Nos EUA, analistas ainda veem um ambiente de incertezas


Para especialistas, não ficou claro no que China e Estados Unidos vão ceder para pôr fim à guerra comercial

Por Beatriz Bulla e correspondente

WASHINGTON - A trégua comercial anunciada entre China e Estados Unidos no final de semana, após encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, ainda é vista com cautela por analistas. A avaliação é de que o cenário segue com incertezas sobre os detalhes do que cada um dos lados estará disposto a ceder dentro de três meses. O prazo de 90 dias é o estabelecido entre os dois líderes como período para negociar um acordo. Nesse meio tempo, a imposição recíproca de tarifas foi adiada, após meses de escalada na tensão entre as duas maiores economias mundiais.

Xi Jinping e Donald Trump jantaram em Buenos Aires durante o G-20 Foto: Kevin Lamarque/Reuters - 1/12/2018

“Há histórias diferentes saindo do encontro no G-20”, afirmou Jeffrey Prescott, ex-assessor do governo americano e ex-conselheiro da vice-presidência em assuntos sobre Ásia. Segundo ele, não é estranho que cada um dos lados coloque luz no que é mais vantajoso ao seu país, mas os comunicados dos EUA e da China levantam muitas dúvidas. “Nenhum relatório sugere que tivemos um avanço concreto nas questões estruturais, não é claro o que mudou no final de semana”, afirmou Prescott, em evento da think tank Atlantic Council, em Washington. Trump usa tarifas para pressionar a China em questões estruturais como transferência de tecnologia e cibersegurança.

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Em encontro entre os líderes dos dois países na Argentina, os Estados Unidos concordaram em não elevar mais tarifas sobre produtos chineses em 1º de janeiro enquanto a China concordou em comprar mais produtos agrícolas dos EUA. Trump usou o Twitter para comentar a reunião com Xi Jinping. Segundo ele, a China concordou em reduzir e remover tarifas hoje de 40% sobre automóveis – o que não está descrito nos comunicados oficiais da reunião.

A Casa Branca informou que se não houver um acordo entre os dois países no prazo de 90 dias as tarifas de 10% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses subirão para 25%. Trump afirmou que o encontro foi “extraordinário” e que a relação entre os dois países deu um grande salto. “Coisas muito boas irão acontecer”, escreveu Trump.

O assessor econômico de Trump, Larry Kudlow, disse nesta segunda-feira a jornalistas que a China “está concordando em abordar” questões estruturais – como as relacionadas a tecnologia. Ele também confirmou que a questão de remoção das tarifas de veículos aconteceria imediatamente.

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Telefone sem fio

“Por mais que essa trégua seja dada, não fica claro o que cada lado vai ceder para se chegar a um acordo. Há o lado americano falando que a China vai aceitar conversar sobre cibersegurança, já a China deixa isso em aberto e fala em reconhecimento dos EUA em tratar ‘uma única China’ – enquanto os EUA não comentaram nada sobre isso. Ainda está um jogo de telefone sem fio, mas é positivo quando os dois lados estão dispostos a chegar a uma solução a isso”, afirmou Thiago de Aragão, diretor da consultoria Arko Advice. De acordo com Jeffrey Prescott, a incerteza tem sido parte do jogo do governo Trump. “Começar um fogo e depois apagá-lo é algo que vimos em outras áreas nesse governo”, afirmou. Segundo ele, os Estados Unidos pressionam a China por mudanças estruturais que, ainda que sejam acordadas, levarão tempo para serem implementadas e gerarem efeito. O analista, que assessorou a vice-presidência até 2015, afirma que Trump entrará em um período de pressão com a eleição de 2020 à vista e precisará decidir se politicamente usará Pequim como um inimigo ou como parte de um grande acordo comercial.

Trump também usou o Twitter para mandar recado aos produtores agrícolas do país, afetados diretamente pela guerra comercial com os chineses após a queda no preço de grãos, como a soja. “Agricultores serão beneficiados muito e rapidamente com nosso acordo com a China. Eles pretendem começar a comprar produtos agrícolas imediatamente. Nós fazemos o produto mais limpo do mundo e é isso que a China quer. Agricultores, eu amo vocês”, escreveu Trump. Com a imposição de tarifas pela China ao produto americano, produtores de soja passaram a estocar o grão esperando o alívio na tensão comercial. Além do problema econômico, a comunidade rural dos EUA é importante apoiadora de Trump politicamente.

