Obrigado, Steve


Por ETHEVALDO SIQUEIRA

Em meu nome, de meus filhos e meus netos, caro Steve, quero agradecer-lhe por todo o bem que nos fez - como também a milhões de outras pessoas no mundo. Venho acompanhando seu trabalho desde 1978, quando descobri a informática pessoal com seu Apple II. Aquela máquina despertou minha paixão pelas tecnologias digitais. E até me dava a sensação de ser um cidadão do futuro, numa época em que pouca gente sabia o que era um computador pessoal. Fiz meu primeiro curso de microinformática ainda em 1979 e aprendi a programar em Basic, linguagem que pouca utilidade teve em minha vida prática. O mais curioso é que, por ser um dos primeiros usuários - e só por essa circunstância - fui muitas vezes convidado a dar meu depoimento sobre o novo mundo da microinformática, em dezenas de palestras pelo Brasil. Viajava pelo País para falar em universidades, em eventos de jornalismo, de tecnologia da informação ou de telecomunicações, sem qualquer remuneração, pelo simples prazer de divulgar um assunto que apaixonava as novas gerações.E a partir de 1981, passei a utilizar meu primeiro IBM PC, para comparar as duas plataformas que mais se popularizaram no mundo dos PCs. O difícil foi sobreviver à baixa qualidade dos produtos que nos foram impostos pela reserva de mercado de informática, até os anos 1990.Sabe, Steve, desde os primeiros tempos em que comecei a usar meu Apple II, eu já alimentava o desejo de conhecê-lo pessoalmente. E, é claro, de entrevistá-lo. Essa oportunidade chegou em junho de 1983, quando viajei a Cupertino, na Califórnia, para cobrir o lançamento do computador Lisa, uma bela máquina que antecipava muito do que o Macintosh viria a nos oferecer depois.Fiquei encantado com o mouse que já clicava nos ícones da interface gráfica de usuário (GUI, na sigla em inglês). Mas o Lisa foi um fracasso comercial, em especial por seu preço acima de US$ 10 mil.Inesquecível. O primeiro Mac ninguém esquece, Steve. No meu caso, comprei um dos primeiros que chegaram ao Brasil. Aquela linda máquina fez uma verdadeira revolução em meu dia a dia. Dois anos depois, dei um Mac a cada um de meus dois filhos, para atraí-los definitivamente para essa plataforma. Eram, na realidade, clones dessas máquinas, feitos no Brasil pela Unitron e que foram proibidos pelo governo brasileiro.Agora, uma confissão, Steve: ao longo dos últimos 30 anos, como usuário de seus diversos computadores, desde o Apple II até o meu atual iMac, integrei-me para sempre à legião de clientes apaixonados que ostentam no para-brisa de seus carros o decalque da pequena maçã mordida.O que aprendi. Suas apresentações sempre foram um show de comunicação. Nunca me esquecerei delas, em especial dos lançamentos de novos produtos, nos eventos da Macworld. Por dever profissional e por prazer pessoal, voltei diversas vezes à Califórnia para cobrir o lançamento dos produtos inovadores mais importantes ocorridos nas últimas três décadas.Nesses lançamentos, para manter minha aparente neutralidade, em especial nos últimos eventos, no Moscone Center, em San Francisco, tive muitas vezes que conter meus impulsos para não aplaudir exageradamente nem gritar como o resto da plateia, após o anúncio de cada novo e surpreendente recurso do iPod, do iPhone, do Macbook Air ou do iPad.Sei que você, Steve, não inventou nada sozinho. Não criou o mouse, nem a interface gráfica de usuário, nem a tela de toque, nem os demais avanços do iPad, que parecem mágicos. Mas incorporou pioneiramente tudo isso ao design genial de seus produtos. Antes de qualquer outro, você percebeu o impacto que a internet traria em nossa vida e passou a identificar com a letra "i" os novos produtos da Apple desta era da convergência: iMac, iBook, iTunes, iPod, iPhone, iPad. O que lhe devo. Como jornalista, mais do que qualquer outro profissional, tenho sido beneficiário dessa revolução - da qual você foi um