Países ampliam gastos para conter crise


Receita dos governos inclui corte de impostos e mais investimentos

Por Lu Aiko Otta

Para amenizar o efeito da crise financeira sobre a economia real, os países participantes do G-20 estão recorrendo a cortes de impostos, aumento de transferências governamentais e injeções de recursos públicos na economia - um arsenal conhecido como política fiscal anticíclica. É a mesma linha defendida ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso, ao afirmar que não interromperá as obras de infra-estrutura previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Também podem ser incluídas na lista medidas já adotadas pelo governo brasileiro, como a injeção de mais recursos na agricultura e na construção civil.   Abrir os cofres públicos para combater a crise foi uma receita presente em quase todos os relatos feitos ontem, o primeiro dia de discussões da reunião de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do G-20. Houve, porém, quem alertasse para o risco de o entusiasmo com políticas fiscais generosas resultar em outra bolha.   A Rússia, por sua vez, veio com uma proposta inovadora para evitar a repetição da crise: criar uma espécie de acordo de Maastricht mundial. O acordo de Maastricht é o que estabeleceu padrões comuns para as finanças dos países integrantes da União Européia. Para fazer parte do bloco, os europeus precisam manter indicadores como inflação e dívida pública dentro de determinados limites.   Para os russos, o ideal seria adotar padrões de qualidade para o mundo inteiro, com regras e supervisão para todos os países, de forma obrigatória. Quem não fizesse parte do acordo teria limitado seu acesso ao fluxo internacional de capitais.   Cofre aberto   Preocupada em não deixar sua taxa de crescimento cair, a China adotou um programa maciço de apoio à agricultura, dentro de uma estratégia de elevação da demanda doméstica. O setor agrícola chinês corria o risco de registrar crescimento negativo este ano, por isso o governo decidiu apoiá-lo.   Além disso, há planos de ampliar os gastos governamentais em saúde, estimular a criação de empregos industriais, utilizar mais verbas para a inovação tecnológica e ampliar as importações para estimular os investimentos. Dessa forma, os chineses acreditam estar fazendo sua parte para manter a roda da economia girando.   Preocupado com eventual aumento na inflação, o governo chinês prepara também o que chama de reforma de preços industriais dos monopólios. Na prática, é um controle mais apertado. Pretende ainda adotar uma supervisão no fluxo de capitais para dentro e para fora do país.   Na mesma linha anticíclica, a Austrália informou que criará novos incentivos fiscais no valor equivalente a 1% de seu produto interno bruto (PIB). Os benefícios serão focados em famílias de média e baixa renda, além de aposentados. A expectativa do governo é que as medidas gerem impacto a partir de dezembro e ao longo de 2009.   Primeiro emergente a sentir na economia real os efeitos da crise financeira, o México também optou por um pacote fiscal anticíclico forte. O país pretende ampliar seus gastos em infra-estrutura e transferências de recursos para os 20% mais pobres da população. Os bancos oficiais passaram a oferecer mais crédito às micro e pequenas empresas.   A Argentina foi mais longe, ao defender que políticas anticíclicas precisam ser adotadas em todo o mundo, e não só pelos países em desenvolvimento. Os argentinos recomendaram também uma política monetária não contracionista, ou seja, juros baixos. Eles calculam que para cada 1% de aumento de gasto dos governos, será possível elevar o crescimento mundial na mesma proporção, por isso defendem um "choque de demanda" e garantem que os benefícios superam os custos.   Destoando do entusiasmo, a Rússia alertou para o risco de essa estratégia provocar desequilíbrios orçamentários e pediu cautela. Os russos lembraram que o excesso de emissões de recursos para sustentar tais políticas pode levar à formação de outra bolha econômica de conseqüências danosas. Eles sugeriram que se observasse como o Japão saiu de seu longo período de estagnação econômica. A Rússia perdeu cerca de US$ 50 bilhões de suas reservas internacionais por causa da queda do preço do petróleo.   Os indianos apontaram para o mesmo problema, sob outra ótica. Eles observaram que nem todos os países possuem "espaço fiscal" para adotar tais políticas anticíclicas. Para a Índia, a prioridade no momento deveria ser outra: a reversão do fluxo de capitais, que vem rapidamente deixando as economias emergentes rumo aos países centrais.

