Visa cria área para vender serviços ao governo no Brasil, na corrida por mercado global trilionário


Empresa já fez parceria com a Caixa para pagamento de contas de consumo em lotéricas, e acredita que as parcerias com governos podem ser uma grande oportunidade em todo o mundo

Por Gabriel Baldocchi

O Brasil ganhou um destaque especial na apresentação do resultado trimestral da Visa, a maior processadora de pagamentos do mundo. Ao detalhar os motivos que fizeram seu lucro avançar para quase US$ 5 bilhões no primeiro trimestre, a empresa fez questão de citar a parceria com a Caixa para o pagamento de contas de consumo (água e luz), tributos e boletos em mais de 10 mil lotéricas.

Na mesma apresentação, o presidente mundial do grupo, Ryan Mclnerney, deixou claro que o caminho para o futuro da companhia passa por parcerias, novas soluções e uma ampliação nas frentes de negócios.

O exemplo da Caixa não se deu por acaso. A operação brasileira da multinacional quer usar a parceria consolidada com os bancos estatais para dar um passo além na relação com o setor público. E criou uma área específica para fazer negócios com as administrações municipais, estaduais e federal no Brasil. Mais do que um novo departamento, trata-se de uma mudança de paradigma, em que o governo é visto como (um bom) cliente.

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A empresa vem há anos tentando se reposicionar de um negócio de cartões para uma companhia tech. Na frente comercial, a virada se dá com uma alteração no vocabulário: da atuação apenas em pagamentos, para transações como um todo. Daí o olhar especial para os governos, uma diferença potencial de alguns dígitos, já que o chamado mercado de pagamentos comerciais é estimado em US$ 200 trilhões mundialmente.

No primeiro trimestre fiscal, a Visa registrou uma receita de US$ 8,6 bilhões Foto: Alexandre Calais/Estadão

“O governo controla uma grande cifra de pagamentos no mundo todo e, no guarda-chuva das transações comerciais, é uma grande oportunidade para nós, na qual estamos fazendo um grande esforço”, afirma Gloria Colgan, vice-presidente global de soluções comerciais da Visa. A executiva conversou com o Estadão/Broadcast recentemente, em sua primeira visita ao Brasil.

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Como símbolo dessa atuação, a Visa já faz as transações das despesas da Presidência da República. Os gastos do cartão do Planalto são a fonte das informações que abastecem o Portal da Transparência. A rastreabilidade e o monitoramento desses gastos vão ser argumentos de venda para o novo time de governos da companhia.

A cesta inclui desde cartões pré-pagos até consultorias. Entre os exemplos de soluções oferecidas a entes estatais, estão o pagamento de kit escola por cartões pré-pagos que só funcionam em lugares ligados aos gastos educacionais, pagamento de taxas públicas e o uso de soluções corporativas para dar transparência e controle às despesas feitas por servidores públicos. A empresa gera receita a partir de comissão nas transações, como já acontece nos pagamentos em cartões normalmente.

“Olhamos o governo como um estabelecimento comercial, em serviços que usamos, como a taxa de aeroporto”, diz Marcela Pinori, diretora executiva de Soluções Comerciais da Visa no Brasil.

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A nova área de governo ficará sob o guarda-chuva das soluções comerciais. Carlos Alberto Nunes, com passagem pela Microsoft e experiência de vendas de sistemas de cibersegurança para governos, foi contratado para liderar o segmento.

Assim como outras áreas da indústria, as transações governamentais deslancharam na pandemia, com a necessidade das administrações públicas de pagar digitalmente benefícios ligados às ajudas concedidas durante a crise sanitária. A Visa também atuou na guerra da Ucrânia e forneceu a infraestrutura que viabilizou transações do lado ucraniano.

Empresa consumidora

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O avanço para ampliar o mercado potencial inclui as transações comerciais feitas por pequenas e grandes empresas. Aqui também há conceitos novos, desde a “consumerização” das empresas, em que as experiências no mercado B2B (negócio para negócio) ficam cada vez mais semelhante ao de pessoas físicas, num mundo digitalizado, até a questão das finanças integradas, com soluções de pagamentos em aplicativos não financeiros, como redes sociais e shoppings virtuais.

