União faz nesta quarta maior leilão de petróleo, ajudada por demanda interna e externa


Expectativa de arrecadação é de R$ 15 bilhões, com oferta de 37,5 milhões de barris de petróleo, o maior volume já ofertado; dez empresas se inscreveram, número também recorde

Por Denise Luna e Gabriel Vasconcelos
Atualização:

RIO - A estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) realiza nesta quarta-feira, 31, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, o quarto leilão de óleo-lucro que cabe à União, com a oferta de 37,5 milhões de barris de petróleo, o maior volume já ofertado. O óleo-lucro se refere ao volume de petróleo após desconto dos custos de produção e investimentos. A expectativa de arrecadação é de R$ 15 bilhões.

O certame será dividido em três lotes: dois do campo de Mero e um de Búzios, todos da Bacia de Santos. Ao todo, dez empresas se inscreveram, número recorde, e a expectativa é que seja o leilão mais disputado já feito pela empresa representante do governo nos contratos de partilha da produção, que vigoram no pré-sal.

Especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmam que o aumento da procura por petróleo brasileiro no exterior e o aumento da produção doméstica de derivados, por refinarias da Petrobras e unidades privadas, estão por trás da maior concorrência. Ela tende a se repetir daqui para frente com o aumento de leilões e calendário mais previsível.

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Desta vez, estão no páreo Petrobras, Refinaria de Mataripe, CNOOC Petroleum Brasil, ExxonMobil Exploração Brasil, Equinor Brasil Energia, Galp Energia Brasil, PetroChina International (Brazil) Trading, Prio Comercializadora, Shell Trading Brasil e TotalEnergies EP Brasil. As empresas poderão fazer ofertas para apenas um lote ou para todos os lotes.

Será o maior leilão da história do pré-sal Foto: FABIO MOTTA / ESTADÃO

Para o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, esse deverá ser o melhor leilão já realizado pela PPSA, não apenas pelo maior volume ofertado, como pela disputa. Vencedora do último leilão, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, busca no certame a oportunidade de obter um petróleo mais barato do que vem adquirindo junto à Petrobras.

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Segundo o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, apesar da expectativa por competição, por se tratar da produção de campos operados pela Petrobras, isso pode colocar a estatal em vantagem. “Estamos falando de campos que são muito grandes, que a Petrobras já tem ali o domínio e escala. Isso pode facilitá-la na hora de oferecer excedente para o governo, e fazer lances mais assertivos”, disse. O leilão se baseia em projeções, e as cargas exatas a serem vendidas são conhecidas à frente.

O analista de óleo e gás da consultoria de preços Stonex, Bruno Cordeiro, observa o aumento na demanda por óleo cru no País, com alta de 2,8% no consumo das refinarias brasileiras no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado. Isso ocorre, sobretudo, em função do aumento do uso de capacidade pela Petrobras em suas unidades.

O mesmo acontece internacionalmente, com exportação, sobretudo pelas grandes petroleiras, sócias da estatal no País ou não, e a Prio, que exporta toda a carga. O Brasil produz atualmente entre 3 milhões e 3,2 milhões de barris por dia e registrou um crescimento nas vendas externas de petróleo próximo a 30% no primeiro semestre ante o mesmo período do ano passado.

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“Há tendência de manutenção de preços mais competitivos em 2025. As projeções hoje apontam para uma continuidade do crescimento da demanda global de petróleo para o ano que vem. Exatamente por esse cenário e olhando até 2025, que é o período de entrega dos barris do leilão da PPSA, é que a gente observa o país ampliando vendas ao exterior”, diz.

Termos do leilão

Na segunda-feira, 29, foram divulgados os limites mínimos de preço para cada lote na primeira etapa do leilão. O limite mínimo para os lotes de Mero será igual ao valor do Brent datado (referência internacional publicada diariamente na Platts) menos US$ 4,40/barril, enquanto o limite mínimo da primeira etapa do lote de Búzios será igual ao valor do Brent datado menos US$ 4,25/barril. Ou seja, vence o leilão quem oferecer o menor desconto abaixo desse limite.

