Doutor em Economia

Sociologia rasa atribui excesso de direitos a brasileiro médio, mas ignora vantagens de bilionários


Vídeo com fala ‘pouco generosa’ de acionista da Americanas vira e mexe viraliza nas redes sociais e vale ser revisto para se questionar certa análise sobre o Brasil

Por Pedro Fernando Nery
Atualização:

“O Brasil é isso aí. Se vocês acham que o Brasil vai virar os Estados Unidos, vocês estão no lugar errado”, dizia o acionista de referência da Americanas – para risos da plateia. O vídeo vira e mexe viraliza nas redes sociais, com a palestra do bilionário expondo sua visão pouco generosa sobre os brasileiros. É de 2014, mas vale agora rever a famosa fala de Beto Sicupira, não por “schadenfreude”, mas sim para questionar certa análise sociológica sobre o Brasil.

No discurso contundente, o investidor conclui que o País não deve se transformar: pode só melhorar incrementalmente, na margem. “Isso é cultural”, explica sobre nossa sociedade, que padeceria de três problemas. Três são também os conhecidos sócios – ele incluso – que soltaram no domingo uma nota pública esclarecendo sua conduta em relação à Americanas, após a empresa entrar com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões.

No pedido, a empresa pleiteia suspender cobranças e critica alguns dos credores que têm valores a receber. Voltando à palestra, um problema é que somos “o país do direito sem obrigação”.

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Na nota, o trio diz que eles próprios perderam com os prejuízos da Americanas. O segundo problema, no vídeo, é que somos “o país do coitadinho”.

Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões Foto: Felipe Rau/Estadão

Dizem ainda que – tal qual os funcionários – não sabiam de nada, sugerindo demasiada confiança nos executivos e auditores. O terceiro problema é que somos “o país da impunidade”.

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A sociologia rasa do bilionário é comum – não vem só dele. Parece atribuir ao brasileiro médio um excesso de direitos, talvez junto à Justiça ou ao orçamento público. Um senso de responsabilidade corroído, traço cultural, explicaria nosso subdesenvolvimento.

Vejo que a elite não se enxerga como detentora de tantas vantagens assim. Digamos, por exemplo, que renúncia fiscal não é vista tão mal como um direito, nem a demanda é coitadismo.

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No escândalo Americanas, não há muitas opções para o acionista de referência. Há dois cenários. Em um cenário, se considerará que ele, experiente e meticuloso nos negócios, sabia ou deveria saber sobre o que chamou de “manobras ou dissimulações contábeis”. Como desdobramento, consequências severas, no mínimo para o seu patrimônio.

No outro cenário, será considerado vítima de alguém que o enganou. Neste último, seus bilhões remanescentes seriam preservados, e não teriam de cobrir dívidas. Ele não teria responsabilidade.

É o melhor cenário. Talvez tenha sobrado para o bilionário, afinal, ser o coitadinho.

“O Brasil é isso aí. Se vocês acham que o Brasil vai virar os Estados Unidos, vocês estão no lugar errado”, dizia o acionista de referência da Americanas – para risos da plateia. O vídeo vira e mexe viraliza nas redes sociais, com a palestra do bilionário expondo sua visão pouco generosa sobre os brasileiros. É de 2014, mas vale agora rever a famosa fala de Beto Sicupira, não por “schadenfreude”, mas sim para questionar certa análise sociológica sobre o Brasil.

No discurso contundente, o investidor conclui que o País não deve se transformar: pode só melhorar incrementalmente, na margem. “Isso é cultural”, explica sobre nossa sociedade, que padeceria de três problemas. Três são também os conhecidos sócios – ele incluso – que soltaram no domingo uma nota pública esclarecendo sua conduta em relação à Americanas, após a empresa entrar com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões.

No pedido, a empresa pleiteia suspender cobranças e critica alguns dos credores que têm valores a receber. Voltando à palestra, um problema é que somos “o país do direito sem obrigação”.

Na nota, o trio diz que eles próprios perderam com os prejuízos da Americanas. O segundo problema, no vídeo, é que somos “o país do coitadinho”.

Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões Foto: Felipe Rau/Estadão

Dizem ainda que – tal qual os funcionários – não sabiam de nada, sugerindo demasiada confiança nos executivos e auditores. O terceiro problema é que somos “o país da impunidade”.