Há um esforço para desenvolver nas companhias brasileiras a cultura de usar os sistemas da Visa (não necessariamente o cartão físico) para os pagamentos com outros negócios, o que inclui transações para o exterior (crossborder), ainda muito burocráticas no sistema bancário tradicional.

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Segundo Boanerges Ramos Freire, da Boanerges & Cia, consultoria especializada em serviços financeiros, as novas apostas das empresas como a Visa e Mastercard são uma tentativa de posicionar a companhia para um novo modelo de negócios.

“Está cada vez mais claro de onde eles estão saindo, mas não está claro o que eles pretendem ser”, afirma o consultor. “Estão aumentando o espectro de atuação, mas estão atirando para tudo quanto é lado.”

O ponto positivo, diz, é que elas foram forçadas a serem mais ousadas e pensar num universo de transações muito além das pessoas físicas. Na sua avaliação, a aposta nas transações de governos é natural. “Acho que demorou até. É um bom exemplo de que se estivesse mais claro o foco as bandeiras já teriam feito isso há mais tempo.”

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A Visa prepara ainda o lançamento de uma ferramenta virtual para que os funcionários de um negócio possam fazer pequenas despesas relacionados à atividade corporativa sem ter que pedir reembolso. “Para ir comprar pão no mercado sem ter de usar o cartão pessoal”, brinca Colgan.

A gigante americana está de olho em startups e empresas de tecnologia que possam ajudar nessa frente de negócios. “Claro que temos muita capacidade, mas às vezes não vamos conseguir fazer isso sozinhos”, afirma Pinori. “Há muitas formas de fazer negócios, não precisamos necessariamente comprar empresas”, afirma ao ser questionada sobre potenciais aquisições.

Ele vê a aposta nas transações como natural. “Acho que demorou até. É um exemplo claro de que se estivesse mais claro o foco já teriam feito isso há mais tempo.”

No ano passado, o grupo comprou a brasileira Pismo, por US$ 1 bilhão, numa das maiores aquisições de tecnologia recentes. Já na área das transações comerciais, a Visa fez um aporte na brasileira Agrotoken e usa o instrumento tokenizado para abrir o mercado de crédito internacional a pequenos produtores rurais. A solução para o agro do Brasil é pioneira na multinacional e foi exportada para 15 países.

A Visa está presente em mais de 200 países. No primeiro trimestre fiscal da empresa neste ano, somou receitas de US$ 8,6 bilhões, alta de 9%. O lucro avançou 17%.

O Brasil ganhou um destaque especial na apresentação do resultado trimestral da Visa, a maior processadora de pagamentos do mundo. Ao detalhar os motivos que fizeram seu lucro avançar para quase US$ 5 bilhões no primeiro trimestre, a empresa fez questão de citar a parceria com a Caixa para o pagamento de contas de consumo (água e luz), tributos e boletos em mais de 10 mil lotéricas.

Na mesma apresentação, o presidente mundial do grupo, Ryan Mclnerney, deixou claro que o caminho para o futuro da companhia passa por parcerias, novas soluções e uma ampliação nas frentes de negócios.

O exemplo da Caixa não se deu por acaso. A operação brasileira da multinacional quer usar a parceria consolidada com os bancos estatais para dar um passo além na relação com o setor público. E criou uma área específica para fazer negócios com as administrações municipais, estaduais e federal no Brasil. Mais do que um novo departamento, trata-se de uma mudança de paradigma, em que o governo é visto como (um bom) cliente.

A empresa vem há anos tentando se reposicionar de um negócio de cartões para uma companhia tech. Na frente comercial, a virada se dá com uma alteração no vocabulário: da atuação apenas em pagamentos, para transações como um todo. Daí o olhar especial para os governos, uma diferença potencial de alguns dígitos, já que o chamado mercado de pagamentos comerciais é estimado em US$ 200 trilhões mundialmente.

