Os desafios de operar na Amazônia


Hydro investe R$ 8,8 bilhões em transição energética e discute antecipar meta para neutralizar emissão de carbono da companhia

Por Hydro e Estadão Blue Studio
Atualização:
Eduardo Geraque, Rodolfo Danilow, Janaina Donas e Paulo Pedrosa durante painel no Summit ESG Foto: Felipe Rau/Estadão

Operar uma indústria na Amazônia oferece desafios e oportunidades. O território tem suas peculiaridades, e isso não pode ser esquecido. Durante os próximos meses, até a realização em 2025 da COP-30, em Belém, no Pará, muito vai se debater sobre como as empresas da região estão se relacionando com os temas socioambientais e com as sociedades civis e o mundo acadêmico.

Como exemplo do que pode ser feito, a Hydro, líder global em alumínio e energias renováveis, está investindo o total de R$ 8,8 bilhões para tornar sua atuação em toda a cadeia de valor mais sustentável. Desde 2020, esse valor está sendo direcionado para soluções inovadoras em descarbonização, reflorestamento, economia circular, produção e consumo de energias renováveis, entre outros.

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Durante o Estadão Summit ESG 2024, o vice-presidente de Operações da Hydro Bauxita e Alumina, Carlos Neves, afirmou que a multinacional tem metas de neutralizar emissões até 2050, com uma discussão interna de antecipação para 2040. “O Brasil tem muita coisa boa para oferecer à COP-30. A Hydro tem um programa forte de descarbonização, que tem a meta inicial de reduzir as emissões em 30% até 2030. Para o projeto de gás natural, o investimento é de R$ 1,3 bilhão e já proporciona uma redução de 700 mil toneladas de CO2 anualmente na atmosfera”, informou Neves.

Carlos Neves, vice-presidente de Operações da Hydro Bauxita e Alumina, durante painel no Estadão Summit ESG 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão
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A Hydro está presente em 40 países e conta com mais de 30 mil funcionários. No Brasil, a cadeia integrada de produção da companhia está lastreada principalmente na Região Norte. O projeto de transição energética mencionado pelo executivo começou a ser implementado em 2021, em parceria com o governo do Pará, e visa substituir o combustível de sua refinaria de alumina Alunorte, em Barcarena (PA), trocando o óleo por gás natural.

Rodolfo Zamian Danilow, consultor sênior de Relações Governamentais da Hydro no Brasil, falou também sobre o impacto que a região deve ter com a chegada do gás natural. “Isso é muito importante para nós e para a região também, porque abre caminho para indústrias do Pará.”

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A partir da disponibilização do gás natural no Pará, afirma Danilow, outras empresas podem agora consumir esse combustível por meio do terminal que está em operação. “Vai trazer desenvolvimento para a região e serve como um exemplo para outros buscarem seus respectivos caminhos de descarbonização.”

Rodolfo Zamian Danilow, consultor sênior de Relações Governamentais da Hydro durante o brand talk no Estadão Summit ESG 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

Inovação

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Se há parceria com o Estado, também existem projetos em desenvolvimento com universidades da região. Segundo o executivo da Hydro, o foco em uma das pesquisas realizadas por cientistas da Universidade Federal do Pará, estimulados pelo setor privado, é avaliar o uso da biomassa como combustível para a produção na Alunorte. No caso, os estudos buscam entender a viabilidade técnica da biomassa a partir do uso do caroço de açaí como fonte energética nas caldeiras de produção. “Esse caroço é um resíduo da produção do açaí quando ocorre a extração da polpa e existe um desafio de como pode ser dada uma destinação adequada a ele”, afirma Danilow.

Os caminhos trilhados pela Hydro, dentro do setor do alumínio, estão distantes de ser algo isolado, afirma Janaina Donas, presidente executiva da Associação Brasileira de Alumínio (Abal). Hoje, no setor, por volta de 60% das emissões setoriais estão associadas ao tipo de energia que é consumido. “Por isso, o fato de o Brasil ter uma matriz energética limpa, diversificada e renovável já é um dos fatores de competitividade do nosso alumínio”, informa.

