BRASÍLIA - A disparada do dólar nos últimos dias, que bateu R$ 6, é reflexo da frustração dos investidores com o pacote fiscal apresentado pelo governo Lula, segundo os economistas Marcos Lisboa, da consultoria Gibraltar, e Felipe Salto, da Warren Investimentos.
De um lado, as medidas foram consideradas insuficientes para dar previsibilidade para a dívida pública; de outro, o anúncio sobre a isenção do Imposto de Renda (IR) até a faixa de R$ 5 mil foi como uma espécie de “balde de água fria”, já que a medida reduz arrecadação do governo, agravando o desequilíbrio nas contas.
Veja a live:
Segundo Lisboa, o Brasil precisa fazer um ajuste fiscal em torno de R$ 350 bilhões, mas ninguém espera que isso aconteça no curto prazo. A expectativa era apenas uma sinalização de que as contas iriam melhorar, mesmo que de forma gradual.
“Houve imensa frustração e preocupação com o futuro do País, isso está transparente. O desafio do Brasil tem um tamanho de R$ 350 bilhões por ano. Ninguém espera que isso seja feito rapidamente, mas num prazo razoável, aí seria outra história”, afirmou.
Leia mais
Segundo Salto, houve medidas boas no anúncio do governo, como o teto para o crescimento do salário mínimo e a redução do abono salarial, mas a intensidade de todas as medidas, somadas, não é suficiente. Ele calcula que dos R$ 70 bilhões anunciados pelo governo, apenas R$ 45 bilhões podem ser, de fato considerados.
“O governo anunciou um aumento de isenção da faixa do Imposto de Renda que tem custo de R$ 35 bilhões, mas na nossa conta é R$ 45 bilhões por baixo. Quando você cria a expectativa de que o pacote é para conteção de despesa, mas a primeira medida é isenção fiscal, ou seja, aumentar a renúncia de receita, isso é um balde de água fria. Outra coisa é que a intensidade do pacote não é suficiente”, afirmou.