Pela primeira vez desde 2020, o Federal Reserve (Fed) dos EUA deve cortar a taxa básica de juros. No Simpósio de Jackson Hole, realizado em 23 de agosto, o presidente do Fed, Jerome Powell, confirmou que o ciclo de cortes de juros começará em setembro, com o ritmo e tamanho dos cortes dependendo da análise futura dos dados. Powell destacou que os ajustes no mercado de trabalho decorrem da normalização pós-pandemia e não de cortes de vagas, prevendo um possível corte de 0,25 ponto porcentual.
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Taxas de juros mais baixas geralmente beneficiam o mercado de ações, reduzindo os custos de financiamento para as empresas e impulsionando os resultados, além de aumentar a demanda por ativos de risco devido à menor atratividade da renda fixa. Esse cenário pode levar a uma rotação no mercado, movendo o foco para ações com potencial de valorização que estavam “esquecidas” nos últimos 18 meses, período em que os investimentos estavam concentrados nas grandes tecnologias e inteligência artificial.
No entanto, o desempenho das ações após o início de um ciclo de cortes de juros nem sempre é positivo, dependendo de outros fatores, principalmente o motivo dos cortes. Recentemente, o mercado experimentou dias difíceis devido à percepção de uma possível recessão na economia americana, embora esse sentimento tenha diminuído. Ainda assim, o mercado continua sensível a mudanças rápidas, e ambientes recessivos podem prejudicar empresas que mais se beneficiam dos cortes de juros, como aquelas endividadas e em expansão.
Acompanhar os dados de atividade, como o próximo relatório de mercado de trabalho, é crucial. Se os números forem decepcionantes, o mercado pode aumentar as apostas em um corte de 50 pontos porcentuais na reunião de setembro, potencialmente ativando o modo-pânico que vimos no início de agosto, que levou mercados a derreterem e os níveis de aversão a risco dispararem. O mais importante é estar preparado para todos os cenários, com diversificação e uma carteira ajustada ao seu perfil.
* Danilo Igliori é economista-chefe da Nomad
** Paula Zogbi é gerente de research da Nomad
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