RIO - O empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, é um dos nomes que deve integrar o Conselho de Administração (CA) da Petrobras, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
Gomes integraria a chapa de seis nomes que o governo vai enviar à estatal para representar a União, controladora da Petrobras, em seu colegiado. Ao todo, o Conselho da Petrobras tem 11 membros, com seis do indicados do governo, quatro minoritários e um representante dos funcionários.
A montagem da chapa governista foi discutida em reunião entre o novo presidente executivo da estatal, Jean-Paul Prates, e o presidente Lula (PT) na tarde de quinta-feira, 26, mesmo dia em que Prates foi confirmado no cargo pelo atual Conselho. Eles também teriam alinhado futuras indicações para a diretoria da empresa.
Josué é filho de José Alencar Gomes da Silva (1931-2011), que foi vice de Lula de 2003 a 2010. Em julho do ano passado, ele assinou carta de várias entidades em defesa da democracia, o que foi considerado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) e alas da própria Fiesp como manifestação de apoio eleitoral ao então pré-candidato Lula.
Com Lula eleito, durante a transição de governo, Gomes surgiu como opção para o Ministério da Indústria e Comércio (Mdic), mas teria recusado o convite. O cargo foi acumulado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Com bom trânsito no governo Lula, o atual presidente da Fiesp deve ir agora para o Conselho da maior empresa do País.
Fiesp pacificada
Se confirmada a indicação, Josué Gomes chegará a Petrobras depois de passar por uma situação difícil na Fiesp. A oposição interna, liderada pelo ex-presidente da entidade, Paulo Skaf, chegou a convocar uma assembleia que destituiu Josué do comando da federação em 16 de janeiro. A crise foi debelada.
O resultado da votação foi questionado pela defesa de Gomes e seus apoiadores. A Fiesp chegou a emitir nota garantindo Josué na presidência da entidade. Um dia depois, em 20 de janeiro, os opositores anunciaram Elias Miguel Haddad como presidente interino. Nesse mesmo dia, porém, foi selado um acordo entre as partes, e Josué Gomes se consolidou à frente da federação.
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Ele e Skaf assinaram carta conclamando os federados a “abandonarem eventuais diferenças”. “Concluímos que cabe a nós dar o exemplo de superação de divergências”, dizia a nota.
Cotados
Segundo fontes, circula entre o núcleo duro do governo uma lista que inclui, além do presidente da Fiesp, Josué Gomes, os acadêmicos Suzana Kahn, professora da Coppe/UFRJ, e William Nozaki, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep).
O empresário Eduardo Moreira, ex-executivo do Banco Pactual e hoje mais conhecido pelas palestras sobre investimentos, também está cotado para o colegiado.
Haveria, também, forte pressão de uma ala do PT pela indicação da ex-diretora geral da ANP, Magda Chambriard. Havia pretensão de que Chambriard integrasse a diretoria executiva. Prates, no entanto, estaria próximo de fechar a equipe sem a especialista, que poderia ser encaixada no Conselho.
O ex-secretário de Energia do Estado do Rio, Wagner Victer, cujo nome chegou a ser especulado, foi procurado pelo Broadcast e negou ter sido sondado por membros do governo ou que haja articulações para uma ida ao Conselho de Administração da Petrobras. Igualmente, fontes com conhecimento do assunto, disseram que o nome de Victer não está na mesa.
Na abertura de workshop do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nesta segunda-feira, Prates afirmou que os nomes para o conselho serão definidos no nível de governo e comunicados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) à Petrobras. Com relação à diretoria executiva, Prates informou que ainda há dúvidas, mas que pretende fechar a equipe “entre hoje e amanhã”, 31.
Etapas
Para o conselho da Petrobras, os nomes do governo têm de ser enviados à empresa pelo Ministério de Minas e Energia (MME), para serem avalizados em três etapas antes do escrutínio de acionistas: pela área de conformidade, pelo Comitê de Pessoas do Conselho e pelo pleno do colegiado de 11 membros, que já inclui o novo presidente, Jean-Paul Prates.
Na sequência, a chapa é submetida a assembleia de acionistas. Trata-se, na prática, de processo pro forma, porque a União tem maioria de votos e pode emplacar sua chapa na assembleia, mesmo que reprovada nas verificações internas ou pelo conselho atual. Foi o que aconteceu no ano passado, sob Bolsonaro, quando dois indicados da União foram ao Conselho mesmo tendo sido reprovados por toda a governança da estatal.
Conforme o Estadão/Broadcast noticiou, o mais provável é que os nomes de conselheiros majoritários e minoritários a serem eleitos pelo mecanismo do voto múltiplo sejam submetidos à assembleia somente em 16 de abril, na reunião de acionistas já prevista no calendário corporativo.
Esse processo pode ser antecipado, com a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE). As exigências de checagem e o tempo mínimo de preparação de 30, no entanto, limitariam a antecipação, segundo pessoas com conhecimento do assunto. “Esperar abril daria quase no mesmo”, diz uma fonte próxima de Prates. Um atual conselheiro, que falou ao Estadão/Broadcast anonimamente, faz a mesma leitura.