No primeiro trimestre fiscal, a Visa registrou uma receita de US$ 8,6 bilhões Foto: Alexandre Calais/Estadão

“O governo controla uma grande cifra de pagamentos no mundo todo e, no guarda-chuva das transações comerciais, é uma grande oportunidade para nós, na qual estamos fazendo um grande esforço”, afirma Gloria Colgan, vice-presidente global de soluções comerciais da Visa. A executiva conversou com o Estadão/Broadcast recentemente, em sua primeira visita ao Brasil.

Como símbolo dessa atuação, a Visa já faz as transações das despesas da Presidência da República. Os gastos do cartão do Planalto são a fonte das informações que abastecem o Portal da Transparência. A rastreabilidade e o monitoramento desses gastos vão ser argumentos de venda para o novo time de governos da companhia.

A cesta inclui desde cartões pré-pagos até consultorias. Entre os exemplos de soluções oferecidas a entes estatais, estão o pagamento de kit escola por cartões pré-pagos que só funcionam em lugares ligados aos gastos educacionais, pagamento de taxas públicas e o uso de soluções corporativas para dar transparência e controle às despesas feitas por servidores públicos. A empresa gera receita a partir de comissão nas transações, como já acontece nos pagamentos em cartões normalmente.

“Olhamos o governo como um estabelecimento comercial, em serviços que usamos, como a taxa de aeroporto”, diz Marcela Pinori, diretora executiva de Soluções Comerciais da Visa no Brasil.

A nova área de governo ficará sob o guarda-chuva das soluções comerciais. Carlos Alberto Nunes, com passagem pela Microsoft e experiência de vendas de sistemas de cibersegurança para governos, foi contratado para liderar o segmento.

Assim como outras áreas da indústria, as transações governamentais deslancharam na pandemia, com a necessidade das administrações públicas de pagar digitalmente benefícios ligados às ajudas concedidas durante a crise sanitária. A Visa também atuou na guerra da Ucrânia e forneceu a infraestrutura que viabilizou transações do lado ucraniano.

Empresa consumidora

O avanço para ampliar o mercado potencial inclui as transações comerciais feitas por pequenas e grandes empresas. Aqui também há conceitos novos, desde a “consumerização” das empresas, em que as experiências no mercado B2B (negócio para negócio) ficam cada vez mais semelhante ao de pessoas físicas, num mundo digitalizado, até a questão das finanças integradas, com soluções de pagamentos em aplicativos não financeiros, como redes sociais e shoppings virtuais.

Há um esforço para desenvolver nas companhias brasileiras a cultura de usar os sistemas da Visa (não necessariamente o cartão físico) para os pagamentos com outros negócios, o que inclui transações para o exterior (crossborder), ainda muito burocráticas no sistema bancário tradicional.

Segundo Boanerges Ramos Freire, da Boanerges & Cia, consultoria especializada em serviços financeiros, as novas apostas das empresas como a Visa e Mastercard são uma tentativa de posicionar a companhia para um novo modelo de negócios.

“Está cada vez mais claro de onde eles estão saindo, mas não está claro o que eles pretendem ser”, afirma o consultor. “Estão aumentando o espectro de atuação, mas estão atirando para tudo quanto é lado.”

O ponto positivo, diz, é que elas foram forçadas a serem mais ousadas e pensar num universo de transações muito além das pessoas físicas. Na sua avaliação, a aposta nas transações de governos é natural. “Acho que demorou até. É um bom exemplo de que se estivesse mais claro o foco as bandeiras já teriam feito isso há mais tempo.”

A Visa prepara ainda o lançamento de uma ferramenta virtual para que os funcionários de um negócio possam fazer pequenas despesas relacionados à atividade corporativa sem ter que pedir reembolso. “Para ir comprar pão no mercado sem ter de usar o cartão pessoal”, brinca Colgan.