dos grandes líderes - a revolução dos computadores e da mobilidade. Com sua incrível intuição, você sempre percebeu, antes de qualquer outro inovador, todas as transformações radicais que viriam ocorrer no jornalismo e em outros setores ligados às comunicações, nos últimos 30 anos. Você nos deu, antes que seus concorrentes, as ferramentas que multiplicam nossa capacidade de trabalho.Sou-lhe grato, Steve, quando vejo meus netos, garotos de 5, 8 e 10 anos, dominarem com a maior tranquilidade a máquina que inibe os mais idosos, navegarem e aprenderem a pesquisar qualquer tema na internet. Procuro transmitir-lhes minha experiência, meu senso crítico, para que não se deixem dominar pelo deslumbramento diante das maravilhas desse mundo digital e mostrar-lhes que, diferentemente da tecnologia, o conteúdo da internet é uma mistura de ouro e lixo. Aliás, com muito mais lixo do que ouro.Enquanto escrevo este artigo, Steve, ouço minhas músicas preferidas no computador, como costumo trabalhar. Neste momento, começo a me emocionar, porque, por coincidência, o iTunes toca Lacrimosa, o trecho mais pungente do Requiem, de Mozart, que bem poderia ser uma homenagem a você. Não apenas minha, mas de milhões de outros que choram sua morte, como se tivessem perdido um familiar querido.Obrigado por tudo, Steve.

Em meu nome, de meus filhos e meus netos, caro Steve, quero agradecer-lhe por todo o bem que nos fez - como também a milhões de outras pessoas no mundo. Venho acompanhando seu trabalho desde 1978, quando descobri a informática pessoal com seu Apple II. Aquela máquina despertou minha paixão pelas tecnologias digitais. E até me dava a sensação de ser um cidadão do futuro, numa época em que pouca gente sabia o que era um computador pessoal. Fiz meu primeiro curso de microinformática ainda em 1979 e aprendi a programar em Basic, linguagem que pouca utilidade teve em minha vida prática. O mais curioso é que, por ser um dos primeiros usuários - e só por essa circunstância - fui muitas vezes convidado a dar meu depoimento sobre o novo mundo da microinformática, em dezenas de palestras pelo Brasil. Viajava pelo País para falar em universidades, em eventos de jornalismo, de tecnologia da informação ou de telecomunicações, sem qualquer remuneração, pelo simples prazer de divulgar um assunto que apaixonava as novas gerações.E a partir de 1981, passei a utilizar meu primeiro IBM PC, para comparar as duas plataformas que mais se popularizaram no mundo dos PCs. O difícil foi sobreviver à baixa qualidade dos produtos que nos foram impostos pela reserva de mercado de informática, até os anos 1990.Sabe, Steve, desde os primeiros tempos em que comecei a usar meu Apple II, eu já alimentava o desejo de conhecê-lo pessoalmente. E, é claro, de entrevistá-lo. Essa oportunidade chegou em junho de 1983, quando viajei a Cupertino, na Califórnia, para cobrir o lançamento do computador Lisa, uma bela máquina que antecipava muito do que o Macintosh viria a nos oferecer depois.Fiquei encantado com o mouse que já clicava nos ícones da interface gráfica de usuário (GUI, na sigla em inglês). Mas o Lisa foi um fracasso comercial, em especial por seu preço acima de US$ 10 mil.Inesquecível. O primeiro Mac ninguém esquece, Steve. No meu caso, comprei um dos primeiros que chegaram ao Brasil. Aquela linda máquina fez uma verdadeira revolução em meu dia a dia. Dois anos depois, dei um Mac a cada um de meus dois filhos, para atraí-los definitivamente para essa plataforma. Eram, na realidade, clones dessas máquinas, feitos no Brasil pela Unitron e que foram proibidos pelo governo brasileiro.Agora, uma confissão, Steve: ao longo dos últimos 30 anos, como usuário de seus diversos computadores, desde o Apple II até o meu atual iMac, integrei-me para sempre à legião de clientes apaixonados que ostentam no para-brisa de seus carros o decalque da pequena maçã mordida.O que aprendi. Suas