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Segundo a PPSA, o desconto é considerado porque a empresa vencedora será responsável por toda a logística para buscar o petróleo nas plataformas tipo FPSO (produz, armazena e transfere petróleo e gás), onde se encontra a parcela do petróleo de propriedade da União. Nessa conta estão incluídos custos de alívio, inspeção, transbordo e frete de longo curso, entre outros. Os três lotes do campo de Mero somam 35 milhões de barris, e o único lote de Búzios, 2,5 milhões de barris.

“Os volumes são as melhores estimativas da parcela de petróleo da União em 2025 nesses campos, que contemplam as incertezas inerentes ao processo. Isso significa que, ao arrematar um lote, o comprador terá disponível todas as cargas nomeadas em 2025, ainda que o montante total seja maior ou menor ao volume estipulado no edital”, disse a PPSA em nota. “As cargas nomeadas em janeiro de 2025 serão embarcadas em março de 2025, sempre com dois meses de defasagem. O ciclo do leilão se encerra com as cargas nomeadas em dezembro, sendo embarcadas em fevereiro de 2026″, complementou a estatal.

Ainda segundo a PPSA, os valores serão depositados diretamente na conta única do Tesouro Nacional à medida que as cargas embarcadas forem sendo pagas pelo comprador, o que ocorre entre 30 e 45 dias após o embarque. “Assim, os recursos entrarão no caixa do Tesouro entre abril de 2025 e abril de 2026″, informou a estatal.

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Segundo o professor do Instituto de Energia da PUC-RJ, Edmar Almeida, a importância do leilão da PPSA está associada ao fato de que é uma oferta de óleo no Brasil, que se dá abertamente e por concorrência. “É uma condição rara, porque, em geral, os produtores vendem óleo através de negociação bilateral que está ligada à estratégia mais ampla da empresa”, avalia.

Calendário de ofertas

A presidente da PPSA, Tabita Loureiro, disse ao Estadão/Broadcast que a maior concorrência tem a ver, principalmente, com os volumes crescentes ofertados. E, segundo Tabita, esses volumes serão crescentes nos próximos anos. Além disso, a estatal planeja organizar um calendário de leilões com antecedência, a fim de dar previsibilidade ao mercado e estimular a disputa pelas cargas.

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“Estamos trabalhando com um calendário de leilões. Também vamos anunciar o leilão que faremos em 2025. E divulgamos, anualmente, as curvas da União para os próximos anos. Assim, os interessados poderão acompanhar os potenciais volumes que serão ofertados”, diz.

A PPSA planeja um novo certame para o primeiro semestre de 2025, a fim de comercializar a produção da União prevista para 2026 para os campos de Mero, Búzios e Bacalhau. Outros leilões já são avaliados para vender as cargas de 2027 e 2028.

“O crescimento do interesse do mercado neste leilão é resultado de um conjunto de fatores, sendo o principal deles a oferta crescente dos volumes de petróleo”, disse Tabita. O aumento da demanda global por petróleo e também no mercado doméstico, relacionada à maior capacidade utilizada e refino de Petrobras e refinarias privadas, são condições que favorecem o certame.

Tabita cita também outros fatores, como capacidade de entrega da PPSA, aumento do número de produtores no pré-sal e condições do edital e contrato, que “refletem as melhores práticas do mercado”.

No início de maio, Tabita já tinha dito ao Estadão/Broadcast que a parte que cabe à União via PPSA vai experimentar um “crescimento exponencial” até o fim da década, graças ao amadurecimento da produção no pré-sal.

Estimativas mostram que a produção do petróleo que cabe à União passará dos atuais 50 mil barris por dia (bpd) para 103 mil bpd em 2025, 234 mil bpd em 2026, 327 mil bpd em 2027, 417 mil bpd em 2028 e chegando ao pico de 564 mil bpd em 2029, detalhou a executiva. Com isso, a receita de leilões da PPSA também deve escalar para cerca de R$ 69,4 bilhões em 2029, afirmou. Esses valores são destinados ao Fundo Social, com aplicação prevista em saúde, educação e políticas ambientais.

