Pernambucanas vai expandir seu braço financeiro e planeja ter banco múltiplo


Serão abertas neste ano 17 lojas físicas da financeira Pefisa dentro dos pontos de venda da Pernambucanas; ideia é explorar a proximidade e o conhecimento que a varejista tem sobre os clientes na oferta de crédito

Por Márcia De Chiara
Atualização:

Sinônimo de varejista de tecidos, artigos de vestuário, cama, mesa e banho há 115 anos, a Pernambucanas está abrindo uma nova frente de expansão de negócios que tem como alvo o mercado financeiro.

Faz 40 anos que a companhia iniciou a própria financeira, uma das mais antigas entre os varejistas. Posteriormente, ela foi repaginada. Ganhou musculatura tecnológica e virou uma fintech, sob a bandeira Pefisa.

Acabou se especializando em operar o crédito para outras varejistas – da emissão do cartão até a aprovação do financiamento –, mas sem mostrar a sua cara. A Pefisa está, por exemplo, atrás de toda a operação financeira da Carmen Steffens, da Leroy Merlin e do cartão e dos serviços financeiros do Palmeiras Pay.

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Agora, o plano da companhia é abrir lojas físicas da Pefisa dentro das unidades da Pernambucanas. O foco é oferecer crédito com garantias reais, como o consignado que está atrelado ao salário ou financiamentos ligados aos depósitos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), fugindo do risco de inadimplência.

Marcelo Labuto, novo CEO da Pernambucanas, quer rentabilizar as lojas físicas da rede varejista, abrindo pontos de venda da Pefisa Foto: Taba Benedicto/Estadão

Neste ano, serão inauguradas 17 lojas da Pefisa dentro de um universo de 500 pontos de venda da Pernambucanas, espalhados por 15 Estados. A Pefisa já opera sozinha oito lojas de rua no País.

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“Estamos dentro do momento de compra (do brasileiro)”, afirma o novo CEO da companhia, Marcelo Labuto. Há seis meses no comando da varejista, o executivo vem de uma carreira de 33 anos no mercado financeiro, a maior parte no Banco do Brasil. Ele chegou a ser CEO do BB Seguridade e foi responsável pela abertura de capital da companhia. Sempre fez a interface entre crédito e varejo.

Para o executivo, o grande diferencial do projeto financeiro comandado por ele neste momento é explorar a proximidade que a Pernambucanas tem do consumidor, um potencial que estava sendo pouco aproveitado.

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Os bancos, observa, vendem crédito de uma forma ampla, mas a varejista está perto do cliente e o conhece. Consegue identificar quem frequenta a loja, o que compra, como paga, por exemplo.

Além disso, outro ponto favorável do projeto batizado de “store in store” é a localização dos pontos de venda. A rede está presente em 340 cidades. Há casos de a loja da Pernambucanas ocupar o mesmo ponto comercial há 90 anos, exemplifica. “Estamos onde tem fluxo (de pessoas)”, diz Labuto.

Anúncios das Casas Pernambucanas no Estadão em 1918 Foto: Acervo Estadão
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Ele lembra que a financeira tem também um histórico de 40 anos de dados dos clientes. Isso embasa uma concessão de crédito mais certeira, sobretudo para os consumidores das classes B e C, o público-alvo da Pernambucanas. Essa população é a grande demandante de crédito e a que mais se bancarizou nos últimos anos.

Banco Múltiplo

O projeto também prevê a transformação da financeira em banco múltiplo no ano que vem. “No próximo ano, deveremos entrar com o pedido para migração”, diz. Isso amplia o leque de possibilidades para obter recursos e capitalizar a operação. Ele cita como exemplo, o uso de recursos dos depósitos à vista em conta corrente que é permitido aos bancos. Hoje, esse dinheiro parado na conta digital não ajuda na estruturação do capital da financeira.

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O potencial da rede de lojas para alavancar o crédito estava adormecido. E a função da nova gestão é justamente rentabilizar o desempenho das lojas, tanto na venda de produtos como na concessão de financiamentos.

Labuto frisa que há muita sinergia entre esses dois negócios – crédito e venda de mercadorias-, mas não revela dados sobre esse ganho potencial, sobre os investimentos que serão feitos, nem cita metas de quantas lojas da Pernambucanas terão uma financeira Pefisa em suas instalações no médio prazo.

