no futuro para garantir o abastecimento.

Para ele, o setor continuará passando por “maus bocados” mesmo depois de a Petrobras aumentar os preços da gasolina no início de julho, a primeira vez em mais de oito meses. A defasagem para os preços internacionais caiu para uma faixa em torno dos 10%, frente aos cerca de 20% que eram praticados antes do reajuste, de acordo com as associações do setor. “Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, diz Pinheiro, ao Estadão, citando a possibilidade de negócios se a Petrobras não sufocar as refinarias independentes.

Já é possível perceber alguma mudança na política de preços da Petrobras com a troca do seu comando?

A política de preços não mudou da transição da presidência de Jean Paul Prates para a de Magda Chambriard. A empresa continua descolada dos preços internacionais. Mesmo que a diferença para os preços internacionais tenha baixado de quase 20% para em torno de 10%, ainda existe uma defasagem brutal. Ainda é muito difícil para as refinarias independentes operarem nessas condições, porque a margem de lucro do refino é muito baixa. A Petrobras pratica preços anticoncorrenciais. Se ela fosse só uma refinaria, não conseguiria cobrar isso. Mas ela usa a margem de lucro do petróleo para estipular preços de refino, algo que é vedado pela Lei das Estatais.

De que forma essa lei não permite a prática?

Uma empresa estatal não pode fazer política pública. Isso está na lei. É uma catástrofe. A gente pressiona para que isso não aconteça, mas não muda nada.

'Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado', diz o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro Foto: Divulgação Refina Brasil

Mas essa diminuição da defasagem para em torno de 10% não melhorou a situação?

Com a diferença de 10%, estamos passando por maus bocados. Quando estava em 20%, era uma catástrofe. O pior que essa estratégia é sem racionalidade. O governo está buscando espaço fiscal, mas está subsidiando a gasolina. E isso não é para ajudar o pobre, como gosta de dizer o presidente Lula. As pessoas com mais poder aquisitivo estão ganhando subsídio no combustível. É uma forma de subsídio sem passar pelo orçamento. Isso congela qualquer plano de investimentos das empresas privadas no setor. Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado.

Como o governo perde com essa estratégia?

É um sistema em que todos os lados perdem. Além de não receber mais dividendos com a prática de preços de mercado, a empresa privada deixa de investir. Além disso, o Brasil está cada vez mais dependente de importações no setor. Hoje a produção nacional, por dia, é de 650 mil barris. Pelas minhas expectativas de que a transição energética não será alcançada plenamente até 2035, a defasagem será de 1 milhão de barris neste ano. O Brasil não será autossuficiente em refino de petróleo, mesmo com todo o investimento em completar refinarias como a Rnest e a Comperj. Esses projetos vão ampliar em 250 mil barris a produção do País. E, tornando o ambiente hostil para investimentos, o Brasil não vai conseguir atender à sua demanda. Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O que pedimos, para investirmos, é acesso a petróleo, preço competitivo, e que o formador de preço venda a preços de mercado.

E, dado o tamanho desses projetos do PAC, existe o risco de que eles não sejam completados?

Isso aconteceu no passado, e não só por causa da corrupção. As refinarias grandes são complexas de se fazer. São obras difíceis. Por isso, defendemos pequenas e médias refinarias. E também elas trazem mais facilidade para serem convertidas em biorrefinarias no futuro.

Como o setor está se virando no momento?

A gente vai se virando, tentando buscar petróleo em outros lugares, passamos a calibrar a produção, para fazer produtos que estejam mais rentáveis, e buscamos exportar mais. Quando a defasagem fica muito alta, a saída é reduzir a produção.

Segundo o presidente da associação de refinadores independentes de petróleo Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, o Brasil não será autossuficiente em combustíveis, mesmo se conseguir realizar os projetos para completar as obras da Refinaria do Nordeste (Rnest, antiga Abreu e Lima) e do polo Gaslub (antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj).

Esses projetos vão adicionar 250 mil barris de produção por dia aos atuais 650 mil barris. Mas a defasagem poderá ser de 1 milhão em 2035. Por isso, não faria sentido o governo promover que a Petrobras pratique preços abaixo do mercado internacional, estrangulando as refinarias independentes, uma vez que elas continuarão sendo necessárias no futuro para garantir o abastecimento.

