Na avaliação do economista Armando Castelar, do Ibre/FGV, ainda que o Brasil se destaque na produção de commodities, é ineficiente em todos os setores e teria, na verdade, “ilhas” de produtividade, com poucos empresários e produtores que ficam acima da média.
Para resolver essa equação, o economista sugere a melhora do ambiente de negócios para que as pequenas empresas consigam crescer. A seguir, trechos da entrevista concedida ao Estado.
Em que setores o Brasil tem potencial de ser mais produtivo?
O Brasil é deficiente em todos os setores. Ele tem ilhas de produtividade em diferentes setores, como na área da agropecuária. Para resolver isso, é questão de baixar o custo de capital, reduzir a insegurança jurídica, melhorar a tributação, abrir a economia e deixar as empresas florescerem.
A impressão é que boa parte das pequenas empresas não consegue crescer e outra boa parte não quer crescer...
É verdade. Mas também é verdade que muitos pequenos empresários são ex-empregados que não conseguem outra ocupação. Precisamos criar oportunidades para que mais pessoas trabalhem em empresas grandes ou criar oportunidade para que elas fundem pequenas empresas que consigam crescer. A Apple começou numa garagem. O Facebook começou em um dormitório. Isso passa por fazer a reforma da Previdência e, com isso, reduzir o crescimento do gasto público. O juro para o empresário é alto porque tem uma política expansionista, o gasto cresce muito mais que o Produto Interno Bruto. O custo de capital é isso.
As empresas estão certas ao atribuir a baixa produtividade ao ambiente de negócios?
As empresas brasileiras estão certas ao reclamar que o ambiente de negócios do País é muito ruim, com alta tributação, insegurança jurídica. O problema é que não há uma pressão para melhorar o ambiente de negócios. O Brasil precisa ir abrindo a economia.
A política dos campeões nacionais não era uma tentativa de aumentar a produtividade e a competitividade de empresas?
Sim, era a ideia de que precisa ter empresas competitivas no exterior, mas era o contrário. O governo tentou fazer com que essas empresas fossem competir fora do País, mas algumas nunca saíram daqui e outras eram dependentes do subsídio. A política era equivocada. O que interessa em uma empresa como a Apple é que ela produz equipamentos de qualidade. A política dos campeões nacionais nunca teve um objetivo claro, mas a base era a capacidade da empresa competir, à base de subsídio.