Ressalta, no entanto, que a taxa de avanço do faturamento da carteira de crédito, impulsionada pela operação de cartões de outras varejistas, tem crescido em ritmo muito acelerado, 38% ao ano. Enquanto isso, o varejo raiz, focado na venda de produtos, tem avançado entre 12% e 14% ao ano. Em 2023, a Pernambucanas faturou R$ 5,2 bilhões com a venda de mercadorias e a Pefisa, R$ 4 bilhões com operações de crédito.

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No ano passado, a Pernambucanas registrou prejuízo de cerca de R$ 200 milhões. O executivo frisa que nesse desempenho pesaram muito mais adequações que houve no balanço da companhia por conta da venda de imóveis, do que a operação em si. “Neste ano voltaremos ao azul”, prevê.

‘Régua de crédito’

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, o grande desafio da Pernambucanas com esse novo projeto é “acertar a régua de crédito”. Isto é, achar um posicionamento relevante e diferente em relação a quem já empresta dinheiro no mercado, como os bancos tradicionais, varejistas, financeiras e os bancos digitais.

“O risco é que esse é um mercado ocupado”, diz o consultor. Mas ele frisa considerar a estratégia interessante e com um viés mais positivo do que negativo.

Terra lembra que nos últimos anos a Pernambucanas vem tentando acertar o mix de produtos e saiu de algumas categorias, como eletrodomésticos. Assim como outras varejistas do setor de vestuário, tem sentido os efeitos da competição dos sites internacionais (cross border). “Todas as empresas de varejo de moda do Brasil estão abrindo avenidas para repensar o seu modelo competitivo.”

A iniciativa, na opinião do presidente da SBVC, é inteligente, pois tenta explorar ativos que a companhia possui, como a marca forte, grande capilaridade da localização estratégica das lojas e a expertise acumulada na concessão de crédito da financeira do grupo. Somado a isso, agora tem a experiência do executivo do mercado financeiro que ingressou no comando da companhia.

Sinônimo de varejista de tecidos, artigos de vestuário, cama, mesa e banho há 115 anos, a Pernambucanas está abrindo uma nova frente de expansão de negócios que tem como alvo o mercado financeiro.

Faz 40 anos que a companhia iniciou a própria financeira, uma das mais antigas entre os varejistas. Posteriormente, ela foi repaginada. Ganhou musculatura tecnológica e virou uma fintech, sob a bandeira Pefisa.

Acabou se especializando em operar o crédito para outras varejistas – da emissão do cartão até a aprovação do financiamento –, mas sem mostrar a sua cara. A Pefisa está, por exemplo, atrás de toda a operação financeira da Carmen Steffens, da Leroy Merlin e do cartão e dos serviços financeiros do Palmeiras Pay.

Agora, o plano da companhia é abrir lojas físicas da Pefisa dentro das unidades da Pernambucanas. O foco é oferecer crédito com garantias reais, como o consignado que está atrelado ao salário ou financiamentos ligados aos depósitos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), fugindo do risco de inadimplência.

Marcelo Labuto, novo CEO da Pernambucanas, quer rentabilizar as lojas físicas da rede varejista, abrindo pontos de venda da Pefisa Foto: Taba Benedicto/Estadão

Neste ano, serão inauguradas 17 lojas da Pefisa dentro de um universo de 500 pontos de venda da Pernambucanas, espalhados por 15 Estados. A Pefisa já opera sozinha oito lojas de rua no País.

“Estamos dentro do momento de compra (do brasileiro)”, afirma o novo CEO da companhia, Marcelo Labuto. Há seis meses no comando da varejista, o executivo vem de uma carreira de 33 anos no mercado financeiro, a maior parte no Banco do Brasil. Ele chegou a ser CEO do BB Seguridade e foi responsável pela abertura de capital da companhia. Sempre fez a interface entre crédito e varejo.

Para o executivo, o grande diferencial do projeto financeiro comandado por ele neste momento é explorar a proximidade que a Pernambucanas tem do consumidor, um potencial que estava sendo pouco aproveitado.

Os bancos, observa, vendem crédito de uma forma ampla, mas a varejista está perto do cliente e o conhece. Consegue identificar quem frequenta a loja, o que compra, como paga, por exemplo.

Além disso, outro ponto favorável do projeto batizado de “store in store” é a localização dos pontos de venda. A rede está presente em 340 cidades. Há casos de a loja da Pernambucanas ocupar o mesmo ponto comercial há 90 anos, exemplifica. “Estamos onde tem fluxo (de pessoas)”, diz Labuto.