Para amenizar o efeito da crise financeira sobre a economia real, os países participantes do G-20 estão recorrendo a cortes de impostos, aumento de transferências governamentais e injeções de recursos públicos na economia - um arsenal conhecido como política fiscal anticíclica. É a mesma linha defendida ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso, ao afirmar que não interromperá as obras de infra-estrutura previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Também podem ser incluídas na lista medidas já adotadas pelo governo brasileiro, como a injeção de mais recursos na agricultura e na construção civil.   Abrir os cofres públicos para combater a crise foi uma receita presente em quase todos os relatos feitos ontem, o primeiro dia de discussões da reunião de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do G-20. Houve, porém, quem alertasse para o risco de o entusiasmo com políticas fiscais generosas resultar em outra bolha.   A Rússia, por sua vez, veio com uma proposta inovadora para evitar a repetição da crise: criar uma espécie de acordo de Maastricht mundial. O acordo de Maastricht é o que estabeleceu padrões comuns para as finanças dos países integrantes da União Européia. Para fazer parte do bloco, os europeus precisam manter indicadores como inflação e dívida pública dentro de determinados limites.   Para os russos, o ideal seria adotar padrões de qualidade para o mundo inteiro, com regras e supervisão para todos os países, de forma obrigatória. Quem não fizesse parte do acordo teria limitado seu acesso ao fluxo internacional de capitais.   Cofre aberto   Preocupada em não deixar sua taxa de crescimento cair, a China adotou um programa maciço de apoio à agricultura, dentro de uma estratégia de elevação da demanda doméstica. O setor agrícola chinês corria o risco de registrar crescimento negativo este ano, por isso o governo decidiu apoiá-lo.   Além disso, há planos de ampliar os gastos governamentais em saúde, estimular a criação de empregos industriais, utilizar mais verbas para a inovação tecnológica e ampliar as importações para estimular os investimentos. Dessa forma, os chineses acreditam estar fazendo sua parte para manter a roda da economia girando.   Preocupado com eventual aumento na inflação, o governo chinês prepara também o que chama de reforma de preços industriais dos monopólios. Na prática, é um controle mais apertado. Pretende ainda adotar uma supervisão no fluxo de capitais para dentro e para fora do país.   Na mesma linha anticíclica, a Austrália informou que criará novos incentivos fiscais no valor equivalente a 1% de seu produto interno bruto (PIB). Os benefícios serão focados em famílias de média e baixa renda, além de aposentados. A expectativa do governo é que as medidas gerem impacto a partir de dezembro e ao longo de 2009.   Primeiro emergente a sentir na economia real os efeitos da crise financeira, o México também optou por um pacote fiscal anticíclico forte. O país pretende ampliar seus gastos em infra-estrutura e transferências de recursos para os 20% mais pobres da população. Os bancos oficiais passaram a oferecer mais crédito às micro e pequenas empresas.   A Argentina foi mais longe, ao defender que políticas anticíclicas precisam ser adotadas em todo o mundo, e não só pelos países em desenvolvimento. Os argentinos recomendaram também uma política monetária não contracionista, ou seja, juros baixos. Eles calculam que para cada 1% de aumento de gasto dos governos, será possível elevar o crescimento mundial na mesma proporção, por isso defendem um "choque de demanda" e garantem que os benefícios superam os custos.   Destoando do entusiasmo, a Rússia alertou para o risco de essa estratégia provocar desequilíbrios orçamentários e pediu cautela. Os russos lembraram que o excesso de emissões de recursos para sustentar tais políticas pode levar à formação de outra bolha econômica de conseqüências danosas. Eles sugeriram que se observasse como o Japão saiu de seu longo período de estagnação econômica. A Rússia perdeu cerca de US$ 50 bilhões de suas reservas internacionais por causa da queda do preço do petróleo.   Os indianos apontaram para o mesmo problema, sob outra ótica. Eles observaram que nem todos os países possuem "espaço fiscal" para adotar tais políticas anticíclicas. Para a Índia, a prioridade no momento deveria ser outra: a reversão do fluxo de capitais, que vem rapidamente deixando as economias emergentes rumo aos países centrais.