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A trégua pode afetar as exportações brasileiras. “Se a China aumentar a importação de soja americana e outros produtos agrícolas, naturalmente vão deixar de comprar do Brasil e outros países. É possível que a resolução desse problema gere impacto negativo nas exportações brasileiras”, afirmou Aragão.

WASHINGTON - A trégua comercial anunciada entre China e Estados Unidos no final de semana, após encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, ainda é vista com cautela por analistas. A avaliação é de que o cenário segue com incertezas sobre os detalhes do que cada um dos lados estará disposto a ceder dentro de três meses. O prazo de 90 dias é o estabelecido entre os dois líderes como período para negociar um acordo. Nesse meio tempo, a imposição recíproca de tarifas foi adiada, após meses de escalada na tensão entre as duas maiores economias mundiais.

Xi Jinping e Donald Trump jantaram em Buenos Aires durante o G-20 Foto: Kevin Lamarque/Reuters - 1/12/2018

“Há histórias diferentes saindo do encontro no G-20”, afirmou Jeffrey Prescott, ex-assessor do governo americano e ex-conselheiro da vice-presidência em assuntos sobre Ásia. Segundo ele, não é estranho que cada um dos lados coloque luz no que é mais vantajoso ao seu país, mas os comunicados dos EUA e da China levantam muitas dúvidas. “Nenhum relatório sugere que tivemos um avanço concreto nas questões estruturais, não é claro o que mudou no final de semana”, afirmou Prescott, em evento da think tank Atlantic Council, em Washington. Trump usa tarifas para pressionar a China em questões estruturais como transferência de tecnologia e cibersegurança.

Em encontro entre os líderes dos dois países na Argentina, os Estados Unidos concordaram em não elevar mais tarifas sobre produtos chineses em 1º de janeiro enquanto a China concordou em comprar mais produtos agrícolas dos EUA. Trump usou o Twitter para comentar a reunião com Xi Jinping. Segundo ele, a China concordou em reduzir e remover tarifas hoje de 40% sobre automóveis – o que não está descrito nos comunicados oficiais da reunião.

A Casa Branca informou que se não houver um acordo entre os dois países no prazo de 90 dias as tarifas de 10% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses subirão para 25%. Trump afirmou que o encontro foi “extraordinário” e que a relação entre os dois países deu um grande salto. “Coisas muito boas irão acontecer”, escreveu Trump.

O assessor econômico de Trump, Larry Kudlow, disse nesta segunda-feira a jornalistas que a China “está concordando em abordar” questões estruturais – como as relacionadas a tecnologia. Ele também confirmou que a questão de remoção das tarifas de veículos aconteceria imediatamente.

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“Por mais que essa trégua seja dada, não fica claro o que cada lado vai ceder para se chegar a um acordo. Há o lado americano falando que a China vai aceitar conversar sobre cibersegurança, já a China deixa isso em aberto e fala em reconhecimento dos EUA em tratar ‘uma única China’ – enquanto os EUA não comentaram nada sobre isso. Ainda está um jogo de telefone sem fio, mas é positivo quando os dois lados estão dispostos a chegar a uma solução a isso”, afirmou Thiago de Aragão, diretor da consultoria Arko Advice. De acordo com Jeffrey Prescott, a incerteza tem sido parte do jogo do governo Trump. “Começar um fogo e depois apagá-lo é algo que vimos em outras áreas nesse governo”, afirmou. Segundo ele, os Estados Unidos pressionam a China por mudanças estruturais que, ainda que sejam acordadas, levarão tempo para serem implementadas e gerarem efeito. O analista, que assessorou a vice-presidência até 2015, afirma que Trump entrará em um período de pressão com a eleição de 2020 à vista e precisará decidir se politicamente usará Pequim como um inimigo ou como parte de um grande acordo comercial.

Trump também usou o Twitter para mandar recado aos produtores agrícolas do país, afetados diretamente pela guerra comercial com os chineses após a queda no preço de grãos, como a soja. “Agricultores serão beneficiados muito e rapidamente com nosso acordo com a China. Eles pretendem começar a comprar produtos agrícolas imediatamente. Nós fazemos o produto mais limpo do mundo e é isso que a China quer. Agricultores, eu amo vocês”, escreveu Trump. Com a imposição de tarifas pela China ao produto americano, produtores de soja passaram a estocar o grão esperando o alívio na tensão comercial. Além do problema econômico, a comunidade rural dos EUA é importante apoiadora de Trump politicamente.

A trégua pode afetar as exportações brasileiras. “Se a China aumentar a importação de soja americana e outros produtos agrícolas, naturalmente vão deixar de comprar do Brasil e outros países. É possível que a resolução desse problema gere impacto negativo nas exportações brasileiras”, afirmou Aragão.