Anúncios das Casas Pernambucanas no Estadão em 1918 Foto: Acervo Estadão

Ele lembra que a financeira tem também um histórico de 40 anos de dados dos clientes. Isso embasa uma concessão de crédito mais certeira, sobretudo para os consumidores das classes B e C, o público-alvo da Pernambucanas. Essa população é a grande demandante de crédito e a que mais se bancarizou nos últimos anos.

Banco Múltiplo

O projeto também prevê a transformação da financeira em banco múltiplo no ano que vem. “No próximo ano, deveremos entrar com o pedido para migração”, diz. Isso amplia o leque de possibilidades para obter recursos e capitalizar a operação. Ele cita como exemplo, o uso de recursos dos depósitos à vista em conta corrente que é permitido aos bancos. Hoje, esse dinheiro parado na conta digital não ajuda na estruturação do capital da financeira.

O potencial da rede de lojas para alavancar o crédito estava adormecido. E a função da nova gestão é justamente rentabilizar o desempenho das lojas, tanto na venda de produtos como na concessão de financiamentos.

Labuto frisa que há muita sinergia entre esses dois negócios – crédito e venda de mercadorias-, mas não revela dados sobre esse ganho potencial, sobre os investimentos que serão feitos, nem cita metas de quantas lojas da Pernambucanas terão uma financeira Pefisa em suas instalações no médio prazo.

Ressalta, no entanto, que a taxa de avanço do faturamento da carteira de crédito, impulsionada pela operação de cartões de outras varejistas, tem crescido em ritmo muito acelerado, 38% ao ano. Enquanto isso, o varejo raiz, focado na venda de produtos, tem avançado entre 12% e 14% ao ano. Em 2023, a Pernambucanas faturou R$ 5,2 bilhões com a venda de mercadorias e a Pefisa, R$ 4 bilhões com operações de crédito.

No ano passado, a Pernambucanas registrou prejuízo de cerca de R$ 200 milhões. O executivo frisa que nesse desempenho pesaram muito mais adequações que houve no balanço da companhia por conta da venda de imóveis, do que a operação em si. “Neste ano voltaremos ao azul”, prevê.

‘Régua de crédito’

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, o grande desafio da Pernambucanas com esse novo projeto é “acertar a régua de crédito”. Isto é, achar um posicionamento relevante e diferente em relação a quem já empresta dinheiro no mercado, como os bancos tradicionais, varejistas, financeiras e os bancos digitais.

“O risco é que esse é um mercado ocupado”, diz o consultor. Mas ele frisa considerar a estratégia interessante e com um viés mais positivo do que negativo.

Terra lembra que nos últimos anos a Pernambucanas vem tentando acertar o mix de produtos e saiu de algumas categorias, como eletrodomésticos. Assim como outras varejistas do setor de vestuário, tem sentido os efeitos da competição dos sites internacionais (cross border). “Todas as empresas de varejo de moda do Brasil estão abrindo avenidas para repensar o seu modelo competitivo.”

A iniciativa, na opinião do presidente da SBVC, é inteligente, pois tenta explorar ativos que a companhia possui, como a marca forte, grande capilaridade da localização estratégica das lojas e a expertise acumulada na concessão de crédito da financeira do grupo. Somado a isso, agora tem a experiência do executivo do mercado financeiro que ingressou no comando da companhia.

Sinônimo de varejista de tecidos, artigos de vestuário, cama, mesa e banho há 115 anos, a Pernambucanas está abrindo uma nova frente de expansão de negócios que tem como alvo o mercado financeiro.

Faz 40 anos que a companhia iniciou a própria financeira, uma das mais antigas entre os varejistas. Posteriormente, ela foi repaginada. Ganhou musculatura tecnológica e virou uma fintech, sob a bandeira Pefisa.

Acabou se especializando em operar o crédito para outras varejistas – da emissão do cartão até a aprovação do financiamento –, mas sem mostrar a sua cara. A Pefisa está, por exemplo, atrás de toda a operação financeira da Carmen Steffens, da Leroy Merlin e do cartão e dos serviços financeiros do Palmeiras Pay.

Agora, o plano da companhia é abrir lojas físicas da Pefisa dentro das unidades da Pernambucanas. O foco é oferecer crédito com garantias reais, como o consignado que está atrelado ao salário ou financiamentos ligados aos depósitos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), fugindo do risco de inadimplência.

Marcelo Labuto, novo CEO da Pernambucanas, quer rentabilizar as lojas físicas da rede varejista, abrindo pontos de venda da Pefisa Foto: Taba Benedicto/Estadão

Neste ano, serão inauguradas 17 lojas da Pefisa dentro de um universo de 500 pontos de venda da Pernambucanas, espalhados por 15 Estados. A Pefisa já opera sozinha oito lojas de rua no País.

