‘Olivetto foi o maior de todos, traçou o caminho e definiu tudo que veio depois’, diz Nizan Guanaes


Para publicitário baiano, Washington Olivetto inventou o jeito brasileiro de se fazer publicidade e rompeu fronteiras para ganhar o mundo

Por Alvaro Gribel
Atualização:
Foto: Victor Affaro
Entrevista comNizan GuanaesPublicitário, CEO da N.ideias e embaixador da UNESCO

Nizan Guanaes não tem dúvidas ao dimensionar a importância de Washington Olivetto para a publicidade brasileira. Segundo ele, o amigo que morreu na tarde deste domingo representa para o segmento o que João Gilberto marcou para a música popular brasileira, ou seja, o artista que definiu “o antes e o depois”, uma espécie de “Abraão”, pai de todos os publicitários brasileiros que vieram posteriormente.

“Ele é praticamente Abraão, que teve um monte de filhos. Depois, são variações adequadas ao tempo. Mas a boa escola vem dele. Quando falam que ele foi um dos maiores publicitários brasileiro, não, está errado. Foi o maior publicitário brasileiro”, disse, emocionado, em conversa exclusiva com o Estadão.

Para Guanaes, Olivetto rompeu com o padrão de publicidade que até então era muito influenciada pela estética dos EUA no País, incorporando a cultura brasileira em suas peças e levando essa nova linguagem para todo o mundo.

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Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

O que representou Washington Olivetto para a publicidade brasileira? Qual o tamanho dessa perda?

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Ele era o João Gilberto, mas feliz (risos). Se olhar os comerciais de antes, eram muito americanizados, não tão brasileiros. Mas ele vai lá, percebe isso, e começa a fazer uma publicidade com a cara do Brasil. Tinha qualidade global, mas tinha a cara do brasileiro.

Ele falava o tempo todo que tinha que fazer propaganda para vender, para construir uma marca e criar cultura popular. Esse era o tripé dele. Ele traçou uma nova linha, uma régua nova. Tudo que veio depois só existe porque ele falou: turma, é por aqui.

Washington Olivetto (esquerda), Jose Molla (centro) e Nizan Guanaes posam para foto em evento realizado no MAM, no Ibirapuera, em São Paulo, em 2015  Foto: Marina Malheiros/Estadão
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Quando a gente pensa no Olivetto, vem à cabeça os comerciais da Bombril, da Cofap, do primeiro sutiã. O que mais o senhor destacaria como trabalhos marcantes?

Tudo que ele fez. O trabalho dele de construção para o Itaú é incrível, o “Pode entrar que a casa é sua”. Depois ele sai do Itaú e faz o casal Unibanco. Depois o cachorrinho da Cofap. O tempo todo, você vai olhar e é gol, gol, gol. Tudo é maravilhoso. A agência se chamava W Brasil. Pode ter empresa americana com EUA no nome, mas ele colocou Brasil, para destacar o nosso país.

Ele tinha essa paixão e amor pelo país.

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Sim. Amor pelo país, pela cultura brasileira. Eu o conheci numa gafieira na Bahia. Dei muita sorte. Eu e todo mundo que ia ser publicitário, a torcida do Corinthians (não do Flamengo, já que falamos dele), queria ser Washington Olivetto. Eu vou para uma gafieira e lá está o meu ídolo. Eu fui tietar e falei que um dia queria trabalhar com ele. Ele fez cara de quem ouve isso a vida toda.

Depois fui para o Rio, saindo de Salvador e aí ganhei o Profissionais do ano da Rede Globo, ganhei tudo. E ele era do júri. E eu só ganhei tudo por causa dele. E ali começou a minha vida. Fui para São Paulo, mostrei o meu trabalho para um monte de gente, ninguém me deu atenção. E um dia recebi uma ligação, era ele que disse: “Aqui é o Washington Olivetto, você gostaria de trabalhar comigo?” Eu falei, isso deve ser trote, mas graças a deus não era.

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O senhor disse que ele foi um chefe generoso, como era?

Muito gentil e generoso. Era alegre trabalhar com ele, mesmo nos minutos tensos. Uma vez ele foi apresentar uma campanha ao Olavo Setúbal. E o doutor Olavo, muito cortês, perguntou: “Washington, a campanha está boa?” Ele respondeu: se a campanha não estivesse boa, eu teria vindo de tênis rosa. (risos) Ele era maravilhoso, espirituoso. Ele disse que, se um dia morresse de desastre de avião, a lápide seria: “A pior ideia foi a última”.

