O Campo de Mexilhão está de novo em alta dentro da Petrobras. O gerente executivo da estatal, José Nepomuceno Filho, disse nesta segunda-feira, 3, que um quarto poço perfurado recentemente na área indicou que o campo tem o mesmo potencial identificado inicialmente e que não se apresentou viável nos primeiros testes. As perspectivas são de que o campo tenha algo em torno de 8 trilhões de pés cúbicos (TCFs) de gás natural, ou o equivalente a 224 bilhões de metros cúbicos in sito, com possibilidade de recuperação média de 70% a 80% desse volume. "A permeabilidade do campo apresentou sérias dificuldades de produtividade desse gás nos três primeiros poços perfurados. Apenas neste último é que pudemos compreender melhor a área e acreditamos ser possível agora retomar as nossas perspectivas iniciais de produção", disse Nepomuceno. Com isso, as perspectivas que atualmente estavam em torno de uma produção de seis milhões de metros cúbicos numa primeira fase de exploração do campo a partir de 2009, agora passam para nove milhões, "podendo ser maiores", frisou o gerente. Para uma segunda fase do campo, entretanto, prevista para ser realizada em 2011, ainda estão mantidas as perspectivas de produção de 15 milhões de metros cúbicos de gás natural. A retomada do otimismo com relação a Mexilhão faz com que a Petrobras comece a estudar a possível ampliação da estação de compressão de gás natural a ser instalada em Caraguatatuba, com capacidade para o processamento de 15 milhões de metros cúbicos. A idéia é que a unidade processe não somente o combustível proveniente de Mexilhão, como também dos campos de Tambaú e Uruguá. O Pólo Mexilhão, considerado estratégico para o abastecimento de gás do País, é um dos cinco complexos de produção a serem implantados na Bacia de Santos. Ele prevê a instalação de uma megaplataforma posicionada entre o Campo de Mexilhão. Considerando também a unidade de tratamento de gás que está sendo construída no município de Caraguatatuba, o projeto está orçado em US$ 2 bilhões. Processo judicial Nepomuceno afirmou ainda que a Petrobras pode tentar acionar judicialmente a Agência Nacional do petróleo (ANP), caso não seja retirado o bloco CM273 (antigo BC400) da lista de ofertados na Nona Rodada de licitações de exploração, que acontece em novembro. Segundo ele, a empresa ainda aguarda resultado do recurso administrativo apresentado junto à reguladora. "Estamos esperando que haja bom senso", disse em entrevista após participar de seminário promovido pelo IBP. Ele afirmou que o campo deveria ter sido devolvido pela Petrobras em 6 de agosto de 2003, mas a companhia teve um indício de descoberta cerca de uma semana antes do prazo final e obteve junto à ANP uma autorização para perfurar no local, vindo a declarar comercialidade da área no final daquele ano. "Fomos surpreendidos com o anúncio de que esse campo seria licitado", disse Nepomuceno. Segundo ele, no entanto, mesmo que a estatal recorra na Justiça, está descartada a possibilidade de pedir a inviabilização da rodada. "Isso seria ruim para todos", disse.