O Prêmio Nobel de Economia deste ano foi concedido a um trio de economistas: Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson. Os nomes foram anunciados nesta segunda-feira, 14, pela Academia Real de Ciências da Suécia em Estocolmo, Suécia. Segundo o comitê de seleção, o prêmio foi concedido por seus “estudos sobre como instituições são formadas e afetam a prosperidade das nações”.
Em entrevista ao Estadão em 2022, James A. Robinson disse que o Brasil não conseguiu fazer uma transição de instituições extrativistas para instituições inclusivas, e que o País estava “preso a essa sociedade fraca e ao Estado fraco”. Essas são as características do que chama de o Leviatã de Papel em seu livro “O Corredor Estreito”, escrito em parceria com outro ganhador do Nobel de 2004, Daron Acemoglu.
O Brasil, assim como a América Latina, seria marcado pela falta de competência do Estado, enquanto a sociedade também não tem capacidade para influenciá-lo ou controlá-lo.
“Vocês precisam pensar no que o Brasil estava fazendo [no primeiro governo Lula], tentar melhorar a transparência e tornar o sistema político menos clientelista, menos corrupto, para que o Estado funcione melhor. Se você fizer várias pequenas mudanças, chega a um ponto em que as coisas começam a se mover”, disse o professor na entrevista.
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Segundo Robinson, o Leviatã de Papel foi reforçado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que minava as instituições, mas também pelos governos do PT. O professor diz que no início dos governo do PT houve uma tentativa de construção de uma “sociedade forte” e de tornar o Estado mais transparente, além de medidas para reduzir a corrupção.
“Mas, antes mesmo de Bolsonaro se tornar presidente, os políticos brasileiros acabaram com essas medidas. Isso aconteceu porque elas não eram de interesse da classe política. Aí houve o fracasso da transição para um país com instituições políticas mais inclusivas”, afirmou na entrevista.
Daron Acemoglu também já fez comentários sobre o Brasil. Em entrevista à revista Veja em 2023, o professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) disse que os programas de distribuição de renda, como aqueles criados por Lula nos seus primeiros mandatos, são importantes. No entanto, as políticas econômicas para reduzir as desigualdades sociais não devem se limitar apenas à transferência direta de renda.
Segundo ele, a estratégia mais eficaz para o Brasil seria focar na criação de oportunidades para inserir pessoas de diferentes níveis de habilidade e conhecimento no mercado de trabalho.
Acemoglu considera que a corrupção afetou a confiança na democracia brasileira. “Esse fenômeno levou ao aumento do apoio a figuras políticas que, em circunstâncias normais, não seriam consideradas, como um presidente que expressou simpatia pela ditadura militar ou manifestou intenções autoritárias”. De acordo com o professor, tanto a desigualdade quanto a corrupção representam ameaças ao funcionamento saudável da democracia e devem ser confrontadas.
Acemoglu ainda afirmou que o Brasil e outras economias emergentes têm papel crucial contra a supremacia da China e dos Estados Unidos.