A sociologia rasa do bilionário é comum – não vem só dele. Parece atribuir ao brasileiro médio um excesso de direitos, talvez junto à Justiça ou ao orçamento público. Um senso de responsabilidade corroído, traço cultural, explicaria nosso subdesenvolvimento.

Vejo que a elite não se enxerga como detentora de tantas vantagens assim. Digamos, por exemplo, que renúncia fiscal não é vista tão mal como um direito, nem a demanda é coitadismo.

No escândalo Americanas, não há muitas opções para o acionista de referência. Há dois cenários. Em um cenário, se considerará que ele, experiente e meticuloso nos negócios, sabia ou deveria saber sobre o que chamou de “manobras ou dissimulações contábeis”. Como desdobramento, consequências severas, no mínimo para o seu patrimônio.

No outro cenário, será considerado vítima de alguém que o enganou. Neste último, seus bilhões remanescentes seriam preservados, e não teriam de cobrir dívidas. Ele não teria responsabilidade.

É o melhor cenário. Talvez tenha sobrado para o bilionário, afinal, ser o coitadinho.

“O Brasil é isso aí. Se vocês acham que o Brasil vai virar os Estados Unidos, vocês estão no lugar errado”, dizia o acionista de referência da Americanas – para risos da plateia. O vídeo vira e mexe viraliza nas redes sociais, com a palestra do bilionário expondo sua visão pouco generosa sobre os brasileiros. É de 2014, mas vale agora rever a famosa fala de Beto Sicupira, não por “schadenfreude”, mas sim para questionar certa análise sociológica sobre o Brasil.

No discurso contundente, o investidor conclui que o País não deve se transformar: pode só melhorar incrementalmente, na margem. “Isso é cultural”, explica sobre nossa sociedade, que padeceria de três problemas. Três são também os conhecidos sócios – ele incluso – que soltaram no domingo uma nota pública esclarecendo sua conduta em relação à Americanas, após a empresa entrar com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões.

No pedido, a empresa pleiteia suspender cobranças e critica alguns dos credores que têm valores a receber. Voltando à palestra, um problema é que somos “o país do direito sem obrigação”.

Na nota, o trio diz que eles próprios perderam com os prejuízos da Americanas. O segundo problema, no vídeo, é que somos “o país do coitadinho”.

Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões Foto: Felipe Rau/Estadão

Dizem ainda que – tal qual os funcionários – não sabiam de nada, sugerindo demasiada confiança nos executivos e auditores. O terceiro problema é que somos “o país da impunidade”.

A sociologia rasa do bilionário é comum – não vem só dele. Parece atribuir ao brasileiro médio um excesso de direitos, talvez junto à Justiça ou ao orçamento público. Um senso de responsabilidade corroído, traço cultural, explicaria nosso subdesenvolvimento.

Vejo que a elite não se enxerga como detentora de tantas vantagens assim. Digamos, por exemplo, que renúncia fiscal não é vista tão mal como um direito, nem a demanda é coitadismo.

No escândalo Americanas, não há muitas opções para o acionista de referência. Há dois cenários. Em um cenário, se considerará que ele, experiente e meticuloso nos negócios, sabia ou deveria saber sobre o que chamou de “manobras ou dissimulações contábeis”. Como desdobramento, consequências severas, no mínimo para o seu patrimônio.

No outro cenário, será considerado vítima de alguém que o enganou. Neste último, seus bilhões remanescentes seriam preservados, e não teriam de cobrir dívidas. Ele não teria responsabilidade.

É o melhor cenário. Talvez tenha sobrado para o bilionário, afinal, ser o coitadinho.

“O Brasil é isso aí. Se vocês acham que o Brasil vai virar os Estados Unidos, vocês estão no lugar errado”, dizia o acionista de referência da Americanas – para risos da plateia. O vídeo vira e mexe viraliza nas redes sociais, com a palestra do bilionário expondo sua visão pouco generosa sobre os brasileiros. É de 2014, mas vale agora rever a famosa fala de Beto Sicupira, não por “schadenfreude”, mas sim para questionar certa análise sociológica sobre o Brasil.

No discurso contundente, o investidor conclui que o País não deve se transformar: pode só melhorar incrementalmente, na margem. “Isso é cultural”, explica sobre nossa sociedade, que padeceria de três problemas. Três são também os conhecidos sócios – ele incluso – que soltaram no domingo uma nota pública esclarecendo sua conduta em relação à Americanas, após a empresa entrar com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões.