Para ele, o setor continuará passando por “maus bocados” mesmo depois de a Petrobras aumentar os preços da gasolina no início de julho, a primeira vez em mais de oito meses. A defasagem para os preços internacionais caiu para uma faixa em torno dos 10%, frente aos cerca de 20% que eram praticados antes do reajuste, de acordo com as associações do setor. “Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, diz Pinheiro, ao Estadão, citando a possibilidade de negócios se a Petrobras não sufocar as refinarias independentes.

Já é possível perceber alguma mudança na política de preços da Petrobras com a troca do seu comando?

A política de preços não mudou da transição da presidência de Jean Paul Prates para a de Magda Chambriard. A empresa continua descolada dos preços internacionais. Mesmo que a diferença para os preços internacionais tenha baixado de quase 20% para em torno de 10%, ainda existe uma defasagem brutal. Ainda é muito difícil para as refinarias independentes operarem nessas condições, porque a margem de lucro do refino é muito baixa. A Petrobras pratica preços anticoncorrenciais. Se ela fosse só uma refinaria, não conseguiria cobrar isso. Mas ela usa a margem de lucro do petróleo para estipular preços de refino, algo que é vedado pela Lei das Estatais.

De que forma essa lei não permite a prática?

Uma empresa estatal não pode fazer política pública. Isso está na lei. É uma catástrofe. A gente pressiona para que isso não aconteça, mas não muda nada.

'Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado', diz o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro Foto: Divulgação Refina Brasil

Mas essa diminuição da defasagem para em torno de 10% não melhorou a situação?

Com a diferença de 10%, estamos passando por maus bocados. Quando estava em 20%, era uma catástrofe. O pior que essa estratégia é sem racionalidade. O governo está buscando espaço fiscal, mas está subsidiando a gasolina. E isso não é para ajudar o pobre, como gosta de dizer o presidente Lula. As pessoas com mais poder aquisitivo estão ganhando subsídio no combustível. É uma forma de subsídio sem passar pelo orçamento. Isso congela qualquer plano de investimentos das empresas privadas no setor. Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado.

Como o governo perde com essa estratégia?

É um sistema em que todos os lados perdem. Além de não receber mais dividendos com a prática de preços de mercado, a empresa privada deixa de investir. Além disso, o Brasil está cada vez mais dependente de importações no setor. Hoje a produção nacional, por dia, é de 650 mil barris. Pelas minhas expectativas de que a transição energética não será alcançada plenamente até 2035, a defasagem será de 1 milhão de barris neste ano. O Brasil não será autossuficiente em refino de petróleo, mesmo com todo o investimento em completar refinarias como a Rnest e a Comperj. Esses projetos vão ampliar em 250 mil barris a produção do País. E, tornando o ambiente hostil para investimentos, o Brasil não vai conseguir atender à sua demanda. Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O que pedimos, para investirmos, é acesso a petróleo, preço competitivo, e que o formador de preço venda a preços de mercado.

E, dado o tamanho desses projetos do PAC, existe o risco de que eles não sejam completados?

Isso aconteceu no passado, e não só por causa da corrupção. As refinarias grandes são complexas de se fazer. São obras difíceis. Por isso, defendemos pequenas e médias refinarias. E também elas trazem mais facilidade para serem convertidas em biorrefinarias no futuro.

Como o setor está se virando no momento?

A gente vai se virando, tentando buscar petróleo em outros lugares, passamos a calibrar a produção, para fazer produtos que estejam mais rentáveis, e buscamos exportar mais. Quando a defasagem fica muito alta, a saída é reduzir a produção.

Segundo o presidente da associação de refinadores independentes de petróleo Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, o Brasil não será autossuficiente em combustíveis, mesmo se conseguir realizar os projetos para completar as obras da Refinaria do Nordeste (Rnest, antiga Abreu e Lima) e do polo Gaslub (antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj).

