BRASÍLIA O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, revelou que tem como missão até o final do ano fazer o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ser criticado pelos grupos bolsonaristas por estar “excessivamente próximo à equipe econômica do PT”.
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“Essa é a minha missão até o final do governo. É isso que eu pretendo fazer, ver se a gente consegue fazer com que os bolsonaristas critiquem ele por estar excessivamente alinhado com a equipe econômica”, disse Galípolo ao final da entrevista concedida ao Estadão, na quarta-feira, na qual falou sobre a crise aberta no governo com o BC. O secretário disse que essa era uma missão “corporativa” dada a ele mesmo.
O comentário foi feito em resposta à pergunta sobre a relação do Ministério da Fazenda com o presidente do Banco Central após os seguidos ataques de integrantes do governo, puxados pelo presidente Lula, à atuação de Campos Neto na condução da política de juros, em meio à discussão sobre mudança da meta de inflação defendida pelo presidente Lula.
Apesar do tom irônico, a fala do número 2 da Fazenda serviu para sinalizar um ambiente de distensionamento e maior aproximação na relação com o BC. De quebra, o braço direito do ministro Fernando Haddad cutucou os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que já vinham criticando, nos últimos dias, a aproximação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na ação de enfrentamento da tragédia provocada pelas chuvas no litoral de São Paulo.
Galípolo fez questão de dizer que fala quase diariamente com Campos Neto. Em outro momento da entrevista, também citou que está mapeando junto com a autoridade monetária o cenário de restrição do crédito no mercado bancário. O foco para evitar uma crise de crédito foi ponto ressaltado pelo secretário-executivo, que acenou com medidas compensatórias de liquidez, caso necessário.
O aumento do crédito é central na diretriz de política econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para dinamizar a economia. Tudo que o governo não quer ver é mais retração do crédito, que ameaça esfriar ainda mais a atividade econômica em 2023.