A gigante americana está de olho em startups e empresas de tecnologia que possam ajudar nessa frente de negócios. “Claro que temos muita capacidade, mas às vezes não vamos conseguir fazer isso sozinhos”, afirma Pinori. “Há muitas formas de fazer negócios, não precisamos necessariamente comprar empresas”, afirma ao ser questionada sobre potenciais aquisições.

Ele vê a aposta nas transações como natural. “Acho que demorou até. É um exemplo claro de que se estivesse mais claro o foco já teriam feito isso há mais tempo.”

No ano passado, o grupo comprou a brasileira Pismo, por US$ 1 bilhão, numa das maiores aquisições de tecnologia recentes. Já na área das transações comerciais, a Visa fez um aporte na brasileira Agrotoken e usa o instrumento tokenizado para abrir o mercado de crédito internacional a pequenos produtores rurais. A solução para o agro do Brasil é pioneira na multinacional e foi exportada para 15 países.

A Visa está presente em mais de 200 países. No primeiro trimestre fiscal da empresa neste ano, somou receitas de US$ 8,6 bilhões, alta de 9%. O lucro avançou 17%.

O Brasil ganhou um destaque especial na apresentação do resultado trimestral da Visa, a maior processadora de pagamentos do mundo. Ao detalhar os motivos que fizeram seu lucro avançar para quase US$ 5 bilhões no primeiro trimestre, a empresa fez questão de citar a parceria com a Caixa para o pagamento de contas de consumo (água e luz), tributos e boletos em mais de 10 mil lotéricas.

Na mesma apresentação, o presidente mundial do grupo, Ryan Mclnerney, deixou claro que o caminho para o futuro da companhia passa por parcerias, novas soluções e uma ampliação nas frentes de negócios.

O exemplo da Caixa não se deu por acaso. A operação brasileira da multinacional quer usar a parceria consolidada com os bancos estatais para dar um passo além na relação com o setor público. E criou uma área específica para fazer negócios com as administrações municipais, estaduais e federal no Brasil. Mais do que um novo departamento, trata-se de uma mudança de paradigma, em que o governo é visto como (um bom) cliente.

A empresa vem há anos tentando se reposicionar de um negócio de cartões para uma companhia tech. Na frente comercial, a virada se dá com uma alteração no vocabulário: da atuação apenas em pagamentos, para transações como um todo. Daí o olhar especial para os governos, uma diferença potencial de alguns dígitos, já que o chamado mercado de pagamentos comerciais é estimado em US$ 200 trilhões mundialmente.

No primeiro trimestre fiscal, a Visa registrou uma receita de US$ 8,6 bilhões Foto: Alexandre Calais/Estadão

“O governo controla uma grande cifra de pagamentos no mundo todo e, no guarda-chuva das transações comerciais, é uma grande oportunidade para nós, na qual estamos fazendo um grande esforço”, afirma Gloria Colgan, vice-presidente global de soluções comerciais da Visa. A executiva conversou com o Estadão/Broadcast recentemente, em sua primeira visita ao Brasil.

Como símbolo dessa atuação, a Visa já faz as transações das despesas da Presidência da República. Os gastos do cartão do Planalto são a fonte das informações que abastecem o Portal da Transparência. A rastreabilidade e o monitoramento desses gastos vão ser argumentos de venda para o novo time de governos da companhia.

A cesta inclui desde cartões pré-pagos até consultorias. Entre os exemplos de soluções oferecidas a entes estatais, estão o pagamento de kit escola por cartões pré-pagos que só funcionam em lugares ligados aos gastos educacionais, pagamento de taxas públicas e o uso de soluções corporativas para dar transparência e controle às despesas feitas por servidores públicos. A empresa gera receita a partir de comissão nas transações, como já acontece nos pagamentos em cartões normalmente.

“Olhamos o governo como um estabelecimento comercial, em serviços que usamos, como a taxa de aeroporto”, diz Marcela Pinori, diretora executiva de Soluções Comerciais da Visa no Brasil.

A nova área de governo ficará sob o guarda-chuva das soluções comerciais. Carlos Alberto Nunes, com passagem pela Microsoft e experiência de vendas de sistemas de cibersegurança para governos, foi contratado para liderar o segmento.