RIO - A estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) realiza nesta quarta-feira, 31, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, o quarto leilão de óleo-lucro que cabe à União, com a oferta de 37,5 milhões de barris de petróleo, o maior volume já ofertado. O óleo-lucro se refere ao volume de petróleo após desconto dos custos de produção e investimentos. A expectativa de arrecadação é de R$ 15 bilhões.

O certame será dividido em três lotes: dois do campo de Mero e um de Búzios, todos da Bacia de Santos. Ao todo, dez empresas se inscreveram, número recorde, e a expectativa é que seja o leilão mais disputado já feito pela empresa representante do governo nos contratos de partilha da produção, que vigoram no pré-sal.

Especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmam que o aumento da procura por petróleo brasileiro no exterior e o aumento da produção doméstica de derivados, por refinarias da Petrobras e unidades privadas, estão por trás da maior concorrência. Ela tende a se repetir daqui para frente com o aumento de leilões e calendário mais previsível.

Desta vez, estão no páreo Petrobras, Refinaria de Mataripe, CNOOC Petroleum Brasil, ExxonMobil Exploração Brasil, Equinor Brasil Energia, Galp Energia Brasil, PetroChina International (Brazil) Trading, Prio Comercializadora, Shell Trading Brasil e TotalEnergies EP Brasil. As empresas poderão fazer ofertas para apenas um lote ou para todos os lotes.

Será o maior leilão da história do pré-sal Foto: FABIO MOTTA / ESTADÃO

Para o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, esse deverá ser o melhor leilão já realizado pela PPSA, não apenas pelo maior volume ofertado, como pela disputa. Vencedora do último leilão, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, busca no certame a oportunidade de obter um petróleo mais barato do que vem adquirindo junto à Petrobras.

Segundo o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, apesar da expectativa por competição, por se tratar da produção de campos operados pela Petrobras, isso pode colocar a estatal em vantagem. “Estamos falando de campos que são muito grandes, que a Petrobras já tem ali o domínio e escala. Isso pode facilitá-la na hora de oferecer excedente para o governo, e fazer lances mais assertivos”, disse. O leilão se baseia em projeções, e as cargas exatas a serem vendidas são conhecidas à frente.

O analista de óleo e gás da consultoria de preços Stonex, Bruno Cordeiro, observa o aumento na demanda por óleo cru no País, com alta de 2,8% no consumo das refinarias brasileiras no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado. Isso ocorre, sobretudo, em função do aumento do uso de capacidade pela Petrobras em suas unidades.

O mesmo acontece internacionalmente, com exportação, sobretudo pelas grandes petroleiras, sócias da estatal no País ou não, e a Prio, que exporta toda a carga. O Brasil produz atualmente entre 3 milhões e 3,2 milhões de barris por dia e registrou um crescimento nas vendas externas de petróleo próximo a 30% no primeiro semestre ante o mesmo período do ano passado.

“Há tendência de manutenção de preços mais competitivos em 2025. As projeções hoje apontam para uma continuidade do crescimento da demanda global de petróleo para o ano que vem. Exatamente por esse cenário e olhando até 2025, que é o período de entrega dos barris do leilão da PPSA, é que a gente observa o país ampliando vendas ao exterior”, diz.

Termos do leilão

Na segunda-feira, 29, foram divulgados os limites mínimos de preço para cada lote na primeira etapa do leilão. O limite mínimo para os lotes de Mero será igual ao valor do Brent datado (referência internacional publicada diariamente na Platts) menos US$ 4,40/barril, enquanto o limite mínimo da primeira etapa do lote de Búzios será igual ao valor do Brent datado menos US$ 4,25/barril. Ou seja, vence o leilão quem oferecer o menor desconto abaixo desse limite.

