Quando caiu no chão, atacado por índios armados de bordunas e facões, o engenheiro Paulo Fernando Rezende, há 30 anos na Eletrobrás, não teve muito tempo de raciocinar. "Pensei: bom, agora é proteger a cabeça." E assim permaneceu, tentando se esquivar dos golpes nem sentiu o corte do facão. Na quarta-feira, o engenheiro falou ao Estado sobre o incidente. O incidente atrasa o projeto? Evidentemente sempre atrasa alguma coisa. A gente está tentando recuperar. Por enquanto nosso objetivo é licitar a obra no final de 2009. Os índios teriam sido instigados por ONGs? Você percebeu isso? Não posso dizer se estão ou não sendo usados. Fomos chamados para um encontro de várias etnias no qual havia também vários movimentos sociais, estudantes na platéia. Quando comecei a falar especificamente de Belo Monte, começaram a puxar vaias. Encerrando a apresentação, sentei e fiquei tranqüilo. Foi falar o terceiro palestrante e nesse momento aquela índia Tuíra veio e passou o facão na minha frente. Acabou e achei que a performance havia terminado. O sr. esperava por isso? Os organizadores já haviam avisado da possibilidade de performances. Mas quando vieram para cima de mim e botaram a mão no meu rosto, pensei: "Peraí, alguma coisa não está certa aí". O que o sr. pensou na hora? Quando começou tudo e caí no chão, pensei: "Bom, agora é proteger a cabeça". Aí foram as bordunas, eu não senti nem vi o corte. Senti foi dor nas pernas. O tornozelo ainda está dolorido, rasgaram a blusa, a calça. Tentei me proteger com os pés. O sr. voltaria lá? Reforçaria a segurança? Retorno, sem problema nenhum. Temos equipes trabalhando, fazendo pesquisa, censo na região. Mas não é necessário nenhuma medida extraordinária. Imagina, seria pior aparecer com meia dúzia de seguranças.