Assim como outras áreas da indústria, as transações governamentais deslancharam na pandemia, com a necessidade das administrações públicas de pagar digitalmente benefícios ligados às ajudas concedidas durante a crise sanitária. A Visa também atuou na guerra da Ucrânia e forneceu a infraestrutura que viabilizou transações do lado ucraniano.

Empresa consumidora

O avanço para ampliar o mercado potencial inclui as transações comerciais feitas por pequenas e grandes empresas. Aqui também há conceitos novos, desde a “consumerização” das empresas, em que as experiências no mercado B2B (negócio para negócio) ficam cada vez mais semelhante ao de pessoas físicas, num mundo digitalizado, até a questão das finanças integradas, com soluções de pagamentos em aplicativos não financeiros, como redes sociais e shoppings virtuais.

Há um esforço para desenvolver nas companhias brasileiras a cultura de usar os sistemas da Visa (não necessariamente o cartão físico) para os pagamentos com outros negócios, o que inclui transações para o exterior (crossborder), ainda muito burocráticas no sistema bancário tradicional.

Segundo Boanerges Ramos Freire, da Boanerges & Cia, consultoria especializada em serviços financeiros, as novas apostas das empresas como a Visa e Mastercard são uma tentativa de posicionar a companhia para um novo modelo de negócios.

“Está cada vez mais claro de onde eles estão saindo, mas não está claro o que eles pretendem ser”, afirma o consultor. “Estão aumentando o espectro de atuação, mas estão atirando para tudo quanto é lado.”

O ponto positivo, diz, é que elas foram forçadas a serem mais ousadas e pensar num universo de transações muito além das pessoas físicas. Na sua avaliação, a aposta nas transações de governos é natural. “Acho que demorou até. É um bom exemplo de que se estivesse mais claro o foco as bandeiras já teriam feito isso há mais tempo.”

A Visa prepara ainda o lançamento de uma ferramenta virtual para que os funcionários de um negócio possam fazer pequenas despesas relacionados à atividade corporativa sem ter que pedir reembolso. “Para ir comprar pão no mercado sem ter de usar o cartão pessoal”, brinca Colgan.

A gigante americana está de olho em startups e empresas de tecnologia que possam ajudar nessa frente de negócios. “Claro que temos muita capacidade, mas às vezes não vamos conseguir fazer isso sozinhos”, afirma Pinori. “Há muitas formas de fazer negócios, não precisamos necessariamente comprar empresas”, afirma ao ser questionada sobre potenciais aquisições.

Ele vê a aposta nas transações como natural. “Acho que demorou até. É um exemplo claro de que se estivesse mais claro o foco já teriam feito isso há mais tempo.”

No ano passado, o grupo comprou a brasileira Pismo, por US$ 1 bilhão, numa das maiores aquisições de tecnologia recentes. Já na área das transações comerciais, a Visa fez um aporte na brasileira Agrotoken e usa o instrumento tokenizado para abrir o mercado de crédito internacional a pequenos produtores rurais. A solução para o agro do Brasil é pioneira na multinacional e foi exportada para 15 países.

A Visa está presente em mais de 200 países. No primeiro trimestre fiscal da empresa neste ano, somou receitas de US$ 8,6 bilhões, alta de 9%. O lucro avançou 17%.

O Brasil ganhou um destaque especial na apresentação do resultado trimestral da Visa, a maior processadora de pagamentos do mundo. Ao detalhar os motivos que fizeram seu lucro avançar para quase US$ 5 bilhões no primeiro trimestre, a empresa fez questão de citar a parceria com a Caixa para o pagamento de contas de consumo (água e luz), tributos e boletos em mais de 10 mil lotéricas.

Na mesma apresentação, o presidente mundial do grupo, Ryan Mclnerney, deixou claro que o caminho para o futuro da companhia passa por parcerias, novas soluções e uma ampliação nas frentes de negócios.