Segundo a PPSA, o desconto é considerado porque a empresa vencedora será responsável por toda a logística para buscar o petróleo nas plataformas tipo FPSO (produz, armazena e transfere petróleo e gás), onde se encontra a parcela do petróleo de propriedade da União. Nessa conta estão incluídos custos de alívio, inspeção, transbordo e frete de longo curso, entre outros. Os três lotes do campo de Mero somam 35 milhões de barris, e o único lote de Búzios, 2,5 milhões de barris.

“Os volumes são as melhores estimativas da parcela de petróleo da União em 2025 nesses campos, que contemplam as incertezas inerentes ao processo. Isso significa que, ao arrematar um lote, o comprador terá disponível todas as cargas nomeadas em 2025, ainda que o montante total seja maior ou menor ao volume estipulado no edital”, disse a PPSA em nota. “As cargas nomeadas em janeiro de 2025 serão embarcadas em março de 2025, sempre com dois meses de defasagem. O ciclo do leilão se encerra com as cargas nomeadas em dezembro, sendo embarcadas em fevereiro de 2026″, complementou a estatal.

Ainda segundo a PPSA, os valores serão depositados diretamente na conta única do Tesouro Nacional à medida que as cargas embarcadas forem sendo pagas pelo comprador, o que ocorre entre 30 e 45 dias após o embarque. “Assim, os recursos entrarão no caixa do Tesouro entre abril de 2025 e abril de 2026″, informou a estatal.

Segundo o professor do Instituto de Energia da PUC-RJ, Edmar Almeida, a importância do leilão da PPSA está associada ao fato de que é uma oferta de óleo no Brasil, que se dá abertamente e por concorrência. “É uma condição rara, porque, em geral, os produtores vendem óleo através de negociação bilateral que está ligada à estratégia mais ampla da empresa”, avalia.

Calendário de ofertas

A presidente da PPSA, Tabita Loureiro, disse ao Estadão/Broadcast que a maior concorrência tem a ver, principalmente, com os volumes crescentes ofertados. E, segundo Tabita, esses volumes serão crescentes nos próximos anos. Além disso, a estatal planeja organizar um calendário de leilões com antecedência, a fim de dar previsibilidade ao mercado e estimular a disputa pelas cargas.

“Estamos trabalhando com um calendário de leilões. Também vamos anunciar o leilão que faremos em 2025. E divulgamos, anualmente, as curvas da União para os próximos anos. Assim, os interessados poderão acompanhar os potenciais volumes que serão ofertados”, diz.

A PPSA planeja um novo certame para o primeiro semestre de 2025, a fim de comercializar a produção da União prevista para 2026 para os campos de Mero, Búzios e Bacalhau. Outros leilões já são avaliados para vender as cargas de 2027 e 2028.

“O crescimento do interesse do mercado neste leilão é resultado de um conjunto de fatores, sendo o principal deles a oferta crescente dos volumes de petróleo”, disse Tabita. O aumento da demanda global por petróleo e também no mercado doméstico, relacionada à maior capacidade utilizada e refino de Petrobras e refinarias privadas, são condições que favorecem o certame.

Tabita cita também outros fatores, como capacidade de entrega da PPSA, aumento do número de produtores no pré-sal e condições do edital e contrato, que “refletem as melhores práticas do mercado”.

No início de maio, Tabita já tinha dito ao Estadão/Broadcast que a parte que cabe à União via PPSA vai experimentar um “crescimento exponencial” até o fim da década, graças ao amadurecimento da produção no pré-sal.

Estimativas mostram que a produção do petróleo que cabe à União passará dos atuais 50 mil barris por dia (bpd) para 103 mil bpd em 2025, 234 mil bpd em 2026, 327 mil bpd em 2027, 417 mil bpd em 2028 e chegando ao pico de 564 mil bpd em 2029, detalhou a executiva. Com isso, a receita de leilões da PPSA também deve escalar para cerca de R$ 69,4 bilhões em 2029, afirmou. Esses valores são destinados ao Fundo Social, com aplicação prevista em saúde, educação e políticas ambientais.