Então ele dizia coisas incríveis. Um político que tinha um passado meio controverso, tinha um filho que queria ser político. Aí consultaram o Washington, que respondeu: “Desde que o slogan seja: Ele veio para devolver” (risos)”. Esse era o seu espírito. Era uma pessoa leve. Foi o maior de todos nós.

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E quem são os herdeiros dessa escola de criação?

Todos nós. Ele é praticamente Abraão, que teve um monte de filhos. Depois, são variações adequadas ao tempo. Mas a boa escola vem dele. Quando falam que ele foi um dos maiores publicitários brasileiro, não, está errado. Foi o maior publicitário brasileiro. Porque fazer o que ele fez, na época que ele fez… e uma vida coerente. Consagrada. Global. Morava em Londres, era um ícone da McCann Global.

Como era o processo de criação dele?

Ele parecia um repentista, era o download mais rápido, trabalhava com uma velocidade 5G, nunca vi nada igual aquilo. Em dois minutos o que você estava tentando horas para parir, ele sentava e resolvia.

E nunca parava, sempre um projeto novo.

Tinha coluna no Globo, estava fazendo podcast. Uma cultura enorme, senso de estética, ele sabia de tudo. Era único.

Nizan Guanaes não tem dúvidas ao dimensionar a importância de Washington Olivetto para a publicidade brasileira. Segundo ele, o amigo que morreu na tarde deste domingo representa para o segmento o que João Gilberto marcou para a música popular brasileira, ou seja, o artista que definiu “o antes e o depois”, uma espécie de “Abraão”, pai de todos os publicitários brasileiros que vieram posteriormente.

“Ele é praticamente Abraão, que teve um monte de filhos. Depois, são variações adequadas ao tempo. Mas a boa escola vem dele. Quando falam que ele foi um dos maiores publicitários brasileiro, não, está errado. Foi o maior publicitário brasileiro”, disse, emocionado, em conversa exclusiva com o Estadão.

Para Guanaes, Olivetto rompeu com o padrão de publicidade que até então era muito influenciada pela estética dos EUA no País, incorporando a cultura brasileira em suas peças e levando essa nova linguagem para todo o mundo.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

O que representou Washington Olivetto para a publicidade brasileira? Qual o tamanho dessa perda?

Ele era o João Gilberto, mas feliz (risos). Se olhar os comerciais de antes, eram muito americanizados, não tão brasileiros. Mas ele vai lá, percebe isso, e começa a fazer uma publicidade com a cara do Brasil. Tinha qualidade global, mas tinha a cara do brasileiro.

Ele falava o tempo todo que tinha que fazer propaganda para vender, para construir uma marca e criar cultura popular. Esse era o tripé dele. Ele traçou uma nova linha, uma régua nova. Tudo que veio depois só existe porque ele falou: turma, é por aqui.

Washington Olivetto (esquerda), Jose Molla (centro) e Nizan Guanaes posam para foto em evento realizado no MAM, no Ibirapuera, em São Paulo, em 2015  Foto: Marina Malheiros/Estadão

Quando a gente pensa no Olivetto, vem à cabeça os comerciais da Bombril, da Cofap, do primeiro sutiã. O que mais o senhor destacaria como trabalhos marcantes?

Tudo que ele fez. O trabalho dele de construção para o Itaú é incrível, o “Pode entrar que a casa é sua”. Depois ele sai do Itaú e faz o casal Unibanco. Depois o cachorrinho da Cofap. O tempo todo, você vai olhar e é gol, gol, gol. Tudo é maravilhoso. A agência se chamava W Brasil. Pode ter empresa americana com EUA no nome, mas ele colocou Brasil, para destacar o nosso país.

Ele tinha essa paixão e amor pelo país.

Sim. Amor pelo país, pela cultura brasileira. Eu o conheci numa gafieira na Bahia. Dei muita sorte. Eu e todo mundo que ia ser publicitário, a torcida do Corinthians (não do Flamengo, já que falamos dele), queria ser Washington Olivetto. Eu vou para uma gafieira e lá está o meu ídolo. Eu fui tietar e falei que um dia queria trabalhar com ele. Ele fez cara de quem ouve isso a vida toda.

