Trata-se de uma boa pergunta, mas tenho algumas respostas para ela.
Em primeiro lugar, o caso do BCE está associado ao mercado de obrigações; o mesmo não pode ser dito da questão da austeridade expansiva. Em vez disso, para acreditar que a contração fiscal levará a um maior consumo e a gastos com investimentos é preciso crer que os consumidores e as empresas farão grandes mudanças no seu comportamento atual com base na sua percepção dos impostos e dos gastos para daqui a anos. E isto é simplesmente muito pouco plausível. Empresas como a Pimco estão aí tentando descobrir as implicações do comportamento do BCE, e investindo de acordo com isto; quantas famílias você conhece que estejam planejando suas compras de fim de ano com base na política fiscal de 2014?
Em segundo lugar, a questão monetária é muito mais concreta. A prontidão do BCE em elevar os juros apesar do baixo núcleo de inflação e do alto desemprego nos diz muito a respeito da probabilidade de o banco sufocar o modesto aumento na inflação que seria necessário para tornar possível o ajuste dentro da zona do euro. Por acaso os cortes orçamentários de Cameron transmitem informações comparáveis a respeito dos impostos e/ou da solvência na Grã-Bretanha para o futuro? Acho que não.
Finalmente, toda a situação do euro está saturada de múltiplos equilíbrios e do risco de pânicos que levam ao cumprimento dos seus próprios pesadelos - o que significa que, às vezes, podem haver respostas desproporcionais de uma maneira que não faz sentido quando estamos falando em cortes orçamentários.
Assim sendo, as expectativas podem ser importantes; mas algumas linhas de raciocínio envolvendo as expectativas são mais iguais do que outras.