WASHINGTON - A trégua comercial anunciada entre China e Estados Unidos no final de semana, após encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, ainda é vista com cautela por analistas. A avaliação é de que o cenário segue com incertezas sobre os detalhes do que cada um dos lados estará disposto a ceder dentro de três meses. O prazo de 90 dias é o estabelecido entre os dois líderes como período para negociar um acordo. Nesse meio tempo, a imposição recíproca de tarifas foi adiada, após meses de escalada na tensão entre as duas maiores economias mundiais.

Xi Jinping e Donald Trump jantaram em Buenos Aires durante o G-20 Foto: Kevin Lamarque/Reuters - 1/12/2018

“Há histórias diferentes saindo do encontro no G-20”, afirmou Jeffrey Prescott, ex-assessor do governo americano e ex-conselheiro da vice-presidência em assuntos sobre Ásia. Segundo ele, não é estranho que cada um dos lados coloque luz no que é mais vantajoso ao seu país, mas os comunicados dos EUA e da China levantam muitas dúvidas. “Nenhum relatório sugere que tivemos um avanço concreto nas questões estruturais, não é claro o que mudou no final de semana”, afirmou Prescott, em evento da think tank Atlantic Council, em Washington. Trump usa tarifas para pressionar a China em questões estruturais como transferência de tecnologia e cibersegurança.

Em encontro entre os líderes dos dois países na Argentina, os Estados Unidos concordaram em não elevar mais tarifas sobre produtos chineses em 1º de janeiro enquanto a China concordou em comprar mais produtos agrícolas dos EUA. Trump usou o Twitter para comentar a reunião com Xi Jinping. Segundo ele, a China concordou em reduzir e remover tarifas hoje de 40% sobre automóveis – o que não está descrito nos comunicados oficiais da reunião.

A Casa Branca informou que se não houver um acordo entre os dois países no prazo de 90 dias as tarifas de 10% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses subirão para 25%. Trump afirmou que o encontro foi “extraordinário” e que a relação entre os dois países deu um grande salto. “Coisas muito boas irão acontecer”, escreveu Trump.

O assessor econômico de Trump, Larry Kudlow, disse nesta segunda-feira a jornalistas que a China “está concordando em abordar” questões estruturais – como as relacionadas a tecnologia. Ele também confirmou que a questão de remoção das tarifas de veículos aconteceria imediatamente.

Telefone sem fio

“Por mais que essa trégua seja dada, não fica claro o que cada lado vai ceder para se chegar a um acordo. Há o lado americano falando que a China vai aceitar conversar sobre cibersegurança, já a China deixa isso em aberto e fala em reconhecimento dos EUA em tratar ‘uma única China’ – enquanto os EUA não comentaram nada sobre isso. Ainda está um jogo de telefone sem fio, mas é positivo quando os dois lados estão dispostos a chegar a uma solução a isso”, afirmou Thiago de Aragão, diretor da consultoria Arko Advice. De acordo com Jeffrey Prescott, a incerteza tem sido parte do jogo do governo Trump. “Começar um fogo e depois apagá-lo é algo que vimos em outras áreas nesse governo”, afirmou. Segundo ele, os Estados Unidos pressionam a China por mudanças estruturais que, ainda que sejam acordadas, levarão tempo para serem implementadas e gerarem efeito. O analista, que assessorou a vice-presidência até 2015, afirma que Trump entrará em um período de pressão com a eleição de 2020 à vista e precisará decidir se politicamente usará Pequim como um inimigo ou como parte de um grande acordo comercial.

Trump também usou o Twitter para mandar recado aos produtores agrícolas do país, afetados diretamente pela guerra comercial com os chineses após a queda no preço de grãos, como a soja. “Agricultores serão beneficiados muito e rapidamente com nosso acordo com a China. Eles pretendem começar a comprar produtos agrícolas imediatamente. Nós fazemos o produto mais limpo do mundo e é isso que a China quer. Agricultores, eu amo vocês”, escreveu Trump. Com a imposição de tarifas pela China ao produto americano, produtores de soja passaram a estocar o grão esperando o alívio na tensão comercial. Além do problema econômico, a comunidade rural dos EUA é importante apoiadora de Trump politicamente.

A trégua pode afetar as exportações brasileiras. “Se a China aumentar a importação de soja americana e outros produtos agrícolas, naturalmente vão deixar de comprar do Brasil e outros países. É possível que a resolução desse problema gere impacto negativo nas exportações brasileiras”, afirmou Aragão.

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