Depois fui para o Rio, saindo de Salvador e aí ganhei o Profissionais do ano da Rede Globo, ganhei tudo. E ele era do júri. E eu só ganhei tudo por causa dele. E ali começou a minha vida. Fui para São Paulo, mostrei o meu trabalho para um monte de gente, ninguém me deu atenção. E um dia recebi uma ligação, era ele que disse: “Aqui é o Washington Olivetto, você gostaria de trabalhar comigo?” Eu falei, isso deve ser trote, mas graças a deus não era.

O senhor disse que ele foi um chefe generoso, como era?

Muito gentil e generoso. Era alegre trabalhar com ele, mesmo nos minutos tensos. Uma vez ele foi apresentar uma campanha ao Olavo Setúbal. E o doutor Olavo, muito cortês, perguntou: “Washington, a campanha está boa?” Ele respondeu: se a campanha não estivesse boa, eu teria vindo de tênis rosa. (risos) Ele era maravilhoso, espirituoso. Ele disse que, se um dia morresse de desastre de avião, a lápide seria: “A pior ideia foi a última”.

Então ele dizia coisas incríveis. Um político que tinha um passado meio controverso, tinha um filho que queria ser político. Aí consultaram o Washington, que respondeu: “Desde que o slogan seja: Ele veio para devolver” (risos)”. Esse era o seu espírito. Era uma pessoa leve. Foi o maior de todos nós.

E quem são os herdeiros dessa escola de criação?

Todos nós. Ele é praticamente Abraão, que teve um monte de filhos. Depois, são variações adequadas ao tempo. Mas a boa escola vem dele. Quando falam que ele foi um dos maiores publicitários brasileiro, não, está errado. Foi o maior publicitário brasileiro. Porque fazer o que ele fez, na época que ele fez… e uma vida coerente. Consagrada. Global. Morava em Londres, era um ícone da McCann Global.

Como era o processo de criação dele?

Ele parecia um repentista, era o download mais rápido, trabalhava com uma velocidade 5G, nunca vi nada igual aquilo. Em dois minutos o que você estava tentando horas para parir, ele sentava e resolvia.

E nunca parava, sempre um projeto novo.

Tinha coluna no Globo, estava fazendo podcast. Uma cultura enorme, senso de estética, ele sabia de tudo. Era único.

Nizan Guanaes não tem dúvidas ao dimensionar a importância de Washington Olivetto para a publicidade brasileira. Segundo ele, o amigo que morreu na tarde deste domingo representa para o segmento o que João Gilberto marcou para a música popular brasileira, ou seja, o artista que definiu “o antes e o depois”, uma espécie de “Abraão”, pai de todos os publicitários brasileiros que vieram posteriormente.

“Ele é praticamente Abraão, que teve um monte de filhos. Depois, são variações adequadas ao tempo. Mas a boa escola vem dele. Quando falam que ele foi um dos maiores publicitários brasileiro, não, está errado. Foi o maior publicitário brasileiro”, disse, emocionado, em conversa exclusiva com o Estadão.

Para Guanaes, Olivetto rompeu com o padrão de publicidade que até então era muito influenciada pela estética dos EUA no País, incorporando a cultura brasileira em suas peças e levando essa nova linguagem para todo o mundo.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

O que representou Washington Olivetto para a publicidade brasileira? Qual o tamanho dessa perda?

Ele era o João Gilberto, mas feliz (risos). Se olhar os comerciais de antes, eram muito americanizados, não tão brasileiros. Mas ele vai lá, percebe isso, e começa a fazer uma publicidade com a cara do Brasil. Tinha qualidade global, mas tinha a cara do brasileiro.

Ele falava o tempo todo que tinha que fazer propaganda para vender, para construir uma marca e criar cultura popular. Esse era o tripé dele. Ele traçou uma nova linha, uma régua nova. Tudo que veio depois só existe porque ele falou: turma, é por aqui.

Washington Olivetto (esquerda), Jose Molla (centro) e Nizan Guanaes posam para foto em evento realizado no MAM, no Ibirapuera, em São Paulo, em 2015  Foto: Marina Malheiros/Estadão

Quando a gente pensa no Olivetto, vem à cabeça os comerciais da Bombril, da Cofap, do primeiro sutiã. O que mais o senhor destacaria como trabalhos marcantes?