apresentações sempre foram um show de comunicação. Nunca me esquecerei delas, em especial dos lançamentos de novos produtos, nos eventos da Macworld. Por dever profissional e por prazer pessoal, voltei diversas vezes à Califórnia para cobrir o lançamento dos produtos inovadores mais importantes ocorridos nas últimas três décadas.Nesses lançamentos, para manter minha aparente neutralidade, em especial nos últimos eventos, no Moscone Center, em San Francisco, tive muitas vezes que conter meus impulsos para não aplaudir exageradamente nem gritar como o resto da plateia, após o anúncio de cada novo e surpreendente recurso do iPod, do iPhone, do Macbook Air ou do iPad.Sei que você, Steve, não inventou nada sozinho. Não criou o mouse, nem a interface gráfica de usuário, nem a tela de toque, nem os demais avanços do iPad, que parecem mágicos. Mas incorporou pioneiramente tudo isso ao design genial de seus produtos. Antes de qualquer outro, você percebeu o impacto que a internet traria em nossa vida e passou a identificar com a letra "i" os novos produtos da Apple desta era da convergência: iMac, iBook, iTunes, iPod, iPhone, iPad. O que lhe devo. Como jornalista, mais do que qualquer outro profissional, tenho sido beneficiário dessa revolução - da qual você foi um dos grandes líderes - a revolução dos computadores e da mobilidade. Com sua incrível intuição, você sempre percebeu, antes de qualquer outro inovador, todas as transformações radicais que viriam ocorrer no jornalismo e em outros setores ligados às comunicações, nos últimos 30 anos. Você nos deu, antes que seus concorrentes, as ferramentas que multiplicam nossa capacidade de trabalho.Sou-lhe grato, Steve, quando vejo meus netos, garotos de 5, 8 e 10 anos, dominarem com a maior tranquilidade a máquina que inibe os mais idosos, navegarem e aprenderem a pesquisar qualquer tema na internet. Procuro transmitir-lhes minha experiência, meu senso crítico, para que não se deixem dominar pelo deslumbramento diante das maravilhas desse mundo digital e mostrar-lhes que, diferentemente da tecnologia, o conteúdo da internet é uma mistura de ouro e lixo. Aliás, com muito mais lixo do que ouro.Enquanto escrevo este artigo, Steve, ouço minhas músicas preferidas no computador, como costumo trabalhar. Neste momento, começo a me emocionar, porque, por coincidência, o iTunes toca Lacrimosa, o trecho mais pungente do Requiem, de Mozart, que bem poderia ser uma homenagem a você. Não apenas minha, mas de milhões de outros que choram sua morte, como se tivessem perdido um familiar querido.Obrigado por tudo, Steve.

Em meu nome, de meus filhos e meus netos, caro Steve, quero agradecer-lhe por todo o bem que nos fez - como também a milhões de outras pessoas no mundo. Venho acompanhando seu trabalho desde 1978, quando descobri a informática pessoal com seu Apple II. Aquela máquina despertou minha paixão pelas tecnologias digitais. E até me dava a sensação de ser um cidadão do futuro, numa época em que pouca gente sabia o que era um computador pessoal. Fiz meu primeiro curso de microinformática ainda em 1979 e aprendi a programar em Basic, linguagem que pouca utilidade teve em minha vida prática. O mais curioso é que, por ser um dos primeiros usuários - e só por essa circunstância - fui muitas vezes convidado a dar meu depoimento sobre o novo mundo da microinformática, em dezenas de palestras pelo Brasil. Viajava pelo País para falar em universidades, em eventos de jornalismo, de tecnologia da informação ou de telecomunicações, sem qualquer remuneração, pelo simples prazer de divulgar um assunto que apaixonava as novas gerações.E a partir de 1981, passei a utilizar meu primeiro IBM PC, para comparar as duas plataformas que mais se popularizaram no mundo dos PCs. O difícil foi sobreviver à baixa qualidade dos produtos que nos foram impostos pela reserva de mercado de informática, até os anos 1990.Sabe, Steve, desde os