O Brasil gastou R$ 15,473 bilhões com juros nominais do setor público (União, Estados, municípios e empresas estatais) em setembro, as mais altas despesas para meses de setembro da série histórica. Em agosto, esses gastos haviam sido de R$ 10,948 bilhões e, no mesmo mês de 2006, de R$ 10,989 bilhões. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 25, pelo Banco Central. Parte dessas despesas foi coberta pelo superávit primário do setor, que somou R$ 3,554 bilhões no mês, uma queda de 22,3% frente ao saldo de R$ 4,575 bilhões registrado em setembro do ano passado. O superávit primário é o resultado da diferença entre receitas e despesas, sem contabilizar os gastos com os juros da dívida pública. É o chamado esforço fiscal, feito para evitar a expansão do endividamento público e melhorar a percepção de risco dos investidores sobre a economia brasileira. Com disso, o déficit nominal do País chegou a R$ 11,919 bilhões, o pior resultado para meses de setembro. Para o desempenho do mês passado, o governo central fez uma economia para o pagamento de juros de R$ 812 milhões; os governos regionais, R$ 1,389 bilhão; e as empresas estatais apresentaram resultados primários de R$ 1,353 bilhão. As empresas estatais federais contribuíram com um superávit de R$ 1,009 bilhão. Câmbio Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, o aumento nos gastos com juros reflete, sobretudo, a valorização de 6,3% na taxa de câmbio, que afeta negativamente os ativos brasileiros em dólar. Entre os destaques na conta de juros ficaram as operações de swap cambial reverso, que geraram uma perda de R$ 2,9 bilhões para os cofres públicos. Nessas operações, o BC é credor em dólar e devedor em juros. Essas perdas ocorreram mesmo em um mês em que a taxa básica de juros, a Selic, teve a menor variação para meses de setembro: 0,8%. "O impacto de 6,3% de apreciação cambial não é trivial", disse Altamir. Acumulado do ano No acumulado do ano, o quadro é melhor. O setor público registrou entre janeiro e setembro superávit primário de R$ 91,223 bilhões, o melhor da série histórica do BC, iniciada em 1991. O resultado equivale a 4,90% do Produto Interno Bruto (PIB). Até o mês passado, a despesa com juros foi de R$ 119,363 bilhões, o menor nível desde 2004, atingindo 6,41% em proporção do PIB. Assim, o déficit nominal do setor público está em R$ 28,140 bilhões no acumulado de 2007. O valor, também o menor desde 2004, corresponde a 1,51% do PIB. No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em setembro o superávit primário do setor público foi de R$ 100,841 bilhões, correspondente a 4,05% do PIB, percentual ainda acima dos 3,8% previstos na meta para o ano. Dívida A dívida líquida do setor público fechou setembro em R$ 43,5% do PIB. O porcentual correspondia a R$ 1,120 trilhão. Em agosto, a dívida estava em 43% do PIB e equivalia a R$ 1,096 trilhão. "A valorização cambial ocorrida no mês foi responsável por aumento correspondente a R$ 13,6 bilhões no endividamento líquido", diz nota divulgada pelo Depec. No acumulado do ano, a dívida líquida apresenta uma queda de 1,4 ponto porcentual do PIB. "O resultado primário e o efeito do crescimento do PIB valorizado contribuíram para essa redução, cada um com 3,5 pontos porcentuais do PIB", diz a nota do BC.