“Estamos dentro do momento de compra (do brasileiro)”, afirma o novo CEO da companhia, Marcelo Labuto. Há seis meses no comando da varejista, o executivo vem de uma carreira de 33 anos no mercado financeiro, a maior parte no Banco do Brasil. Ele chegou a ser CEO do BB Seguridade e foi responsável pela abertura de capital da companhia. Sempre fez a interface entre crédito e varejo.

Para o executivo, o grande diferencial do projeto financeiro comandado por ele neste momento é explorar a proximidade que a Pernambucanas tem do consumidor, um potencial que estava sendo pouco aproveitado.

Os bancos, observa, vendem crédito de uma forma ampla, mas a varejista está perto do cliente e o conhece. Consegue identificar quem frequenta a loja, o que compra, como paga, por exemplo.

Além disso, outro ponto favorável do projeto batizado de “store in store” é a localização dos pontos de venda. A rede está presente em 340 cidades. Há casos de a loja da Pernambucanas ocupar o mesmo ponto comercial há 90 anos, exemplifica. “Estamos onde tem fluxo (de pessoas)”, diz Labuto.

Anúncios das Casas Pernambucanas no Estadão em 1918 Foto: Acervo Estadão

Ele lembra que a financeira tem também um histórico de 40 anos de dados dos clientes. Isso embasa uma concessão de crédito mais certeira, sobretudo para os consumidores das classes B e C, o público-alvo da Pernambucanas. Essa população é a grande demandante de crédito e a que mais se bancarizou nos últimos anos.

Banco Múltiplo

O projeto também prevê a transformação da financeira em banco múltiplo no ano que vem. “No próximo ano, deveremos entrar com o pedido para migração”, diz. Isso amplia o leque de possibilidades para obter recursos e capitalizar a operação. Ele cita como exemplo, o uso de recursos dos depósitos à vista em conta corrente que é permitido aos bancos. Hoje, esse dinheiro parado na conta digital não ajuda na estruturação do capital da financeira.

O potencial da rede de lojas para alavancar o crédito estava adormecido. E a função da nova gestão é justamente rentabilizar o desempenho das lojas, tanto na venda de produtos como na concessão de financiamentos.

Labuto frisa que há muita sinergia entre esses dois negócios – crédito e venda de mercadorias-, mas não revela dados sobre esse ganho potencial, sobre os investimentos que serão feitos, nem cita metas de quantas lojas da Pernambucanas terão uma financeira Pefisa em suas instalações no médio prazo.

Ressalta, no entanto, que a taxa de avanço do faturamento da carteira de crédito, impulsionada pela operação de cartões de outras varejistas, tem crescido em ritmo muito acelerado, 38% ao ano. Enquanto isso, o varejo raiz, focado na venda de produtos, tem avançado entre 12% e 14% ao ano. Em 2023, a Pernambucanas faturou R$ 5,2 bilhões com a venda de mercadorias e a Pefisa, R$ 4 bilhões com operações de crédito.

No ano passado, a Pernambucanas registrou prejuízo de cerca de R$ 200 milhões. O executivo frisa que nesse desempenho pesaram muito mais adequações que houve no balanço da companhia por conta da venda de imóveis, do que a operação em si. “Neste ano voltaremos ao azul”, prevê.

‘Régua de crédito’

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, o grande desafio da Pernambucanas com esse novo projeto é “acertar a régua de crédito”. Isto é, achar um posicionamento relevante e diferente em relação a quem já empresta dinheiro no mercado, como os bancos tradicionais, varejistas, financeiras e os bancos digitais.

“O risco é que esse é um mercado ocupado”, diz o consultor. Mas ele frisa considerar a estratégia interessante e com um viés mais positivo do que negativo.

Terra lembra que nos últimos anos a Pernambucanas vem tentando acertar o mix de produtos e saiu de algumas categorias, como eletrodomésticos. Assim como outras varejistas do setor de vestuário, tem sentido os efeitos da competição dos sites internacionais (cross border). “Todas as empresas de varejo de moda do Brasil estão abrindo avenidas para repensar o seu modelo competitivo.”

A iniciativa, na opinião do presidente da SBVC, é inteligente, pois tenta explorar ativos que a companhia possui, como a marca forte, grande capilaridade da localização estratégica das lojas e a expertise acumulada na concessão de crédito da financeira do grupo. Somado a isso, agora tem a experiência do executivo do mercado financeiro que ingressou no comando da companhia.

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