RIO - A estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) realiza nesta quarta-feira, 31, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, o quarto leilão de óleo-lucro que cabe à União, com a oferta de 37,5 milhões de barris de petróleo, o maior volume já ofertado. O óleo-lucro se refere ao volume de petróleo após desconto dos custos de produção e investimentos. A expectativa de arrecadação é de R$ 15 bilhões.

O certame será dividido em três lotes: dois do campo de Mero e um de Búzios, todos da Bacia de Santos. Ao todo, dez empresas se inscreveram, número recorde, e a expectativa é que seja o leilão mais disputado já feito pela empresa representante do governo nos contratos de partilha da produção, que vigoram no pré-sal.

Especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmam que o aumento da procura por petróleo brasileiro no exterior e o aumento da produção doméstica de derivados, por refinarias da Petrobras e unidades privadas, estão por trás da maior concorrência. Ela tende a se repetir daqui para frente com o aumento de leilões e calendário mais previsível.

Desta vez, estão no páreo Petrobras, Refinaria de Mataripe, CNOOC Petroleum Brasil, ExxonMobil Exploração Brasil, Equinor Brasil Energia, Galp Energia Brasil, PetroChina International (Brazil) Trading, Prio Comercializadora, Shell Trading Brasil e TotalEnergies EP Brasil. As empresas poderão fazer ofertas para apenas um lote ou para todos os lotes.

Será o maior leilão da história do pré-sal Foto: FABIO MOTTA / ESTADÃO

Para o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, esse deverá ser o melhor leilão já realizado pela PPSA, não apenas pelo maior volume ofertado, como pela disputa. Vencedora do último leilão, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, busca no certame a oportunidade de obter um petróleo mais barato do que vem adquirindo junto à Petrobras.

Segundo o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, apesar da expectativa por competição, por se tratar da produção de campos operados pela Petrobras, isso pode colocar a estatal em vantagem. “Estamos falando de campos que são muito grandes, que a Petrobras já tem ali o domínio e escala. Isso pode facilitá-la na hora de oferecer excedente para o governo, e fazer lances mais assertivos”, disse. O leilão se baseia em projeções, e as cargas exatas a serem vendidas são conhecidas à frente.

O analista de óleo e gás da consultoria de preços Stonex, Bruno Cordeiro, observa o aumento na demanda por óleo cru no País, com alta de 2,8% no consumo das refinarias brasileiras no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado. Isso ocorre, sobretudo, em função do aumento do uso de capacidade pela Petrobras em suas unidades.

O mesmo acontece internacionalmente, com exportação, sobretudo pelas grandes petroleiras, sócias da estatal no País ou não, e a Prio, que exporta toda a carga. O Brasil produz atualmente entre 3 milhões e 3,2 milhões de barris por dia e registrou um crescimento nas vendas externas de petróleo próximo a 30% no primeiro semestre ante o mesmo período do ano passado.

“Há tendência de manutenção de preços mais competitivos em 2025. As projeções hoje apontam para uma continuidade do crescimento da demanda global de petróleo para o ano que vem. Exatamente por esse cenário e olhando até 2025, que é o período de entrega dos barris do leilão da PPSA, é que a gente observa o país ampliando vendas ao exterior”, diz.

Termos do leilão

Na segunda-feira, 29, foram divulgados os limites mínimos de preço para cada lote na primeira etapa do leilão. O limite mínimo para os lotes de Mero será igual ao valor do Brent datado (referência internacional publicada diariamente na Platts) menos US$ 4,40/barril, enquanto o limite mínimo da primeira etapa do lote de Búzios será igual ao valor do Brent datado menos US$ 4,25/barril. Ou seja, vence o leilão quem oferecer o menor desconto abaixo desse limite.