Janaina Donas, presidente executiva da Abal, destacou a importância da busca por fontes alternativas de energia Foto: Felipe Rau/Estadão
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O que não significa que não haja muito a avançar. “A segunda maior fonte emissora do setor está associada ao uso dos combustíveis fósseis na alimentação das caldeiras nas refinarias e, por isso, o estudo com o açaí da Hydro é muito importante. Outras iniciativas, como a da biomassa da cavaca e do eucalipto, já estão sendo aplicadas”, explica Donas. Igualmente importante, afirma a dirigente da Abal, é o conceito de circularidade e reutilização de resíduos, que, cada vez mais, faz parte do dia a dia do setor. “Por volta de 60% do alumínio consumido hoje no Brasil é de fontes secundárias, contra 30% da média global”, comemora Donas.

Foco na diversidade e inclusão

Além da liderança no setor de alumínio, a Hydro tem foco em criar sociedades mais viáveis e indústrias que importam para as pessoas e para a sociedade. Nelia Lapa, vice-presidente de Pessoas, Comunicação, Saúde & Segurança da Hydro Bauxita e Alumina, falou sobre a estratégia da empresa em relação à diversidade e à inclusão. Ela destacou a importância de criar um ambiente de pertencimento e contou sobre as mudanças que aconteceram na companhia desde que o programa de aceleração de carreira para mulheres começou a ser implementado.

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“Desde 2021, a proporção de mulheres na organização cresceu de 17% para 25%, e na liderança, de 13% para 18,6%. A Hydro também é certificada como um Great Place to Work, buscando ouvir e integrar diferentes perspectivas dos empregados”, conta.

A estratégia de diversidade da Hydro foi formalizada em 2019, com foco em treinamentos e conscientização. “Esse pilar representa o propósito e os valores da empresa. O propósito da Hydro é criar sociedades mais viáveis, utilizando recursos naturais para desenvolver produtos e soluções que beneficiem a sociedade”, explica.

Além disso, a Hydro realiza pesquisas internas que visam ouvir os diferentes pontos de vista dos empregados, incluindo aqueles de grupos minoritários, para garantir que o ambiente de trabalho seja inclusivo e acolhedor para todos. “Queremos promover um ambiente onde todos os empregados se sintam valorizados e parte da organização”, encerra Nelia.

Transição energética para descarbonização

Existe uma unanimidade entre as lideranças globais quando o assunto é a transição energética. Seja no dia a dia da indústria, que busca encontrar os caminhos que levarão a uma economia de baixo carbono, ou entre os organizadores da COP-30, em novembro de 2025, em Belém, o norte de toda ação ou debate deve ser a almejada revolução energética e não tecnologias ou programas, que são, na prática, meios e não os fins.

Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia, durante brand talk no Estadão Summit ESG 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

“O País precisaria ter uma visão mais clara em relação ao que nós queremos da transição energética ou da transição justa da nossa sociedade”, afirma Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace Energia). “Para que esse objetivo ocorra, temos que ter uma política industrial energética.”

A Hydro vem atuando de forma responsável, alinhada às comunidades vizinhas de suas operações, respeitando o meio ambiente. Além do investimento na troca de combustível, a companhia tem uma série de iniciativas para a descarbonização.

O investimento é de R$ 7,5 bilhões em geração de energia renovável com parque solar e eólico, tendo como alguns dos principais clientes consumidores as suas plantas de bauxita, alumina e alumínio no Pará. A Hydro REIN, braço da empresa com foco em geração de energia renovável, tem três projetos em andamento no País: Boa Sorte (solar), Ventos de São Zacarias (eólico) e Mendubim (solar).

