BRASÍLIA - A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse nesta quinta-feira, 24, que o entrave enfrentado pelo governo transitório para a aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição no Congresso não foi provocado pela falta de um ministro da Fazenda escalado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como sugeriu mais cedo o senador Jacques Wagner (PT-BA), mas pela dificuldade da base petista em articular o texto do projeto no Senado.
“Está faltando articulação política no Senado, por isso eu acho que nós travamos na PEC. A forma como foi iniciado o processo, sem falar ou formatar uma base mais forte de governo. Não é falta de ministro”, disse Gleisi.
O discurso de Gleisi, em coletiva de imprensa na sede da transição após a estréia do Brasil na Copa do Mundo, se contrapôs ao que foi dito mais cedo por Wagner. Ele sugeriu que a definição do futuro ministro da Fazenda por Lula ajudaria a base aliada a avançar na tramitação da PEC, que prevê uma licença para gastar fora do teto de gastos em 2023, além de ser uma sinalização para os investidores.
Segundo a presidente do PT, as dificuldades encontradas pelos aliados de Lula residem na maneira como as negociações foram conduzidas até momento. Gleisi disse que faltou “diálogo” com todos os líderes e as bancadas do Congresso, o que teria “chateado” os parlamentares. “Política a gente faz considerando e conversando, mas não acho que isso seja um grande problema”, afirmou.
Gleisi ainda defendeu que não se deve pressionar o presidente eleito pela definição dos ministérios. Para a petista, a nomeação do titular da Fazenda não teria impacto direto no destravamento da PEC.
“A articulação política se dá no Congresso, independentemente de quem seja o ministro. A gente tem que respeitar o tempo do presidente da República de avaliar quem ele quer nos ministérios, até porque isso é uma responsabilidade muito grande. Se você colocar um ministro, não pode tirá-lo logo em seguida. Tem que ser avaliado, tem que conversar”, disse Gleisi.
Diante dos revezes que a transição tem dito em acertar o texto da PEC e levá-lo para votação no Senado – a tempo de aprová-lo nas duas Casas do Congresso antes do recesso parlamentar, em dezembro –, a presidente do PT sinalizou que a base aliada pode procurar outras alternativas caso a emenda à Constituição não se viabilize.
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Gleisi, porém, não apontou quais seriam essas soluções. Um dos aliados de Lula afirmou mais cedo na sede da transição que os senadores trabalham com outras “opções na mesa”, caso a PEC encontre resistência para ser votada e aprovada.
“Eu aposto muito na solução política, como disse o presidente (Lula). O Congresso Nacional tem responsabilidade para com o País e o povo brasileiro”, disse. “O que nós estamos colocando na PEC é exatamente aquilo que foi aprovado pela população brasileira nas eleições presidenciais. Então, acho que a casa tem ressonância em relação a isso. Nós vamos apostar. Logicamente que se isso não for possível nós iremos buscar outras saídas”, completou.