Tudo que ele fez. O trabalho dele de construção para o Itaú é incrível, o “Pode entrar que a casa é sua”. Depois ele sai do Itaú e faz o casal Unibanco. Depois o cachorrinho da Cofap. O tempo todo, você vai olhar e é gol, gol, gol. Tudo é maravilhoso. A agência se chamava W Brasil. Pode ter empresa americana com EUA no nome, mas ele colocou Brasil, para destacar o nosso país.

Ele tinha essa paixão e amor pelo país.

Sim. Amor pelo país, pela cultura brasileira. Eu o conheci numa gafieira na Bahia. Dei muita sorte. Eu e todo mundo que ia ser publicitário, a torcida do Corinthians (não do Flamengo, já que falamos dele), queria ser Washington Olivetto. Eu vou para uma gafieira e lá está o meu ídolo. Eu fui tietar e falei que um dia queria trabalhar com ele. Ele fez cara de quem ouve isso a vida toda.

Depois fui para o Rio, saindo de Salvador e aí ganhei o Profissionais do ano da Rede Globo, ganhei tudo. E ele era do júri. E eu só ganhei tudo por causa dele. E ali começou a minha vida. Fui para São Paulo, mostrei o meu trabalho para um monte de gente, ninguém me deu atenção. E um dia recebi uma ligação, era ele que disse: “Aqui é o Washington Olivetto, você gostaria de trabalhar comigo?” Eu falei, isso deve ser trote, mas graças a deus não era.

O senhor disse que ele foi um chefe generoso, como era?

Muito gentil e generoso. Era alegre trabalhar com ele, mesmo nos minutos tensos. Uma vez ele foi apresentar uma campanha ao Olavo Setúbal. E o doutor Olavo, muito cortês, perguntou: “Washington, a campanha está boa?” Ele respondeu: se a campanha não estivesse boa, eu teria vindo de tênis rosa. (risos) Ele era maravilhoso, espirituoso. Ele disse que, se um dia morresse de desastre de avião, a lápide seria: “A pior ideia foi a última”.

Então ele dizia coisas incríveis. Um político que tinha um passado meio controverso, tinha um filho que queria ser político. Aí consultaram o Washington, que respondeu: “Desde que o slogan seja: Ele veio para devolver” (risos)”. Esse era o seu espírito. Era uma pessoa leve. Foi o maior de todos nós.

E quem são os herdeiros dessa escola de criação?

Todos nós. Ele é praticamente Abraão, que teve um monte de filhos. Depois, são variações adequadas ao tempo. Mas a boa escola vem dele. Quando falam que ele foi um dos maiores publicitários brasileiro, não, está errado. Foi o maior publicitário brasileiro. Porque fazer o que ele fez, na época que ele fez… e uma vida coerente. Consagrada. Global. Morava em Londres, era um ícone da McCann Global.

Como era o processo de criação dele?

Ele parecia um repentista, era o download mais rápido, trabalhava com uma velocidade 5G, nunca vi nada igual aquilo. Em dois minutos o que você estava tentando horas para parir, ele sentava e resolvia.

E nunca parava, sempre um projeto novo.

Tinha coluna no Globo, estava fazendo podcast. Uma cultura enorme, senso de estética, ele sabia de tudo. Era único.

Nizan Guanaes não tem dúvidas ao dimensionar a importância de Washington Olivetto para a publicidade brasileira. Segundo ele, o amigo que morreu na tarde deste domingo representa para o segmento o que João Gilberto marcou para a música popular brasileira, ou seja, o artista que definiu “o antes e o depois”, uma espécie de “Abraão”, pai de todos os publicitários brasileiros que vieram posteriormente.

“Ele é praticamente Abraão, que teve um monte de filhos. Depois, são variações adequadas ao tempo. Mas a boa escola vem dele. Quando falam que ele foi um dos maiores publicitários brasileiro, não, está errado. Foi o maior publicitário brasileiro”, disse, emocionado, em conversa exclusiva com o Estadão.

Para Guanaes, Olivetto rompeu com o padrão de publicidade que até então era muito influenciada pela estética dos EUA no País, incorporando a cultura brasileira em suas peças e levando essa nova linguagem para todo o mundo.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

O que representou Washington Olivetto para a publicidade brasileira? Qual o tamanho dessa perda?

