O que os números dizem sobre a Petrobras? Veja 5 gráficos da estatal que terá novo comando


Empresa exibe bons indicadores, o que reforça caráter político da substituição de Prates por Magda Chambriard; política de preço dos combustíveis e decisão de investimento serão olhadas com lupa

Por Bianca Lima
Atualização:

BRASÍLIA - Apesar do lucro aquém do esperado no primeiro trimestre de 2024, a Petrobras exibe bons indicadores financeiros, o que reforça o caráter político da substituição de Jean Paul Prates por Magda Chambriard no comando da estatal.

O agora ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates deixa a sede da empresa no centro do Rio de Janeiro.  Foto: Pedro Kirilos/Estadao

“A Petrobras tem boa saúde financeira, é uma empresa geradora de caixa e tem lucro. A questão é que o gato subiu no telhado: não sabemos o que esperar daqui para frente”, afirma Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

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Segundo ele, dois pontos principais serão acompanhados com lupa pelo mercado: a política de preço dos combustíveis, que tem impacto direto nos resultados e nas margens da empresa; e as decisões de alocação de capital dentro da petrolífera, as quais se refletirão na distribuição de dividendos aos acionistas.

Nesse sentido, algumas dúvidas se impõem: a estatal vai voltar a investir em refino? De que forma? Haverá foco em fertilizantes e gás natural, como demanda o Palácio do Planalto? Qual será a trajetória dos investimentos e eles privilegiarão o retorno econômico ou político?

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“Desde que o novo governo assumiu, a Petrobras demonstrou sua capacidade de sustentar a posição de boa pagadora de dividendos, o que ajudou a apoiar o desempenho das ações até o momento”, afirma Gabriel Barra, analista do Citi, em relatório. “A grande questão é se esses pagamentos irão se sustentar”, pontua.

Magda Chambriard, que começou a “trabalhar” menos de 24 horas após a queda de Prates, foi diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo Dilma Rousseff e será a oitava presidente da petrolífera em oito anos.

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No meio político, é chamada de “petista histórica” e deverá estabelecer, segundo interlocutores, uma linha direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passaria a ter maior controle sobre os rumos da companhia.

“O que trouxe o lucro da empresa para baixo no primeiro trimestre deste ano é exatamente o que preocupa no futuro: a política de preço dos combustíveis, a diminuição de margem de refino e a perda de dinheiro na importação de diesel”, afirma Rodrigues, do CBIE, ponderando que o resultado, apesar de aquém do esperado, não foi de todo ruim.

“O problema é que essas questões relacionadas a preço remetem a uma história que a gente viveu num passado bem recente”, diz o diretor, em referência ao período de congelamento dos valores dos combustíveis, durante o governo Dilma Rousseff - o qual levou a estatal a prejuízos bilionários.

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Com o impeachment da petista e a chegada de Pedro Parente ao comando da empresa, em 2016, a Petrobras adotou o Preço de Paridade de Importação (PPI), que levava com conta, principalmente, o valor do barril de petróleo e a cotação do dólar. As variações, porém, chegaram a ser diárias e acabaram servindo de estopim para a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.

Os reajustes foram espaçados, mas a política de preços seguiu no alvo dos presidentes da república. Jair Bolsonaro, por exemplo, trocou três vezes o comando da empresa durante a sua gestão. A pedido de Lula, Prates “abrasileirou” o PPI, como o próprio ex-senador afirma.

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A nova fórmula passou a considerar fatores internos no cálculo, mas foi considerada “obscura” e “pouco transparente” pelo mercado. O último reajuste da gasolina, por exemplo, foi realizado há sete meses, o que faz com que o produto acumule defasagem, em relação à referência internacional, de 17,7%, segundo dados do CBIE. O temor é de que a troca de comando leve a mudanças mais bruscas nessa política de precificação da empresa.

“Embora acreditemos que os estatutos da Petrobras e a governança interna sejam sólidos e dificultem a implementação de mudanças radicais, acreditamos ser importante monitorar como essa mudança de CEO poderia impactar potencialmente o ritmo de implementação e magnitude do capex (investimento); a aceleração de projetos de M&A (fusões e aquisições), especialmente em refino e petroquímica; e a precificação de combustíveis”, afirmam os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, em análise do banco Santander.