A Albras, maior produtora de alumínio primário do Brasil, localizada em Barcarena, no Pará, produz alumínio com uma das menores taxas de CO2 do mundo. Com uso de energia elétrica renovável e estabilidade dos processos produtivos, a série de alumínio de baixo carbono possui emissões máximas de 4,0 kg de CO2e por kg de alumínio produzido, valor significativamente inferior à média global definida pela International Aluminium Institute (12,9 tCO2e/t Alumínio).

Em 2023, a Albras obteve pelo sexto ano consecutivo o Selo Ouro no programa brasileiro de monitoramento de emissões de gases de efeito estufa “GHG Protocol”, validado por auditoria de terceira parte acreditada.

Reflorestamento

A Mineração Paragominas, que pertence à Hydro, é a primeira mineradora de bauxita no Brasil a apostar em inovação para dar escala à reabilitação ambiental, com uso de drones na Amazônia brasileira. Para essa iniciativa, a empresa contratou a startup franco-brasileira Morfo.

Com investimento de mais de R$ 2,7 milhões, a iniciativa inclui o diagnóstico do solo com imagens de satélite e uso de drone para dispersão das sementes juntamente com cápsula nutritiva. Com um único drone, pode-se dispersar 180 cápsulas e sementes das múltiplas espécies por minuto.

Desde 2009, mais de 3 mil hectares já foram reflorestados pela Hydro em Paragominas. Somente em 2023, foram reabilitados cerca de 328 hectares na região da mina. As ações reforçam a meta da Hydro: para cada hectare minerado, outro é reflorestado em até dois anos após a lavra. Também faz parte das ambições da companhia garantir nenhuma perda líquida de biodiversidade em novos projetos.

Eduardo Geraque, Rodolfo Danilow, Janaina Donas e Paulo Pedrosa durante painel no Summit ESG Foto: Felipe Rau/Estadão

Operar uma indústria na Amazônia oferece desafios e oportunidades. O território tem suas peculiaridades, e isso não pode ser esquecido. Durante os próximos meses, até a realização em 2025 da COP-30, em Belém, no Pará, muito vai se debater sobre como as empresas da região estão se relacionando com os temas socioambientais e com as sociedades civis e o mundo acadêmico.

Como exemplo do que pode ser feito, a Hydro, líder global em alumínio e energias renováveis, está investindo o total de R$ 8,8 bilhões para tornar sua atuação em toda a cadeia de valor mais sustentável. Desde 2020, esse valor está sendo direcionado para soluções inovadoras em descarbonização, reflorestamento, economia circular, produção e consumo de energias renováveis, entre outros.

Durante o Estadão Summit ESG 2024, o vice-presidente de Operações da Hydro Bauxita e Alumina, Carlos Neves, afirmou que a multinacional tem metas de neutralizar emissões até 2050, com uma discussão interna de antecipação para 2040. “O Brasil tem muita coisa boa para oferecer à COP-30. A Hydro tem um programa forte de descarbonização, que tem a meta inicial de reduzir as emissões em 30% até 2030. Para o projeto de gás natural, o investimento é de R$ 1,3 bilhão e já proporciona uma redução de 700 mil toneladas de CO2 anualmente na atmosfera”, informou Neves.

Carlos Neves, vice-presidente de Operações da Hydro Bauxita e Alumina, durante painel no Estadão Summit ESG 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

A Hydro está presente em 40 países e conta com mais de 30 mil funcionários. No Brasil, a cadeia integrada de produção da companhia está lastreada principalmente na Região Norte. O projeto de transição energética mencionado pelo executivo começou a ser implementado em 2021, em parceria com o governo do Pará, e visa substituir o combustível de sua refinaria de alumina Alunorte, em Barcarena (PA), trocando o óleo por gás natural.

Rodolfo Zamian Danilow, consultor sênior de Relações Governamentais da Hydro no Brasil, falou também sobre o impacto que a região deve ter com a chegada do gás natural. “Isso é muito importante para nós e para a região também, porque abre caminho para indústrias do Pará.”

A partir da disponibilização do gás natural no Pará, afirma Danilow, outras empresas podem agora consumir esse combustível por meio do terminal que está em operação. “Vai trazer desenvolvimento para a região e serve como um exemplo para outros buscarem seus respectivos caminhos de descarbonização.”