Esses projetos vão adicionar 250 mil barris de produção por dia aos atuais 650 mil barris. Mas a defasagem poderá ser de 1 milhão em 2035. Por isso, não faria sentido o governo promover que a Petrobras pratique preços abaixo do mercado internacional, estrangulando as refinarias independentes, uma vez que elas continuarão sendo necessárias no futuro para garantir o abastecimento.

Para ele, o setor continuará passando por “maus bocados” mesmo depois de a Petrobras aumentar os preços da gasolina no início de julho, a primeira vez em mais de oito meses. A defasagem para os preços internacionais caiu para uma faixa em torno dos 10%, frente aos cerca de 20% que eram praticados antes do reajuste, de acordo com as associações do setor. “Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, diz Pinheiro, ao Estadão, citando a possibilidade de negócios se a Petrobras não sufocar as refinarias independentes.

Já é possível perceber alguma mudança na política de preços da Petrobras com a troca do seu comando?

A política de preços não mudou da transição da presidência de Jean Paul Prates para a de Magda Chambriard. A empresa continua descolada dos preços internacionais. Mesmo que a diferença para os preços internacionais tenha baixado de quase 20% para em torno de 10%, ainda existe uma defasagem brutal. Ainda é muito difícil para as refinarias independentes operarem nessas condições, porque a margem de lucro do refino é muito baixa. A Petrobras pratica preços anticoncorrenciais. Se ela fosse só uma refinaria, não conseguiria cobrar isso. Mas ela usa a margem de lucro do petróleo para estipular preços de refino, algo que é vedado pela Lei das Estatais.

De que forma essa lei não permite a prática?

Uma empresa estatal não pode fazer política pública. Isso está na lei. É uma catástrofe. A gente pressiona para que isso não aconteça, mas não muda nada.

'Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado', diz o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro Foto: Divulgação Refina Brasil

Mas essa diminuição da defasagem para em torno de 10% não melhorou a situação?

Com a diferença de 10%, estamos passando por maus bocados. Quando estava em 20%, era uma catástrofe. O pior que essa estratégia é sem racionalidade. O governo está buscando espaço fiscal, mas está subsidiando a gasolina. E isso não é para ajudar o pobre, como gosta de dizer o presidente Lula. As pessoas com mais poder aquisitivo estão ganhando subsídio no combustível. É uma forma de subsídio sem passar pelo orçamento. Isso congela qualquer plano de investimentos das empresas privadas no setor. Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado.

Como o governo perde com essa estratégia?

É um sistema em que todos os lados perdem. Além de não receber mais dividendos com a prática de preços de mercado, a empresa privada deixa de investir. Além disso, o Brasil está cada vez mais dependente de importações no setor. Hoje a produção nacional, por dia, é de 650 mil barris. Pelas minhas expectativas de que a transição energética não será alcançada plenamente até 2035, a defasagem será de 1 milhão de barris neste ano. O Brasil não será autossuficiente em refino de petróleo, mesmo com todo o investimento em completar refinarias como a Rnest e a Comperj. Esses projetos vão ampliar em 250 mil barris a produção do País. E, tornando o ambiente hostil para investimentos, o Brasil não vai conseguir atender à sua demanda. Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O que pedimos, para investirmos, é acesso a petróleo, preço competitivo, e que o formador de preço venda a preços de mercado.

E, dado o tamanho desses projetos do PAC, existe o risco de que eles não sejam completados?

Isso aconteceu no passado, e não só por causa da corrupção. As refinarias grandes são complexas de se fazer. São obras difíceis. Por isso, defendemos pequenas e médias refinarias. E também elas trazem mais facilidade para serem convertidas em biorrefinarias no futuro.

Como o setor está se virando no momento?

A gente vai se virando, tentando buscar petróleo em outros lugares, passamos a calibrar a produção, para fazer produtos que estejam mais rentáveis, e buscamos exportar mais. Quando a defasagem fica muito alta, a saída é reduzir a produção.

Segundo o presidente da associação de refinadores independentes de petróleo Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, o Brasil não será autossuficiente em combustíveis, mesmo se conseguir realizar os projetos para completar as obras da Refinaria do Nordeste (Rnest, antiga Abreu e Lima) e do polo Gaslub (antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj).

