O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou na sexta-feira, 10, que, em um ano e meio ou dois, aplicativos únicos para bancos — como Itaú e Bradesco — deverão se tornar desnecessários para a população com a implementação do Open Finance. Esse sistema, ainda em fase de construção pelo BC, permitiria o compartilhamento de dados de clientes e empresas, agilizando as transações.
A ideia é que o Open Finance permita que exista apenas um app que juntasse todos os bancos. Assim, quando estiver totalmente implementado, aplicativos dos bancos comerciais não precisariam existir.
“Será um app agregador que, pelo Open Finance, vai dar acesso a todas as contas”, disse Campos Neto no evento da MBA Brasil, organizado por estudantes brasileiros, em Chicago. Procurados pelo Estadão, BC, Bradesco e Itaú não responderam aos questionamentos até a publicação deste texto.
O presidente do BC celebrou a adesão dos brasileiros à iniciativa, antes mesmo de ter acesso ao benefício da inovação. “Open Finance gera portabilidade e comparabilidade em tempo real. O nosso é o mais amplo e programável do mundo”, enfatizou.
A seguir, confira perguntas e respostas sobre o novo sistema.
O que é o Open Finance?
O Open Finance é um sistema que facilita o compartilhamento de dados e serviços entre diferentes instituições financeiras, como bancos, corretoras e cooperativas. A tecnologia usada é das APIs (Application Programming Interfaces, ou interfaces de programação de aplicações, em tradução livre), que permitem disponibilizar recursos de um app em outros, com regras específicas para tal. Uma aplicação única ainda deve ser criada.
Quando será implementado?
O sistema continua em fase de desenvolvimento — a julgar pela fala de Campos Neto, deve ficar pronto antes do fim de 2025. Contudo, já é possível aderir ao programa por meio de apps de bancos, do internet banking ou até pelo WhatsApp.
Em seu site, o Banco Central informa que a implementação terá quatro fases: na primeira, os bancos terão o Open Data padronizado, influindo informações sobre canais de atendimento, produtos, serviços, taxas e tarifas de cada item ofertado.
Na segunda, o consumidor pode escolher compartilhar os dados com as instituições que preferir — esse compartilhamento pode ser encerrado a qualquer momento.
Na terceira, ainda a ser realizada, o consumidor terá acesso a serviços financeiros sem precisar acessar os canais dos bancos nos quais já é cliente.
Na quarta e última, mais dados poderão ser compartilhados e mais serviços oferecidos, como contratação de operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência privada.
Como funciona o compartilhamento de dados?
O cliente escolhe compartilhar seus dados com as instituições que quiser, e pode decidir encerrar esse compartilhamento quando quiser também. A partir daí, poderá realizar uma transação em outra instituição financeira, mesmo que não tenha conta nela. Por exemplo, um cliente do Banco do Brasil poderia realizar uma transação pelo Bradesco, que teria os dados por um curto período.
Quais serão os benefícios?
O sistema deve permitir mais agilidade e segurança. Contudo, para os clientes, o principal benefício é outro: o poder de comparar as condições para diferentes serviços e produtos financeiros que quiser utilizar. Por exemplo, na hora de contratar seguro, fazer uma previdência ou realizar investimentos por qualquer banco, será possível avaliar se é vantajoso em relação ao portfólio disponível no seu banco do qual a pessoa já é cliente, onde concentra operações bancárias.
Quem ficará responsável pela segurança dos dados?
Os próprios bancos, que para participar do Open Finance devem cumprir uma série de requisitos para garantir a autenticidade, a segurança e o sigilo das informações compartilhadas. Já há regras específicas para responsabilização da instituição e de seus dirigentes, com mecanismos de acompanhamento e controle do processo de compartilhamento, e supervisão do Banco Central.