Rodolfo Zamian Danilow, consultor sênior de Relações Governamentais da Hydro durante o brand talk no Estadão Summit ESG 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

Inovação

Se há parceria com o Estado, também existem projetos em desenvolvimento com universidades da região. Segundo o executivo da Hydro, o foco em uma das pesquisas realizadas por cientistas da Universidade Federal do Pará, estimulados pelo setor privado, é avaliar o uso da biomassa como combustível para a produção na Alunorte. No caso, os estudos buscam entender a viabilidade técnica da biomassa a partir do uso do caroço de açaí como fonte energética nas caldeiras de produção. “Esse caroço é um resíduo da produção do açaí quando ocorre a extração da polpa e existe um desafio de como pode ser dada uma destinação adequada a ele”, afirma Danilow.

Os caminhos trilhados pela Hydro, dentro do setor do alumínio, estão distantes de ser algo isolado, afirma Janaina Donas, presidente executiva da Associação Brasileira de Alumínio (Abal). Hoje, no setor, por volta de 60% das emissões setoriais estão associadas ao tipo de energia que é consumido. “Por isso, o fato de o Brasil ter uma matriz energética limpa, diversificada e renovável já é um dos fatores de competitividade do nosso alumínio”, informa.

Janaina Donas, presidente executiva da Abal, destacou a importância da busca por fontes alternativas de energia Foto: Felipe Rau/Estadão

O que não significa que não haja muito a avançar. “A segunda maior fonte emissora do setor está associada ao uso dos combustíveis fósseis na alimentação das caldeiras nas refinarias e, por isso, o estudo com o açaí da Hydro é muito importante. Outras iniciativas, como a da biomassa da cavaca e do eucalipto, já estão sendo aplicadas”, explica Donas. Igualmente importante, afirma a dirigente da Abal, é o conceito de circularidade e reutilização de resíduos, que, cada vez mais, faz parte do dia a dia do setor. “Por volta de 60% do alumínio consumido hoje no Brasil é de fontes secundárias, contra 30% da média global”, comemora Donas.

Foco na diversidade e inclusão

Além da liderança no setor de alumínio, a Hydro tem foco em criar sociedades mais viáveis e indústrias que importam para as pessoas e para a sociedade. Nelia Lapa, vice-presidente de Pessoas, Comunicação, Saúde & Segurança da Hydro Bauxita e Alumina, falou sobre a estratégia da empresa em relação à diversidade e à inclusão. Ela destacou a importância de criar um ambiente de pertencimento e contou sobre as mudanças que aconteceram na companhia desde que o programa de aceleração de carreira para mulheres começou a ser implementado.

“Desde 2021, a proporção de mulheres na organização cresceu de 17% para 25%, e na liderança, de 13% para 18,6%. A Hydro também é certificada como um Great Place to Work, buscando ouvir e integrar diferentes perspectivas dos empregados”, conta.

A estratégia de diversidade da Hydro foi formalizada em 2019, com foco em treinamentos e conscientização. “Esse pilar representa o propósito e os valores da empresa. O propósito da Hydro é criar sociedades mais viáveis, utilizando recursos naturais para desenvolver produtos e soluções que beneficiem a sociedade”, explica.

Além disso, a Hydro realiza pesquisas internas que visam ouvir os diferentes pontos de vista dos empregados, incluindo aqueles de grupos minoritários, para garantir que o ambiente de trabalho seja inclusivo e acolhedor para todos. “Queremos promover um ambiente onde todos os empregados se sintam valorizados e parte da organização”, encerra Nelia.

Transição energética para descarbonização

Existe uma unanimidade entre as lideranças globais quando o assunto é a transição energética. Seja no dia a dia da indústria, que busca encontrar os caminhos que levarão a uma economia de baixo carbono, ou entre os organizadores da COP-30, em novembro de 2025, em Belém, o norte de toda ação ou debate deve ser a almejada revolução energética e não tecnologias ou programas, que são, na prática, meios e não os fins.

Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia, durante brand talk no Estadão Summit ESG 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

“O País precisaria ter uma visão mais clara em relação ao que nós queremos da transição energética ou da transição justa da nossa sociedade”, afirma Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace Energia). “Para que esse objetivo ocorra, temos que ter uma política industrial energética.”

A Hydro vem atuando de forma responsável, alinhada às comunidades vizinhas de suas operações, respeitando o meio ambiente. Além do investimento na troca de combustível, a companhia tem uma série de iniciativas para a descarbonização.

O investimento é de R$ 7,5 bilhões em geração de energia renovável com parque solar e eólico, tendo como alguns dos principais clientes consumidores as suas plantas de bauxita, alumina e alumínio no Pará. A Hydro REIN, braço da empresa com foco em geração de energia renovável, tem três projetos em andamento no País: Boa Sorte (solar), Ventos de São Zacarias (eólico) e Mendubim (solar).

A Albras, maior produtora de alumínio primário do Brasil, localizada em Barcarena, no Pará, produz alumínio com uma das menores taxas de CO2 do mundo. Com uso de energia elétrica renovável e estabilidade dos processos produtivos, a série de alumínio de baixo carbono possui emissões máximas de 4,0 kg de CO2e por kg de alumínio produzido, valor significativamente inferior à média global definida pela International Aluminium Institute (12,9 tCO2e/t Alumínio).

Em 2023, a Albras obteve pelo sexto ano consecutivo o Selo Ouro no programa brasileiro de monitoramento de emissões de gases de efeito estufa “GHG Protocol”, validado por auditoria de terceira parte acreditada.

Reflorestamento

A Mineração Paragominas, que pertence à Hydro, é a primeira mineradora de bauxita no Brasil a apostar em inovação para dar escala à reabilitação ambiental, com uso de drones na Amazônia brasileira. Para essa iniciativa, a empresa contratou a startup franco-brasileira Morfo.

Com investimento de mais de R$ 2,7 milhões, a iniciativa inclui o diagnóstico do solo com imagens de satélite e uso de drone para dispersão das sementes juntamente com cápsula nutritiva. Com um único drone, pode-se dispersar 180 cápsulas e sementes das múltiplas espécies por minuto.

Desde 2009, mais de 3 mil hectares já foram reflorestados pela Hydro em Paragominas. Somente em 2023, foram reabilitados cerca de 328 hectares na região da mina. As ações reforçam a meta da Hydro: para cada hectare minerado, outro é reflorestado em até dois anos após a lavra. Também faz parte das ambições da companhia garantir nenhuma perda líquida de biodiversidade em novos projetos.

Eduardo Geraque, Rodolfo Danilow, Janaina Donas e Paulo Pedrosa durante painel no Summit ESG Foto: Felipe Rau/Estadão

Operar uma indústria na Amazônia oferece desafios e oportunidades. O território tem suas peculiaridades, e isso não pode ser esquecido. Durante os próximos meses, até a realização em 2025 da COP-30, em Belém, no Pará, muito vai se debater sobre como as empresas da região estão se relacionando com os temas socioambientais e com as sociedades civis e o mundo acadêmico.

Como exemplo do que pode ser feito, a Hydro, líder global em alumínio e energias renováveis, está investindo o total de R$ 8,8 bilhões para tornar sua atuação em toda a cadeia de valor mais sustentável. Desde 2020, esse valor está sendo direcionado para soluções inovadoras em descarbonização, reflorestamento, economia circular, produção e consumo de energias renováveis, entre outros.

Durante o Estadão Summit ESG 2024, o vice-presidente de Operações da Hydro Bauxita e Alumina, Carlos Neves, afirmou que a multinacional tem metas de neutralizar emissões até 2050, com uma discussão interna de antecipação para 2040. “O Brasil tem muita coisa boa para oferecer à COP-30. A Hydro tem um programa forte de descarbonização, que tem a meta inicial de reduzir as emissões em 30% até 2030. Para o projeto de gás natural, o investimento é de R$ 1,3 bilhão e já proporciona uma redução de 700 mil toneladas de CO2 anualmente na atmosfera”, informou Neves.

