A contribuição que as micro e pequenas empresas dão para o País enfrentar seu maior problema social, que é o desemprego, pode ser agora medida com mais precisão. Dos 72 milhões de brasileiros que trabalham para o setor privado, 70% (50,7 milhões) são pessoas que sobrevivem com rendimentos obtidos por empreendimentos de menor porte, segundo levantamento inédito do Sebrae, com base em dados e pesquisas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, entre outros.
A maioria dessas empresas (26 milhões) é formada por aqueles que se estabelecem por conta própria e que não são computados como desempregados nas estatísticas. Às vezes, dependendo da evolução do negócio, essas empresas contratam outros trabalhadores, com ou sem carteira assinada. Há ainda 24,7 milhões de trabalhadores informais, à espera de colocação, e que vivem de pequenos bicos. Esse enorme conjunto de trabalhadores responde por 26% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera 54% da massa salarial.
Números do Boa Vista SCPC já mostravam que o empreendedorismo no País tem sido impulsionado principalmente pelas Microempresas Individuais (MEIs). Constata-se que estas são as empresas que mais contratam e as que mais demoram a demitir em períodos de dificuldade. O cenário do mercado de trabalho seria pior sem elas. Enquanto o número de desempregados passou de 7 milhões no primeiro trimestre de 2014 para 14,2 milhões no mesmo período de 2017, o número de MEIs cresceu 1,6 milhão.
Os efeitos do desemprego, desse modo, têm sido mitigados pelos pequenos empreendedores, que assim exercem uma função de “colchão social”, no dizer do presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, já que uma parte desse segmento tende a abrigar outros trabalhadores na própria empresa ou utilizá-los para prestação de serviços.
Além disso, surgem cada vez mais pequenas startups, criadas por profissionais criativos, que já têm a seu favor avanços tecnológicos significativos, formando clusters em vários pontos do País. Esta talvez seja a maior esperança do País para vencer o atraso e a burocratização e se credenciar como um polo gerador de inovação.