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O delicado equilíbrio entre acionistas privados e União - e o jogo de cintura da futura CEO para equilibrar essas duas pontas - também será observado. “Prates fazia um papel de algodão entre dois cristais. Um dos cristais é o governo, querendo fazer a sua política desenvolvimentista. E o outro é o mercado. Ele conseguia fazer esse balanço. Daqui para frente, não sabemos como será”, diz Rodrigues.

Em relatório do Goldman Sachs, os analistas Bruno Amorim, Joao Frizo e Guilherme Costa Martins dizem acreditar que a mudança de comando possa reacender preocupações relativas a uma possível intervenção política nas operações da empresa.

“Observamos que a liderança da Petrobras mudou várias vezes no passado devido a desentendimentos entre a gestão e o governo - levando subsequentemente a uma queda no preço das ações nos dias seguintes aos eventos”, lembram.

Nesta quarta-feira, não foi diferente: a companhia amargou uma queda de R$ 34 bilhões em seu valor de mercado, segundo levantamento de Einar Rivero, sócio da Elos Ayta Consultoria./Com Beth Moreira, Caroline Aragaki e Gabriel Baldocchi, do Broadcast

BRASÍLIA - Apesar do lucro aquém do esperado no primeiro trimestre de 2024, a Petrobras exibe bons indicadores financeiros, o que reforça o caráter político da substituição de Jean Paul Prates por Magda Chambriard no comando da estatal.

O agora ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates deixa a sede da empresa no centro do Rio de Janeiro.  Foto: Pedro Kirilos/Estadao

“A Petrobras tem boa saúde financeira, é uma empresa geradora de caixa e tem lucro. A questão é que o gato subiu no telhado: não sabemos o que esperar daqui para frente”, afirma Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Segundo ele, dois pontos principais serão acompanhados com lupa pelo mercado: a política de preço dos combustíveis, que tem impacto direto nos resultados e nas margens da empresa; e as decisões de alocação de capital dentro da petrolífera, as quais se refletirão na distribuição de dividendos aos acionistas.

Nesse sentido, algumas dúvidas se impõem: a estatal vai voltar a investir em refino? De que forma? Haverá foco em fertilizantes e gás natural, como demanda o Palácio do Planalto? Qual será a trajetória dos investimentos e eles privilegiarão o retorno econômico ou político?

“Desde que o novo governo assumiu, a Petrobras demonstrou sua capacidade de sustentar a posição de boa pagadora de dividendos, o que ajudou a apoiar o desempenho das ações até o momento”, afirma Gabriel Barra, analista do Citi, em relatório. “A grande questão é se esses pagamentos irão se sustentar”, pontua.

Magda Chambriard, que começou a “trabalhar” menos de 24 horas após a queda de Prates, foi diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo Dilma Rousseff e será a oitava presidente da petrolífera em oito anos.

No meio político, é chamada de “petista histórica” e deverá estabelecer, segundo interlocutores, uma linha direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passaria a ter maior controle sobre os rumos da companhia.

“O que trouxe o lucro da empresa para baixo no primeiro trimestre deste ano é exatamente o que preocupa no futuro: a política de preço dos combustíveis, a diminuição de margem de refino e a perda de dinheiro na importação de diesel”, afirma Rodrigues, do CBIE, ponderando que o resultado, apesar de aquém do esperado, não foi de todo ruim.

“O problema é que essas questões relacionadas a preço remetem a uma história que a gente viveu num passado bem recente”, diz o diretor, em referência ao período de congelamento dos valores dos combustíveis, durante o governo Dilma Rousseff - o qual levou a estatal a prejuízos bilionários.

Com o impeachment da petista e a chegada de Pedro Parente ao comando da empresa, em 2016, a Petrobras adotou o Preço de Paridade de Importação (PPI), que levava com conta, principalmente, o valor do barril de petróleo e a cotação do dólar. As variações, porém, chegaram a ser diárias e acabaram servindo de estopim para a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.