Carlos Neves, vice-presidente de Operações da Hydro Bauxita e Alumina, durante painel no Estadão Summit ESG 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

A Hydro está presente em 40 países e conta com mais de 30 mil funcionários. No Brasil, a cadeia integrada de produção da companhia está lastreada principalmente na Região Norte. O projeto de transição energética mencionado pelo executivo começou a ser implementado em 2021, em parceria com o governo do Pará, e visa substituir o combustível de sua refinaria de alumina Alunorte, em Barcarena (PA), trocando o óleo por gás natural.

Rodolfo Zamian Danilow, consultor sênior de Relações Governamentais da Hydro no Brasil, falou também sobre o impacto que a região deve ter com a chegada do gás natural. “Isso é muito importante para nós e para a região também, porque abre caminho para indústrias do Pará.”

A partir da disponibilização do gás natural no Pará, afirma Danilow, outras empresas podem agora consumir esse combustível por meio do terminal que está em operação. “Vai trazer desenvolvimento para a região e serve como um exemplo para outros buscarem seus respectivos caminhos de descarbonização.”

Rodolfo Zamian Danilow, consultor sênior de Relações Governamentais da Hydro durante o brand talk no Estadão Summit ESG 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

Inovação

Se há parceria com o Estado, também existem projetos em desenvolvimento com universidades da região. Segundo o executivo da Hydro, o foco em uma das pesquisas realizadas por cientistas da Universidade Federal do Pará, estimulados pelo setor privado, é avaliar o uso da biomassa como combustível para a produção na Alunorte. No caso, os estudos buscam entender a viabilidade técnica da biomassa a partir do uso do caroço de açaí como fonte energética nas caldeiras de produção. “Esse caroço é um resíduo da produção do açaí quando ocorre a extração da polpa e existe um desafio de como pode ser dada uma destinação adequada a ele”, afirma Danilow.

Os caminhos trilhados pela Hydro, dentro do setor do alumínio, estão distantes de ser algo isolado, afirma Janaina Donas, presidente executiva da Associação Brasileira de Alumínio (Abal). Hoje, no setor, por volta de 60% das emissões setoriais estão associadas ao tipo de energia que é consumido. “Por isso, o fato de o Brasil ter uma matriz energética limpa, diversificada e renovável já é um dos fatores de competitividade do nosso alumínio”, informa.

Janaina Donas, presidente executiva da Abal, destacou a importância da busca por fontes alternativas de energia Foto: Felipe Rau/Estadão

O que não significa que não haja muito a avançar. “A segunda maior fonte emissora do setor está associada ao uso dos combustíveis fósseis na alimentação das caldeiras nas refinarias e, por isso, o estudo com o açaí da Hydro é muito importante. Outras iniciativas, como a da biomassa da cavaca e do eucalipto, já estão sendo aplicadas”, explica Donas. Igualmente importante, afirma a dirigente da Abal, é o conceito de circularidade e reutilização de resíduos, que, cada vez mais, faz parte do dia a dia do setor. “Por volta de 60% do alumínio consumido hoje no Brasil é de fontes secundárias, contra 30% da média global”, comemora Donas.

Foco na diversidade e inclusão

Além da liderança no setor de alumínio, a Hydro tem foco em criar sociedades mais viáveis e indústrias que importam para as pessoas e para a sociedade. Nelia Lapa, vice-presidente de Pessoas, Comunicação, Saúde & Segurança da Hydro Bauxita e Alumina, falou sobre a estratégia da empresa em relação à diversidade e à inclusão. Ela destacou a importância de criar um ambiente de pertencimento e contou sobre as mudanças que aconteceram na companhia desde que o programa de aceleração de carreira para mulheres começou a ser implementado.

