BRASÍLIA - Deputados da oposição e representantes de movimentos sindicais fecharam nesta terça-feira, 21, uma estratégia para tentar impedir a aprovação da Reforma da Previdência na Câmara.
A ideia é atuar em duas frentes: uma nos municípios, para que os eleitores pressionem os deputados a se posicionar contra a reforma; e outra em Brasília, abordando parlamentares da base que se mostram indecisos sobre a questão.
O primeiro foco serão os 38 deputados que fazem parte da comissão especial que discute a Proposta de Emenda à Constituição. A oposição calcula que tem 11 votos contra a proposta no colegiado. "Precisamos de mais nove para ter maioria. Vamos atuar no varejo, indo de gabinete em gabinete", disse o deputado Sílvio Costa(PTdoB-PE).
Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o governo vai ter dificuldade para aprovar a reforma, porque mesmo na base aliada há muito parlamentar que mostra resistência em apoiar a medida. "Vamos conversar com o eleitor de cada deputado. Eles vão sentir a pressão", disse.
Para mobilizar a população, o plano será fazer protestos em cidades de todo o País,não apenas em Brasília. Uma das ideias é realizar audiências públicas nas câmaras municipais, para levar o debate também aos "rincões" nacionais.
"A partir de março, o Brasil vai pegar fogo", afirmar o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP).
Além de deputados da oposição, participaram do encontro representantes da CUT, Contag, CTB e Nova Central Sindical.
O presidente da República, Michel Temer, abriu seu discurso, durante reunião com a comissão da reforma da previdência no Planalto, para defender a necessidade de mudanças no benefício e alertou que, caso não haja a reforma, os programas sociais do governo podem ser prejudicados. Segundo Temer, a reforma da previdência não é só para aqueles que vão se aposentar, mas representa a sustentabilidade e a tranquilidade dos trabalhadores. "Se houver desestruturação econômica da União, isso vai representar problemas para outros programas", afirmou, citando o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Bolsa Família.
Temer disse ainda que era preciso combater "dados equivocados e não verdadeiros", pois eles prejudicam "a percepção daqueles que querem discutir a previdência". "Dizem agora que estão exigindo 49 anos para você se aposentar; não é bem isso. Se fizer 25 anos de contribuição e 65 anos de idade, você parte de 76% da aposentadoria. Se começou com 20 anos e contribuiu 45 anos, tem 96% da aposentadoria", comentou.
Presente na reunião, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o governo "tem seu total apoio para debater e avançar a reforma da previdência". "Os brasileiros sabem que, sem reequilíbrio das contas públicas, nosso futuro está colocado e colocado de uma forma negativa".
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