primeiros tempos em que comecei a usar meu Apple II, eu já alimentava o desejo de conhecê-lo pessoalmente. E, é claro, de entrevistá-lo. Essa oportunidade chegou em junho de 1983, quando viajei a Cupertino, na Califórnia, para cobrir o lançamento do computador Lisa, uma bela máquina que antecipava muito do que o Macintosh viria a nos oferecer depois.Fiquei encantado com o mouse que já clicava nos ícones da interface gráfica de usuário (GUI, na sigla em inglês). Mas o Lisa foi um fracasso comercial, em especial por seu preço acima de US$ 10 mil.Inesquecível. O primeiro Mac ninguém esquece, Steve. No meu caso, comprei um dos primeiros que chegaram ao Brasil. Aquela linda máquina fez uma verdadeira revolução em meu dia a dia. Dois anos depois, dei um Mac a cada um de meus dois filhos, para atraí-los definitivamente para essa plataforma. Eram, na realidade, clones dessas máquinas, feitos no Brasil pela Unitron e que foram proibidos pelo governo brasileiro.Agora, uma confissão, Steve: ao longo dos últimos 30 anos, como usuário de seus diversos computadores, desde o Apple II até o meu atual iMac, integrei-me para sempre à legião de clientes apaixonados que ostentam no para-brisa de seus carros o decalque da pequena maçã mordida.O que aprendi. Suas apresentações sempre foram um show de comunicação. Nunca me esquecerei delas, em especial dos lançamentos de novos produtos, nos eventos da Macworld. Por dever profissional e por prazer pessoal, voltei diversas vezes à Califórnia para cobrir o lançamento dos produtos inovadores mais importantes ocorridos nas últimas três décadas.Nesses lançamentos, para manter minha aparente neutralidade, em especial nos últimos eventos, no Moscone Center, em San Francisco, tive muitas vezes que conter meus impulsos para não aplaudir exageradamente nem gritar como o resto da plateia, após o anúncio de cada novo e surpreendente recurso do iPod, do iPhone, do Macbook Air ou do iPad.Sei que você, Steve, não inventou nada sozinho. Não criou o mouse, nem a interface gráfica de usuário, nem a tela de toque, nem os demais avanços do iPad, que parecem mágicos. Mas incorporou pioneiramente tudo isso ao design genial de seus produtos. Antes de qualquer outro, você percebeu o impacto que a internet traria em nossa vida e passou a identificar com a letra "i" os novos produtos da Apple desta era da convergência: iMac, iBook, iTunes, iPod, iPhone, iPad. O que lhe devo. Como jornalista, mais do que qualquer outro profissional, tenho sido beneficiário dessa revolução - da qual você foi um dos grandes líderes - a revolução dos computadores e da mobilidade. Com sua incrível intuição, você sempre percebeu, antes de qualquer outro inovador, todas as transformações radicais que viriam ocorrer no jornalismo e em outros setores ligados às comunicações, nos últimos 30 anos. Você nos deu, antes que seus concorrentes, as ferramentas que multiplicam nossa capacidade de trabalho.Sou-lhe grato, Steve, quando vejo meus netos, garotos de 5, 8 e 10 anos, dominarem com a maior tranquilidade a máquina que inibe os mais idosos, navegarem e aprenderem a pesquisar qualquer tema na internet. Procuro transmitir-lhes minha experiência, meu senso crítico, para que não se deixem dominar pelo deslumbramento diante das maravilhas desse mundo digital e mostrar-lhes que, diferentemente da tecnologia, o conteúdo da internet é uma mistura de ouro e lixo. Aliás, com muito mais lixo do que ouro.Enquanto escrevo este artigo, Steve, ouço minhas músicas preferidas no computador, como costumo trabalhar. Neste momento, começo a me emocionar, porque, por coincidência, o iTunes toca Lacrimosa, o trecho mais pungente do Requiem, de Mozart, que bem poderia ser uma homenagem a você. Não apenas minha, mas de milhões de outros que choram sua morte, como se tivessem perdido um familiar querido.Obrigado por tudo, Steve.

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