Ele era o João Gilberto, mas feliz (risos). Se olhar os comerciais de antes, eram muito americanizados, não tão brasileiros. Mas ele vai lá, percebe isso, e começa a fazer uma publicidade com a cara do Brasil. Tinha qualidade global, mas tinha a cara do brasileiro.

Ele falava o tempo todo que tinha que fazer propaganda para vender, para construir uma marca e criar cultura popular. Esse era o tripé dele. Ele traçou uma nova linha, uma régua nova. Tudo que veio depois só existe porque ele falou: turma, é por aqui.

Washington Olivetto (esquerda), Jose Molla (centro) e Nizan Guanaes posam para foto em evento realizado no MAM, no Ibirapuera, em São Paulo, em 2015  Foto: Marina Malheiros/Estadão

Quando a gente pensa no Olivetto, vem à cabeça os comerciais da Bombril, da Cofap, do primeiro sutiã. O que mais o senhor destacaria como trabalhos marcantes?

Tudo que ele fez. O trabalho dele de construção para o Itaú é incrível, o “Pode entrar que a casa é sua”. Depois ele sai do Itaú e faz o casal Unibanco. Depois o cachorrinho da Cofap. O tempo todo, você vai olhar e é gol, gol, gol. Tudo é maravilhoso. A agência se chamava W Brasil. Pode ter empresa americana com EUA no nome, mas ele colocou Brasil, para destacar o nosso país.

Ele tinha essa paixão e amor pelo país.

Sim. Amor pelo país, pela cultura brasileira. Eu o conheci numa gafieira na Bahia. Dei muita sorte. Eu e todo mundo que ia ser publicitário, a torcida do Corinthians (não do Flamengo, já que falamos dele), queria ser Washington Olivetto. Eu vou para uma gafieira e lá está o meu ídolo. Eu fui tietar e falei que um dia queria trabalhar com ele. Ele fez cara de quem ouve isso a vida toda.

Depois fui para o Rio, saindo de Salvador e aí ganhei o Profissionais do ano da Rede Globo, ganhei tudo. E ele era do júri. E eu só ganhei tudo por causa dele. E ali começou a minha vida. Fui para São Paulo, mostrei o meu trabalho para um monte de gente, ninguém me deu atenção. E um dia recebi uma ligação, era ele que disse: “Aqui é o Washington Olivetto, você gostaria de trabalhar comigo?” Eu falei, isso deve ser trote, mas graças a deus não era.

O senhor disse que ele foi um chefe generoso, como era?

Muito gentil e generoso. Era alegre trabalhar com ele, mesmo nos minutos tensos. Uma vez ele foi apresentar uma campanha ao Olavo Setúbal. E o doutor Olavo, muito cortês, perguntou: “Washington, a campanha está boa?” Ele respondeu: se a campanha não estivesse boa, eu teria vindo de tênis rosa. (risos) Ele era maravilhoso, espirituoso. Ele disse que, se um dia morresse de desastre de avião, a lápide seria: “A pior ideia foi a última”.

Então ele dizia coisas incríveis. Um político que tinha um passado meio controverso, tinha um filho que queria ser político. Aí consultaram o Washington, que respondeu: “Desde que o slogan seja: Ele veio para devolver” (risos)”. Esse era o seu espírito. Era uma pessoa leve. Foi o maior de todos nós.

E quem são os herdeiros dessa escola de criação?

Todos nós. Ele é praticamente Abraão, que teve um monte de filhos. Depois, são variações adequadas ao tempo. Mas a boa escola vem dele. Quando falam que ele foi um dos maiores publicitários brasileiro, não, está errado. Foi o maior publicitário brasileiro. Porque fazer o que ele fez, na época que ele fez… e uma vida coerente. Consagrada. Global. Morava em Londres, era um ícone da McCann Global.

Como era o processo de criação dele?

Ele parecia um repentista, era o download mais rápido, trabalhava com uma velocidade 5G, nunca vi nada igual aquilo. Em dois minutos o que você estava tentando horas para parir, ele sentava e resolvia.

E nunca parava, sempre um projeto novo.

Tinha coluna no Globo, estava fazendo podcast. Uma cultura enorme, senso de estética, ele sabia de tudo. Era único.

Entrevista por Alvaro Gribel

Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.

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