Um importante indicador da confiança do empresariado alemão aumentou em maio e o Japão elevou sua perspectiva econômica pela primeira vez em três anos, em novos sinais de que o pior da recessão global pode ter passado. A notícia do segundo teste nuclear da Coreia do Norte, um dispositivo mais significativo que o utilizado no primeiro teste em outubro de 2006, foi recebida com indiferença pelos mercados europeus e asiáticos, que operavam estáveis por conta de um feriado na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Analistas disseram que o teste foi mais uma tática de negociação que uma ameaça iminente à segurança da península. O índice de confiança dos empresários alemães, apurado pelo instituto de pesquisa Ifo, subiu para 84,2 em maio, ante 83,7 em abril, mas ficou abaixo das previsões de 85,0. O levantamento foi realizado com 7 mil empresas. "Esse é mais um sinal claro de que a espiral de declínio da economia da Alemanha acabou. A recessão perdeu velocidade e pode acabar até o outono (no Hemisfério Norte)", avaliou o economista do Commerzbank, Joerg kraemer. Ele ponderou, entretanto, que "ninguém deve superestimar a força da recuperação". "Será uma expansão sem qualquer poder real", disse. JAPÃO E ALEMANHA PREVEEM MELHORA Em Tóquio, o governo elevou a perspectiva para a economia do Japão pela primeira vez em três anos, avaliando que o ritmo da recessão está desacelerando à medida que as exportações e a produção industrial parecem se aproximar do fundo do poço. Anteriormente, o governo havia divulgado que a economia estava piorando rapidamente e em um estado severo. Separadamente, o presidente do Banco do Japão, Masaaki Shirakawa, também afirmou que tanto o Japão quanto as economias mundiais parecem estar superando a pior fase da recessão, mas que qualquer recuperação seria moderada. Axel Weber, membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do Bundesbank, disse que existem sinais crescentes de que o declínio da economia da Alemanha e da zona do euro está desacelerando. Mas esses sinais são esporádicos e não devem ser superestimados, apesar de o impacto dos programas de estímulo dos governos poder ser sentido durante todo o ano, acrescentou. "Existe definitivamente uma esperança de que a economia da zona do euro se estabilize gradualmente na segunda metade de 2009." Reguladores de mercado na China e na Austrália informaram que vão reduzir as restrições instituídas durante o pior momento da crise financeira, sugerindo que consideram que a recuperação do mercado é sólida. RISCO DE CRISE SOCIAL Mas o ritmo lento de recuperação da economia global e o aumento do desemprego podem trazer uma ameaça de crise social e protecionismo, disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick. "O que começou como uma grande crise financeira e se tornou uma grande crise econômica está agora se transformando em uma grande crise de desemprego e, se nós não tomarmos medidas, existe um risco de uma grande crise social, com mais implicações políticas", disse em entrevista ao jornal espanhol El País. (Reportagem adicional de Dave Graham em Berlim, Samuel Shen em Xangai e Mette Fraende em Sidney)