Segundo a PPSA, o desconto é considerado porque a empresa vencedora será responsável por toda a logística para buscar o petróleo nas plataformas tipo FPSO (produz, armazena e transfere petróleo e gás), onde se encontra a parcela do petróleo de propriedade da União. Nessa conta estão incluídos custos de alívio, inspeção, transbordo e frete de longo curso, entre outros. Os três lotes do campo de Mero somam 35 milhões de barris, e o único lote de Búzios, 2,5 milhões de barris.

“Os volumes são as melhores estimativas da parcela de petróleo da União em 2025 nesses campos, que contemplam as incertezas inerentes ao processo. Isso significa que, ao arrematar um lote, o comprador terá disponível todas as cargas nomeadas em 2025, ainda que o montante total seja maior ou menor ao volume estipulado no edital”, disse a PPSA em nota. “As cargas nomeadas em janeiro de 2025 serão embarcadas em março de 2025, sempre com dois meses de defasagem. O ciclo do leilão se encerra com as cargas nomeadas em dezembro, sendo embarcadas em fevereiro de 2026″, complementou a estatal.

Ainda segundo a PPSA, os valores serão depositados diretamente na conta única do Tesouro Nacional à medida que as cargas embarcadas forem sendo pagas pelo comprador, o que ocorre entre 30 e 45 dias após o embarque. “Assim, os recursos entrarão no caixa do Tesouro entre abril de 2025 e abril de 2026″, informou a estatal.

Segundo o professor do Instituto de Energia da PUC-RJ, Edmar Almeida, a importância do leilão da PPSA está associada ao fato de que é uma oferta de óleo no Brasil, que se dá abertamente e por concorrência. “É uma condição rara, porque, em geral, os produtores vendem óleo através de negociação bilateral que está ligada à estratégia mais ampla da empresa”, avalia.

Calendário de ofertas

A presidente da PPSA, Tabita Loureiro, disse ao Estadão/Broadcast que a maior concorrência tem a ver, principalmente, com os volumes crescentes ofertados. E, segundo Tabita, esses volumes serão crescentes nos próximos anos. Além disso, a estatal planeja organizar um calendário de leilões com antecedência, a fim de dar previsibilidade ao mercado e estimular a disputa pelas cargas.

“Estamos trabalhando com um calendário de leilões. Também vamos anunciar o leilão que faremos em 2025. E divulgamos, anualmente, as curvas da União para os próximos anos. Assim, os interessados poderão acompanhar os potenciais volumes que serão ofertados”, diz.

A PPSA planeja um novo certame para o primeiro semestre de 2025, a fim de comercializar a produção da União prevista para 2026 para os campos de Mero, Búzios e Bacalhau. Outros leilões já são avaliados para vender as cargas de 2027 e 2028.

“O crescimento do interesse do mercado neste leilão é resultado de um conjunto de fatores, sendo o principal deles a oferta crescente dos volumes de petróleo”, disse Tabita. O aumento da demanda global por petróleo e também no mercado doméstico, relacionada à maior capacidade utilizada e refino de Petrobras e refinarias privadas, são condições que favorecem o certame.

Tabita cita também outros fatores, como capacidade de entrega da PPSA, aumento do número de produtores no pré-sal e condições do edital e contrato, que “refletem as melhores práticas do mercado”.

No início de maio, Tabita já tinha dito ao Estadão/Broadcast que a parte que cabe à União via PPSA vai experimentar um “crescimento exponencial” até o fim da década, graças ao amadurecimento da produção no pré-sal.

Estimativas mostram que a produção do petróleo que cabe à União passará dos atuais 50 mil barris por dia (bpd) para 103 mil bpd em 2025, 234 mil bpd em 2026, 327 mil bpd em 2027, 417 mil bpd em 2028 e chegando ao pico de 564 mil bpd em 2029, detalhou a executiva. Com isso, a receita de leilões da PPSA também deve escalar para cerca de R$ 69,4 bilhões em 2029, afirmou. Esses valores são destinados ao Fundo Social, com aplicação prevista em saúde, educação e políticas ambientais.