Os reajustes foram espaçados, mas a política de preços seguiu no alvo dos presidentes da república. Jair Bolsonaro, por exemplo, trocou três vezes o comando da empresa durante a sua gestão. A pedido de Lula, Prates “abrasileirou” o PPI, como o próprio ex-senador afirma.

A nova fórmula passou a considerar fatores internos no cálculo, mas foi considerada “obscura” e “pouco transparente” pelo mercado. O último reajuste da gasolina, por exemplo, foi realizado há sete meses, o que faz com que o produto acumule defasagem, em relação à referência internacional, de 17,7%, segundo dados do CBIE. O temor é de que a troca de comando leve a mudanças mais bruscas nessa política de precificação da empresa.

“Embora acreditemos que os estatutos da Petrobras e a governança interna sejam sólidos e dificultem a implementação de mudanças radicais, acreditamos ser importante monitorar como essa mudança de CEO poderia impactar potencialmente o ritmo de implementação e magnitude do capex (investimento); a aceleração de projetos de M&A (fusões e aquisições), especialmente em refino e petroquímica; e a precificação de combustíveis”, afirmam os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, em análise do banco Santander.

O delicado equilíbrio entre acionistas privados e União - e o jogo de cintura da futura CEO para equilibrar essas duas pontas - também será observado. “Prates fazia um papel de algodão entre dois cristais. Um dos cristais é o governo, querendo fazer a sua política desenvolvimentista. E o outro é o mercado. Ele conseguia fazer esse balanço. Daqui para frente, não sabemos como será”, diz Rodrigues.

Em relatório do Goldman Sachs, os analistas Bruno Amorim, Joao Frizo e Guilherme Costa Martins dizem acreditar que a mudança de comando possa reacender preocupações relativas a uma possível intervenção política nas operações da empresa.

“Observamos que a liderança da Petrobras mudou várias vezes no passado devido a desentendimentos entre a gestão e o governo - levando subsequentemente a uma queda no preço das ações nos dias seguintes aos eventos”, lembram.

Nesta quarta-feira, não foi diferente: a companhia amargou uma queda de R$ 34 bilhões em seu valor de mercado, segundo levantamento de Einar Rivero, sócio da Elos Ayta Consultoria./Com Beth Moreira, Caroline Aragaki e Gabriel Baldocchi, do Broadcast

BRASÍLIA - Apesar do lucro aquém do esperado no primeiro trimestre de 2024, a Petrobras exibe bons indicadores financeiros, o que reforça o caráter político da substituição de Jean Paul Prates por Magda Chambriard no comando da estatal.

O agora ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates deixa a sede da empresa no centro do Rio de Janeiro.  Foto: Pedro Kirilos/Estadao

“A Petrobras tem boa saúde financeira, é uma empresa geradora de caixa e tem lucro. A questão é que o gato subiu no telhado: não sabemos o que esperar daqui para frente”, afirma Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Segundo ele, dois pontos principais serão acompanhados com lupa pelo mercado: a política de preço dos combustíveis, que tem impacto direto nos resultados e nas margens da empresa; e as decisões de alocação de capital dentro da petrolífera, as quais se refletirão na distribuição de dividendos aos acionistas.

Nesse sentido, algumas dúvidas se impõem: a estatal vai voltar a investir em refino? De que forma? Haverá foco em fertilizantes e gás natural, como demanda o Palácio do Planalto? Qual será a trajetória dos investimentos e eles privilegiarão o retorno econômico ou político?

“Desde que o novo governo assumiu, a Petrobras demonstrou sua capacidade de sustentar a posição de boa pagadora de dividendos, o que ajudou a apoiar o desempenho das ações até o momento”, afirma Gabriel Barra, analista do Citi, em relatório. “A grande questão é se esses pagamentos irão se sustentar”, pontua.

Magda Chambriard, que começou a “trabalhar” menos de 24 horas após a queda de Prates, foi diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo Dilma Rousseff e será a oitava presidente da petrolífera em oito anos.

No meio político, é chamada de “petista histórica” e deverá estabelecer, segundo interlocutores, uma linha direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passaria a ter maior controle sobre os rumos da companhia.