O exemplo da Caixa não se deu por acaso. A operação brasileira da multinacional quer usar a parceria consolidada com os bancos estatais para dar um passo além na relação com o setor público. E criou uma área específica para fazer negócios com as administrações municipais, estaduais e federal no Brasil. Mais do que um novo departamento, trata-se de uma mudança de paradigma, em que o governo é visto como (um bom) cliente.

A empresa vem há anos tentando se reposicionar de um negócio de cartões para uma companhia tech. Na frente comercial, a virada se dá com uma alteração no vocabulário: da atuação apenas em pagamentos, para transações como um todo. Daí o olhar especial para os governos, uma diferença potencial de alguns dígitos, já que o chamado mercado de pagamentos comerciais é estimado em US$ 200 trilhões mundialmente.

No primeiro trimestre fiscal, a Visa registrou uma receita de US$ 8,6 bilhões Foto: Alexandre Calais/Estadão

“O governo controla uma grande cifra de pagamentos no mundo todo e, no guarda-chuva das transações comerciais, é uma grande oportunidade para nós, na qual estamos fazendo um grande esforço”, afirma Gloria Colgan, vice-presidente global de soluções comerciais da Visa. A executiva conversou com o Estadão/Broadcast recentemente, em sua primeira visita ao Brasil.

Como símbolo dessa atuação, a Visa já faz as transações das despesas da Presidência da República. Os gastos do cartão do Planalto são a fonte das informações que abastecem o Portal da Transparência. A rastreabilidade e o monitoramento desses gastos vão ser argumentos de venda para o novo time de governos da companhia.

A cesta inclui desde cartões pré-pagos até consultorias. Entre os exemplos de soluções oferecidas a entes estatais, estão o pagamento de kit escola por cartões pré-pagos que só funcionam em lugares ligados aos gastos educacionais, pagamento de taxas públicas e o uso de soluções corporativas para dar transparência e controle às despesas feitas por servidores públicos. A empresa gera receita a partir de comissão nas transações, como já acontece nos pagamentos em cartões normalmente.

“Olhamos o governo como um estabelecimento comercial, em serviços que usamos, como a taxa de aeroporto”, diz Marcela Pinori, diretora executiva de Soluções Comerciais da Visa no Brasil.

A nova área de governo ficará sob o guarda-chuva das soluções comerciais. Carlos Alberto Nunes, com passagem pela Microsoft e experiência de vendas de sistemas de cibersegurança para governos, foi contratado para liderar o segmento.

Assim como outras áreas da indústria, as transações governamentais deslancharam na pandemia, com a necessidade das administrações públicas de pagar digitalmente benefícios ligados às ajudas concedidas durante a crise sanitária. A Visa também atuou na guerra da Ucrânia e forneceu a infraestrutura que viabilizou transações do lado ucraniano.

Empresa consumidora

O avanço para ampliar o mercado potencial inclui as transações comerciais feitas por pequenas e grandes empresas. Aqui também há conceitos novos, desde a “consumerização” das empresas, em que as experiências no mercado B2B (negócio para negócio) ficam cada vez mais semelhante ao de pessoas físicas, num mundo digitalizado, até a questão das finanças integradas, com soluções de pagamentos em aplicativos não financeiros, como redes sociais e shoppings virtuais.

Há um esforço para desenvolver nas companhias brasileiras a cultura de usar os sistemas da Visa (não necessariamente o cartão físico) para os pagamentos com outros negócios, o que inclui transações para o exterior (crossborder), ainda muito burocráticas no sistema bancário tradicional.

Segundo Boanerges Ramos Freire, da Boanerges & Cia, consultoria especializada em serviços financeiros, as novas apostas das empresas como a Visa e Mastercard são uma tentativa de posicionar a companhia para um novo modelo de negócios.

“Está cada vez mais claro de onde eles estão saindo, mas não está claro o que eles pretendem ser”, afirma o consultor. “Estão aumentando o espectro de atuação, mas estão atirando para tudo quanto é lado.”