Esses projetos vão adicionar 250 mil barris de produção por dia aos atuais 650 mil barris. Mas a defasagem poderá ser de 1 milhão em 2035. Por isso, não faria sentido o governo promover que a Petrobras pratique preços abaixo do mercado internacional, estrangulando as refinarias independentes, uma vez que elas continuarão sendo necessárias no futuro para garantir o abastecimento.

Para ele, o setor continuará passando por “maus bocados” mesmo depois de a Petrobras aumentar os preços da gasolina no início de julho, a primeira vez em mais de oito meses. A defasagem para os preços internacionais caiu para uma faixa em torno dos 10%, frente aos cerca de 20% que eram praticados antes do reajuste, de acordo com as associações do setor. “Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, diz Pinheiro, ao Estadão, citando a possibilidade de negócios se a Petrobras não sufocar as refinarias independentes.

Já é possível perceber alguma mudança na política de preços da Petrobras com a troca do seu comando?

A política de preços não mudou da transição da presidência de Jean Paul Prates para a de Magda Chambriard. A empresa continua descolada dos preços internacionais. Mesmo que a diferença para os preços internacionais tenha baixado de quase 20% para em torno de 10%, ainda existe uma defasagem brutal. Ainda é muito difícil para as refinarias independentes operarem nessas condições, porque a margem de lucro do refino é muito baixa. A Petrobras pratica preços anticoncorrenciais. Se ela fosse só uma refinaria, não conseguiria cobrar isso. Mas ela usa a margem de lucro do petróleo para estipular preços de refino, algo que é vedado pela Lei das Estatais.

De que forma essa lei não permite a prática?

Uma empresa estatal não pode fazer política pública. Isso está na lei. É uma catástrofe. A gente pressiona para que isso não aconteça, mas não muda nada.

'Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado', diz o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro Foto: Divulgação Refina Brasil

Mas essa diminuição da defasagem para em torno de 10% não melhorou a situação?

Com a diferença de 10%, estamos passando por maus bocados. Quando estava em 20%, era uma catástrofe. O pior que essa estratégia é sem racionalidade. O governo está buscando espaço fiscal, mas está subsidiando a gasolina. E isso não é para ajudar o pobre, como gosta de dizer o presidente Lula. As pessoas com mais poder aquisitivo estão ganhando subsídio no combustível. É uma forma de subsídio sem passar pelo orçamento. Isso congela qualquer plano de investimentos das empresas privadas no setor. Ninguém vai investir sem saber se a política vai influenciar no mercado.

Como o governo perde com essa estratégia?

É um sistema em que todos os lados perdem. Além de não receber mais dividendos com a prática de preços de mercado, a empresa privada deixa de investir. Além disso, o Brasil está cada vez mais dependente de importações no setor. Hoje a produção nacional, por dia, é de 650 mil barris. Pelas minhas expectativas de que a transição energética não será alcançada plenamente até 2035, a defasagem será de 1 milhão de barris neste ano. O Brasil não será autossuficiente em refino de petróleo, mesmo com todo o investimento em completar refinarias como a Rnest e a Comperj. Esses projetos vão ampliar em 250 mil barris a produção do País. E, tornando o ambiente hostil para investimentos, o Brasil não vai conseguir atender à sua demanda. Havia a possibilidade de atrair R$ 60 bilhões de investimentos privados de refino que não estão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O que pedimos, para investirmos, é acesso a petróleo, preço competitivo, e que o formador de preço venda a preços de mercado.

E, dado o tamanho desses projetos do PAC, existe o risco de que eles não sejam completados?

Isso aconteceu no passado, e não só por causa da corrupção. As refinarias grandes são complexas de se fazer. São obras difíceis. Por isso, defendemos pequenas e médias refinarias. E também elas trazem mais facilidade para serem convertidas em biorrefinarias no futuro.

Como o setor está se virando no momento?

A gente vai se virando, tentando buscar petróleo em outros lugares, passamos a calibrar a produção, para fazer produtos que estejam mais rentáveis, e buscamos exportar mais. Quando a defasagem fica muito alta, a saída é reduzir a produção.

Entrevista por Carlos Eduardo Valim

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