“O que trouxe o lucro da empresa para baixo no primeiro trimestre deste ano é exatamente o que preocupa no futuro: a política de preço dos combustíveis, a diminuição de margem de refino e a perda de dinheiro na importação de diesel”, afirma Rodrigues, do CBIE, ponderando que o resultado, apesar de aquém do esperado, não foi de todo ruim.

“O problema é que essas questões relacionadas a preço remetem a uma história que a gente viveu num passado bem recente”, diz o diretor, em referência ao período de congelamento dos valores dos combustíveis, durante o governo Dilma Rousseff - o qual levou a estatal a prejuízos bilionários.

Com o impeachment da petista e a chegada de Pedro Parente ao comando da empresa, em 2016, a Petrobras adotou o Preço de Paridade de Importação (PPI), que levava com conta, principalmente, o valor do barril de petróleo e a cotação do dólar. As variações, porém, chegaram a ser diárias e acabaram servindo de estopim para a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.

Os reajustes foram espaçados, mas a política de preços seguiu no alvo dos presidentes da república. Jair Bolsonaro, por exemplo, trocou três vezes o comando da empresa durante a sua gestão. A pedido de Lula, Prates “abrasileirou” o PPI, como o próprio ex-senador afirma.

A nova fórmula passou a considerar fatores internos no cálculo, mas foi considerada “obscura” e “pouco transparente” pelo mercado. O último reajuste da gasolina, por exemplo, foi realizado há sete meses, o que faz com que o produto acumule defasagem, em relação à referência internacional, de 17,7%, segundo dados do CBIE. O temor é de que a troca de comando leve a mudanças mais bruscas nessa política de precificação da empresa.

“Embora acreditemos que os estatutos da Petrobras e a governança interna sejam sólidos e dificultem a implementação de mudanças radicais, acreditamos ser importante monitorar como essa mudança de CEO poderia impactar potencialmente o ritmo de implementação e magnitude do capex (investimento); a aceleração de projetos de M&A (fusões e aquisições), especialmente em refino e petroquímica; e a precificação de combustíveis”, afirmam os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, em análise do banco Santander.

O delicado equilíbrio entre acionistas privados e União - e o jogo de cintura da futura CEO para equilibrar essas duas pontas - também será observado. “Prates fazia um papel de algodão entre dois cristais. Um dos cristais é o governo, querendo fazer a sua política desenvolvimentista. E o outro é o mercado. Ele conseguia fazer esse balanço. Daqui para frente, não sabemos como será”, diz Rodrigues.

Em relatório do Goldman Sachs, os analistas Bruno Amorim, Joao Frizo e Guilherme Costa Martins dizem acreditar que a mudança de comando possa reacender preocupações relativas a uma possível intervenção política nas operações da empresa.

“Observamos que a liderança da Petrobras mudou várias vezes no passado devido a desentendimentos entre a gestão e o governo - levando subsequentemente a uma queda no preço das ações nos dias seguintes aos eventos”, lembram.

Nesta quarta-feira, não foi diferente: a companhia amargou uma queda de R$ 34 bilhões em seu valor de mercado, segundo levantamento de Einar Rivero, sócio da Elos Ayta Consultoria./Com Beth Moreira, Caroline Aragaki e Gabriel Baldocchi, do Broadcast

BRASÍLIA - Apesar do lucro aquém do esperado no primeiro trimestre de 2024, a Petrobras exibe bons indicadores financeiros, o que reforça o caráter político da substituição de Jean Paul Prates por Magda Chambriard no comando da estatal.

O agora ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates deixa a sede da empresa no centro do Rio de Janeiro.  Foto: Pedro Kirilos/Estadao

“A Petrobras tem boa saúde financeira, é uma empresa geradora de caixa e tem lucro. A questão é que o gato subiu no telhado: não sabemos o que esperar daqui para frente”, afirma Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Segundo ele, dois pontos principais serão acompanhados com lupa pelo mercado: a política de preço dos combustíveis, que tem impacto direto nos resultados e nas margens da empresa; e as decisões de alocação de capital dentro da petrolífera, as quais se refletirão na distribuição de dividendos aos acionistas.

