O Brasil chega ao final de 2024 melhor do que as projeções apontavam no início do ano. O crescimento de 0,9% do PIB no 3.º trimestre comprovou que a atividade econômica cresce com maior dinamismo e solidez e que o País caminha para um crescimento próximo a 3,5%, bem acima das expectativas de dezembro de 2023, que indicavam expansão de apenas 1,5%.
Vivemos um bom dilema da nossa economia. De um lado, os dados correntes se apresentam como boas notícias, mas também sinalizam a necessidade de enfrentarmos questões estruturais. Os dados animadores trazem desafios macroeconômicos.
Não há bala de prata, nem saída milagrosa, e a sociedade já sabe disso. Só conseguiremos deixar de patinar e de andar de lado se retomarmos a agenda de reformas estruturais e criarmos as condições favoráveis para investimentos, tanto públicos quanto privados.
Para garantir que chegaremos ao final de 2025 com números, senão melhores, pelo menos semelhantes aos de hoje, não podemos nos acomodar por um resultado agora muito bom.
Temos de buscar alavancas sustentáveis de crescimento, bem como precisamos debelar os vetores estruturais e conjunturais que têm funcionado como fontes de pressões inflacionárias. A inflação é um predador da economia e o quadro fiscal, ainda debilitado, segue sendo a fonte de instabilidade.
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O país precisa, como tem feito, continuar ambicionando um plano crível e consistente de contenção dos gastos públicos. Sem as contas estruturalmente arrumadas, o Banco Central precisará, ainda por tempo indefinido, aumentar os juros, inibindo o crescimento econômico e a retomada dos investimentos.
O mercado de crédito continuará sendo uma alavanca essencial nesse processo. Devemos fechar o ano com uma expansão entre 10 e 11% no saldo das operações de crédito, depois de já ter crescido 8% em 2023. As projeções apontam que em 2025 o crédito seguirá crescendo, na faixa de 8% a 9%, patamares ainda bem positivos.
Mas esse círculo virtuoso do crédito está relacionado ao contexto macroeconômico. Juros elevados por tempo prolongado podem impactar ainda mais o nível de endividamento e de comprometimento de renda das famílias e o faturamento das empresas, afetando o apetite de risco dos bancos e demais players do mercado de crédito, com queda no ritmo de expansão das novas concessões.
Vencedores do Finanças Mais 2024
O anúncio do novo pacote fiscal mostra que o País, não só a equipe econômica e o governo, reconhece a criticidade do quadro fiscal e a necessidade de um ajuste mais forte para o equilíbrio das contas públicas.
Considerando o contexto desafiador da crescente trajetória da dívida pública, o pacote fiscal está na direção correta, mas indica, claramente, a urgência da adoção de medidas adicionais ao arcabouço fiscal, sem as quais não conseguiremos ter um ambiente de juros menores, menos pressão na inflação e no câmbio.
Temos mais uma chance que não podemos deixar passar e essa não é uma missão só do governo. Para o bem de todos, o momento de frear a trajetória da dívida pública é agora.