“Desde 2021, a proporção de mulheres na organização cresceu de 17% para 25%, e na liderança, de 13% para 18,6%. A Hydro também é certificada como um Great Place to Work, buscando ouvir e integrar diferentes perspectivas dos empregados”, conta.

A estratégia de diversidade da Hydro foi formalizada em 2019, com foco em treinamentos e conscientização. “Esse pilar representa o propósito e os valores da empresa. O propósito da Hydro é criar sociedades mais viáveis, utilizando recursos naturais para desenvolver produtos e soluções que beneficiem a sociedade”, explica.

Além disso, a Hydro realiza pesquisas internas que visam ouvir os diferentes pontos de vista dos empregados, incluindo aqueles de grupos minoritários, para garantir que o ambiente de trabalho seja inclusivo e acolhedor para todos. “Queremos promover um ambiente onde todos os empregados se sintam valorizados e parte da organização”, encerra Nelia.

Transição energética para descarbonização

Existe uma unanimidade entre as lideranças globais quando o assunto é a transição energética. Seja no dia a dia da indústria, que busca encontrar os caminhos que levarão a uma economia de baixo carbono, ou entre os organizadores da COP-30, em novembro de 2025, em Belém, o norte de toda ação ou debate deve ser a almejada revolução energética e não tecnologias ou programas, que são, na prática, meios e não os fins.

Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia, durante brand talk no Estadão Summit ESG 2024 Foto: Felipe Rau/Estadão

“O País precisaria ter uma visão mais clara em relação ao que nós queremos da transição energética ou da transição justa da nossa sociedade”, afirma Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace Energia). “Para que esse objetivo ocorra, temos que ter uma política industrial energética.”

A Hydro vem atuando de forma responsável, alinhada às comunidades vizinhas de suas operações, respeitando o meio ambiente. Além do investimento na troca de combustível, a companhia tem uma série de iniciativas para a descarbonização.

O investimento é de R$ 7,5 bilhões em geração de energia renovável com parque solar e eólico, tendo como alguns dos principais clientes consumidores as suas plantas de bauxita, alumina e alumínio no Pará. A Hydro REIN, braço da empresa com foco em geração de energia renovável, tem três projetos em andamento no País: Boa Sorte (solar), Ventos de São Zacarias (eólico) e Mendubim (solar).

A Albras, maior produtora de alumínio primário do Brasil, localizada em Barcarena, no Pará, produz alumínio com uma das menores taxas de CO2 do mundo. Com uso de energia elétrica renovável e estabilidade dos processos produtivos, a série de alumínio de baixo carbono possui emissões máximas de 4,0 kg de CO2e por kg de alumínio produzido, valor significativamente inferior à média global definida pela International Aluminium Institute (12,9 tCO2e/t Alumínio).

Em 2023, a Albras obteve pelo sexto ano consecutivo o Selo Ouro no programa brasileiro de monitoramento de emissões de gases de efeito estufa “GHG Protocol”, validado por auditoria de terceira parte acreditada.

Reflorestamento

A Mineração Paragominas, que pertence à Hydro, é a primeira mineradora de bauxita no Brasil a apostar em inovação para dar escala à reabilitação ambiental, com uso de drones na Amazônia brasileira. Para essa iniciativa, a empresa contratou a startup franco-brasileira Morfo.

Com investimento de mais de R$ 2,7 milhões, a iniciativa inclui o diagnóstico do solo com imagens de satélite e uso de drone para dispersão das sementes juntamente com cápsula nutritiva. Com um único drone, pode-se dispersar 180 cápsulas e sementes das múltiplas espécies por minuto.

Desde 2009, mais de 3 mil hectares já foram reflorestados pela Hydro em Paragominas. Somente em 2023, foram reabilitados cerca de 328 hectares na região da mina. As ações reforçam a meta da Hydro: para cada hectare minerado, outro é reflorestado em até dois anos após a lavra. Também faz parte das ambições da companhia garantir nenhuma perda líquida de biodiversidade em novos projetos.

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