RIO - A estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) realiza nesta quarta-feira, 31, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, o quarto leilão de óleo-lucro que cabe à União, com a oferta de 37,5 milhões de barris de petróleo, o maior volume já ofertado. O óleo-lucro se refere ao volume de petróleo após desconto dos custos de produção e investimentos. A expectativa de arrecadação é de R$ 15 bilhões.

O certame será dividido em três lotes: dois do campo de Mero e um de Búzios, todos da Bacia de Santos. Ao todo, dez empresas se inscreveram, número recorde, e a expectativa é que seja o leilão mais disputado já feito pela empresa representante do governo nos contratos de partilha da produção, que vigoram no pré-sal.

Especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmam que o aumento da procura por petróleo brasileiro no exterior e o aumento da produção doméstica de derivados, por refinarias da Petrobras e unidades privadas, estão por trás da maior concorrência. Ela tende a se repetir daqui para frente com o aumento de leilões e calendário mais previsível.

Desta vez, estão no páreo Petrobras, Refinaria de Mataripe, CNOOC Petroleum Brasil, ExxonMobil Exploração Brasil, Equinor Brasil Energia, Galp Energia Brasil, PetroChina International (Brazil) Trading, Prio Comercializadora, Shell Trading Brasil e TotalEnergies EP Brasil. As empresas poderão fazer ofertas para apenas um lote ou para todos os lotes.

Será o maior leilão da história do pré-sal Foto: FABIO MOTTA / ESTADÃO

Para o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, esse deverá ser o melhor leilão já realizado pela PPSA, não apenas pelo maior volume ofertado, como pela disputa. Vencedora do último leilão, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, busca no certame a oportunidade de obter um petróleo mais barato do que vem adquirindo junto à Petrobras.

Segundo o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, apesar da expectativa por competição, por se tratar da produção de campos operados pela Petrobras, isso pode colocar a estatal em vantagem. “Estamos falando de campos que são muito grandes, que a Petrobras já tem ali o domínio e escala. Isso pode facilitá-la na hora de oferecer excedente para o governo, e fazer lances mais assertivos”, disse. O leilão se baseia em projeções, e as cargas exatas a serem vendidas são conhecidas à frente.

O analista de óleo e gás da consultoria de preços Stonex, Bruno Cordeiro, observa o aumento na demanda por óleo cru no País, com alta de 2,8% no consumo das refinarias brasileiras no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado. Isso ocorre, sobretudo, em função do aumento do uso de capacidade pela Petrobras em suas unidades.

O mesmo acontece internacionalmente, com exportação, sobretudo pelas grandes petroleiras, sócias da estatal no País ou não, e a Prio, que exporta toda a carga. O Brasil produz atualmente entre 3 milhões e 3,2 milhões de barris por dia e registrou um crescimento nas vendas externas de petróleo próximo a 30% no primeiro semestre ante o mesmo período do ano passado.

“Há tendência de manutenção de preços mais competitivos em 2025. As projeções hoje apontam para uma continuidade do crescimento da demanda global de petróleo para o ano que vem. Exatamente por esse cenário e olhando até 2025, que é o período de entrega dos barris do leilão da PPSA, é que a gente observa o país ampliando vendas ao exterior”, diz.

Termos do leilão

Na segunda-feira, 29, foram divulgados os limites mínimos de preço para cada lote na primeira etapa do leilão. O limite mínimo para os lotes de Mero será igual ao valor do Brent datado (referência internacional publicada diariamente na Platts) menos US$ 4,40/barril, enquanto o limite mínimo da primeira etapa do lote de Búzios será igual ao valor do Brent datado menos US$ 4,25/barril. Ou seja, vence o leilão quem oferecer o menor desconto abaixo desse limite.