Para amenizar o efeito da crise financeira sobre a economia real, os países participantes do G-20 estão recorrendo a cortes de impostos, aumento de transferências governamentais e injeções de recursos públicos na economia - um arsenal conhecido como política fiscal anticíclica. É a mesma linha defendida ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso, ao afirmar que não interromperá as obras de infra-estrutura previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Também podem ser incluídas na lista medidas já adotadas pelo governo brasileiro, como a injeção de mais recursos na agricultura e na construção civil.   Abrir os cofres públicos para combater a crise foi uma receita presente em quase todos os relatos feitos ontem, o primeiro dia de discussões da reunião de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do G-20. Houve, porém, quem alertasse para o risco de o entusiasmo com políticas fiscais generosas resultar em outra bolha.   A Rússia, por sua vez, veio com uma proposta inovadora para evitar a repetição da crise: criar uma espécie de acordo de Maastricht mundial. O acordo de Maastricht é o que estabeleceu padrões comuns para as finanças dos países integrantes da União Européia. Para fazer parte do bloco, os europeus precisam manter indicadores como inflação e dívida pública dentro de determinados limites.   Para os russos, o ideal seria adotar padrões de qualidade para o mundo inteiro, com regras e supervisão para todos os países, de forma obrigatória. Quem não fizesse parte do acordo teria limitado seu acesso ao fluxo internacional de capitais.   Cofre aberto   Preocupada em não deixar sua taxa de crescimento cair, a China adotou um programa maciço de apoio à agricultura, dentro de uma estratégia de elevação da demanda doméstica. O setor agrícola chinês corria o risco de registrar crescimento negativo este ano, por isso o governo decidiu apoiá-lo.   Além disso, há planos de ampliar os gastos governamentais em saúde, estimular a criação de empregos industriais, utilizar mais verbas para a inovação tecnológica e ampliar as importações para estimular os investimentos. Dessa forma, os chineses acreditam estar fazendo sua parte para manter a roda da economia girando.   Preocupado com eventual aumento na inflação, o governo chinês prepara também o que chama de reforma de preços industriais dos monopólios. Na prática, é um controle mais apertado. Pretende ainda adotar uma supervisão no fluxo de capitais para dentro e para fora do país.   Na mesma linha anticíclica, a Austrália informou que criará novos incentivos fiscais no valor equivalente a 1% de seu produto interno bruto (PIB). Os benefícios serão focados em famílias de média e baixa renda, além de aposentados. A expectativa do governo é que as medidas gerem impacto a partir de dezembro e ao longo de 2009.   Primeiro emergente a sentir na economia real os efeitos da crise financeira, o México também optou por um pacote fiscal anticíclico forte. O país pretende ampliar seus gastos em infra-estrutura e transferências de recursos para os 20% mais pobres da população. Os bancos oficiais passaram a oferecer mais crédito às micro e pequenas empresas.   A Argentina foi mais longe, ao defender que políticas anticíclicas precisam ser adotadas em todo o mundo, e não só pelos países em desenvolvimento. Os argentinos recomendaram também uma política monetária não contracionista, ou seja, juros baixos. Eles calculam que para cada 1% de aumento de gasto dos governos, será possível elevar o crescimento mundial na mesma proporção, por isso defendem um "choque de demanda" e garantem que os benefícios superam os custos.   Destoando do entusiasmo, a Rússia alertou para o risco de essa estratégia provocar desequilíbrios orçamentários e pediu cautela. Os russos lembraram que o excesso de emissões de recursos para sustentar tais políticas pode levar à formação de outra bolha econômica de conseqüências danosas. Eles sugeriram que se observasse como o Japão saiu de seu longo período de estagnação econômica. A Rússia perdeu cerca de US$ 50 bilhões de suas reservas internacionais por causa da queda do preço do petróleo.   Os indianos apontaram para o mesmo problema, sob outra ótica. Eles observaram que nem todos os países possuem "espaço fiscal" para adotar tais políticas anticíclicas. Para a Índia, a prioridade no momento deveria ser outra: a reversão do fluxo de capitais, que vem rapidamente deixando as economias emergentes rumo aos países centrais.

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