A Rico vai entrar no segmento de contas bancárias ainda neste ano. A corretora da XP Investimentos busca ser uma opção para o investidor sem coletinho “farialimer”. Por isso, hoje já oferece opções de investimentos com valor mínimo de R$ 1 e passará a ter conta digital sem anuidade que aceita Pix, tem cartão e permite o pagamento de boletos. O novo serviço bancário já está em testes e deve chegar ao mercado em outubro.
Egresso do Itaú, Pedro Canellas, principal executivo da Rico e sócio da XP, planeja uma comunicação clara com o consumidor, sem termos técnicos, para promover a educação financeira. “Se você quer tornar o investimento mais popular, não pode falar coisas como ‘a cotização do seu investimento será em D+3′”, diz.
Na conta corrente, a empresa terá uma plataforma de metas financeiras para o usuário – a exemplo do que já fazem outros bancos digitais, como o Next, do Bradesco. Será possível criar objetivos, por exemplo, de trocar de celular em três meses, casar em três anos ou comprar uma casa em dez anos. Após a configuração das metas, o aplicativo mandará sugestões e lembretes sobre como atingi-las, modelo inspirado no aplicativo de corrida da Nike.
A entrada nos serviços bancários acontece na sequência do lançamento da XP na mesma categoria. As plataformas compartilham o uso de tecnologias, mas mantêm operações de marca separadas. A Rico mira no público com 40 anos ou menos. “Com uma proposta digital, a Rico vê uma oportunidade de ser o melhor para o público jovem e de menor renda”, diz Canellas.
Diversificação
Com a entrada no serviço bancário, a Rico passa a competir com os grandes bancos e com as fintechs pela gestão das finanças do dia a dia do consumidor. Recentemente, Nubank e PicPay anunciaram mudanças no rendimento diário do saldo dos clientes, algo que não está nos planos da Rico.
A diversificação de negócios da Rico e da XP chega em uma época marcada pela alta na taxa de juros, quando empresas focadas em investimentos em bolsa de valores têm cortado funcionários para controlar custos, como aconteceu com a Empiricus.
“No começo, éramos focados em renda variável. Com o serviço de banking, fundos e renda fixa, o serviço fica mais resiliente. Se um negócio não está tão bem, o outro está”, conta Canellas.
Origem
Em 2016, a Rico foi uma das empresas compradas pela XP em uma fase marcada pelo crescimento por meio de aquisições. A companhia foi lançada em 2010 por ex-executivos da Link Investimentos, uma corretora que foi vendida pelo banco suíço UBS em 2013.
A companhia tinha entre seus sócios Marcelo Mendonça de Barros, filho do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, Frederico Meinberg, Monica Saccarelli, Norberto Giangrande e Ricardo da Costa Moraes Filho. Antes da venda, o banco português Caixa Geral de Depósitos tinha participação de 51% no negócio.
A Rico foi um dos principais canais de investimentos em renda fixa no País, liderando a abertura de contas em Tesouro Direto em 2014 e 2016, o que chamou a atenção da XP. À época, a Rico era a vice-líder de mercado com 120 mil clientes, que se somaram aos 200 mil da XP. Hoje, a dona do negócio tem 3,5 milhões de clientes e beira R$ 1 trilhão de ativos sob gestão.
A XP também mantém a operação da marca Clear, comprada em 2014. No entanto, ela se diferencia das outras duas marcas, sendo voltada a operações de “day-trade”.