No pedido, a empresa pleiteia suspender cobranças e critica alguns dos credores que têm valores a receber. Voltando à palestra, um problema é que somos “o país do direito sem obrigação”.

Na nota, o trio diz que eles próprios perderam com os prejuízos da Americanas. O segundo problema, no vídeo, é que somos “o país do coitadinho”.

Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões Foto: Felipe Rau/Estadão

Dizem ainda que – tal qual os funcionários – não sabiam de nada, sugerindo demasiada confiança nos executivos e auditores. O terceiro problema é que somos “o país da impunidade”.

A sociologia rasa do bilionário é comum – não vem só dele. Parece atribuir ao brasileiro médio um excesso de direitos, talvez junto à Justiça ou ao orçamento público. Um senso de responsabilidade corroído, traço cultural, explicaria nosso subdesenvolvimento.

Vejo que a elite não se enxerga como detentora de tantas vantagens assim. Digamos, por exemplo, que renúncia fiscal não é vista tão mal como um direito, nem a demanda é coitadismo.

No escândalo Americanas, não há muitas opções para o acionista de referência. Há dois cenários. Em um cenário, se considerará que ele, experiente e meticuloso nos negócios, sabia ou deveria saber sobre o que chamou de “manobras ou dissimulações contábeis”. Como desdobramento, consequências severas, no mínimo para o seu patrimônio.

No outro cenário, será considerado vítima de alguém que o enganou. Neste último, seus bilhões remanescentes seriam preservados, e não teriam de cobrir dívidas. Ele não teria responsabilidade.

É o melhor cenário. Talvez tenha sobrado para o bilionário, afinal, ser o coitadinho.

“O Brasil é isso aí. Se vocês acham que o Brasil vai virar os Estados Unidos, vocês estão no lugar errado”, dizia o acionista de referência da Americanas – para risos da plateia. O vídeo vira e mexe viraliza nas redes sociais, com a palestra do bilionário expondo sua visão pouco generosa sobre os brasileiros. É de 2014, mas vale agora rever a famosa fala de Beto Sicupira, não por “schadenfreude”, mas sim para questionar certa análise sociológica sobre o Brasil.

No discurso contundente, o investidor conclui que o País não deve se transformar: pode só melhorar incrementalmente, na margem. “Isso é cultural”, explica sobre nossa sociedade, que padeceria de três problemas. Três são também os conhecidos sócios – ele incluso – que soltaram no domingo uma nota pública esclarecendo sua conduta em relação à Americanas, após a empresa entrar com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões.

No pedido, a empresa pleiteia suspender cobranças e critica alguns dos credores que têm valores a receber. Voltando à palestra, um problema é que somos “o país do direito sem obrigação”.

Na nota, o trio diz que eles próprios perderam com os prejuízos da Americanas. O segundo problema, no vídeo, é que somos “o país do coitadinho”.

Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, depois de descobrir um passivo de R$ 20 bilhões Foto: Felipe Rau/Estadão

Dizem ainda que – tal qual os funcionários – não sabiam de nada, sugerindo demasiada confiança nos executivos e auditores. O terceiro problema é que somos “o país da impunidade”.

A sociologia rasa do bilionário é comum – não vem só dele. Parece atribuir ao brasileiro médio um excesso de direitos, talvez junto à Justiça ou ao orçamento público. Um senso de responsabilidade corroído, traço cultural, explicaria nosso subdesenvolvimento.

Vejo que a elite não se enxerga como detentora de tantas vantagens assim. Digamos, por exemplo, que renúncia fiscal não é vista tão mal como um direito, nem a demanda é coitadismo.

No escândalo Americanas, não há muitas opções para o acionista de referência. Há dois cenários. Em um cenário, se considerará que ele, experiente e meticuloso nos negócios, sabia ou deveria saber sobre o que chamou de “manobras ou dissimulações contábeis”. Como desdobramento, consequências severas, no mínimo para o seu patrimônio.

No outro cenário, será considerado vítima de alguém que o enganou. Neste último, seus bilhões remanescentes seriam preservados, e não teriam de cobrir dívidas. Ele não teria responsabilidade.

É o melhor cenário. Talvez tenha sobrado para o bilionário, afinal, ser o coitadinho.

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