Depois do sucesso das três primeiras fases, o Open Finance entra agora na fase 4 com novos desafios e mais possibilidades para clientes e instituições. Essa nova etapa prevê, por exemplo, a inclusão de novos dados que poderão ser compartilhados e acesso a dados abertos de novos produtos e serviços, como operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência complementar aberta, fazendo com que o escopo do projeto no Brasil se torne mais amplo do que nos casos internacionais, conforme explica Carolina Sansão, diretora adjunta de Inovação e Tecnologia da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Atualmente, o Open Finance está sendo utilizado no mercado, com as instituições participantes já oferecendo soluções a partir dos dados compartilhados pelos clientes. A expectativa é de que, com a evolução do ecossistema, novos casos de uso surjam, trazendo ainda mais benefícios ao consumidor.
Em levantamento recente feito pela Febraban com os bancos associados participantes do projeto, foram mapeados mais de 45 produtos e serviços já oferecidos aos clientes, entre eles, agregadores financeiros, iniciação de pagamentos, soluções para ofertar melhores propostas de crédito, e serviços voltados para cashbacks e tarifas.
Foram feitos mais de 22 milhões de consentimentos de clientes para o compartilhamento de dados e iniciação de pagamento entre as instituições e mais de 10 bilhões de trocas de informações entre participantes desse mercado.
Pedro Miranda, gerente de Serviços Financeiros e líder de Open Finance na Oliver Wyman, considera que o Open Finance fará uma evolução na gestão financeira. “O mundo está caminhando para decisões orientadas a dados. O Open Finance, semelhante ao que observamos em outras soluções cotidianas, como o Netflix, permitirá que mais soluções sejam desenvolvidas para apoiar o cliente na sua tomada de decisão”, diz, ao lembrar que, diferentemente dos controles financeiros usuais, que são feitos com base em histórico financeiro, “com o Open Finance vai ser possível olhar para frente, o que ajudará muito na tomada de decisão mais assertiva por parte do cliente”.
Uma das novidades que devem mexer com o sistema financeiro é o aprimoramento da iniciação de pagamentos, que promete revolucionar a gestão financeira. Ela permite que o cliente aprove a compra de um produto ou serviço ou uma transferência, sem que precise acessar o aplicativo do banco. “A iniciação de pagamentos começa a se expandir agora com o surgimento de novos serviços e soluções para e-commerce. Hoje já existem 17 instituições homologadas e que podem oferecer o serviço de iniciação”, destaca Ivo Mósca, conselheiro da Febraban na governança do Open Finance e executivo do Itaú.
Investimentos
Além disso, a fase 4 também ajudará na gestão dos investimentos, dando ao cliente mais transparência e oportunidades. “O compartilhamento de dados de investimento permitirá não apenas que o cliente tenha uma visão mais ampla dos serviços e tarifas disponíveis no mercado, como também as instituições oferecerem produtos mais assertivos e que atendam melhor à necessidade do cliente de acordo com o seu perfil, permitindo também que eles visualizem e tenham maior controle de seus investimentos em um só ambiente”, diz Carolina Sansão.
“Outra instituição vai entender se a remuneração e o mix de investimento estão fazendo sentido para sua necessidade. Hoje, instituições já fazem análise de perfil dos seus clientes e agora poderão analisar seus investimentos em outras instituições para dizer o que faz ou não sentido”, complementa Mósca.
Educação Financeira
A educação financeira é fundamental para que o consumidor tome as melhores decisões sobre suas finanças, lidando com o seu dinheiro de forma mais consciente e inteligente e conhecendo melhor os seus gastos. Por meio do compartilhamento de dados, os consumidores terão maior visibilidade e poderão gerir melhor as suas finanças, além de receberem ofertas de produtos ainda mais alinhadas ao seu perfil e necessidade.
“Na hora que brasileiro tiver confiança que vai poder transferir, cotar seguro, que terá taxa menor surfando dentro do Open Finance e entendimento do que pode gerar de benefício para sua conta, empresa e família, será um processo de transformação”, considera Ricardo Gelbaum, conselheiro da Associação Brasileira de Bancos (ABBC) na governança do Open Finance e diretor no banco Daycoval.
Para ele, no entanto, todos os agentes do sistema financeiro terão de participar. “Ao dar mais informação tem que ter mais responsabilidade sobre a utilização de dados do usuário. E isso gera governança mútua da responsabilidade do sistema financeiro como um todo”, finaliza Gelbaum.