O rotativo do cartão de crédito está na mira do governo e do Congresso Nacional. Essa é a linha mais cara de crédito do País, que tem juros médios de mais de 437% ao ano, mas as instituições chegam a cobrar quase 1.000%, segundo ranking do Banco Central.
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As iniciativas do governo e do Congresso buscam tabelar os juros, o que significaria estabelecer um limite, como ocorre atualmente no cheque especial das contas bancárias. Bancos discordam e estão negociando outras opções para solucionar o problema com o governo, varejo e outros envolvidos.
Mas afinal, o que é o rotativo do cartão?
O rotativo é acionado quando o consumidor não paga a totalidade da fatura do cartão de crédito até a sua data de vencimento. Nesse sistema, é possível que o titular pague apenas uma parte do saldo devedor mensal. O restante dos valores devidos “rodam” para o próximo mês.
Para utilizar essa opção, no entanto, há um custo, que normalmente é alto. O saldo que não foi pago é sujeito a juros que normalmente são mais elevados do que taxas de juros de outros tipos de crédito. Por isso, ao pagar apenas uma parte do valor da fatura do cartão de crédito, o consumidor pode acumular juros sobre valor remanescente, o que aumenta o total devido.
Caso a situação se repita, são acumulados juros sobre juros (juros compostos), aumentando exponencialmente o valor que deverá ser pago. Por esse funcionamento, o rotativo do cartão de crédito é responsável por dívidas acumuladas rapidamente.
Além do valor normal da fatura mensal do cartão, o consumidor que utiliza o rotativo ainda precisa pagar o valor que sobrou do mês passado mais os juros. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o rotativo do cartão de crédito é o “maior problema de juro” no País hoje.
“Você tem um mecanismo que, se a parcela é paga em dia, você está salvo. Mas se tiver uma emergência qualquer, e estamos cheios de imprevistos na vida, e você não paga a parcela, você cai nesse juro absurdo. Como a pessoa vai pagar 400% ao ano? Não tem razoabilidade”, questionou em entrevista ao “Bom dia, Ministro”.
Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto a modalidade deve deixar de existir. O grupo de trabalho — formado pelo BC, governo e bancos — deve encaminhar nos próximos 90 dias uma solução para o fim do rotativo.