O ponto positivo, diz, é que elas foram forçadas a serem mais ousadas e pensar num universo de transações muito além das pessoas físicas. Na sua avaliação, a aposta nas transações de governos é natural. “Acho que demorou até. É um bom exemplo de que se estivesse mais claro o foco as bandeiras já teriam feito isso há mais tempo.”

A Visa prepara ainda o lançamento de uma ferramenta virtual para que os funcionários de um negócio possam fazer pequenas despesas relacionados à atividade corporativa sem ter que pedir reembolso. “Para ir comprar pão no mercado sem ter de usar o cartão pessoal”, brinca Colgan.

A gigante americana está de olho em startups e empresas de tecnologia que possam ajudar nessa frente de negócios. “Claro que temos muita capacidade, mas às vezes não vamos conseguir fazer isso sozinhos”, afirma Pinori. “Há muitas formas de fazer negócios, não precisamos necessariamente comprar empresas”, afirma ao ser questionada sobre potenciais aquisições.

Ele vê a aposta nas transações como natural. “Acho que demorou até. É um exemplo claro de que se estivesse mais claro o foco já teriam feito isso há mais tempo.”

No ano passado, o grupo comprou a brasileira Pismo, por US$ 1 bilhão, numa das maiores aquisições de tecnologia recentes. Já na área das transações comerciais, a Visa fez um aporte na brasileira Agrotoken e usa o instrumento tokenizado para abrir o mercado de crédito internacional a pequenos produtores rurais. A solução para o agro do Brasil é pioneira na multinacional e foi exportada para 15 países.

A Visa está presente em mais de 200 países. No primeiro trimestre fiscal da empresa neste ano, somou receitas de US$ 8,6 bilhões, alta de 9%. O lucro avançou 17%.

O Brasil ganhou um destaque especial na apresentação do resultado trimestral da Visa, a maior processadora de pagamentos do mundo. Ao detalhar os motivos que fizeram seu lucro avançar para quase US$ 5 bilhões no primeiro trimestre, a empresa fez questão de citar a parceria com a Caixa para o pagamento de contas de consumo (água e luz), tributos e boletos em mais de 10 mil lotéricas.

Na mesma apresentação, o presidente mundial do grupo, Ryan Mclnerney, deixou claro que o caminho para o futuro da companhia passa por parcerias, novas soluções e uma ampliação nas frentes de negócios.

O exemplo da Caixa não se deu por acaso. A operação brasileira da multinacional quer usar a parceria consolidada com os bancos estatais para dar um passo além na relação com o setor público. E criou uma área específica para fazer negócios com as administrações municipais, estaduais e federal no Brasil. Mais do que um novo departamento, trata-se de uma mudança de paradigma, em que o governo é visto como (um bom) cliente.

A empresa vem há anos tentando se reposicionar de um negócio de cartões para uma companhia tech. Na frente comercial, a virada se dá com uma alteração no vocabulário: da atuação apenas em pagamentos, para transações como um todo. Daí o olhar especial para os governos, uma diferença potencial de alguns dígitos, já que o chamado mercado de pagamentos comerciais é estimado em US$ 200 trilhões mundialmente.

No primeiro trimestre fiscal, a Visa registrou uma receita de US$ 8,6 bilhões Foto: Alexandre Calais/Estadão

“O governo controla uma grande cifra de pagamentos no mundo todo e, no guarda-chuva das transações comerciais, é uma grande oportunidade para nós, na qual estamos fazendo um grande esforço”, afirma Gloria Colgan, vice-presidente global de soluções comerciais da Visa. A executiva conversou com o Estadão/Broadcast recentemente, em sua primeira visita ao Brasil.

Como símbolo dessa atuação, a Visa já faz as transações das despesas da Presidência da República. Os gastos do cartão do Planalto são a fonte das informações que abastecem o Portal da Transparência. A rastreabilidade e o monitoramento desses gastos vão ser argumentos de venda para o novo time de governos da companhia.