Nesse sentido, algumas dúvidas se impõem: a estatal vai voltar a investir em refino? De que forma? Haverá foco em fertilizantes e gás natural, como demanda o Palácio do Planalto? Qual será a trajetória dos investimentos e eles privilegiarão o retorno econômico ou político?

“Desde que o novo governo assumiu, a Petrobras demonstrou sua capacidade de sustentar a posição de boa pagadora de dividendos, o que ajudou a apoiar o desempenho das ações até o momento”, afirma Gabriel Barra, analista do Citi, em relatório. “A grande questão é se esses pagamentos irão se sustentar”, pontua.

Magda Chambriard, que começou a “trabalhar” menos de 24 horas após a queda de Prates, foi diretora geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo Dilma Rousseff e será a oitava presidente da petrolífera em oito anos.

No meio político, é chamada de “petista histórica” e deverá estabelecer, segundo interlocutores, uma linha direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passaria a ter maior controle sobre os rumos da companhia.

“O que trouxe o lucro da empresa para baixo no primeiro trimestre deste ano é exatamente o que preocupa no futuro: a política de preço dos combustíveis, a diminuição de margem de refino e a perda de dinheiro na importação de diesel”, afirma Rodrigues, do CBIE, ponderando que o resultado, apesar de aquém do esperado, não foi de todo ruim.

“O problema é que essas questões relacionadas a preço remetem a uma história que a gente viveu num passado bem recente”, diz o diretor, em referência ao período de congelamento dos valores dos combustíveis, durante o governo Dilma Rousseff - o qual levou a estatal a prejuízos bilionários.

Com o impeachment da petista e a chegada de Pedro Parente ao comando da empresa, em 2016, a Petrobras adotou o Preço de Paridade de Importação (PPI), que levava com conta, principalmente, o valor do barril de petróleo e a cotação do dólar. As variações, porém, chegaram a ser diárias e acabaram servindo de estopim para a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.

Os reajustes foram espaçados, mas a política de preços seguiu no alvo dos presidentes da república. Jair Bolsonaro, por exemplo, trocou três vezes o comando da empresa durante a sua gestão. A pedido de Lula, Prates “abrasileirou” o PPI, como o próprio ex-senador afirma.

A nova fórmula passou a considerar fatores internos no cálculo, mas foi considerada “obscura” e “pouco transparente” pelo mercado. O último reajuste da gasolina, por exemplo, foi realizado há sete meses, o que faz com que o produto acumule defasagem, em relação à referência internacional, de 17,7%, segundo dados do CBIE. O temor é de que a troca de comando leve a mudanças mais bruscas nessa política de precificação da empresa.

“Embora acreditemos que os estatutos da Petrobras e a governança interna sejam sólidos e dificultem a implementação de mudanças radicais, acreditamos ser importante monitorar como essa mudança de CEO poderia impactar potencialmente o ritmo de implementação e magnitude do capex (investimento); a aceleração de projetos de M&A (fusões e aquisições), especialmente em refino e petroquímica; e a precificação de combustíveis”, afirmam os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, em análise do banco Santander.

O delicado equilíbrio entre acionistas privados e União - e o jogo de cintura da futura CEO para equilibrar essas duas pontas - também será observado. “Prates fazia um papel de algodão entre dois cristais. Um dos cristais é o governo, querendo fazer a sua política desenvolvimentista. E o outro é o mercado. Ele conseguia fazer esse balanço. Daqui para frente, não sabemos como será”, diz Rodrigues.

Em relatório do Goldman Sachs, os analistas Bruno Amorim, Joao Frizo e Guilherme Costa Martins dizem acreditar que a mudança de comando possa reacender preocupações relativas a uma possível intervenção política nas operações da empresa.

“Observamos que a liderança da Petrobras mudou várias vezes no passado devido a desentendimentos entre a gestão e o governo - levando subsequentemente a uma queda no preço das ações nos dias seguintes aos eventos”, lembram.

Nesta quarta-feira, não foi diferente: a companhia amargou uma queda de R$ 34 bilhões em seu valor de mercado, segundo levantamento de Einar Rivero, sócio da Elos Ayta Consultoria./Com Beth Moreira, Caroline Aragaki e Gabriel Baldocchi, do Broadcast

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