Segundo a PPSA, o desconto é considerado porque a empresa vencedora será responsável por toda a logística para buscar o petróleo nas plataformas tipo FPSO (produz, armazena e transfere petróleo e gás), onde se encontra a parcela do petróleo de propriedade da União. Nessa conta estão incluídos custos de alívio, inspeção, transbordo e frete de longo curso, entre outros. Os três lotes do campo de Mero somam 35 milhões de barris, e o único lote de Búzios, 2,5 milhões de barris.

“Os volumes são as melhores estimativas da parcela de petróleo da União em 2025 nesses campos, que contemplam as incertezas inerentes ao processo. Isso significa que, ao arrematar um lote, o comprador terá disponível todas as cargas nomeadas em 2025, ainda que o montante total seja maior ou menor ao volume estipulado no edital”, disse a PPSA em nota. “As cargas nomeadas em janeiro de 2025 serão embarcadas em março de 2025, sempre com dois meses de defasagem. O ciclo do leilão se encerra com as cargas nomeadas em dezembro, sendo embarcadas em fevereiro de 2026″, complementou a estatal.

Ainda segundo a PPSA, os valores serão depositados diretamente na conta única do Tesouro Nacional à medida que as cargas embarcadas forem sendo pagas pelo comprador, o que ocorre entre 30 e 45 dias após o embarque. “Assim, os recursos entrarão no caixa do Tesouro entre abril de 2025 e abril de 2026″, informou a estatal.

Segundo o professor do Instituto de Energia da PUC-RJ, Edmar Almeida, a importância do leilão da PPSA está associada ao fato de que é uma oferta de óleo no Brasil, que se dá abertamente e por concorrência. “É uma condição rara, porque, em geral, os produtores vendem óleo através de negociação bilateral que está ligada à estratégia mais ampla da empresa”, avalia.

Calendário de ofertas

A presidente da PPSA, Tabita Loureiro, disse ao Estadão/Broadcast que a maior concorrência tem a ver, principalmente, com os volumes crescentes ofertados. E, segundo Tabita, esses volumes serão crescentes nos próximos anos. Além disso, a estatal planeja organizar um calendário de leilões com antecedência, a fim de dar previsibilidade ao mercado e estimular a disputa pelas cargas.

“Estamos trabalhando com um calendário de leilões. Também vamos anunciar o leilão que faremos em 2025. E divulgamos, anualmente, as curvas da União para os próximos anos. Assim, os interessados poderão acompanhar os potenciais volumes que serão ofertados”, diz.

A PPSA planeja um novo certame para o primeiro semestre de 2025, a fim de comercializar a produção da União prevista para 2026 para os campos de Mero, Búzios e Bacalhau. Outros leilões já são avaliados para vender as cargas de 2027 e 2028.

“O crescimento do interesse do mercado neste leilão é resultado de um conjunto de fatores, sendo o principal deles a oferta crescente dos volumes de petróleo”, disse Tabita. O aumento da demanda global por petróleo e também no mercado doméstico, relacionada à maior capacidade utilizada e refino de Petrobras e refinarias privadas, são condições que favorecem o certame.

Tabita cita também outros fatores, como capacidade de entrega da PPSA, aumento do número de produtores no pré-sal e condições do edital e contrato, que “refletem as melhores práticas do mercado”.

No início de maio, Tabita já tinha dito ao Estadão/Broadcast que a parte que cabe à União via PPSA vai experimentar um “crescimento exponencial” até o fim da década, graças ao amadurecimento da produção no pré-sal.

Estimativas mostram que a produção do petróleo que cabe à União passará dos atuais 50 mil barris por dia (bpd) para 103 mil bpd em 2025, 234 mil bpd em 2026, 327 mil bpd em 2027, 417 mil bpd em 2028 e chegando ao pico de 564 mil bpd em 2029, detalhou a executiva. Com isso, a receita de leilões da PPSA também deve escalar para cerca de R$ 69,4 bilhões em 2029, afirmou. Esses valores são destinados ao Fundo Social, com aplicação prevista em saúde, educação e políticas ambientais.

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