O Pátria Investimentos vai chegar a R$ 30 bilhões de recursos na área imobiliária após a aquisição da gestora do Credit Suisse, por R$ 650 milhões, antecipada pelo Estadão/Broadcast. Com o negócio, deve se tornar a maior gestora independente do setor no Brasil. O segmento vem ganhando força dentro do Pátria, que é listado na Nasdaq e tem negócios imobiliários também em países como Chile e Colômbia.
Desde que fez a abertura de capital e listou as ações nos Estados Unidos, em janeiro 2021, o Pátria, que ao todo tem R$ 140 bilhões em ativos, quer criar uma plataforma mais completa para investidores. Na área imobiliária, seja pelo lançamento de novos fundos ou aquisições, os ativos sob gestão cresceram cerca de “seis ou sete vezes” desde então, disse José Augusto Teixeira, sócio e chefe de Marketing e Produtos do Pátria. Uma das aquisições recentes foi a compra em 2022 de 50% da gestora independente VBI, que é forte em fundos de shoppings, escritórios, galpões, moradia estudantil e crédito, com R$ 8 bilhões de ativos na época.
“O plano na área imobiliária é fazer com que ela ganhe mais relevância dentro do todo na gestora”, disse ao Broadcast o sócio do Pátria, Marcelo Fedak. “A parte imobiliária estava sub-representada”, completou. Por isso, ele conta que a gestora perseguiu “com bastante afinco” essa aquisição, que foi competitiva, avaliada por todos os principais bancos e gestoras do mercado, todas querendo ganhar espaço em um mercado de R$ 161 bilhões, considerando os fundos imobiliários listados no Brasil, e que tem tido crescimento de 27% ao ano desde 2018, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). No final do processo de venda, na parte de ofertas vinculantes, sobraram Pátria e a gestora Vinci.
A aquisição inclui o time de gestores do Credit Suisse, que após a aprovação da compra será incorporado ao Pátria, assim como os fundos, com ativos de R$ 12 bilhões e carteiras grandes em áreas como logística - o maior fundo de galpões listado na Bolsa, com patrimônio de R$ 5,2 bilhões, é da gestora do Credit. Um dos nomes mais conhecidos é o gestor Augusto Martins, que era o chefe da CSHG Imobiliária desde 2018. Em sua equipe, cerca de 25 gestores. Esse time fez a gestora do Credit saltar de pouco mais de R$ 2 bilhões em ativos para R$ 12 bilhões em pouco tempo, com oito fundos listados na B3.
Antes da transação, o Pátria tinha R$ 18 bilhões em ativos. Fedak conta que na operação da VBI tem fundos que investem no setor e que não são fundos imobiliários, por isso as estatísticas acabam não refletindo o número real de apostas. Além disso, há as operações no Chile e na Colômbia. Neste último país, a gestora fechou em agosto acordo com o Bancolombia para a criação de uma empresa de investimentos no país vizinho, que já nasceu com um fundo de US$ 1 bilhão dedicado ao mercado imobiliário.
Muitos cotistas
A conclusão da transação e a transferências dos fundos está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e de assembleia dos investidores dos fundos imobiliários, que devem ficar para 2024. Como o time de gestores vai permanecer, o Pátria acredita que não haverá contratempos para a aprovação dos cotistas, que são muitos - só um dos fundos tinha mais de 400 mil investidores. “Como o desempenho dos fundos é bom, o cotista quer continuidade e é isso que estamos oferecendo”, diz Fedak.
“Estamos conversando sobre estratégias de facilitar ou acelerar esse processo das assembleias. O mais conveniente para todo mundo é que faça assembleias rápidas e vire logo essa página”, disse o executivo. O Pátria pretende fazer várias ações como reuniões com agentes autônomos e distribuidores, lives, marketing, publicações em redes sociais e permissão para votos eletrônicos.
O UBS, que absorveu as operações do Credit Suisse no mundo, continuará oferecendo os fundos do Pátria para seus clientes de alta renda (Wealth Management) no Brasil.