A cesta inclui desde cartões pré-pagos até consultorias. Entre os exemplos de soluções oferecidas a entes estatais, estão o pagamento de kit escola por cartões pré-pagos que só funcionam em lugares ligados aos gastos educacionais, pagamento de taxas públicas e o uso de soluções corporativas para dar transparência e controle às despesas feitas por servidores públicos. A empresa gera receita a partir de comissão nas transações, como já acontece nos pagamentos em cartões normalmente.

“Olhamos o governo como um estabelecimento comercial, em serviços que usamos, como a taxa de aeroporto”, diz Marcela Pinori, diretora executiva de Soluções Comerciais da Visa no Brasil.

A nova área de governo ficará sob o guarda-chuva das soluções comerciais. Carlos Alberto Nunes, com passagem pela Microsoft e experiência de vendas de sistemas de cibersegurança para governos, foi contratado para liderar o segmento.

Assim como outras áreas da indústria, as transações governamentais deslancharam na pandemia, com a necessidade das administrações públicas de pagar digitalmente benefícios ligados às ajudas concedidas durante a crise sanitária. A Visa também atuou na guerra da Ucrânia e forneceu a infraestrutura que viabilizou transações do lado ucraniano.

Empresa consumidora

O avanço para ampliar o mercado potencial inclui as transações comerciais feitas por pequenas e grandes empresas. Aqui também há conceitos novos, desde a “consumerização” das empresas, em que as experiências no mercado B2B (negócio para negócio) ficam cada vez mais semelhante ao de pessoas físicas, num mundo digitalizado, até a questão das finanças integradas, com soluções de pagamentos em aplicativos não financeiros, como redes sociais e shoppings virtuais.

Há um esforço para desenvolver nas companhias brasileiras a cultura de usar os sistemas da Visa (não necessariamente o cartão físico) para os pagamentos com outros negócios, o que inclui transações para o exterior (crossborder), ainda muito burocráticas no sistema bancário tradicional.

Segundo Boanerges Ramos Freire, da Boanerges & Cia, consultoria especializada em serviços financeiros, as novas apostas das empresas como a Visa e Mastercard são uma tentativa de posicionar a companhia para um novo modelo de negócios.

“Está cada vez mais claro de onde eles estão saindo, mas não está claro o que eles pretendem ser”, afirma o consultor. “Estão aumentando o espectro de atuação, mas estão atirando para tudo quanto é lado.”

O ponto positivo, diz, é que elas foram forçadas a serem mais ousadas e pensar num universo de transações muito além das pessoas físicas. Na sua avaliação, a aposta nas transações de governos é natural. “Acho que demorou até. É um bom exemplo de que se estivesse mais claro o foco as bandeiras já teriam feito isso há mais tempo.”

A Visa prepara ainda o lançamento de uma ferramenta virtual para que os funcionários de um negócio possam fazer pequenas despesas relacionados à atividade corporativa sem ter que pedir reembolso. “Para ir comprar pão no mercado sem ter de usar o cartão pessoal”, brinca Colgan.

A gigante americana está de olho em startups e empresas de tecnologia que possam ajudar nessa frente de negócios. “Claro que temos muita capacidade, mas às vezes não vamos conseguir fazer isso sozinhos”, afirma Pinori. “Há muitas formas de fazer negócios, não precisamos necessariamente comprar empresas”, afirma ao ser questionada sobre potenciais aquisições.

Ele vê a aposta nas transações como natural. “Acho que demorou até. É um exemplo claro de que se estivesse mais claro o foco já teriam feito isso há mais tempo.”

No ano passado, o grupo comprou a brasileira Pismo, por US$ 1 bilhão, numa das maiores aquisições de tecnologia recentes. Já na área das transações comerciais, a Visa fez um aporte na brasileira Agrotoken e usa o instrumento tokenizado para abrir o mercado de crédito internacional a pequenos produtores rurais. A solução para o agro do Brasil é pioneira na multinacional e foi exportada para 15 países.

A Visa está presente em mais de 200 países. No primeiro trimestre fiscal da empresa neste ano, somou receitas de US$ 8,6 bilhões, alta de 9%. O lucro avançou 17%.

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