BRASÍLIA - Os resultados da auditoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que gastou R$ 48 milhões e não apontou nenhuma evidência direta de corrupção, conforme revelou o Estado, dividiram deputados federais.
Em outubro do ano passado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investigou irregularidades no banco e sugeriu o indiciamento de 54 pessoas, entre elas o ex-presidente do banco Luciano Coutinho e os empresários Joesley e Wesley Batista, do grupo J&F.
O contraste entre os resultados da CPI e a auditoria interna da instituição levantaram questionamentos entre parlamentares. “Eu não confio nessa conclusão (da auditoria), não tenho nenhuma razão para acreditar. Não posso acusar ninguém, mas eu tenho de considerar a possibilidade de o espírito de corpo no BNDES estar prevalecendo”, afirmou o deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), um dos integrantes da CPI.
Parlamentares do PT, por sua vez, citaram a auditoria para defender os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. “Tentaram incriminar Lula, Dilma, lideranças do PT e gestores do banco! Quem paga por isso? Como reaver a reputação das pessoas? Era uma ação política de acusações orquestradas”, comentou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, nas redes sociais.
Na CPI da Câmara, os nomes de Lula e Dilma foram excluídos do texto após uma articulação entre o PT e os partidos do Centrão com o relator da comissão, Altineu Côrtes (PL-SP). “Há mais de dez anos circulam mentiras sobre o BNDES envolvendo Lula e Dilma. Agora uma auditoria externa confirma o que sempre dissemos: nunca houve “caixa-preta” e nunca o BNDES foi tão lucrativo quanto nos governos do PT”, escreveu ontem o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).
Investigação reuniu 400 mil documentos
O BNDES enviou nota ao Estado informando que “esclarecimentos adicionais sobre a relação entre o BNDES e a JBS foram divulgados e podem ser encontrados no portal BNDES Aberto, de forma clara e simples”.
Ainda segundo a nota, “o BNDES está em constante trabalho para a elevação dos seus padrões de transparência, diálogo com a sociedade e prestação de contas. O BNDES Aberto é um movimento institucional que está no centro de sua estratégia de longo prazo”.
De acordo com o banco, durante as investigações foram revisados mais de 400 mil documentos, coletados mais de 3 milhões de dados eletrônicos de funcionários, foram entrevistados funcionários, ex-funcionários, executivos e ex-executivos do BNDES envolvidos nas operações e ainda foram analisados termos de colaboração premiada, depoimentos, relatórios da PF, denúncias do MPF, materiais de investigações internas do BNDES, documentos de sindicâncias internas, relatórios de CPIs, entre outras informações disponíveis.